Etno-história – Wikipédia, a enciclopédia livre

Etno-história é uma metodologia interdisciplinar utilizada nas ciências humanas, principalmente nas disciplinas de história, antropologia, geografia e arqueologia. A etno-história surgiu nos Estados Unidos nas primeiras décadas do século XX e se desenvolveu após a promulgação da ICA - Indian Claim Act, em 1946, que garantiu direitos aos povos indígenas estadunidenses. Após esse período, a etno-história se difundiu para outras áreas do globo, como Oceania, Sul e Leste da Ásia e principalmente na América Latina.

O Brasil é um dos países onde a etno-história mais se desenvolveu. Isso realizou-se junto do crescimento da história indígena, que ocorreu após a promulgação da Constituição Federal de 1988, que garantiu aos povos indígenas brasileiros, o direito ao seu território tradicional e de realizar suas práticas culturais. O século XXI é marcado pelo aumento dos escritos sobre os povos indígenas no Brasil, principalmente por meio da maior inserção dos indígenas nas universidades e na elaboração de artigos, trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado e teses de doutorado

Dentre as diversas temáticas onde a metodologia da etno-história é utilizada, as principais, são as sociedades indígenas. Grafismo da etnia Moitará

A etno-história é marcada por ser uma metodologia interdisciplinar que permite o uso variado de fontes, tais como, os dados etnográficos, coletados nos trabalhos de campo e registrados nos diários ou cadernos de campo. Outro tipo de fonte que a etno-história permite, são fontes orais, realizadas por meio de entrevistas, que tem como suporte, manuais de uso e ética em história oral. Também, é possível o uso de fontes materiais, especialmente as evidências arqueológicas, como artesanatos, cerâmicas, fosseis e paisagens. Por fim, a etno-história, não exclui as fontes escritas, entretanto, ela emprega uma atenção especial em suas analises, procurando compreender como elas foram interpretadas pelas sociedades tradicionais, apontando assim, equívocos, erros e preconceitos inseridos nessas documentações.

Por mais que a grande maioria dos trabalhos em etno-história se concentrem no continente americano, é possível encontrar trabalhos e grupos de pesquisa relevantes em outras partes do mundo, como acontece na Oceania, com a revista Australian Aboriginal Studies, que trouxe enorme contribuição para o debate e difusão da etno-história na Australia. Além disso, grande parte dos estudos em etno-história está na temática indígena, entretanto, é possível encontrar pesquisas que utilizam a metodologia da etno-história para analisar outros contextos, como povos negros, festividades religiosas, migrações, questões de gênero e de História Ambiental. Dessa forma, por mais próximas que pareçam, não se deve utilizar etno-história e história indígena como sinônimos.

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Até as primeiras décadas do século XX, o estudo das sociedades indígenas era praticamente exclusividade da antropologia. Na imagem, temos o retrato de Edward Burnett Tylor, um dos principais nomes da antropologia do séc. XIX, conhecido pela teoria do evolucionismo cultural.

Para a criação da metodologia que atualmente conhecemos como etno-história , foi necessário um contexto político (luta pelos direitos dos povos indígenas) e acadêmico (necessidade de novas pesquisas sobre as populações tradicionais) adequado para tal. Durante o século XIX e parte do XX, várias áreas do conhecimento, como filosofia, história e antropologia, carregavam teorias que reforçavam a ocidentalização, deixando em segundo plano, ou destacando como inferior, muitas sociedades tradicionais.[1]

Também havia uma nítida separação entre as disciplinas (principalmente da área das ciências humanas) por meio dos temas de pesquisa. Por exemplo, até a Primeira Guerra Mundial, tanto os culturalistas estadunidenses e antropólogos britânicos enfatizavam a necessidade da separação entre os campos de atuação das suas disciplinas, como o estudo das culturas, em relação aos escritos realizados pelos historiadores. O estudo realizado pela história das populações indígenas era marginalizado e criticado pelos pares e por profissionais de outras áreas das ciências humanas, pois entendia-se, que os historiadores deveriam escrever sobre as sociedades com escrita, enquanto cabia aos antropólogos e arqueólogos, o estudo das sociedades ágrafas.[2]

Por exemplo, no início do século XX, grupos de antropólogos, entre eles, difusionistas e distribucionistas eram contrários ao uso das metodologias da história para pesquisas sobre o histórico das sociedades indígenas. Robert Lowie, em seus escritos antropológicos, negava que as sociedades tradicionais eram dotadas de perspectiva ou senso histórico, por isso, criticava o uso da tradição oral e de relatos de viajantes. O antropólogo também acreditava que as questões e problemáticas das pesquisas antropológicas só poderiam ser resolvidas pelos métodos objetivos da etnologia comparativa, da arqueologia, da antropologia física e da linguística. [3]

