Jendouba – Wikipédia, a enciclopédia livre

Tunísia Jendouba

جندوبة

Souk El Arba

 
  Município  
Avenida de Jendouba
Avenida de Jendouba
Avenida de Jendouba
Localização
Jendouba está localizado em: Tunísia
Jendouba
Localização de Jendouba na Tunísia
Coordenadas 36° 30' N 8° 47' E
País Tunísia
Província Jendouba
Prefeito Jaouhar Triki
Características geográficas
Área total 9,87 km²
População total (2004) [1] 43 997 hab.
Densidade 4 457,6 hab./km²
Código postal 8100
Sítio www.commune-jendouba.gov.tn

Jendouba (em árabe: جندوبة; romaniz.:Ǧandūba), chamada Souk El Arba até 1966[2] é uma cidade do noroeste da Tunísia, capital da província homónima. O município tem 9,87 km² de área e em 2004 tinha 43 997 habitantes (densidade: 4 457,6 hab./km²).[1] A cidade é capital de duas delegações: Jendouba (ou Jendouba Sul) e Jendouba Norte, que em 2004 tinham, respetivamente, 68 597 e 44 195 habitantes.[3]

A cidade situa-se a 60 km da fronteira argelina, 160 km a oeste-sudoest de Tunes e 70 km a sul de Tabarka (distâncias por estrada). Perto da cidade há dois importantes sítios arqueológicos, correspondentes a antigas cidades romanas e pré-romanas: Bula Régia e Chemtou (a antiga Simmithu). A primeira situa-se 10 km a norte da cidade e a segunda 20 km a oeste.

A cidade vive sobretudo da agricultura e conta com cinco liceus (escolas secundárias) e alberga a sede da Universidade de Jendouba e uma das suas escolas, o Instituto Superior de Ciências Humanas,[4] além de uma escola de saúde.

História[editar | editar código-fonte]

Antecedentes e fundação[editar | editar código-fonte]

Jendouba reclama-se herdeira da antiga cidade de Bula Régia, possivelmente de origem númida, que depois foi cartaginesa e, após a queda de Cartago em 146 a.C. se tornou romana. Bula Régia alcançou o estatuto de município durante o século I a.C., o mesmo acontecendo a Simmithu. Bula Régia foi a principal cidade do noroeste do que é hoje a Tunísia, principalmente porque a sua localização estratégica na principal rota que ligava Cartago a Hipona era de importância vital.[5]

Após a destruição e abandono de Bula Régia, durante muitos séculos não existiu qualquer cidade realmente importante nas planícies meridionais do rio Medjerda, apesar da região ter assistido à passagem de vagas de tribos vindas do Médio Oriente ou do interior.[5]

A cidade atual surgiu e desenvolveu-se a partir de uma pequena estação ferroviária construída durante os primeiros anos da ocupação francesa e aberta ainda antes da instauração do protetorado francês, em 1 de setembro de 1879. A cidade começou por expandir-se no lado norte da linha de caminho de ferro, estendendo-se depois pouco a pouco para o lado sul a partir da última década do século XIX.[5]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

O seu nome original, Souk El Arba, está diretamente ligado ao dia do soco (mercado) semanal, que se realizava na quarta-feira. Os habitantes das zonas rurais limítrofes vulgarizaram o nome "La Barraka", uma corruptela do francês "baraque", ou seja casas construídas em madeira.

Não há muitos estudos sobre a etimologia do topónimo Jendouba. Destacam-se duas versões sobre a origem do nome. Para o professor Tahar Mzai, nativo da região, Jendouba refere-se ao uma grande tribo que se sedentarizou nas planícies da região, como o fizeram as tribos Hkim, Wargha e Rbia. Provavelmente, devido à superioridade numérica, a tribo Jendouba, de origem provavelmente hilália, conquistou a soberania sobre as outras tribos e de toda a região. Outra tese, do historiador Hassen Hosni Abdelwaheb, exposta numa carta escrita ao conselho municipal em 1966, defende que durante o domínio otomano, desde a época dos deis murádidas e dos beis husseinitas, desde o século XI da Hégira (século XVIII do calendário gregoriano), até à atualidade, a região se chama Jendouba em referência a certas tribos hilálias que se sedentarizaram nas grandes planícies do Medjerda. De notar que o nome Jendouba existe também na Líbia, designando um território fronteiriço da região de Gariã.

