Ilha de Pedro I – Wikipédia, a enciclopédia livre

Ilha de Pedro I
Peter I Øy
Ilha de Pedro I está localizado em: Antártida
Ilha de Pedro I
Localização na Antártida
Coordenadas: 68° 52' 55" S 90° 34' 12" O

Mapa da ilha
Geografia física
País  Noruega (dependência)
Ponto culminante 1 640 m (Pico Lars Christensen)
Área 156  km²
Geografia humana
População 0
Densidade 0  hab./km²

Localização da Ilha de Pedro I.

A Ilha de Pedro I (em norueguês: Peter I Øy)[1] é uma ilha vulcânica localizada no Mar de Bellingshausen, a 450 km da Antártida continental. A ilha é reivindicada como território dependente da Noruega e é, assim como a Ilha Bouvet e a Terra da Rainha Maud, uma das três dependências da Noruega na região antártica e sub-antártica. A Ilha de Pedro I possui 11 km por 19 km de extensão e 156 km2 de área. O seu pico mais alto é o Pico Lars Christensen, um Ultra localizado a 1 640 metros de altitude. Quase a totalidade da ilha se encontra coberta por uma geleira, e seu entorno por blocos de gelo na maior parte do ano, o que a torna inacessível nesse período. Há pouca vida na ilha além de aves oceânicas e pinípedes.

A ilha foi descoberta por Fabian Gottlieb Thaddeus von Bellingshausen em 21 de janeiro de 1821 e nomeada em homenagem ao czar russo Pedro I. Até 2 de fevereiro de 1929, ninguém havia posto os pés na ilha, até que a segunda expedição Norvegia de Nils Larsen e Ola Olstad, financiada por Lars Christensen, foi bem-sucedida. Eles então a reivindicaram para a Noruega, que a anexou em 1931 e transformou-a em uma dependência em 1933. O próximo desembarque ocorreu em 1948 e desde então a ilha tem sido alvo de algumas pesquisas científicas e uma quantidade limitada de turismo. A ilha passou a obedecer ao Tratado da Antártida em 1961. Desde 1987 há uma estação meteorológica automatizada na ilha. Três expedições de radioamadores visitaram o local e há ocasionais desembarques de turistas.

A ilha foi avistada pela primeira vez em 21 de janeiro de 1821 pela expedição de Fabian Gottlieb von Bellingshausen,[2] que comandou os navios Vostok e Mirnyy sob a bandeira russa. Ele nomeou a ilha em homenagem ao czar Pedro I da Rússia. Gelo à deriva impossibilitou Bellinghausen de chegar a menos de 25 km da ilha, que foi a primeira terra a ser avistada ao sul do Círculo Polar Antártico, e portanto também a terra mais ao sul avistada à epóca de sua descoberta.[3] Em janeiro de 1910, uma expedição francesa liderada por Jean-Martin Charcot e seu navio Pourquoi-Pas confirmou a descoberta de Bellinghausen, mas eles também não desembarcaram, sendo parados a cinco quilômetros da ilha por blocos de gelo.[3]

Primeiro desembarque na ilha, em 1929.

Em 1926 e 1927 o norueguês Eyvind Tofte circunavegou e estudou a ilha a partir de seu navio Odd I. Contudo, ele também não conseguiu desembarcar.[3] Lars Christensen, um norueguês dono de baleeiros, financiou diversas expedições para a Antártida, em parte por motivos de pesquisa e em parte para reivindicar terras para a Noruega, o que foi motivado pela taxação de estações baleeiras pela Grã-Bretanha. Christensen esperava ser capaz de estabelecer estações em território norueguês para ganhar melhores privilégios e que os impostos fossem destinados ao seu país.[4] A primeira expedição a desembarcar na ilha foi a segunda expedição Norvegia, financiada por Christensen e liderada por Nils Larsen e Ola Olstad. Eles chegaram em 2 de fevereiro de 1929 e reivindicaram a ilha para a Noruega. Larson tentou desembarcar novamente em 1931, mas foi impedido pelo gelo.[3] Em 6 de março de 1931, uma proclamação real da Noruega declarou a ilha sob soberania norueguesa,[4] e em 23 de março de 1933 a ilha foi declarada uma dependência.[3][5]

O próximo desembarque na ilha foi feito em 1948 pelo navio Brategg, de Larsen. Levantamentos biológicos, geológicos e hidrográficos foram realizados durante três dias, até que blocos de gelo obrigassem a expedição a partir. A expedição construiu uma cabana e colocou em seu interior uma cópia do documento de ocupação de 1929. Em 23 de junho de 1961, a Ilha de Pedro I passou a obedecer ao Tratado da Antártida, assinado pela Noruega em 1959.[6][7] Desde então, ocorreram vários desembarques na ilha por várias nações para a realização de pesquisas científicas,[3] e também um pequeno número de navios desembarcou com sucesso turistas no local.[2]

Em 1987 o Instituto Norueguês de Investigação Polar enviou cinco cientistas para passar onze dias na ilha. Os principais objetivos foram fotografia aérea e medições topográficas, visando possibilitar a elaboração de um mapa preciso da ilha. Uma segunda área importante foi a de investigações biológicas marinhas, ainda que pesquisas geológicas, biológicas e sobre outros temas tenham sido realizadas. A equipe também construiu uma estação meteorológica automática.[8] Três expedições de radioamadoristas foram enviadas à ilha, em 1987, 1994 e 2006.[9][10][11]

Litoral da Ilha de Pedro I, visitado por uma expedição do RV Polarstern em 1994

A Ilha de Pedro I é uma ilha vulcânica localizada a 450 km da costa da Terra de Ellsworth, na Antártida Continental. A ilha possui uma área de 156 km², quase inteiramente coberta por uma geleira,[1] com 95% da superfície coberta por gelo.[12]