Na década de 1920, outros nomes relevantes para o campo da antropologia também criticavam as pesquisas antropológicas com orientação histórica , como Bronisław Kasper Malinowski e Alfred Reginald Radcliffe-Brown. A justificativa usada por esses antropólogos era que não havia documentos para o estudo das sociedades tradicionais sem escrita, como também, de acordo com Radcliffe Brown, a história e a antropologia social eram de natureza antagônicas, sendo assim, os antropólogos sociais deveriam se voltar "ao avanço das generalizações sobre a estrutura da sociedade, como resultado do estudo comparativo das sociedades primitivas, sem referência à sua história".[4] Até a década de 1950, muitos antropólogos sociais ainda evitavam utilizar métodos históricos em suas escritas, continuando uma abordagem sobre os povos sem tradição da escrita, sem a referência em documentos históricos, mesmo quando eles estavam disponíveis. Por mais que a metodologia da etno-história tenha iniciado no início do século XX, ela enfrentou muita resistência até a década 1950, quando ainda era pontuada a separação de temas de pesquisa entre antropologia e história. [5]

O Surgimento da etno-história[editar | editar código-fonte]

Durante o início do século XX, a questão dos indígenas que ocupavam a América do Norte ganha destaque, crescendo os estudos sobre essas populações. O primeiro registro encontrado do termo etno-história ocorreu no ano de 1909, nas pesquisas de Clark Wissler, que tinha como objetivo, escrever relatórios arqueológicos sobre os indígenas na área da grande Nova York e do baixo Rio Hudson. De acordo com os escritos de Clark Wissler, etno-história seria a combinação e utilização de dados coletados nas escavações arqueológicas e dados etnográficos, que seriam reunidos, resultando em documentações produzidas por pesquisadores não indígenas estabelecidos em centros de pesquisa e universidades.[6]

Na década de 1930, foi a primeira vez que o termo etno-história foi utilizado como um método, por meio dos estudos de Fritz Röck no Viennese Study Group for African Culture History. Esse grupo, tinha como objetivo criar modelos que proporcionasse que a história fosse desenhada por meio de dados etnográficos coletados no continente africano. Todavia, o grupo não conseguiu êxito em seus objetivos de difundir o conceito, principalmente em relação a passar do teórico ao prático. Posteriormente, o grupo acabou fundindo-se, com a denominada etnografia histórica. [1]

Os primeiros passos da etno-história[editar | editar código-fonte]

Indiana University, um dos principais espaços dos primeiros debate sobre a etno-história

O artigo escrito por Bruce Graham Trigger no periódico Ethnohistory , destaca que o primeiro trabalho substancial de etno-história estadunidense, foi escrito em 1937 pelo historiador A.G. Bailey, intitulado como: El conflicto entre las culturas europea y algonkina oriental, 1504- 1700.[7] Apesar desse relevante trabalho para a etno-história, foi somente a partir da década de 1950, que ela se desenvolveu nos Estados Unidos. Isso ocorreu ao final de Segunda Guerra Mundial, principalmente com a promulgação, em 1946 do ICA - Indian Claim Act, que deu direito aos indígenas estadunidenses a reivindicar seus territórios ou pedir compensações pelas terras perdidas. Com isso, necessitou-se de uma grande demanda de pesquisa sobre esses povos tradicionais, já que para garantir os benefícios, era necessário produzir estudos e laudos que atestassem as indenizações. [8] Dessa forma, envolveram-se nos estudos sobre os indígenas estadunidenses profissionais das mais diversas áreas das ciências humanas, como antropólogos, historiadores, arqueólogos, linguistas, entre outros. [9]

Os laudos realizados nesse contexto, foram reunidos e apresentados no Ohio Valley Historic Indian Conference sendo realizada no Ohio State Museum, na cidade de Columbus, em novembro de 1953. Esse evento teve como enfoque a análise da história e da situação dos indígenas do vale do Rio Ohio, levando em consideração as contribuições de historiadores, arqueólogos e antropólogos. Posteriormente, esse grupo passou a ser denominado como American Indian Ethnohistoric Conference, criado no ano de 1954 e afiliada à Indiana University em Bloomington. Esse contexto, propiciou a criação da revista Ethnohistory, que teve a sua primeira publicação datada em abril de 1954.[10]

A etno-história ao final do século XX e início do XXI[editar | editar código-fonte]

Ailton Krenak é um dos principais líderes indígenas no Brasil. Durante a constituinte, em 1987, Ailton Krenak ficou marcado por seu discurso sobre o direito dos povos indígenas, enquanto pintava seu rosto.

