Marco Emílio Lépido (cônsul em 6) – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Para outros significados, veja Marco Emílio Lépido (desambiguação).
Marco Emílio Lépido
Cônsul do Império Romano
Consulado 6 d.C.
Nascimento 30 a.C.
Morte 33 d.C.

Marco Emílio Lépido (em latim: Marcus Aemilius Lepidus; c. 30 a.C.33 (62 anos)) foi um senador romano da gente Emília eleito cônsul em 6. Lépido era filho de Cornélia e Lúcio Emílio Lépido Paulo, cônsul em 34 a.C., censor e cunhado da neta de Augusto, Júlia, a Jovem, que era casada com seu irmão, Lúcio Emílio Paulo, cônsul em 1.

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Depois do consulado, Lépido se destacou como legado de um exército durante a Grande Revolta da Ilíria (6–9) sob o comando de Tibério. Depois da guerra, foi governador da Dalmácia ou da Panônia.

Na época da morte de Augusto (14), Lépido era governador da Hispânia e estava encarregado de três legiões. Ao contrário das legiões da fronteira do Reno-Danúbio, as de Lépido não se revoltaram depois da morte do imperador.

Atividades durante o reinado de Tibério[editar | editar código-fonte]

Em 20, Lépido defendeu Cneu Calpúrnio Pisão, que era, além de amigo de Tibério, um parente de Lépido, em seu julgamento pelo suposto envenenamento de Germânico. No ano seguinte, Tibério lhe ofereceu o governo da África Proconsular, mas Lépido recusou a oferta alegando problemas de saúde e vontade de ficar próximo dos filhos. O motivo real, porém, foi provavelmente o desejo de deixar a posição para Quinto Júnio Bleso, tio de Lúcio Élio Sejano, o poderoso prefeito pretoriano de Tibério. Apesar de uma aparente submissão à vontade do imperador, Lépido demonstrou no Senado uma mente independente. Em 21, ele proferiu um poderoso discurso contra a pena de morte de um poeta considerado irreverente demais. O poeta acabou sendo executado, mas o discurso permitiu que Tibério elogiasse a moderação de Lépido e também o zelo do Senado na punição de qualquer ofensa contra o imperador.

Estudiosos modernos sugeriram que Lépido foi o responsável pela restauração da Basílica Emília, no Fórum Romano, em 22 e que ele serviu como procônsul da Ásia em 26. Aparentemente Lépido era um dos poucos aristocratas a obter altos postos (incluindo o comando de grandes exércitos) nesta época conturbada sem jamais ter sido acusado de conspirar contra o imperador. Apesar disto, Lépido foi atacado em 32 pelo importante senador Cota Messalino por sua excessiva influência no Senado, mas sem maiores consequências.

Lépido morreu em 33. Tácito o descreveu como sendo "sábio e nobre" por seus atos como senador e, segundo ele, suas ações podiam servir de exemplo para aristocratas independentes vivendo sobre uma tirania.

Família[editar | editar código-fonte]

É possível que a esposa de Lépido tenha sido Vipsânia Marcela, filha de Marco Vipsânio Agripa e de sua segunda esposa, Cláudia Marcela Maior[1]. Se for este o caso, é possível que o nome de um dos filhos do casal esteja numa inscrição sobre a reforma da Basílica Emília[1].

Sua filha, Emília Lépida, se casou com Druso César, filho de Germânico e de Agripina, a Velha. Ela se matou mais tarde ao ser acusada de adultério.

Embora seja incerto, alguns historiadores acreditam que Lépido tenha sido o pai de Marco Emílio Lépido, cunhado e amante de Calígula, marido de sua filha Júlia Drusila e que rumores da época indicavam que poderia ser indicado por Calígula como seu sucessor[2]. Este jovem Lépido acabou implicado numa conspiração em 39 com as irmãs do imperador, Agripina, a Jovem, e Júlia Lívila. Independente de a conspiração ter sido real ou não, o fato é que Calígula acusou-o e Lépido foi executado no mesmo ano[3].

Árvore genealógica[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Cônsul do Império Romano
Precedido por:
Lúcio Valério Messala Voleso

com Cneu Cornélio Cina Magno
com Caio Víbio Póstumo (suf.)
com Caio Ateio Capitão (suf.)

Marco Emílio Lépido
6

com Lúcio Arrúncio
com Lúcio Nônio Asprenas (suf.)

Sucedido por:
Quinto Cecílio Metelo Crético Silano

com Aulo Licínio Nerva Siliano
com Lucílio Longo (suf.)


Referências

  1. a b Syme, p. 125.
  2. Barrett, p. 81-83.
  3. Barrett, pp. 106-107.
  4. Michael Harlan, Roman Republican Moneyers and their Coins 63 BC - 49 BC, Londra, Seaby, 1995, pag. 3.
  5. Ronald Syme, L'aristocrazia augustea, Rizzoli Libri, Milano, 1993, ISBN 978-8817116077, tavola IV.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Barrett, Anthony (1989). Caligula: the Corruption of Power (em inglês). [S.l.]: Transaction 
  • Syme, Ronald (1986). The Augustan Aristocracy (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  • Tácito. Anais (em inglês). [S.l.]: Project Gutenberg