Arsínoe II – Wikipédia, a enciclopédia livre

Arsínoe II
Arsínoe II
Rainha Consorte da Trácia e Anatólia
Reinado 301 a.C. a c. 280 a.C.
Predecessora Amástris
Sucessora Fila
Rainha do Reino Ptolemaico
Reinado 276 a.C. a 270/260 a.C.
Predecessor Ptolemeu II Filadelfo (sozinho)
Sucessor Ptolemeu II Filadelfo (sozinho)
Co-monarca Ptolemeu II Filadelfo
 
Nascimento 316 a.C.
Morte c. 270/260 a.C.
Reino Ptolemaico
Maridos Lisímaco
Ptolemeu Cerauno
Ptolemeu II Filadelfo
Descendência Ptolemeu Epígono
Lisímaco
Filipe
Dinastia Ptolemaica
Pai Ptolemeu I Sóter
Mãe Berenice I

Arsínoe II (316 a.C.270 a.C.) foi uma rainha da Trácia e depois co-governante do Egito com seu irmão e marido Ptolomeu II Filadelfo.

Família[editar | editar código-fonte]

Arsínoe era filha de Ptolemeu I Sóter, general de Alexandre Magno e fundador da dinastia ptolemaica, e de Berenice I.[1]

Sua mãe, Berenice, era filha de Magas e Antígona.[1] Antes de ir para o Egito, Berenice fora casada com um nobre macedônio de nome Filipe, de quem teve pelo menos dois filhos, Magas (futuro Magas de Cirene)[1] e Antígona,[2] e provavelmente de uma terceira, Teoxena.

Ptolomeu I era filho de Arsinoé da Macedónia [3] e, oficialmente, de seu marido, o nobre macedónio Lago[4] (daí o nome de Lágidas, também dado à dinastia que fundou),[carece de fontes?] mas, segundo diziam os macedônios no século II d.C., seu pai era Filipe II da Macedónia, e sua mãe estava grávida quando casou-se com Lago.[4]

Quando Ptolomeu I casou-se com Eurídice, filha de Antípatro, Berenice foi junto com Eurídice para o Egito.[5] Enquanto Ptolomeu I Sóter estava casado com Eurídice, ele teve um caso com Berenice; eles tiveram três filhos, Ptolomeu II Filadelfos,[5] Arsíone II [1] e Philotera. Um dos filhos de Ptolemeu I e Eurídice, Ptolemeu Cerauno, se tornou, mais tarde, rei da Macedônia.[6]

Rainha da Trácia[editar | editar código-fonte]

Casou pela primeira vez, em 200 a.C, aos dezesseis anos, com Lisímaco da Trácia, outro general de Alexandre Magno, a quem ela deu três filhos, Ptolomeu de Telmesso, Lisímaco e Filipe.

Lísimaco divorciou-se da esposa anterior, Amástris, para casar com Arsínoe, tendo o casamento servido para fortalecer a aliança entre ele e o pai de Arsínoe.[7] Os filhos de Arsínoe com Lisímaco seriam, mais tarde, mortos por Ptolemeu Cerauno, irmão de Arsínoe.[8]

Lisímaco lhe concedeu muitas honras, lhe dando as cidades da Ásia, inclusive Heracleia Pôntica, onde Arsínoe colocou como governador Heráclides de Cime.[7] Éfeso passou a se chamar Arsineia, onde foram emitidas várias moedas com a sua efígie.

Durante uma guerra contra o povo getas, aonde Lisímaco e seu filho Agátocles foram feitos reféns, Arsínoe negociou o resgate dos dois ao mesmo tempo em que governou a Trácia, com apenas 20 anos de idade.

Decidida a favorecer como sucessor um dos seus filhos, Arsínoe acusou Agátocles, filho de Lisímaco de um casamento anterior, de traição;[7][9] Lisímaco condenou o próprio filho à morte.[10] Agátocles era o filho mais velho e o melhor dos filhos de Lisímaco.[7]

A morte de Agátocles, que teve a participação de Ptolemeu Cerauno, causou revolta entre os súditos de Lisímaco; Seleuco I Nicátor, aproveitando-se da situação, atacou Lisímaco, que morreu em batalha, atravessado por uma lança atirada por um soldado de Heracleia Pôntica chamado Malacão.[7]

Após Lisímaco morrer em batalha em 281 a.C., ela fugiu para Cassandreia, no norte da Grécia, trocando de identidade com a sua serva, a qual vestiu com as suas roupas, tendo esta sido morta no seu lugar.