Após o nascimento da etno-história nos Estados Unidos, outros países foram influenciados pelos primeiros estudos e grupos sobre o assunto. No Brasil, a etno-história ganhou destaque a partir do período de redemocratização e após a ditadura militar brasileira. Nesse contexto, a temática indígena teve destaque por meio dos debates sobre o lugar dos indígenas na sociedade brasileira, movido principalmente pela elaboração da Constituição Federal de 1988. Esse documento é um marco para os indígenas que habitam o território brasileiro, levando em consideração, que foi a primeira vez que o Brasil reconheceu aos indígenas o direito de viver de acordo com suas normas e costumes, como também o direito sobre um território para sobreviver. [11] O principal artigo da Constituição Federal de 1988 que aborda os direitos indígenas sobre seu território e de realização de suas práticas culturais é o nº 231. [12]

Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.[12]

Em conjunto disso, a partir da década de 1970, temos o surgimento do chamado Movimento indígena, que consistiu na mobilização e união dos indígenas de todo o Brasil que buscavam melhorar a sua condição de vida, bem como protestar em relação às políticas assimilacionistas promovidas por órgãos federais, como o SPI - Serviço de Proteção aos Índios (1910-1967) e a FUNAI - Fundação Nacional dos povos indígenas, este, é o órgão nacional, responsável pelas questões indígenas.[13]

Assim como aconteceu com os Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial e a ICA - Indian Claim Act, no Brasil, novas demandas e pesquisas sobre os indígenas foram necessárias após a promulgação da Constituição de 1988, o crescimento demográfico dos indígenas e a autovalorização da identidade étnica. Até a década de 1970, os estudos sobre os povos indígenas no Brasil eram centrados na perspectiva de que essas populações iriam desaparecer e ainda carregavam traços da dicotomia do século XIX entre antropologia e história, sobre seus objetos de estudo. A história destinava a sua atenção para as sociedades de cultura europeia, ocidentalizadas, letradas, que deixaram documentos escritos para análise. Já a antropologia, aplicava-se ao estudos dos povos considerados como inferiores, de cultura não ocidental e geralmente de tradição oral. Dessa forma, durante boa parte do século XX, as pesquisas dos povos indígenas no Brasil era tomada principalmente pela antropologia e ocupava um pequeno espaço no campo da história.[14]

Esse cenário começa a mudar, quando grupos de pesquisa concentram suas atenções para as mudanças ocorridas no panorama político em torno dos direitos dos povos indígena. Entre esses grupos, é possível citar as reuniões organizadas pelo professor Silvio Coelho dos Santos, ocorridas em Santa Catarina nos anos de 1980 e 1983. A conclusão da primeira reunião, de acordo com e David Maybury-Lewis “foi a de que é chegada a hora do Brasil enfrentar o fato de ser uma sociedade multiétnica e de agir de acordo com este fato.” [15] No ano de 1983, a antropóloga Manuela Carneiro da Cunha foi responsável pela organização de Grupo de Trabalho na ABA - Associação Brasileira de Antropologia e ANPOCS - Associação Nacional de Pós-Graduação em Ciências Sociais, com o objetivo de discutir a temática indígena. Participaram dessa reunião pessoas de diferentes áreas, como antropólogos, historiadores e arqueólogos e gerou um produção sobre o tema que foi publicada na Revista de Antropologia (n.30, 31 e 32). [16] Na publicação, Manuela Carneiro da Cunha destaca que a temática da história indígena estava passando por uma intensa mudança.[17]

Manuela Carneiro da Cunha é uma das principais escritoras sobre o direito dos povos indígenas. Dentre as suas principais obras estão: Índios no Brasil: História Direito e Cidadania; Cultura com aspas e Direitos dos Povos Indígenas em Disputa.

Outra mudança que ocorre nesse período é o surgimento do indianismo na década de 1970, sendo um movimento que questionava como as sociedades indígenas eram abordadas tanto nas leis, como nas pesquisas acadêmicas. O ponto fundamental dessa mudança foi dois encontros em Barbados, um em 1971 (no Simpósio sobre fricção interétnica na América do Sul) que reuniu antropólogos e indigenistas e outra em 1977, que contou também com a participação de historiadores e líderes indígenas. Como consequência desses encontrou surgiu a Declaração de Barbados: pela libertação do indígena, que consiste em um documento que faz críticas ao colonialismo sofrido pelos povos indígenas, bem como, destaca o protagonismo dessas populações.[18] Essa modificação também afetou a etno-história. Nas últimas décadas do século XX e as primeiras do XXI, a etno-história vem sendo utilizada para reforçar essas mudanças sobre os escritos a cerca dos povos indígenas, principalmente destacando essas populações como protagonistas de sua história, bem como de ser portadora de uma cultura própria e dinâmica, assim como as sociedades de tradição de escrita ocidental. Também, a etno-história foi importante para o repensar da história em países colonizados, como as Américas, colaborando para que as populações tradicionais fossem inseridas nas discussões sobre a construção das sociedades americanas, sob o ponto de vista de seu protagonismo. Para isso, é necessário que o etno-historiador tenha um amplo conhecimento sobre a cultura estudada, necessitando com isso, englobar conhecimentos interdisciplinares. [19]