Resistência à colonização francesa[editar | editar código-fonte]

Um tanque M3 Stuart da 1º Divisão Blindada dos Estados Unidos em Souk El Arba, em 24 de novembro 1942, durante a Campanha da Tunísia da Segunda Guerra Mundial

Char M3 Stuart de la 1re division blindée des États-Unis et son équipage, le 24 novembre 1942, à Souk El Arba durant la campagne de Tunisie

A 3 de agosto de 1922 Jendouba foi palco de manifestações, durante o que ficou conhecido como os "acontecimentos de Souk El Arba", apesar de provavelmente esses eventos terem tido lugar em Souk El Khemis (atual Bousalem), 22 km a norte. Durante esse dia, em que se comemorava um feriado muçulmano, um colono prendeu dois habitantes locais, Romdhan Amdouni e Ali Belkhir Dridi, acusando-os de terem colhido uvas na sua propriedade. Depois de os prender, o colono crucificou os dois homens em duas árvores. Os ferimentos obrigaram a que as mãos dos crucificados fossem amputadas no dispensário local. Ao saberem do sucedido, os habitantes da cidade interromperam as festividades e fizeram uma manifestação. Para acalmar os ânimos, as autoridades francesas condenaram o colono, mas apenas a uma pena simbólica de oito meses de prisão com pena suspensa.[6]

A região voltou a assistir a agitações promovidas por nacionalistas tunisinos em 4 de abril de 1938, uma manifestação que reuniu 2 000 pessoas em Oued Meliz, 23 km a oeste de Jendouba, para protestar contra a prisão n véspera do líder da secção do Destour, o partido independentista em Souk El Arba.[7]

A 10 de novembro de 1949, 2 000 trabalhadores agrícolas da região, em particular da vila de Souk El Khemis, levaram a cabo uma greve para protestar contra o sistema colonial. A greve durou quatro meses, até março de 1950, e foi a greve mais longa do setor agrícola durante o período colonial. Terminou com uma melhoria dos salários, atribuição de abonos de família, prémios excecionais e redução do tempo de trabalho. No entanto, as autoridades francesas exercem represálias, substituindo 562 grevistas por trabalhadores de outras regiões, condenando-os assim ao desemprego e à mendicidade.[7]

Notas e referências[editar | editar código-fonte]

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em francês cujo título é «Jendouba», especificamente desta versão.
  1. a b «Population, ménages et logements par unité administrative : Gouvernorat : jendouba». www.ins.nat.tn (em francês). Instituto Nacional de Estatística da Tunísia. 2004. Consultado em 19 de março de 2014 
  2. «Decreto que mudou o nome da comuna de Souk El Arba» (PDF) (em francês). Journal officiel de la République tunisienne. www.cnudst.rnrt.tn. 30 de abril de 1966. Consultado em 25 de março de 2014 
  3. «Population, ménages et logements par unité administrative. Gouvernorat : Jendouba» (em francês). Instituto Nacional de Estatística da Tunísia. www.ins.nat.tn. Consultado em 25 de março de 2014. Arquivado do original em 24 de setembro de 2015 
  4. Sítio web da Universidade de Jendouba (em árabe, francês e inglês). www.uj.rnu.tn. Página visitada em 25 de março de 2014
  5. a b c «Aperçu historique» (em francês). Comuna de Jendouba. www.commune-jendouba.gov.tn. Consultado em 25 de março de 2014. Arquivado do original em 26 de março de 2014 
  6. Hamrouni, Ahmed, خرافات تونسية (A região de Jendouba. Cidades, celebridades e sujeitos), ISBN 9789973282590 (em árabe), Tunes: Sahar 
  7. a b Casemajor, Roger; Hamza, Hassine Raouf (2009), L'action nationaliste en Tunisie: du pacte fondamental de M'Hamed Bey à la mort de Moncef Bey 1857-1948, ISBN 9789938010060 (em francês), Tunes: Sud Éditions 
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