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Nefercauor
Nefercauor
Cartucho de Nefercauor na lista real de Abido
Faraó do Egito
Reinado Dois anos, um mês, um dia
Antecessor(a) Nefercauré
Sucessor(a) Neferircaré II
 
Dinastia VIII dinastia
Religião Politeísmo egípcio
Titularia
Nome
G39N5<
E1
R12
Aa1
G43
Z1
G43
>
(Ḫw-w-ḥpw) - "Hapi me protege"[1]
Variante:[2]
G39N5<
E1
R12
p
G43
HASH
>
(Pw(?)...ḥpw)
Trono
M23
t
L2
t
<
G5nfrD28
Z2
>

Variante:[2]
M23
t
L2
t
<
G5nfrD28
D28 D28
>
(Nfr-k3.w Ḥr)
Hórus
G5<
R8G30
>
(Nṯr-b3w)
Título

Nefercauor Cuiapi (em egípcio: Nfr-k3.w Ḥr Ḫw-w-ḥpw) foi um faraó da VIII dinastia durante o início do Primeiro Período Intermediário (2181–2055 a.C.), numa época em que o Egito estava possivelmente dividido entre vários governos. Nefercauor foi o 16.º e penúltimo[3] faraó da dinastia e, como tal, governou a partir de Mênfis.[4][5] Reinou por pouco mais de 2 anos[6] e é um dos reis mais bem atestados deste período, com oito de seus decretos sobrevivendo em condição fragmentária até hoje.[7]

Atestação nas listas reais

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Nefercauor está listado na entrada 55 da lista real de Abido, uma lista de reis redigida durante o reinado de Seti I, cerca de 900 anos após a vida de Nefercauor. Acredita-se que também tenha sido listado no Cânone de Turim, embora seu nome tenha se perdido numa lacuna que afetou a coluna 5, linha 12, do documento (após a reconstrução de Kim Ryholt).[5] A duração de seu reinado é, no entanto, preservada e dada como "2 anos, 1 mês e 1 dia".[6]

Um total de oito[5] decretos diferentes encontrados no Templo de Mim em Copto são atribuídos a Nefercauor e sobrevivem até hoje em condição fragmentária.[8] Quatro desses decretos, inscritos em lajes de calcário, foram dados em 1914 pelo filantropo Edward Harkness ao Museu Metropolitano de Arte de Nova Iorque, onde agora estão em exibição na Galeria 103.[9][10][11] Sete dos oito decretos foram emitidos num único dia[5] do primeiro ano de reinado de Nefercauor, talvez no dia de sua ascensão ao trono. O ano em questão recebe o nome de "Ano da União das Duas Terras". No primeiro decreto concede títulos a sua filha mais velha Nebiete, esposa do vizir chamado Xemai. Ele atribui a ela um guarda-costas, o comandante dos soldados Crodeni (também lido Caredeni), e ordena a construção duma barca sagrada ao deus "Duas Potências", quiçá Hórus-Mim.[7][12]

O segundo e mais bem preservado dos decretos diz respeito à nomeação do filho de Xemai, Idi, para o cargo de governador do Alto Egito, governando os sete nomos mais meridionais de Elefantina a Dióspolis Parva:[2][7]

Hórus Netjerbau. Selado na presença do próprio rei no mês 2 [de Perete, dia 20]. Decreto real para o conde, [supervisor dos sacerdotes, Idi]: você é nomeado conde, governador do Alto Egito, superintendente dos sacerdotes neste mesmo Alto Egito, que [está sob] sua supervisão ao sul à Núbia, ao norte para o nomo de Sistro, na função de conde, supervisor de sacerdotes, chefe dos governantes das cidades que estão sob sua supervisão, no lugar de seu pai, o pai do deus, amado dele, príncipe hereditário, prefeito da cidade [piramidal], juiz supremo, vizir, guardião dos arquivos do rei, [conde, governador do Alto Egito, superintendente dos sacerdotes, Xemai. Ninguém] [terá direito à reclamação] [...]
Decretos de Copto P e Q dirigido a Idi e seu irmão no Museu Metropolitano de Arte de Nova Iorque (Acc. No. 14.7.12)

O terceiro e quarto decretos são parcialmente preservados num único fragmento. Registram Nefercauor dando ao irmão de Idi um posto no Templo de Mim e possivelmente também informando Idi sobre isso. Este último decreto registra porque os decretos foram encontrados no templo de Mim:[2][7]

[Minha majestade ordena que você afixe] as palavras [deste decreto no portão] do templo de Mim [de Copto para todo o sempre]. Foi enviado o único companheiro, o filho de Hemi, Intefe, a respeito disso. Selado na presença do próprio [rei] no Ano da União das Duas Terras, Mês 2 de Perete, Dia 20.