A The American Society for Ethnohistory e o periódico Ethnohistory[editar | editar código-fonte]

Entre os grupos mais renomados sobre a etno-história, um dos seus principais é a The American Society for Ethnohistory. Fundada em 1954 com o nome de American Indian Ethnohistoric Conference, foi apenas em 1966 que foi renomeada com como é atualmente. Em sua constituição, a sociedade coloca como finalidade os meios "educacionais e científicos: incentivar o estudo da etno-história; trocar e divulgar informações neste domínio; realizar conferências periódicas para discutir problemas de interesse mútuo relativos ao estudo da etno-história; e obter a cooperação das disciplinas envolvidas para projetos de pesquisa" [20] Em sua página eletrônica, a The American Society for Ethnohistory destaca que sua missão é organizar o seu campo internacionalmente e de forma interdisciplinar, reunindo antropologia, história, estudos indígenas americanos, arqueologia, ecologia, linguística e demais áreas próximas. Junto disso, a sociedade pretende dar mais impulsividade para as histórias dos grupos nativos por meio de analises mais afastadas de visões colonialistas e ocidentalizadas.[20]

A The American Society for Ethnohistory ao longos dos seus anos criou prêmios para homenagear e prestigiar etno-historiadores, como o prêmio para livros Erminie Wheeler-Voegelin, criado em 1981, que inclui certificado e um prêmio em dinheiro de US$ 1.000;[20] Prêmio para artigos Robert F. Heizer, criado em 1980, que inclui além do certificado uma premiação de US$ 500; [20] Por fim, o prêmio para artigos de estudantes chamado de Helen Hornbeck Tanner, que junto de certificado paga ao vencedor US$ 250.[20]

Junto disso, a The American Society for Ethnohistory organiza desde 2017 a conferência anual de etno-história:

Ano de realização País onde ocorreu o evento Cidade do evento
2017 Canadá Canadá Winnipeg [20]
2018 México México Oaxaca[20]
2019 Estados Unidos Estados Unidos Pensilvânia[20]
2020 Evento virtual[20]
2021 Evento Virtual[20]
2022 Estados Unidos Estados Unidos Kansas[20]
2023 Estados Unidos Estados Unidos Flórida [20]

Desde 1954, a The American Society for Ethnohistory também organiza o periódico denominado como Ethnohistory. Essa revista soma mais de setenta edições e de acordo com seu editorial, o objetivo da Ethnohistory é ampliar os debates de modo interdisciplinar sobre a experiência, identidades dos povos indígenas, diaspóricos e minoritários, que geralmente ficavam à margem da historiografia ou da antropologia que discutiam as nações, estados e impérios coloniais. A Ethnohistory publica artigos, resenha de livros e ensaios de revisão e mostra em seu endereço eletrônico todas as diretrizes para o envio de propostas. A revista não é de acesso público, necessitando assim pagar para ter acesso ao acervo dos exemplares.[20]

Como funciona a metodologia da etno-história e uso de fontes[editar | editar código-fonte]

A metodologia da etno-história tem como seu diferencial o seu método de estudos, já que é marcada pela interdisciplinaridade e da multiplicidade de fontes, como a etnografia, fontes orais, fontes materiais e também documentos escritos. [21]

Fontes etnográficas[editar | editar código-fonte]

O caderno de campo é um elemento importante no trabalho etnográfico, já que muitas informações não ficam contidas nas fontes orais, escritas e materiais.

As fontes etnográficas consistem na coleta de dados do pesquisador em contato direto com o grupo étnico no qual pesquisa. Esse tipo de abordagem era restrita aos antropólogos, mas com a metodologia da etno-história, essa possibilidade se expandiu para outros campos, como o da história. Na pesquisa etnográfica, o pesquisador destina-se a encontrar vestígios em relação ao passado no presente, ou procura as mudanças de uma determinada sociedade durante um período estipulado em sua pesquisa. Geralmente, o pesquisador utiliza o caderno de campo em seus estudos, pois muitos pontos relevantes para a pesquisa que está no caderno de campo, não é capaz de ser obtido nos documentos escritos, visuais e entrevistas, como os meios usados para encontrar outras fontes e as dificuldades da pesquisa. [22] Os resultados obtidos nas investigações etnográficas devem ser compreendidos como situados num momento e encontro específico, como também, deve-se levar em conta também o perfil do pesquisador em detrimento do povo que pesquisa. A pesquisa etnográfica produz suas próprias fontes e pode ser encarada como um dos pontos que diferencia o historiador "convencional" do etno-historiador.[23]

História Oral[editar | editar código-fonte]

Entrevista de história oral com um ancião da etnia Kaingang realizada no ano de 2018

