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Luiz Mott
Luiz Mott
Nascimento 6 de maio de 1946 (77 anos)
São Paulo, SP
Nacionalidade brasileiro
Ocupação historiador, antropólogo, professor e ativista

Luiz Roberto de Barros Mott (São Paulo, 6 de maio de 1946) é um antropólogo, historiador e pesquisador, e um dos mais conhecidos ativistas brasileiros em favor dos direitos civis LGBT. Luiz Mott é uma das figuras mais conhecidas do movimento LGBT e foi considerado um dos quinhentos gays mais influentes do mundo em uma lista feita pela revista neerlandesa Wink, ocupando a 379ª posição.[1][2][3]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Luiz Roberto de Barros Mott, mais conhecido como Luiz Mott, nasceu em São Paulo, em 1946, mas é filho de família do interior mineiro. Filho da escritora infanto-juvenil Odette de Barros Mott e do italiano naturalizado brasileiro Leo Mott. Entre seus irmãos estão a historiadora e feminista Maria Lucia de Barros Mott e a psicologa social Fulvia Rosemberg.[4]

Estudou em Seminário Dominicano de Juiz de Fora. Formou-se em Ciências Sociais pela USP. Possui mestrado em Etnologia em Sorbonne e doutorado em Antropologia, pela Unicamp; atualmente, na Universidade Federal da Bahia, além de professor titular aposentado do Departamento de Antropologia, é também professor e orientador do programa de pós-graduação em História.

Desde o final dos anos 70 é radicado em Salvador, cidade que lhe concedeu o título de Cidadão Honorário. Em 2006 a Assembleia Legislativa do Estado da Bahia concedeu a ele o título de cidadão baiano.

Assumiu, publicamente, sua homossexualidade em 1977, durante a Ditadura Militar Brasileira, três anos antes de fundar o Grupo Gay da Bahia, organização premiada e pioneira na defesa dos direitos humanos da população LGBT+ no Brasil.[5]

Pesquisas[editar | editar código-fonte]

Em seu estudo da inquisição durante o Brasil Colonial, Mott concluiu que a homossexualidade era um fenômeno comum e altamente visível durante aquela época, e que as comunidades gays da época eram análogas às contemporâneas.[6] Nesse estudo, ele encontrou registros de 202 homossexuais na Bahia, que viveram durante os séculos dezesseis e dezenove.[7]

Em O Sexo Proibido (1988), Mott investigou, entre outras pessoas, a vida de Luiz Delgado, um mercador português que foi questionado e exilado pela inquisição por ter se envolvido sexualmente com um garoto de doze anos.[8]

Mott descreveu, em sua pesquisa sobre a inquisição, a existência de Xica Manicongo, que é considerada a primeira pessoa travesti já registrada na história do Brasil.[9]

Livros[editar | editar código-fonte]

Relativos ao ativismo gay[editar | editar código-fonte]

  • Epidemic of Hate: Violation of Human Rights of Gay Men, Lesbians and Transvestites in Brazil (1996)
  • Homofobia: A violação dos direitos humanos dos gays, lésbicas e travestis (São Francisco: IGLHRC, 1997)
  • Desviados em questão: Tipologia dos homossexuais da cidade de Salvador (1987)
  • Homossexuais da Bahia: Dicionário Biográfico (1999)
  • Manual de Coleta de informações, sistematização e mobilização política contra crimes homofóbicos (2000)
  • Violação dos direitos humanos e assassinatos de homossexuais no Brasil (2000)
  • Causa Mortis: Homofobia. Salvador (2001)
  • Crônicas de um gay assumido (Rio de Janeiro: Record, 2003)

História e antropologia[editar | editar código-fonte]

  • Piauí Colonial (Teresina: Secretaria de Cultura, 1985)
  • O lesbianismo no Brasil (Porto Alegre: Mercado Aberto, 1987)
  • Escravidão, Homossexualidade e Demonologia (São Paulo: Ícone, 1988)
  • Sexo Proibido: Virgens, Gays e Escravos nas garras da Inquisição (Campinas: Papirus, 1989)
  • Rosa Egipcíaca: uma santa africana no Brasil (Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993)
  • Sergipe colonial e imperial (Aracaju: Edufs, 2008)
  • Bahia: Inquisição e sociedade (Salvador: Edufba, 2010)[10]
  • A comida baiana: Cardápios de um prisioneiro ilustre (1763) (Salvador: Edufba, 2016). Em coautoria com Jeferson Bacelar.

