Interlinguística – Wikipédia, a enciclopédia livre

Interlinguística é a ciência que estuda as línguas planejadas, disciplina formalizada por Otto Jespersen em 1931 como o estudo das interlínguas, ou seja, línguas de contato adaptadas para a comunicação internacional.[1] Em tempos mais recentes, o objeto de estudo da interlinguística foi ajustado em relação ao planejamento de linguagem, conjunto de estratégias para desenvolver um sistema linguístico com estruturas e funções semelhantes às línguas naturais.[2]

A interlinguística apareceu pela primeira vez como um ramo de estudos dedicado ao estabelecimento de normas para línguas auxiliares, mas ao longo de sua história centenária foi entendida por diferentes autores cada vez mais amplamente como um ramo interdisciplinar da ciência que inclui vários aspectos da comunicação. Dentre esses aspectos, estão a norma-padrão,[3] as políticas linguística, a sociolinguística, a história da escrita, o estabelecimento de línguas francas, a pidgnização e a crioulização.[4]

História[editar | editar código-fonte]

O termo interlinguistique foi utilizado pela primeira vez pelo esperantista belga Jules Meysmans. Pode-se dizer que o campo da interlinguística divide-se em quatro fases: a primeira, iniciada por volta de 1879, cria sua base a partir dos dados do esperanto;[5] a segunda coloca em xeque a forma mais adequada de uma língua auxiliar; a terceira, com a disseminação de suas contribuições por escolas; e, por fim, e era atual da política linguística, integrada a questões de globalização e multilinguismo.[6]

A interlinguística pode ser entendida, portanto, a partir de duas visões:

  1. Estudo das interlínguas, das línguas criadas com o intuito de comunicação universal;
  2. Estudo de fenômenos comparativos entre línguas.

Tipos de interlíngua[editar | editar código-fonte]

A tabela a seguir lista um representante de cada uma das categorias apresentadas.

Línguas orais Línguas orais (com escrita) Sistemas de escrita Línguas de sinais Linguagem multimodal
Espontâneas Russenorsk Tok psin Mandarim clássico Língua de sinais dos Índios das Planícies[7] Silbo gomero
Construídas Damin Esperanto Semantografia Gestuno Solresol

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • M. Monnerot-Dumaine, Précis d'interlinguistique générale et spéciale, Paris, Maloine, 1960
  • (de) Detlev Blanke, Interlinguistische Beiträge. Zum Wesen und zur Funktion internationaler Plansprachen., Frankfurt, éditions Peter Lang, 2006
  • (de) Alicja Sakaguchi, Interlinguistik. Gegenstand, Ziele, Aufgaben, Methoden, Frankfurt, Peter Lang, 1998, 494 p.

Referências

  1. Quadros, Ronice Müller; Segala, Rimar Romano. «Tradução intermodal, intersemiótica e interlinguística de textos escritos em Português para a Libras oral». Cadernos de Tradução. 35 (2): 354-386. doi:10.5007/2175-7968.2015v35nesp2p354. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  2. Miranda, Florencia. «Análise interlinguística de gêneros textuais: contribuições para o ensino e a tradução». DELTA. 33 (3): 811-842. doi:10.1590/0102-445056244276863621. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  3. Cavalcante, Sávio André de Souza; Coan, Márluce. «O vocábulo presidenta sob análise em cinco dimensões correlatas: diacrônica, interlinguística, normativa, morfológica e sociopolítica». Signótica. 30 (2): 182-203. doi:10.5216/sig.v30i2.48021. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  4. Moscardini, Lígia. «Os "erros" analisados em uma perspectiva juruna: uma perspectiva interlinguística». Letras Raras. 5 (3): 44-58. doi:10.35572/rlr.v5i3.697. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  5. Departamento de Língua Polonesa (2019). «I Encontro Internacional de Estudos Poloneses: Esperantologia e Interlinguística». Universidade Federal do Paraná. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  6. Gobbo, Federico. «Interlinguistics in the 21st century: new opportunities, new challenges» (PDF). Information for Interlinguists. 2 (5). 9 páginas. Consultado em 9 de agosto de 2020 
  7. William Tomkins: Universal Indian Sign Language of the Plains Indians of North America, San Diego, California, 1927.