A ilha é um vulcão em escudo, por mais que não se saiba se ainda é ativo, que foi categorizado como ou Holoceno ou histórico, com base em amostras datadas que terão entre 0,1 a 0,35 milhões de anos. Seu cume é o Pico Lars Christensen, uma cratera circular de cem metros de largura. [13] Um pico ultraproeminente, localiza-se a uma elevação de 1 640 metros e é nomeado em homenagem a Lars Christensen. O que impossibilita saber se o vulcão é extinto ou não é que a parte superior aparentemente não foi modificada por glaciação, indicando que uma erupção ocorreu há alguns séculos.[14]

Fauna e Flora

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A vegetação da ilha consiste exclusivamente de musgos e líquens adaptados ao extremo clima da Antártica.[15] A ilha possui um clima muito rigoroso, com ventos fortes e temperaturas glaciais. A constante queda de neve limita significativamente o crescimento de vegetação.[16] A ilha é a área de acasalamento de algumas aves oceânicas, especialmente de pardelões-prateados,[15] mas também de painhos-de-wilson e trinta-réis-antárticos. Pinguins, incluindo pinguins-de-adélia e pinguins-de-barbicha visitam a ilha com pouca frequência.[16] Há numerosos pinípedes, particularmente focas-caranguejeiras e focas-leopardos,[15] e elefantes-marinhos-do-sul em menor número.[16]

A Ilha de Pedro I é uma das duas Reivindicações territoriais da Antártida da Noruega, sendo a outra a Terra da Rainha Maud.[17] A ilha é a única reivindicação entre 90°W e 150°W e também é a única reivindicação que não é um setor.[18] Por estar ao sul de 60°S, a Ilha de Pedro I está sujeita ao Tratado da Antártida.[12] O tratado garante acesso livre à ilha para qualquer investigação científica e estabelece que ela só pode ser utilizada para fins pacíficos. A Noruega, a Austrália, a França, a Nova Zelândia e o Reino Unido reconhecem mutuamente as reivindicações uns dos outros na Antártica.[19]

A administração norueguesa da ilha é feita pelo Departamento de Assuntos Polares do Ministério da Justiça e Segurança Pública, localizado em Oslo.[20] A anexação da ilha é regulada pelo Ato de Dependência de 24 de março de 1933. Este estabelece que a lei penal, a lei privada e a lei processual da Noruega se aplicam à ilha, além de outras leis que declarem explicitamente serem válidas na ilha. O Ato determina também que toda terra pertence ao Estado, e proíbe o armazenamento e a detonação de produtos nucleares.[5]

Desde 5 de maio de 1995, a lei norueguesa requer que toda a atividade norueguesa na Antártica, incluindo a Ilha de Pedro I, siga as leis internacionais ambientais para o continente. Todos os cidadãos noruegueses que planejem atividades na Ilha de Pedro I devem portanto reportar-se ao Instituto Polar Norueguês, que pode negar qualquer atividade que não esteja em conformidade com a legislação. Todas as pessoas visitando a ilha devem obedecer as leis acerca de proteção da natureza, tratamento de lixo, poluição e seguro para operações de busca e salvamento.[21]

Referências

  1. a b «Peter I Øy» (em norueguês). Agência Norueguesa de Clima e Poluição. Consultado em 24 de julho de 2016 
  2. a b Rubin 2005, p. 180.
  3. a b c d e f Barr 1987, p. 67.
  4. a b Kyvik 2008, p. 52.
  5. a b «Lov om Bouvet-øya, Peter I's øy og Dronning Maud Land m.m. (bilandsloven)» (em norueguês). Lovdata. Consultado em 24 de julho de 2016 
  6. «Parties» (em inglês). Secretariat of the Antarctic Treaty. Consultado em 24 de julho de 2016 
  7. Barr 1987, p. 79.
  8. Barr 1987, p. 68.
  9. «The FIRST Peter One DXpedition, 1987» (em inglês). Peter One. Consultado em 24 de julho de 2016. Arquivado do original em 28 de setembro de 2011 
  10. «The 1994 Peter I 3YØPI Expedition» (em inglês). Peter One. Consultado em 24 de julho de 2016. Arquivado do original em 21 de julho de 2012 
  11. «We hope you enjoyed the 3YØX DX-perience!» (em inglês). Peter One. Consultado em 24 de julho de 2016 
  12. a b Barr 1987, p. 65.
  13. «Peter I Island» (em inglês). Programa de Vulcanismo Global. Consultado em 24 de julho de 2016 
  14. LeMasurier 1990, p. 512.
  15. a b c «Peter I Øy» (em norueguês). Norsk Polarinstitutt (Instituto Olar Norueguês). Consultado em 24 de julho de 2016 
  16. a b c «Discover Peter I Island on an Antarctic Cruise» (em inglês). Adventure Life. Consultado em 24 de julho de 2016 
  17. «Peter I Øy» (em norueguês). Store Norske Leksikon - Grande Enciclopédia Norueguesa. Consultado em 24 de julho de 2016 
  18. Kyvik 2008, p. 58.
  19. National Research Council (U.S.). Polar Research Board (1986). Antarctic treaty system: an assessment. [S.l.]: National Academies Press. p. 370. ISBN 978-0-309-03640-5 
  20. «Polar Affairs Department» (em norueguês). Ministério do Clima e do Meio Ambiente da Noruega. Consultado em 24 de julho de 2016 
  21. «Antarktis» (em norueguês). Ministério do Clima e do Meio Ambiente da Noruega. Consultado em 24 de julho de 2016