Rainha da Macedônia[editar | editar código-fonte]

Arsínoe se fixou em Cassandreia como rainha, onde sofreu um cerco de 1 ano, organizado por seu meio-irmão Ptolomeu Cerauno, que governava a Macedônia e a Trácia. Como tratado de paz, Arsínoe aceitou se casar com Ptolomeu Cerauno, mas isto provou ser um grande erro: durante os festejos do casamento, Ptolomeu Cerauno imediatamente tomou a cidade com ordem de matar a todos, e assassinou dois dos filhos de Arsínoe, Lisímaco, de dezesseis anos, e Filipe, três anos mais novo;[11] o terceiro, Ptolmeu de Telmesso, que tinha aconselhado a mãe a não casar, conseguiu escapar para a Ilíria. Arsínoe conseguiu fugir (ou foi banida [8]) novamente, dessa vez para Alexandria, no Egito. Por ter conseguido sair a salvo do Massacre de Cassandreia, como ficou conhecido o episódio da tomada da cidade por Ptolemeu Cerauno, Arsínoe mandou construir o maior monumento circular do mundo grego, a Rotunda de Arsínoe na Samotrácia, onde ficou por um breve período antes de seguir para Alexandria.

Rainha do Egito[editar | editar código-fonte]

Ptolemeu II Filadelfo, seu irmão, era casado com Arsínoe I, filha de Lisímaco.[12] No Egito, ela provavelmente instigou os rumores que levariam ao exílio sua enteada Arsínoe I, acusada de atentar contra a morte do marido. Arsínoe II casou-se então com seu irmão, em violação aos costumes macedônios, mas de acordo com os costumes egípcios,[1] sendo ambos alcunhados pelos escandalizados gregos com o epíteto Filadélfos ("Philadelphoi"). Ptolemeu II e Arsínoe II não tiveram filhos juntos.[12]

Arsínoe II compartilhou todos os títulos de seu irmão e era muito influente, tendo cidades dedicadas a ela, a seu próprio culto (como era de costume egípcio), além de ser representada nas moedas. A rainha administrou as finanças, tendo cortado com determinadas despesas. Aparentemente, ela contribuiu em grandes medidas com a política exterior, incluindo a vitória de Ptolomeu II na Primeira Guerra Síria (274–271 a.C.) entre o Egito e o Império Selêucida no Oriente Médio. Após sua morte, Ptolomeu II ficou inconsolável e continuou a se referir a ela em documentos oficiais, assim como manteve a cunhagem de moedas com sua efígie. O rei ordenou também que um sexto do dinheiro das transações do vinho fosse reservado para o seu culto, que foi associado ao de Afrodite. Conhecem-se templos dedicados à rainha em locais como Mendes, Saís, Mênfis, Faium e Alexandria. Os próprios atenienses fizeram duas estátuas de Arsínoe, tendo sido colocada uma no Odeão e outra nos Jardins do Melicão, e o poeta Calímaco chorou a sua morte em duas elegias.

Referências

  1. a b c d e Pausânias (geógrafo), Descrição da Grécia, 1.7.1
  2. Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Pirro, 4.4
  3. Theophilus, To Autolycus 7, citado em www.theoi.com [em linha]
  4. a b Pausânias (geógrafo), Descrição da Grécia, 1.6.2
  5. a b Pausânias (geógrafo), Descrição da Grécia, 1.6.8
  6. Eusébio de Cesareia, Crônicas, 89, A partir dos escritos de Porfírio, o filósofo, nosso adversário
  7. a b c d e Memnon de Heracleia, Livros XI e XII, citado por Fócio, Biblioteca de Fócio [em linha]
  8. a b Memnon de Heracleia, Livros XIII e XIV, citado por Fócio, Biblioteca de Fócio [em linha]
  9. Pausânias (geógrafo), Descrição da Grécia, 1.10.3
  10. Estrabão, Geografia, Livro XIII, 4.1
  11. Justino, Epítome das Histórias de Pompeu Trogo, 24.3 [em linha]
  12. a b Pausânias (geógrafo), Descrição da Grécia, 1.7.3