Durante as viagens de campo, muitos etno-historiadores utilizam em suas pesquisas entrevistas com colaboradores que podem potencializar o seu objeto de estudo. Nas pesquisas com os povos indígenas, a utilização da oralidade tornou-se fundamental, já que esses povos geralmente são de tradição oral, como também, as documentações oficiais trazem deturpações sobre esses grupos, partindo do ponto de vista do colonizador ou do não indígena com visões preconceituosas e assimilacionistas. Para a realização das entrevistas e o seu uso em pesquisas acadêmicas, principalmente na área das ciências humanas, temos algumas obras sobre o uso e a ética da história oral, como o Manual de história oral escrito por Verena Alberti, em que autora destaca desde os primeiros passos para o historiador até os procedimentos legais para o uso das entrevistas em pesquisas acadêmicas e os processos de transcrição do material.[24] Também, ao utilizar as entrevistas, o etno-historiador está também lidando com a memória, dessa forma, leituras a cerca do uso da memória em suas pesquisas é fundamental para melhor aproveitamento dos materiais colhidos. Um dos nomes influentes para a questão da memória são os escritos de Michael Pollak, que afirma que nem tudo fica arquivado na memória dos depoentes, a memória dessa forma é submetida a flutuações, transformações e mudanças, sendo dever do pesquisador levar essa questão em consideração. [25] O etno-historiador também deve ponderar que as entrevistas são subjetivas, que o resultado da entrevista vai derivar de fatores como etnia, classe, gênero e idade, tanto do entrevistado, como do pesquisador. Para Alessandro Portelli, essas diferenças não podem ser ignoradas, não se pode simular uma igualdade inexistente, mas as diferenças devem ser analisas como um fator da entrevista.[26]

Uso de fontes materiais e evidências arqueológicas[editar | editar código-fonte]

O artesanato indígena é um dos exemplos de fontes de pesquisa em etno-história

Em seus estudos sobre a variedade de fontes históricas, José D’Assunção Barros as separa em quatro categorias: (1) ‘fontes materiais’, (2) ‘fontes de conteúdo’, (3) ‘fontes imateriais' e (4) 'fontes virtuais.[27] Como fontes materiais, José D’Assunção Barros dá alguns exemplos, tais como: paisagens, fósseis, utensílios, artefatos, cerâmicas, inscrições, materialidade urbana, entre outros. [27] Os etno-historiadores também utilizam em suas pesquisas as fontes materiais, pois é possível analisar aspectos dos grupos étnicos pela modificação e uso da paisagem, pela utilização e configurações dos seus artesanatos,nas cerâmicas e cestarias por exemplo. Um campo capaz de potencializar o uso das fontes materiais é a arqueologia. As evidências arqueológicas se diferem das históricas e etnográficas ao oferecer uma dimensão diacrônica significativamente mais longa, principalmente sobre informações de demografia, geografia, padrões de assentamento, uso da terra, rotas de viagens e relações étnicas. [28] Também, outra forma de estudos em etno-história é realizada em museus, principalmente em coleções, como mapas, ilustrações, fotografias e artefatos históricos.[28]

Não exclusão dos documentos escritos[editar | editar código-fonte]

Por mais que a etno-história tenha surgido como uma oposição aos antigos escritos sobre os povos indígenas, que geralmente os abordavam como inúmeros preconceitos e uma visão ocidentalizada, não se pode excluir os documentos escritos das pesquisas etno-históricas. A questão fica sobre as perguntas que o etno-historiador faz a essa documentação escrita, levando em consideração inúmeros fatores, como o contexto de produção do documento, pois geralmente, os documentos escritos sobre a etnia de sua pesquisa foram criados pelo outro, principalmente com uma visão preconceituosa e de dominação.[29] Dessa forma, cabe ao etno-historiador realizar essa análise e conseguir filtrar as informações nessas documentações e relacionar com outros tipos de fontes. Sobre o tema, Patricia Galloway destaca que como qualquer outro historiador, o etno-historiador também deve estar consciente da natureza e do contingente da documentação [30]

Documentos oficiais e institucionais podem ser utilizados em etno-história, mas devem ser questionados e relacionados com outros tipos de fontes

Entre as fontes escritas estão os documentos coloniais e institucionais, como registros administrativos, diários de viagens, registros de instituições religiosas, tratados e declarações políticas.[28] Também entre as fontes escritas, encontram-se pesquisas acadêmicas, que a partir da década de 1990 tem melhorado a sua abordagem sobre a situação e condição dos indígenas e demais povos tradicionais. Conjuntamente, principalmente a partir do século XX, é possível constatar o aumento de obras escritas publicadas pelos próprios indígenas, impulsionado pela inclusão desses povos nas universidades e na elaboração de artigos, dissertações de mestrado e teses de doutorado. Nesse período também é marcado pelas publicações em livro de obras indígenas que ganharam destaque, como A Queda do Céu escrito por Davi Kopenawa; O Karaíba: Uma História do pré-Brasil, por Daniel Munduruku; O Pássaro Encantado, por Eliane Potiguara e Ideias para adiar o fim do mundo de Ailton Krenak. Inclusive, o ano de 2023 é marcante para os povos indígenas do Brasil, já que Ailton Krenak foi o primeiro indígena a ser eleito para a Academia Brasileira de Letras, assumindo a cadeira de número 5.[31]

