Museu Real da África Central – Wikipédia, a enciclopédia livre

Museu Real da África Central
Museu Real da África Central
Tipo instituição científica federal, museu de história natural, museu histórico, edifício de museu, museu, heritage library
Inauguração 1898 (126 anos)
Administração
Diretor(a) Guido Gryseels
Página oficial (Website)
Geografia
Coordenadas 50° 49' 51.2" N 4° 31' 6.59" E
Mapa
Localidade Tervuren
Localização Tervuren - Bélgica
Patrimônio vastgesteld bouwkundig erfgoed, beschermd monument

O Museu Real da África Central (em neerlandês: Koninklijk Museum voor Midden — Afrika) é um museu de história natural e etnografia, localizado em Tervuren, Bélgica. É especializado no conhecimento do antigo Congo Belga, uma colônia que corresponde hoje à República Democrática do Congo, bem como do Burundi e do Rwanda, países que foram "protectorados" alemães e depois belgas.

O museu foi fundado por ocasião da Exposição Universal de Bruxelas, realizada em 1897, cuja "secção colonial" teve lugar em Tervuren. No ano seguinte, passou a ser chamado de "Museu do Congo", sendo posto ao serviço do rei Leopoldo II, que foi proprietário particular do Estado Livre do Congo até 1908.

O museu foca no Congo, antiga colônia belga. Porém, a esfera de interesse (especialmente na pesquisa biológica) se entende para toa a bacia do Rio Congo, África Oriental e África Ocidental, propondo integrar a "África" como um todo. Originalmente destinado como museu colonial, a partir de 1960 se concentra mais na etnografia e antropologia de pesquisa, além de seu departamento de exibição ao público.

Não são todas as pesquisas que são referente a África (por exemplo, pesquisa sobre Sagalassos, Turquia). Alguns pesquisadores têm fortes laços com o Real Instituto Belga de Ciência Naturais.

Desde novembro de 2013, o museu está fechado para trabalhos de renovação (incluindo a construção de novos espaços de exposição), que deverá durar até junho de 2018, quando o museu reabrirá.[1]

História[editar | editar código-fonte]

Após o Estado Livre do Congo ser reconhecido pela Conferência de Berlim de 1884-1885, o rei Leopoldo II desejava divulgar a missão civilizadora e as oportunidades econômicas disponíveis na colônia para um amplo público, tanto na Bélgica como internacionalmente. Depois de considerar outros lugares o rei decidiu ter uma exposição temporária[2] em sua propriedade em Tervuren. Quando a Exposição Internacional de 1897 foi realizada em Bruxelas, uma seção colonial foi construída em Tervuren, conectada ao centro da cidade pela Avenida Tervuren. A linha elétrica 44 Bruxelas - Tervuren foi construída ao mesmo tempo que o museu original pelo rei Leopoldo II para transportar os visitantes do centro da cidade para a exposição colonial. A seção colonial foi hospedada pelo arquiteto belga Albert-Philippe Aldophe e os jardins clássicos pelo arquiteto de paisagens Elie Lainé. No salão principal, Georges Hobé projetou uma estrutura distinta de madeira Art Nouveau para evocar a floresta, usando madeira de Bilinga, uma árvore africana. A exposição exibiu objetos etnográficos, animais empalhados e produtos de exportação congoleses (café, cacau e tabaco). No jardim, foi construído um "zoológico humano" temporário - uma cópia de uma vila congolesa - na qual 60 pessoas viveram durante a exposição. A mostra foi um enorme sucesso.

Em 1898, o Palácio das Colônias se tornou o Museu do Congo (Musée du Congo) e uma exposição permanente foi instalada. Uma década depois, em 1912, foi aberta em Namur um museu pequeno e similar - O Museu Africano de Namur (Musée Africain de Namur). O museu começou a a apoiar a pesquisa acadêmica, mas devido a coleta ávida dos cientistas, a coleção logo tornou-se muito grande para o museu e a expansão do espaço era necessário. A construção do novo museu começou em 1904 e foi projetado pelo arquiteto francês Charles Girault na arquitetura neoclássica do "palácio", que lembra o Petit Palais em Paris, com grandes jardins que se estendem para a Floresta de Tervuren (uma parte da Floresta Sonian). Foi inaugurado oficialmente pelo rei Alberto I em 1910 e o nomeou Museu do Congo Belga (Musée du Congo Belge ou Museu van Belgish-Kongo). Em 1952, o adjetivo "Royal" foi adicionado. Em preparação para a Expo58, em 1957, um grande edifício foi construído para acomodar o pessoal africano que trabalharia na exposição: o Centre d'Accueil du Personnel Africain (CAPA). Em 1960, após a independência do Congo, o nome do museu foi alterado para o título atual: Museu Real da África Central.

No final de 2013, o museu fechou para permitir uma grande renovação de suas exposições e uma extensão. A sua reabertura está prevista para junho de 2018.[2]

Coleções[editar | editar código-fonte]

De acordo com o site do museu,[3] a coleção contém:

  • 10.000 mil animais
  • 250.000 amostras de roca
  • 120.000 objetos etnográficos
  • 20.000 maps
  • 56.000 amostras de madeira
  • 8.000 instrumentos musicais

A coleção de herbários do Museu do Congo foi transferida para o Jardim Botânico Nacional da Bélgica em 1934.

Pesquisa[editar | editar código-fonte]

As seções acessíveis ao público representam apenas 25% das atividades do museu.[1] Os departamentos científicos, que representam a maior parte das instalações acadêmicas e de pesquisa do museu (juntamente com as principais coleções) são alojados no Palácio das Colônias, no Pavilhão Stanley e no edifício CAPA.

Existem 4 departamentos:

Controvérsias[editar | editar código-fonte]

Há controvérsias em torno do museu. Ele é tido como um museu que "permaneceu congelado no tempo",[2] pois mostrou como um museu se parecia em meados do século XX. Não há menções sobre os excessos e pilhagens selvagens durante o período colonial belga.[2]

The Guardian informou em julho de 2012 que, após a indignação inicial por historiadores sobre o 'fantasma do rei Leopoldo' por Adam Hochschild, o museu financiado pelo estado financiaria uma investigação sobre as alegações de Hochschild. A exposição mais moderna, "Memória do Congo" (fevereiro a outubro de 2005), tentou contar a história do Estado Livre do Congo antes de se tornar uma colônia belga e uma visão menos unilateral da era colonial belga.[2] A exposição foi elogiada pela imprensa internacional, como o jornal francês Le Monde afirmando que "o museu fez o melhor do que rever uma página particularmente tempestuosa da história... [ele] empurrou o público a se juntar para estudar a realidade do colonialismo".[4]

Referências

  1. a b «"During the renovation". Africamuseum.be. Acessado em 23 de setembro de 2017» 
  2. a b c d e McDonald-Gibson, Charlotte. «Belgian museum faces up to its brutal colonial legacy». The Independent. Consultado em 23 de setembro de 2017 
  3. «Unique and priceless heritage». Consultado em 23 de setembro de 2017 
  4. "La Belgique confrontée à la violence de son aventure coloniale au Congo". Le Monde. 26 de fevereiro de 2005.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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