Zoológico humano – Wikipédia, a enciclopédia livre

Zoológico humano

Caricatura do jornal Le Monde illustré
(16 de setembro de 1882) sobre a
exposição de indígenas sul-americanos
da etnia Galibi em Paris.

Tipo
ethnological exhibition (d)
Igorotes das Filipinas capturados pelos americanos e forçados a dançar na Exposição Alasca-Yukon-Pacífico em Seattle, Washington, 1909.

Os zoológicos humanos, também chamados de exposições etnológicas, foram exposições públicas de seres humanos nos séculos XVII,[1] XIX e XX, geralmente em um estado erroneamente rotulado de "natural" ou "primitivo". As exibições frequentemente enfatizavam as diferenças culturais entre europeus da civilização ocidental e povos não europeus, especialmente indígenas e negros africanos, ou outros europeus que praticavam um estilo de vida julgado como "primitivo" pelo Ocidente.[2] Alguns desses zoológicos colocavam populações indígenas em espaços compactados entre grandes macacos e entre os europeus.[3] As exposições etnológicas agora são vistas como altamente degradantes e racistas, dependendo do programa e dos indivíduos envolvidos.

A expressão foi popularizada na França pela publicação em 2002 da obra Zoos humanos, escrita por vários historiadores franceses especialistas no fenômeno cultural. Em 2005, a expressão voltou à baila em novo contexto, visando "alertar o público sobre a importância de incluir os humanos como parte da natureza".[4]

A noção de curiosidade humana tem uma história pelo menos tão longa quanto a do colonialismo.[(afirmação vaga) necessário esclarecer] Por exemplo, no Hemisfério Ocidental, um dos mais antigos zoológicos conhecidos, o de Moctezuma no México, consistia não apenas em uma vasta coleção de animais, mas também exibia seres humanos, por exemplo, anões, albinos e corcundas.[5]

Durante o Renascimento, os Médici organizaram uma grande coleção de animais em cativeiro no Vaticano. No século XVI, o cardeal Hipólito de Médici tinha uma coleção de pessoas de diferentes etnias, além de animais exóticos. Ele é relatado como tendo uma tropa dos chamados "selvagens", que falavam mais de vinte idiomas. Havia também mouros, tártaros, indianos, turcos e africanos em sua coleção.[6] Em 1691, o inglês William Dampier exibiu um nativo tatuado de Miangas (uma ilha da Indonésia) que ele comprou quando estava em Mindanau nas Filipinas. Ele também pretendia exibir a mãe do nativo para obter mais lucro, mas ela acabou por morrer na viagem pelo mar. O nativo foi mais tarde nomeado Jeoly, falsamente rotulado como "príncipe Giolo" para atrair mais público, e foi exibido por três meses seguidos até morrer de varíola em Londres.[1]

Uma das primeiras exposições humanas públicas modernas foi a exposição de Joice Heth (um escravo afro-americano) de P. T. Barnum em 25 de fevereiro de 1835 e,[7] posteriormente, dos gêmeos siameses chineses Chang e Eng Bunker. Essas exposições eram comuns em shows de aberrações.[8] Outro exemplo famoso foi o de Saartjie Baartman, dos namas, conhecido como Vênus hotentote, que foi exibido em Londres e na França até sua morte em 1815.[carece de fontes?]

Durante a década de 1850, Maximo e Bartola, duas crianças microcefálicas de El Salvador, foram exibidas nos Estados Unidos e na Europa sob os nomes "Crianças Astecas" e "Liliputianos Astecas".[9] No entanto, os jardins zoológicos humanos só se tornariam comuns na década de 1870, em meio ao período do neoimperialismo.[carece de fontes?]

É notória a exibição do africano Ota Benga no Zoológico de Bronx no início do século 20[10] O zoológico o encorajou a pendurar sua rede no local de exposição e fazer performances atirando com seu arco e flecha em um alvo.[10]

Referências

  1. a b Nov 2, Lio Mangubat |; 2017. «The True Story of the Mindanaoan Slave Whose Skin Was Displayed at Oxford». Esquiremag.ph. Consultado em 21 de julho de 2020 
  2. Abbattista, Guido; Iannuzzi, Giulia (2016). «World Expositions as Time Machines: Two Views of the Visual Construction of Time between Anthropology and Futurama». World History Connected. 13 (3) 
  3. Lewis, Jurmain, Kilgore (2008). Cengage Advantage Books: Understanding Humans: An Introduction to Physical Anthropology and Archaeology. [S.l.]: Cengage Learning. 172 páginas. ISBN 0495604747 
  4. Londres exibe zoológico humano em Terra. Acessado em 15 de agosto de 2007.
  5. Mullan, Bob and Marvin Garry, Zoo culture: The book about watching people watch animals, Imprenssa da Universidade de Illinois, Urbana, Illinois, Segunda edição, 1998, p.32. ISBN 0-252-06762-2
  6. Mullan, Bob and Marvin Garry, Zoo culture: The book about watching people watch animals, Imprenssa da Universidade de Illinois, Urbana, Illinois, Segunda edição, 1998, p.98. ISBN 0-252-06762-2
  7. «The Museum of Hoaxes». Consultado em 11 de abril de 2016. Arquivado do original em 29 de maio de 2013 
  8. "On A Neglected Aspect Of Western Racism" by Kurt Jonassohn, December 2000, Montreal Institute for Genocide and Human Rights Studies
  9. Roberto Aguirre, Informal Empire: Mexico And Central America In Victorian Culture, Univ. of Minnesota Press, 2004, ch. 4
  10. a b Keller, Mitch (6 de Agosto de 2006). «The Scandal at the Zoo». The New York Times 
  • (Obra coletiva sob a direção de Nicolas Blancel, Pascal Blanchard, Gilles Boetsch, Éric Deroo e Sandrine Lemaire). Zoos humains (De la vénus hottentote aux reality shows). Paris: La Découverte, 2002. ISBN 2707136387

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]
Ícone de esboço Este artigo sobre história ou um(a) historiador(a) é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.