Outras concepções de etno-história[editar | editar código-fonte]

Além da compreensão da etno-história como uma metodologia interdisciplinar, Tiago Leandro Vieira Cavalcante registrou em suas pesquisas outras formas que ela pode ser utilizada ou interpretada.[32]

Etno-história como disciplina acadêmica independente[editar | editar código-fonte]

Isso ocorreu principalmente nos primeiros anos do surgimento da metodologia, quando estudiosos da área realizaram extensos debates sobre a configuração de etno-história como uma disciplina independente. Também, outro debate estava se a etno-história poderia ser definida como uma subdisciplina da história ou antropologia. Após longos debates, não houve um acordo sobre essas questões, mas segundo Tiago Leandro Vieira Cavalcante, houve um "acordo tácito", que acabou considerando a etno-história como uma metodologia, que utiliza de diversas fontes para se pesquisar as transformações culturas das sociedades ágrafas da América.[32]

Uma das principais críticas sobre a concepção da etno-história como uma disciplina independente é feita por Bruce Graham Trigger, que enfatiza a separação entre etno-história e história é uma atitude etnocêntrica, pois indicaria que os povos indígenas teriam uma história diferente dos povos ocidentais letrados. Dessa forma, para Bruce Graham Trigger, deve-se abandonar a definição de etno-história como disciplina independente, mas colocá-la dentro do campo da história, seja como história nativa ou história indígena. [7]

Davi Kopenawa é um dos maiores intelectuais indígenas do Brasil. Como sua principal obra está o livro A queda do céu em que Kopenawa narra o ponto de visto do seu povo sobre o contato que o não indígena.

Etno-história como uma etnociência[editar | editar código-fonte]

Essa concepção se da por conta do crescimento dos indígenas nos ambientes acadêmicos, que por sua vez escrevem principalmente sobre o sua etnia e cultura, trazendo com isso uma narrativa que contribui para diversas áreas de pesquisa. Dos trabalhos realizados pelos indígenas, uma parte expressiva está nas áreas das humanas, como história e antropologia, em que encontramos escritos de um indígena sobre seu próprio povo. É nesse contexto que é possível identificar uma nova acepção para o conceito da etno-história: uma etnociência. Todavia, Tiago Vieira Cavalcante enfatiza que não pode considerar que uma história indígena produzida por uma indígena como uma "verdade" absoluta, nem como melhor do que as outras. Já que como qualquer outro pesquisador, o indígena também é um indivíduo que exerce diversos papéis sociais. Também, o autor complementa, que uma história indígena e uma etno-história produzida por olhares diferentes é enriquecedora para a temática.[33]

Etno-história como compreensão e/ou representação própria dos povos indígenas acerca de sua história e do tempo[editar | editar código-fonte]

Essa é a visão de etno-história defendida por autores de renome, como Manoela Carneiro da Cunha e Eduardo Viveiros de Castro, que definem a etno-história como a significação e o lugar que diferentes povos atribuíam a temporalidade.[34] Segundo Tiago Vieira Cavalcante, essa acepção da etno-história busca analisar a história dos povos indígenas por meio das chaves culturais dos próprios grupos, buscando compreender como esses povos percebem a sua própria história, por isso, pretende apresentar uma visão êmica. O que diferencia essa acepção da etnociência, é que esta geralmente é realizada por um pesquisador externo ao grupo que é objeto de estudo.[35]

Etno-história e sua relação com a História Indígena[editar | editar código-fonte]

A história indígena é o campo que tem a maior presença da etno-história em seus estudos. Entretanto, muitas vezes as duas erroneamente são compreendidas como sinônimas. Dessa forma, é relevante separar etno-história da história indígena. A história indígena é uma área da historiografia que teve um grande crescimento nos Estados Unidos a partir da promulgação, em 1946 do ICA - Indian Claim Act e no Brasil após a Constituição Federal de 1988.[9]

O Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina, conta uma linha de pesquisa chamada: história indígena, etnohistória e arqueologia.