Os decretos restantes dizem respeito à nomeação de sacerdotes mortuários para as capelas de Nebiete e Xemai, bem como à encomenda de inventários no templo de Mim.[5]

Outras atestações

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Além dos decretos, Nefercauor também é atestado por duas inscrições numa parede da tumba de Xemai. São datadas do primeiro ano de seu reinado, mês 4 de Xemu, dia 2.[13] Relatam o transporte de pedra de Uádi Hamamate (Copto é o ponto de partida para as expedições a este uádi) e estão parcialmente destruídas, mas parecem mencionar que o trabalho foi feito em 19 dias. Do Uádi Hamamate são conhecidas três inscrições na rocha relatando o transporte de uma pedra. Um dos textos é datado do ano um de um rei não identificado. Em duas das inscrições, um Idi também é mencionado. Se este Idi é idêntico ao conhecido dos decretos, as inscrições também se referem a esta expedição sob o rei.[14]

Referências

  1. Schneider 2002, p. 175.
  2. a b c d Sethe 1933, p. 297-299.
  3. Beckerath 1962, p. 143.
  4. Beckerath 1999, p. 68.
  5. a b c d e Baker 2008, p. 271-272.
  6. a b Ryholt 2000, p. 99.
  7. a b c d Hayes 1978, p. 136-138.
  8. Hayes 1946.
  9. MET (a).
  10. MET (b).
  11. MET (c).
  12. Bunson 2009, p. 268; 284.
  13. Strudwick 2005, p. 345-347.
  14. Mostafa 2014, p. 88-111.
  • Baker, Darrell D. (2008). The Encyclopedia of the Pharaohs: Volume I - Predynastic to the Twentieth Dynasty 3300–1069 BC. Londres: Stacey International. ISBN 978-1-905299-37-9 
  • Beckerath, Jürgen von (1962). «The Date of the End of the Old Kingdom of Egypt». JNES. 21 
  • Beckerath, Jürgen von (1999). Handbuch der ägyptischen Königsnamen, Münchner ägyptologische Studien. Mogúncia: Philip von Zabern. ISBN 3-8053-2591-6 
  • Bunson, Margaret (2009). Encyclopedia of Ancient Egypt. Nova Iorque: Infobase Publishing. ISBN 978-1438109978 
  • Hayes, William C. (1946). «Royal Decrees from the Temple of Min at Coptos». JEA. 32: 3–23 
  • Hayes, William C. (1978). The Scepter of Egypt: A Background for the Study of the Egyptian Antiquities in The Metropolitan Museum of Art. Vol. 1, From the Earliest Times to the End of the Middle Kingdom. Nova Iorque: MetPublications 
  • Mostafa, Maha Farid (2014). The Mastaba of SmAj at Naga' Kom el-Koffar. I. Cairo: Qift. ISBN 978-977642004-5 
  • Ryholt, Kim (2000). «The Late Old Kingdom in the Turin King-list and the Identity of Nitocris». Zeitschrift für Ägyptische Sprache und Altertumskunde. 127 (1): 87–119. ISSN 2196-713X 
  • Schneider, Thomas (2002). Lexikon der Pharaonen. Dusseldórfia: Albatros. ISBN 3-491-96053-3 
  • Sethe, Kurt (1933). Urkunden des Alten Reichs (= Urkunden des ägyptischen Altertums. Abteilung 1). 1 4 ed. Lípsia: Hinrichs'sche Buchhandlung 
  • Strudwick, Nigel C. (2005). Leprohon, Ronald J., ed. Texts from the Pyramid Age, Writings from the Ancient World. Atlanta: Sociedade de Literatura Bíblica. ISBN 978-1589831384