Romênia e as armas de destruição em massa – Wikipédia, a enciclopédia livre

Na década de 80, durante o governo de Nicolae Ceauşescu, a Romênia teve um programa secreto de intenção de desenvolver armas nucleares, violando a sua ratificação do Tratado de Não Proliferação Nuclear de 1970.[1] O programa foi desmantelado após a Revolução romena de 1989 e, atualmente, a Romênia é considerada livre de armas de destruição em massa, usando a energia nuclear apenas para fins civis.[1]

Programa nuclear[editar | editar código-fonte]

Enquanto a Romênia teve um programa de pesquisa nuclear desde 1949, para as primeiras décadas, concentrou-se no uso de isótopos radioativos na medicina e na indústria. O programa militar foi iniciado em 1978, juntamente com o programa para a primeira usina. O programa de pesquisa de armas de destruição em massa (Programul Dunărea) foi realizado no Instituto Măgurele de Pesquisa Nuclear, sob a rigorosa supervisão da Securitate.[2]

De acordo com Mihai Bălănescu, o ex-diretor do instituto de pesquisa, o programa tinha três departamentos: um que tratou do desenvolvimento de armas nucleares, um para o desenvolvimento de mísseis de médio alcance e um terceiro que tratou das armas químicas e biológicas.[2]

A deserção do general Ion Mihai Pacepa da Securitate foi, de acordo com Lucia Hossu Longin, pelo menos parcialmente relacionado com a ordem dada a ele por Ceauşescu, para obter a tecnologia para um determinado elemento necessário no desenvolvimento de armas nucleares.[3]

Em julho de 1989, o ministro das Relações Exteriores húngaro, Gyula Horn acusou a Romênia de posar ameaças militares à Hungria, por meio de seu programa nuclear e um programa de desenvolvimento de mísseis de médio alcance. Horn afirmou que oficiais romenos de alto escalam anunciaram que a Romênia é capaz de construir tais armas, mas o Governo romeno negou tais alegações.[4]

Manifestações anti-nucleares[editar | editar código-fonte]

Apesar do presente programa secreto, o governo de Ceauşescu tinha que organizar manifestações maciças contra a proliferação nuclear. Por exemplo, em uma tal manifestação em dezembro de 1981, ele se dirigiu a uma multidão de 300.000 pessoas argumentando que o Oriente e o Ocidente devem "parar aqueles que estão se preparando para a guerra atômica".[5] Ele também pediu para os Estados Unidos e a União Soviética à acabar com a corrida armamentista que levou à colocação de mísseis nucleares de médio alcance na Europa, argumentando que só se parar esta corrida a "humanidade poderia ... ser salva de uma catástrofe".[6]

Em 1989, Ceauşescu alegou que a Romênia tinha a tecnologia para construir armas nucleares, mas que ele iria continuar "firmemente a lutar contra as armas nucleares".[7]

Acordos com outros países[editar | editar código-fonte]

Romênia também esteve envolvida no mercado negro de materiais e tecnologia nuclear: depois de 1989, foi revelado que, em 1986, o Governo Ceauşescu desviou indevidamente o fornecimento de 14 toneladas[8] de água pesada, originário da Noruega para a Índia.[9] A água pesada é um ingrediente importante na criação de armas nucleares e da remessa para a Índia foi outra violação do Tratado de Não Proliferação.

Após a Revolução de 1989[editar | editar código-fonte]

Após a revolução romena de 1989, a Romênia anunciou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que tinha 100 mg de plutônio separado em 1985 no Instituto Piteşti de Pesquisa Nuclear e permitiram que a AIEA tivessem pleno acesso às suas instalações para inspeção e monitoramento de outras violações dos o Tratado de Não Proliferação.[1] De acordo com um artigo de 1992 da Nucleonics Week, o plutônio foi feito usando um reator de pesquisa TRIGA, dado a Romênia pelos Estados Unidos na década de 70.[1]

Em 2003, a Romênia entregou a AIEA 15 kg de combustível de urânio altamente enriquecido de um reator de pesquisa.[1]

Referências

  1. a b c d e Tracking Nuclear Proliferation – Romania at PBS, 2 de maio de 2005
  2. a b "'Baietelul' lui Ceausescu, mort in fasa", Evenimentul Zilei, 10 de dezembro de 2002
  3. "Pacepa a fugit din ţară pentru că Ceauşescu l-a obligat să obţină un element pentru fabricarea bombei atomice, spune L. Hossu Longin", Realitatea TV, 5 de julho de 2009
  4. Hungary Accuses Rumania of Military Threats", The New York Times, 11 de julho de 1989
  5. "300,000 in Romania Protest Nuclear Weapons", The Washington Post, 6 de dezembro de 1981, p. A19
  6. "End the arms race, Romanian leader says", Pittsburgh Post-Gazette 16 de outubro de 1984, p. 12
  7. "Romanian Nuclear Claim", San Jose Mercury News, 16 de abril de 1989, p. 19A
  8. "India is pressed on atom project", New York Times, 12 de fevereiro de 1992
  9. "Romania Is Reported in Nuclear Deal With India", New York Times, 30 de abril de 1990

Ligações externas[editar | editar código-fonte]