No cenário brasileiro, a partir da década de 1990, houve a publicação de obras relevantes para a história indígena, como História dos Índios no Brasil de Manuela Carneiro da Cunha (1992); Negros da Terra de John Manuel Monteiro (1994) e Ensaios em Antropologia Histórica de João Pacheco de Oliveira (1999). Junto disso, houve também nesse período o crescimento dessa área de pesquisa nas universidades, com linhas de pesquisa e trabalhos em nível de mestrado e doutorado sobre o tema, como também, a abertura de linhas de pesquisas e de laboratórios de pesquisa, como é o caso do LABHIN - Laboratório de História indígena da Universidade Federal de Santa Catarina, criado em novembro de 1998. Verificou-se também uma evolução nas questões legislativas, como é o caso da Lei Federal nº 11.645, de março de 2008, que torna obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados do país. [12]

Essa expansão da história indígena resultou numa mudança de abordagem e enfoque sobre os indígenas. Os pesquisadores dessa área passaram a analisar os indígenas de uma forma mais igualitária, reconhecendo-os como protagonistas de suas histórias, como também denunciando as violências cometidas contras essas populações. Nesse espaço, a etno-história teve um papel fundamental, já que ampliou as possibilidades de fontes para a pesquisa, não focando apenas em documentos oficiais. Entretanto, é possível encontrar trabalhos em história indígena que não recorrem a metodologia na etno-história, que por sua vez não utilizam fontes interdisciplinares. A utilização ou não depende do recorte de pesquisa e das escolhas teórico metodológicas dos historiadores. Do outro modo, por mais que a etno-história tenha se desenvolvido a cerca de discussões sobre os indígenas do continente americano, ela se expandiu para outras temáticas, como veremos a seguir.[36]

A Etno-história para além das populações ameríndias[editar | editar código-fonte]

Oceania[editar | editar código-fonte]

A etno-história tem como principal região de pesquisa as Américas, sendo nos Estados Unidos o local de surgimento e encontrando na América Latina um contexto fértil para o seu desenvolvimento, principalmente o Brasil após a Constituição Federal de 1988. Entretanto, é possível encontrar pesquisas sobre etno-história em outros continentes, como é o caso da Oceania. O pesquisador Rupert Gerritsen em sua obra Beyond the Frontier: Explorations in Ethnohistory ao propor colocar a história indígena australiana numa perspectiva global, utiliza a etno-história e faz um histórico sobre o seu surgimento na Oceania. Segundo Rupert Gerritsen, os primórdios da etno-história na Austrália remete aos antropólogos evolucionistas do século XIX e as informações das etnografias dos aborígenes. [37]

Nos trabalhos de etno-história na Oceania, a questão aborígene é o tema principal. Imagem da bandeira dos aborígenes da Austrália

Durante o período de 1910 - 1924, havia pouco interesse dos pesquisadores australianos não indígenas sobre o tema. O ano de 1924 foi importante para as pesquisas de história indígena na Austrália, por meio da publicação "Savage Life in Central Australia" de autoria de George Aiston e George Horne. Junto desse fato, houve em 1926 um pequeno crescimento dos estudos etnográficos após a nomeação do antropólogo Radcliffe-Brown para a primeira cátedra de antropologia na Austrália, na Universidade de Sydney.[37] Outro período de mudança da temática indígena na Austrália foi a década de 1970, quando o recém fundado Australian Institute of Aboriginal Studies publicou o seu primeiro boletim informativo, seguido pelo curta “Ethnohistory Series”. Esses fatos seguiam a tendência social e política australiana do período, que teve como principal expressão o referendo nacional de 1967, que deu aos indígenas australianos um reconhecimento constitucional como cidadãos e o direito ao território.[38] Junto com o crescimento internacional, a etno-história na Austrália ganhou status de legitimo campo de investigação na década de 1970, com o surgimento em 1977 do primeiro jornal dedicado a etno-história australiana nomeada como Aboriginal History. Outras obras como "The Other Side of the Frontier" de Henry Reynolds em 1981 e a revista Australian Aboriginal Studies, publicada pelo Australian Institute of Aboriginal and Torres Strait Islander Studies demonstraram como a etno-história havia sido aceita para os estudos dos povos indígenas da região.[39]

Ásia[editar | editar código-fonte]

Outros locais do globo também foram atingidos pela etno-história. No caso asiático, após o fim da Segunda Guerra Mundial e o surgimento de vários Estados oriundos do colonialismo, deu estímulo para as pesquisas etno-históricas. A partir da década de 1950 e 1960, no leste e sudeste asiático foram produzidas importantes pesquisas etnohistóricas, tais como a de estruturas de parentesco e de clãs, como o Lineage Organization in Southeastern China, de Maurice Freedman (1958); sobre a posse da terra, na obra The Agrarian Origins of Modern Japan de Thomas C. Smith (1959); temática sobre o recrutamento e treinamento da burocracia indígena, na obra The Ladder of Success in Imperial China: Aspectsof Social Mobility 1368-1911 de autoria de Ping-Ti Ho (1962); pesquisa sobre comunidades de imigrantes, na obra Chinese Society in Thailand, de George W. Skinner (1957); sobre os sistemas políticos indígenas, na obra Indigenous Political Systems of Western Malaya, do autor John Michael Gullick (1958); do sul da Ásia, como na obra The Pasts of an Indian Village. Comparative Studies in Society and History, de Bernard S. Cohn (1961). Essas obras foram a porta de entrada para o desenvolvimento da etno-história do contexto asiático.[40]

