Variantes do SARS-CoV-2 – Wikipédia, a enciclopédia livre

As Variantes do SARS-CoV-2 são um conjunto de versões diferentes do agente infeccioso SARS-CoV-2 do grupo taxonômico do Coronavírus.[1]

Conforme o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, não há um conceito consolidado na comunidade científica para definir ou distinguir "variante", "cepa" e "linhagem", sendo usados indistintamente também no contexto da pandemia de COVID-19.[2]

Conforme o Instituto Butantan, do Brasil, a mutação predominante no mundo em abril de 2021 se chamava D614G.[3] Essa mutação é comum às linhagens B.1.1.28 e B.1.1.33.[3] Da primeira linhagem se originaram as variantes P.1 e P.2 (com detecção inicial associada à transmissão comunitária no Brasil), enquanto que a variante N.9 tem origem na segunda linhagem mencionada.[3] Há ainda as linhagens B.1.1.7, B.1.351 e B.1.318 associadas a detecções iniciais da transmissão comunitária no Reino Unido, na África do Sul e Suíça respectivamente.[3]

Devido à capacidade transmissão alta e adoecimento severo, B.1.1.7, B.1.351 e P.1 foram classificadas internacionalmente como variantes de preocupação, enquanto B.1.427 e B.1.429 (ambas com detecção inicial associada à transmissão comunitária nos Estados Unidos) eram variantes de interesse em meados de abril de 2021.[4][5]

Para ser considerada importante para estudo, a variante deve ter alguma mudança que a deixe mais agressiva ou mais infecciosa, ou em um terceiro caso mais raro, resistente as vacinas.[6] As variantes ocorrem devido às grandes taxas de reprodução assexuada do vírus, que possibilita que o material genético sofra mutações, seguindo os mecanismos evolutivos conhecidos.[7][8][4]

De modo a organizar e subsidiar a nomeação, estudo e disseminação de informações sobre as variantes do SARS-CoV-2, a Organização Mundial da Saúde (OMC) organizou uma tabela de linhagens conforme interesse e preocupação[9], incluindo os nomes em letras gregas, a fim, também, de não estigmatizar o local onde algumas variantes foram identificadas.[1]

Variantes[editar | editar código-fonte]

A lista a seguir de variantes, conforme informado pela Organização Mundial da Saúde[1] e o CDC estadunidense[10]:

Variantes de Preocupação (VOC)[editar | editar código-fonte]

Do inglês, variants of concern (VOC)

Alfa (B.1.1.7)[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Variante Alfa do SARS-CoV-2

A variante B.1.1.7 foi uma variante identificada no Reino Unido em outubro de 2020.

A variante em questão apresenta um alto índice de transmissão e foi amplamente estudada principalmente na Europa onde a variante é mais encontrada. As boas notícias sobre esta variante é que ela é mais transmissível, porém nada que exceda o esperado, além de não ser mais letal e também não é resistente a vacinas.[11][12][10]

Beta (B.1.351)[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Variante Beta do SARS-CoV-2

A variante B.1.351 foi uma variante identificada na África do Sul em dezembro de 2020.

A variante chamou a atenção quando foi observado que esta variante estava infectando cada vez mais jovens sem comorbidades (o que não era o padrão de transmissão do vírus) e estava causando danos mais graves a este grupo de pessoas. A variante não é resistente à vacinação.[10][13]

Gama (P.1)[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Variante Gama do SARS-CoV-2

A variante de P.1, identificada no início do ano de 2021, foi diagnosticada pela primeira vez em Manaus durante sua crise sanitária.

A variante de Manaus é mais agressiva e mais infecciosa, como a variante Sul-africana. Os casos desta variante, além de idosos, acomete jovens e pode causar um fenômeno de jovens saudáveis de 20 anos sendo entubados em 5 dias após a infecção, o que é considerado extremamente fora dos padrões. Um estudo feito pelo Instituto Butantã revelou que a variante não é resistente à vacinação, porém pode diminuir a eficiência das vacinas atuais, o que está sendo estudado.[10][14][15]

Delta (B.1.617.2)[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Variante Delta do SARS-CoV-2

A variante B.1.617.2, conhecida como variante Delta[16] surgiu na Índia, país que sofre com uma crise sanitária[17], é mais infecciosa e mais letal. Além disso, estudos recentes sugerem que o imunizante Covaxin criado na própria índia, não é eficiente contra esta variante. Outros imunizantes estão com testagem em curso e a OMS já confirmou que a variante está presente em pelo menos 17 países. O imunizante Covaxin não foi aprovado pela ANVISA para compra do Brasil⁣, pois foi considerado inseguro.[18][19]

