Escola megárica – Wikipédia, a enciclopédia livre

Escola Megárica foi uma escola filosófica fundada por Euclides de Mégara, combinava as teorias dos eleatas e dos socráticos. [1]

Mégara na Ática, equidistante de Atenas, Tebas e Corinto

A Escola Megárica de filosofia foi fundada por Euclides de Mégara, um dos alunos de Sócrates no final do século V a.C..[2] Diógenes Laércio, que escreveu um livro sobre os filósofos antigos entre os séculos III d.C. e IV d.C., aponta que Íctias (metade do século IV a.C.) e Estílipo (fim do do século IV a.C.). teriam sido sucessores de Euclides na direção da escola[3] Mas é improvável que a Escola Megárica tenha sido uma instituição genuína e com uma posição filosófica unificada.[4] Foi dito que os filósofos da escola foram chamados pela primeira vez de "megáricos", mais tarde foram chamados de erísticos e depois dialéticos[5] mas é provável que estes nomes tenham designado grupos dissidentes distintos da Escola Megárica.[6] Além de Íctias, os alunos mais importantes de Euclides foram Eubulides de Mileto[7] e Clinômaco.[8] Parece ter sido sob Clinômaco que uma escola dialética separada foi fundada,[9] que colocou grande ênfase na lógica e dialética. Sobre ele foi dito ter sido "o primeiro a escrever sobre proposições e predicados."[8] No entanto, o próprio Euclides ensinou a lógica,[10] e seu pupilo, Eubulides, que era famoso por empregar paradoxos[7] foi o professor de vários dialéticos posteriores.

Diógenes Laércio diz que, através de Estípilo, a escola Megárica influenciou a Escola de Élida em Menêdemo e Asclepíades de Fliunte,[1] mas a maior influência teria sido no estoicismo de Zeno, o fundador da escola estoica, que estudou sob Estípilo e Diodoro Cronus[11], além de ter disputado com Filo, o dialético. Foram, talvez, os dialéticos Diodoro e Filo, que tiveram a maior influência sobre o desenvolvimento da lógica estoica. Zeno teria estudado sob Estípilo para aprender seus ensinamentos morais, embora Estípilo também tenha se destacado "na invenção de argumentos e em sofismas".[3]

Euclides tinha sido aluno de Sócrates, mas os historiadores antigos também o viam como um sucessor para os eleatas, daí a sua filosofia ser vista como uma fusão do pensamento eleático e do pensamento socrático. Assim, a ideia eleática de "O Um" foi identificada com a ideia socrática de "Forma do Bem",[12] e o oposto do Bem foi considerado por Euclides como inexistente.[5] Mas a ênfase de seu pensamento não está no ser mas no bem, e a ideia de que o que é oposto pelo bem não existir surgir da compreensão da unidade do deus.[13] Este tema é tipicamente socrático: o que importa é o bem moral e a boa vontade da pessoa para se esforçar alcançá-lo. Estípilo disse ter continuado a tendência eleática, afirmando um rigoroso monismo e negando toda a mudança e movimento.[14] Também ele rejeitou a teoria das formas de Platão [15] Em ética, Estípilo ensinou liberdade, o auto-controle e auto-suficiência, aproximando-se dos ensinamentos dos cínicos, outra escola socrática.[16]

Além de estudar enigmas lógicos e paradoxos, os dialéticos fizeram duas inovações tecnológicas importantes reexaminando a lógica modal e iniciando um debate importante sobre a natureza da instrução condicional.[17] Este foi o trabalho de Diodoro Crono e Filo, o dialético, os dois únicos membros da escola dialética de que temos informações detalhadas. Através do seu desenvolvimento de lógica proposicional, a escola dialética desempenhou um papel importante no desenvolvimento da lógica, sendo uma precursora importante da lógica estoica.

Referências

  1. a b JORGE THUMS. Ética Na Educação Filosofia E Valores Na Escola. [S.l.]: Editora da ULBRA. p. 169. ISBN 978-85-7528-082-9 
  2. Diógenes Laércio, ii. 47
  3. a b Diógenes Laércio, ii. 113
  4. Gill & Pellegrin 2006, p. 132
  5. a b Diógenes Laércio, ii. 106
  6. O'Toole & Jennings 2004, p. 406 (em inglês)
  7. a b Diógenes Laércio, ii. 108
  8. a b Diógenes Laércio, ii. 112
  9. O'Toole & Jennings 2004, p. 406 Embora o nome "escola dialética" foi aparentemente inventado por Dionísio de Calcedônia, (Diógenes Laércio, ii. 106)
  10. Diógenes Laércio, ii. 107
  11. Diógenes Laércio, vii. 16
  12. Diógenes Laércio, ii. 106; Cicero, Acadêmica, ii. 42
  13. Gill & Pellegrin 2006, p. 134
  14. Aristócles, in Eusébio, Praeparatio Evangelica xiv. 16. 1
  15. Diógenes Laércio, ii. 119
  16. Goulet-Cazé 1996, pp. 403–4
  17. Kneale & Kneale 1984, p. 119