Lúcio Emílio Lépido Paulo – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Não confundir com seu filho, Lúcio Emílio Lépido Paulo, cônsul em 34 a.C..
Lúcio Emílio Lépido Paulo
Cônsul da República Romana
Consulado 50 a.C.

Lúcio Emílio Lépido Paulo (em latim: Lucius Aemilius Lepidus Paullus) foi um político da gente Emília da República Romana eleito cônsul em 50 a.C. com Caio Cláudio Marcelo Menor. Era filho de Marco Emílio Lépido, cônsul em 78 a.C., irmão do triúnviro Marco Emílio Lépido e pai de Lúcio Emílio Lépido Paulo, cônsul em 34 a.C..[1] Sua mãe, Apuleia, era filha do célebre tribuno da plebe Lúcio Apuleio Saturnino.[2]

Familia[editar | editar código-fonte]

Denário da série de Emílio Paulo
Inscrição PAVLLVS•LEPIDVS à esquerda; Inscrição CONCORDIA à direita; Busto com véu e diadema da Concórdia. Troféu; três prisioneiros (Perseu da Macedônia e seus dois filhos) à esquerda; Lúcio Emílio Paulo Macedônico à direita. Acima, inscrição TER e abaixo, PAVLLVS.
Æ Denário de prata (18mm; 3,89 g)

Seu agnome "Paullus" já gerou teorias de que seria adotado, mas Drumann[3] demonstrou que ele era irmão biológico do triúnviro e, provavelmente, recebeu-o por decisão paterna, para homenagear o famoso Lúcio Emílio Paulo, o conquistador da Reino da Macedônia, que, aparentemente, morreu sem deixar descendentes. Marco então deu ao seu primogênito o nome do grande herói romano e o seu próprio ao segundo filho, indo contra o costume romano da época.

Carreira política[editar | editar código-fonte]

Emílio Paulo não seguiu o exemplo de seu pai e começou sua carreira com o apoio do partido aristocrático (os optimates). Seu primeiro ato foi, em 63 a.C., apoiar Cícero durante a Segunda Conspiração de Catilina, num momento no qual todos acreditavam que Catilina era inocente. Aprovou a Lex Plautia de vi, uma ação que rendeu-lhe elogios de Cícero e o ódio dos populares.

Serviu como questor, em 59 a.C., na Macedônia, sob o comando o propretor Caio Otávio, onde foi acusado Lúcio Vécio de conspirar contra a vida de Pompeu, acusação que não deu em nada. Foi mencionado em 57 a.C. como um dos que votaram pela reconvocação de Cícero de seu exílio.

Foi edil em 55 a.C. e restaurou uma antiga basílica no centro do Fórum Romano, originalmente construída pelos censores Marco Emílio Lépido e Marco Fúlvio Nobilior em 179 a.C.. Como Marco Fúlvio aparentemente foi o maior financiador da obra,[4] o edifício ficou conhecido como "Basílica Fúlvia"[5] ou "Basílica Emília e Fúlvia",[6] mas, depois da restauração de Emílio Paulo, passou a ser conhecida apenas como Basílica Paula ou Basílica Emília.[7] Emílio Lépido começou a construção de uma outra, maior e mais luxuosa, chamada "Basília Emília" sobre as ruínas da antiga Basílica Semprônia.[8] Becker[9] identifica este novo edifício iniciado por Paulo com sendo o que ficou conhecido depois como Basílica Júlia, especialmente por que Paulo afirmou expressamente ter recebido dinheiro de Júlio César para estas obras.

Em 53 a.C., foi eleito pretor, mas só assumiu em julho por causa da confusão em Roma sobre as eleições.