Variante Ómicron (B.1.1.529)[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Variante Ómicron do SARS-CoV-2

Na África do Sul, foi descoberto a linhagem B.1.1.529 e a OMS o nomeou "variante Ómicron",[20] é a mais preocupante até o momento. Inicialmente ela seria chamada de Nu, mas a OMS pulou as duas letras do alfabeto grego por que a pronúncia de nu se assemelha a palavra "new" que quer dizer novo em inglês, já Xi, traz uma alusão ao presidente chinês Xi Jinping.[21]

Variantes de Interesse (VOI)[editar | editar código-fonte]

Do inglês, variants of interest (VOI)

Eta (B.1.525)[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: B.1.525

Variante identificada em dezembro de 2020, na Nigéria e nos Estados Unidos da América.[1][10]

Iota (B.1.526)[editar | editar código-fonte]

Variante identificada em Nova Iorque, EUA, em novembro de 2020.[1][10]

Kappa (B.1.617.1)[editar | editar código-fonte]

Variante identificada na Índia, em dezembro de 2020.[1][10]

Lambda (Linhagem C.37)[editar | editar código-fonte]

Em dezembro de 2020 no Peru foi identificada uma variante de interesse nomeada de Variante lambda pela Organização Mundial da Saúde (OMS). [22]

Variante Mu (B.1.621)[editar | editar código-fonte]

Variante identificada na Colômbia em janeiro de 2021.[1] No Brasil, dois casos foram confirmados em Cuiabá, Mato Grosso, em decorrência das movimentações da Copa América de 2021.[23]

Outras variantes[editar | editar código-fonte]

Variante não nomeada no Rio Grande do Sul, Brasil (P.X)[editar | editar código-fonte]

No início de julho de 2021, foi identificado uma variante do SARS-CoV-2 a partir de amostra de swab nasal provenientes da fronteira entre Rio Grande do Sul e Argentina e da Secretária Municipal de Saúde de Porto Alegre.[24] Especula-se que seja uma linhagem irmã da variante P.1, identificada em Manaus.[25] O estudo das amostras está sendo conduzido pelo Laboratório de Microbiologia Molecular (LMM) da Universidade Feevale.

Variante B.1.318[editar | editar código-fonte]

Em abril de 2021, pesquisadores do Instituto Butantan identificaram no estado de São Paulo a presença da variante sueca B1.1.318 do novo coronavírus.[26]

Predominância[editar | editar código-fonte]

Em maio de 2023,[a] a única variante detectada em sequências publicadas no GISAID era a ómicron,[27] sendo essa e suas sub-variantes as únicas classificadas como de interesse ou monitoradas pela OMS em junho do mesmo ano.[28] Segundo a OMS, pelo menos desde fevereiro de 2022 tal variante já representava mais de 98% das sequências genéticas coletadas e disponíveis publicamente.[29]