Crônicas[editar | editar código-fonte]

  1. O medo de ser homossexual[11]
  2. Os gays e os homens delicados[12]
  3. Uma transexual de sucesso[13]
  4. Aeromoços: gays a dez mil metros de altura[14]
  5. Confissões em Madri[15]
  6. Meu moleque ideal[16]
  7. Amigo, amante, companheiro[17]

Ativismo[editar | editar código-fonte]

Luiz Mott é conhecido por todo o Brasil por suas vastas contribuições na área dos estudos da homossexualidade. A influência de Luiz Mott vai além, pois seu nome é conhecido por estudiosos e citado em obras estrangeiras.[18]

Declarações polêmicas[editar | editar código-fonte]

Há inúmeras declarações que repercutiram e geraram polêmicas. Como antropólogo, Mott publicou uma lista de personalidades históricas brasileiras que teriam sido homossexuais; afirmou inclusive que o líder negro Zumbi era gay de etnia angolana denominada "quimbanda", onde a homossexualidade era institucionalizada. Mott, ao sustentar a tese, declara um acontecimento após o assassinato do líder negro em 1695, "cortaram-lhe o pênis e o introduziram em sua boca". A partir de suas declarações, Mott sofreu várias agressões físicas e morais, mas se defende: "Se quiserem me processar não conseguirão. A lista está em nome do Grupo Gay da Bahia".[19]

Prêmios recebidos[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Brinco, Henrique (4 de novembro de 2012). «Baiano aparece em lista dos 500 gays mais influentes do mundo». iBahia. Consultado em 17 de novembro de 2021 
  2. «Luiz Mott na lista dos 500 gays mais influentes do mundo». Consultado em 29 de julho de 2022 
  3. «ACADEMO - SISTEMA DE BUSCA DIRECIONADA». www.academo.ufba.br. Consultado em 29 de julho de 2022 
  4. «Morre Odette de Barros Mott». Folha de S. Paulo. UOL. 23 de maio de 1998. Consultado em 17 de novembro de 2021 
  5. «Luiz Mott». Geo cities. Yahoo!. 27 de outubro de 2009 
  6. Reyes, Guillermo De Los (11 de outubro de 2006). «A Brief Social Historiography of Male (Homo) Sexuality in Colonial Spanish America». Journal of Homosexuality (em inglês) (3): 249–266. ISSN 0091-8369. doi:10.1300/J082v51n03_12. Consultado em 18 de março de 2024 
  7. Wadsworth, James E. (julho de 2010). «Historiography of the Structure and Functioning of the Portuguese Inquisition in Colonial Brazil». History Compass (em inglês) (7): 636–652. ISSN 1478-0542. doi:10.1111/j.1478-0542.2010.00695.x. Consultado em 18 de março de 2024 
  8. Tortorici, Zeb (fevereiro de 2012). «Against Nature: Sodomy and Homosexuality in Colonial Latin America». History Compass (em inglês) (2): 161–178. ISSN 1478-0542. doi:10.1111/j.1478-0542.2011.00823.x. Consultado em 18 de março de 2024 
  9. Blidon, Marianne; Brunn, Stanley D., eds. (2022). Mapping LGBTQ Spaces and Places: A Changing World (em inglês). Cham: Springer International Publishing. pp. 76–80 
  10. Mott, Luís, Baía: inquisição & sociedade (PDF), UFBA .
  11. Mott, Luís (3 de dezembro de 2007). «O medo». Geo cities. Yahoo 
  12. Mott, Luís (3 de dezembro de 2007). «Os gays». Geo cities. Yahoo 
  13. Mott, Luís (3 de dezembro de 2007). «Um transexual». Geo cities. Yahoo 
  14. Mott, Luís, «Aeromoços», Geo cities .
  15. Mott, Luís (3 de dezembro de 2007). «Confissões». Geo cities. Yahoo 
  16. Mott, Luís (3 de dezembro de 2007). «Meu moleue». Geo cities. Yahoo 
  17. Mott, Luís (3 de dezembro de 2007). «Amigo». Geo cities. Yahoo 
  18. Sigal, Pete, ed. (2003), Infamous Desire: Male Homosexuality in Colonial Latin America, Chicago, IL, & London: University of Chicago Press.
  19. «O sexo em pedaços de Zumbi». Folha de São Paulo. UOL. 28 de maio de 1995. Consultado em 18 de dezembro de 2020 
  20. Prêmio Felipa de Souza, International Gay and Lesbian Human Rights Commission .
  21. «Programa Brasileiro de Aids é reconhecido pela Ordem do Rio Branco». Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Consultado em 29 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 4 de fevereiro de 2016 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]