Consulado (50 a.C.)[editar | editar código-fonte]

Denário com as efígies de dois dos triúnviro
Inscrição LEPIDVS•PONT•MAX•III•V•R•P•C à volta da cabeça de Lépido. Inscrição CAESA[R. I]MP•III•VIR•R•P•C, à volta do cabeça de Otaviano.
Æ Denário de prata (3.79 gm, 3h)

Foi eleito cônsul em 50 a.C. com Caio Cláudio Marcelo Menor, um dos principais inimigos de Júlio César. Durante seu consulado, César o subornou com 1 500 talentos, dinheiro que Paulo utilizou para restaurar a Basílica Emília. Ao aceitar este suborno, perdeu a confiança de todos os partidos e, por isso, não participou da guerra civil entre Pompeu e César.[10]

Proscrição[editar | editar código-fonte]

Depois da morte do ditador César, Paulo se desencantou com o partido senatorial e foi um dos declararam a seu irmão, Lépido, como inimigo público em 30 de junho de 43 a.C. por ter se unido a Marco Antônio. Quando, no outono, se formou o Segundo Triunvirato, seu nome foi incluído na lista de pessoas proscritas, mas soldados enviados para matá-lo permitiram que ele fugisse, certamente com a complacência de seu irmão. Acabou unindo-se a Marco Júnio Bruto e Caio Cássio Longino, os assassinos de César. Apesar de ter recebido o perdão dos triúnviros depois da Batalha de Filipos, não quis voltar a Roma e decidiu se retirar para Mileto, na Grécia.[11][12][13][14][15][16][17][2]

Não voltou a ser mencionado nas fontes e, provavelmente, morreu logo em seguida.[1]

Família[editar | editar código-fonte]

Não se sabe o nome de sua esposa, mas é certo que ele teve um filho, homônimo, que foi cônsul em 34 a.C. e censor com Otaviano depois.[18] Ele se casou primeiro com Cornélia Cipião, uma descendente do casamento de Escribônia com Públio Cornélio Cipião Salvito, com quem teve Lúcio Emílio Paulo, cônsul em 1 d.C. e marido de Júlia, a Jovem, uma neta do imperador romano Augusto (Otaviano), e Marco Emílio Lépido, cônsul em 6 d.C.. Depois, casou-se com Marcela, a Menor, uma sobrinha de Augusto, com quem teve Paulo Emílio Régulo.

Árvore genealógica[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Cônsul da República Romana
Precedido por:
Marco Cláudio Marcelo

com Sérvio Sulpício Rufo

Lúcio Emílio Lépido Paulo
50 a.C.

com Caio Cláudio Marcelo Menor

Sucedido por:
Lúcio Cornélio Lêntulo Crus

com Caio Cláudio Marcelo Maior


Referências

  1. a b Smith 1870, p. 766.
  2. a b Veleio Patérculo, História Romana II 67.
  3. Drumann, Rom. vol. i. p. 5
  4. Lívio, Ab Urbe Condita XL 51.
  5. Plutarco, Vidas Paralelas, César 29.
  6. Varrão, De lingua latina VI 2.
  7. Smith 1870, p. 765.
  8. Cícero, Epistulae ad Atticum IV 16.
  9. Becker; Handb. der. Rom. Alterthumer, vol. I. pp 301-306
  10. Smith 1870, p. 765-766.
  11. Salústio, Bellum Catilinae 31.
  12. Cícero, In Vatinium 10; Epistulae ad Atticum II 24; Epistulae ad Quintum Fratrem II 4; Pro Milone 9; Epistulae ad Atticum VI 1, 3; Epistulae ad Familiares VIII 4, 8, 10, 11, XV. 12, 13.
  13. Apiano, De bellis civilibus II 26; IV 12 , 37.
  14. Dião Cássio, História Romana XL 43, 63; XLVII 6.
  15. Suetônio, Vida dos Césares, César 29.
  16. Plutarco, Vidas Paralelas, César 29, Pompeyo 58.
  17. Lívio, Ab Urbe Condita Epit. 120.
  18. Smith 1870, p. 768.
  19. Michael Harlan, Roman Republican Moneyers and their Coins 63 BC - 49 BC, Londra, Seaby, 1995, pag. 3.
  20. Ronald Syme, L'aristocrazia augustea, Rizzoli Libri, Milano, 1993, ISBN 978-8817116077, tavola IV.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]