Referências

  1. a b c d e f g «Tracking SARS-CoV-2 variants». www.who.int (em inglês). Consultado em 12 de julho de 2021 
  2. «Implications of the Emerging SARS-CoV-2 Variant VOC 202012/01». US Centers for Disease Control and Prevention (CDC). 29 de dezembro de 2020. Arquivado do original em 22 de janeiro de 2021 
  3. a b c d Cruz, Elaine Patricia (27 de abril de 2021). «Butantan confirma três novas variantes do coronavírus em São Paulo». São Paulo: Agência Brasil. Consultado em 29 de abril de 2021 
  4. a b «Brasil, um possível celeiro de novas variantes do coronavírus». Veja Saúde. Consultado em 29 de abril de 2021 
  5. «Fiocruz detecta mutação associada a variantes de preocupação no país». Fiocruz. Consultado em 29 de abril de 2021 
  6. «Vacinas da Covid-19 versus variantes: tudo o que sabemos até agora». Veja Saúde. Consultado em 29 de abril de 2021 
  7. «Variantes do coronavírus: eram esperadas? São piores? Vacinas funcionarão?». www.uol.com.br. Consultado em 29 de abril de 2021 
  8. «O que você precisa saber sobre as variantes da Covid-19». CNN Brasil. Consultado em 29 de abril de 2021 
  9. «WHO announces simple, easy-to-say labels for SARS-CoV-2 Variants of Interest and Concern». www.who.int (em inglês). Consultado em 12 de julho de 2021 
  10. a b c d e f g CDC (11 de fevereiro de 2020). «Coronavirus Disease 2019 (COVID-19)». Centers for Disease Control and Prevention (em inglês). Consultado em 29 de abril de 2021 
  11. «Covid-19: variante encontrada no Reino Unido chegou a outros países». VEJA. Consultado em 29 de abril de 2021 
  12. «Covid: Nations impose UK travel bans over new variant». BBC News (em inglês). 20 de dezembro de 2020. Consultado em 29 de abril de 2021 
  13. Fink, Sheri (18 de dezembro de 2020). «South Africa announces a new coronavirus variant.». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 29 de abril de 2021 
  14. Newey, Sarah (12 de janeiro de 2021). «Third concerning coronavirus variant should be a 'wake up call' to the world, experts warn». The Telegraph (em inglês). ISSN 0307-1235. Consultado em 29 de abril de 2021 
  15. Sabino, Ester C.; Buss, Lewis F.; Carvalho, Maria P. S.; Prete, Carlos A.; Crispim, Myuki A. E.; Fraiji, Nelson A.; Pereira, Rafael H. M.; Parag, Kris V.; Peixoto, Pedro da Silva (6 de fevereiro de 2021). «Resurgence of COVID-19 in Manaus, Brazil, despite high seroprevalence (PMID 33515491)». The Lancet (em inglês) (10273): 452–455. ISSN 0140-6736. doi:10.1016/S0140-6736(21)00183-5. Consultado em 29 de abril de 2021 
  16. «Variante Delta: as 5 mutações que tornam coronavírus mais contagioso e preocupante». BBC News Brasil. Consultado em 12 de julho de 2021 
  17. «Por dentro da crise sanitária da Índia, o olho do furacão da pandemia». Época. 7 de maio de 2021. Consultado em 12 de julho de 2021 
  18. Digital, Olhar (28 de abril de 2021). «Variante indiana foi encontrada em pelo menos 17 países». Olhar Digital. Consultado em 29 de abril de 2021 
  19. «Presente em 17 países, variante indiana do coronavírus é mais contagiosa e resistente a vacinas». Jovem Pan. 28 de abril de 2021. Consultado em 29 de abril de 2021. OMS afirmou que a mutação B.1.617 se mostrou mais transmissível em estudos laboratoriais; análises com o imunizante Covaxin indicam que ele é incapaz de neutralizar a nova cepa 
  20. https://g1.globo.com/saude/noticia/2021/11/26/oms-declara-a-b11529-como-variante-de-preocupacao-e-da-o-nome-de-omicron.ghtml
  21. «Saiba por que a OMS pulou letras do alfabeto grego ao nomear variante Ômicron». CNN Brasil. 30 de novembro de 2021. Consultado em 30 de novembro de 2021 
  22. Camila Neuman (7 de julho de 2021). «O que se sabe sobre a variante lambda que se espalha pelas Américas». CNN Brasil. WarnerMedia. Consultado em 12 de maio de 2021 
  23. CartaCapital (12 de julho de 2021). «MT confirma nova cepa do coronavírus em delegações da Copa América». CartaCapital. Consultado em 12 de julho de 2021 
  24. «Rede Corona-Ômica BR-MCTI identifica possível nova variante de SARS-CoV-2 emergente no Estado do Rio Grande do Sul». Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Consultado em 10 de julho de 2021 
  25. «Nova variante do coronavírus é identificada no Rio Grande do Sul». GZH. 6 de julho de 2021. Consultado em 10 de julho de 2021 
  26. «SP identifica no estado variante sueca e mutação da cepa de Manaus do coronavírus». 26 de abril de 2021. Consultado em 7 de maio de 2021 
  27. «Tracking of hCoV-19 Variants». GISAID. Consultado em 23 de junho de 2023 
  28. «Tracking SARS-CoV-2 variants». Organização Mundial da Saúde. Consultado em 23 de junho de 2023. Cópia arquivada em 23 de junho de 2023 
  29. «Statement on the update of WHO's working definitions and tracking system for SARS-CoV-2 variants of concern and variants of interest». Organização Mundial da Saúde. 16 de março de 2023. The Omicron viruses account for over 98% of the publicly available sequences since February 2022 

Notas

  1. Dados referentes às 4 semanas findadas em 22 de maio de 2023