Para além da temática indígena[editar | editar código-fonte]

Lilia Moritz Schwarcz é um dos maiores nomes da historiografia brasileira e tem como principais obras: As Barbas do Imperador (1998); Brasil: uma biografia: Com novo pós-escrito (2015); D. João carioca: a corte portuguesa chega ao Brasil (2007); O Espetáculo das Raças (1993)

Entretanto, a etno-história não está restrita somente a temática indígena, mas pode ser utilizada para outros estudos. Temos o exemplo de Lilia Moritz Schwarcz, que coordena o Núcleo de Etno-história do departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo, desenvolvendo pesquisas etno-históricas que não estão relacionadas com os povos indígenas, mas sim, a sociedade não indígena.[36] Lilia Moritz Schwarcz tem como preocupação a analise que fazemos de nossa própria sociedade, destaca que o desafio é enfrentar as várias histórias da nossa cosmologia, à semelhança do que os estudos etno-históricos fazem para outras culturas, consistindo em recuperar um trabalho de tradução para sociedades complexas.[41]

Outras temática de estudo também são contempladas com o uso da etno-história, como na obra Etno-história da homossexualidade na América Latina, de autoria de Luiz Mott, que tem como objetivo descrever a questão da homossexualidade no continente latino americano desde o período pré-colombiano, até o início do século XIX.[42] Outro exemplo está no trabalho de Demetrio E. Brisset, intitulado Novas festas profanas em Espanha que tem como proposta, analisar a evolução dos rituais festivos da Espanha, desde a morte do ditador Francisco Franco.[43] A obra intitulada Paleoetnología de la Hispania céltica: etnoarqueología, etnohistoria y floklore como fuentes de la protohistoria sob autoria de e Pedro Reyes Moya Maleno é outro exemplo de estudo etno-histórico para além dos povos ameríndios. O estudo tem como objetivo investigar as sociedades proto-históricas da Península Ibérica, com o uso de diversas fontes, que contenham informações sobre o conglomerado mutável e polimórfico dos povos pré-romanos, que são classificados como Hispânia Céltica.[44] Outro exemplo é a obra As Escravas da Mãe de Deus: ou uma etno-história através de imagens e sons, de autoria de José Luís de Oliveira e Silva, que aborda um festejo numa comunidade de afrodescendentes no distrito de Santana, Amapá.[45] A pesquisa de Ademir Valdir dos Santos, sob título Zeitgeist ou espírito alemão: etno-história de germanidade e instituição da escola em Santa Catarina é outro exemplo de pesquisa etno-histórica, e tem como objetivo analisar o processo da implantação das escolas em território catarinense e a etnicidade dos imigrantes e descendentes alemães. Dessa forma, podemos compreender que os trabalhos em etno-história vão além da temática indígena e podem alcançar outras temáticas. Portanto, não podemos compreender etno-história como sinônimo de história indígena.[46]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Artigos[editar | editar código-fonte]

Livros[editar | editar código-fonte]

  • Alberti, Verena (2004). Manual de história oral. Rio de Janeiro: FGV 
  • Cunha, Maoela Carneiro da (2017). Cultura com Aspas. São Paulo: Ubu 
  • Cunha; Rodruiges, Manoela Carneiro da; Samuel (2018). Direitos dos povos indígenas em disputa. São Paulo: Unesp. ISBN 9788539307159 
  • Galloway, Patricia (2006). Practicing Ethnohistory: Mining Archives, Hearing Testimony, Constructing Narrative. Lincoln: University of Nebraska Press. ISBN 978-0803271159 
  • Gerritsen, Rupert (2011). Beyond the Frontier: Explorations in Ethnohistory. Canberra: Batavia 
  • Nötzold, Ana Lúcia Vulfe (2003). Nosso Vizinho Kaingáng. Florianópolis: UFSC 
  • Oliveira; Freire, João Pacheco de; Carlos Augusto da Rocha (2006). A presença indígena na formação do Brasil. Brasília: LACED/Museu Nacional. ISBN 978-85-60731-17-6 
  • Rojas, José Luis de (2008). La Etnohistoria de América: Los indígenas, protagonistas de su historia. Buenos Aires: Sb 
  • Trigger, Bruce Graham Trigger (1982). Etnohistoria: problemas e perspectivas. San Juan: Traduciones y Comentários. Trad. C. T. Michieli. 

Teses e dissertações[editar | editar código-fonte]

  • Maleno, Pedro Reyes Moya (2013). Paleoetnología de la Hispania céltica: etnoarqueología, etnohistoria y floklore como fuentes de la protohistoria (Tese de doutorado). Madrid: Universidad Complutense de Madrid 

Páginas da web[editar | editar código-fonte]

Ligações Externas[editar | editar código-fonte]