Golpe de Estado na Guiné em 1984 – Wikipédia, a enciclopédia livre

Golpe de Estado na Guiné em 1984
Data 3 de Abril de 1984
Local Conakry, Guiné
Desfecho Golpe sucede com o mínimo de perturbação.
Beligerantes
Guiné Governo da Guiné Guiné Comitê Militar de Recuperação Nacional (CMNR)
Comandantes
Louis Lansana Beavogui Lansana Conté

Golpe de Estado na Guiné em 1984 foi um golpe militar sem derramamento de sangue ocorrido na Guiné em 3 de abril de 1984, liderado pelo Coronel Lansana Conté.[1] Este evento levou a deposição do primeiro-ministro Louis Lansana Beavogui, que ocupava esse cargo desde 1972 e havia assumido as funções presidenciais provisoriamente em 26 de março, quando o presidente de longa data Ahmed Sékou Touré morreu durante uma cirurgia cardíaca de emergência em Cleveland Clinic nos Estados Unidos.[2][3]

O golpe[editar | editar código-fonte]

Os militares agiram apenas algumas horas antes que o birô político do Partido Democrático da Guiné (PDG), o único partido legalmente permitido no país, escolhesse um novo líder. Esperava-se que o presidente interino Beavogui vencesse.[1] Segundo a Constituição, o novo líder teria sido eleito automaticamente para um mandato de sete anos como presidente e deveria ser confirmado no cargo por meio de um referendo.

O Coronel Conté suspendeu a constituição e dissolveu o Partido Democrático da Guiné, a Assembleia Nacional e todas as organizações de massa. O Comitê Militar de Recuperação Nacional (CMRN) foi criado como uma junta militar governante.[1] Este órgão ordenou a libertação dos prisioneiros políticos mantidos no campo de concentração de Camp Boiro.[4] Conté foi nomeado como novo presidente em 5 de abril.[5]

Resultado[editar | editar código-fonte]

Posteriormente, uma disputa pelo poder desenvolveu-se entre Conté e um membro do Comitê Militar, Diarra Traoré (que atuou brevemente como primeiro-ministro em abril-dezembro de 1984), sendo este último executado após uma fracassada tentativa de golpe de Estado em julho de 1985.[6][7] Conté aproveitou a tentativa de golpe para executar vários dos colaboradores mais próximos de Ahmed Sekou Touré, incluindo seu meio-irmão Ismaël Touré (ex-procurador-chefe em Camp Boiro), Mamadi Keïta, Siaka Touré (ex-comandante de Camp Boiro), Moussa Diakité,[8] e Abdoulaye Touré (ex-ministro das Relações Exteriores).[9]

Conté permaneceu no poder até sua morte em 22 de dezembro de 2008,[10][11] que foi quase que imediatamente seguida por outro golpe de Estado, liderado pelo capitão Moussa Dadis Camara.[12][13]

Referências

  1. a b c «GUINEA'S MILITARY ASSUMES CONTROL; SEALS OFF NATION». The New York Times. 4 de Abril de 1984 
  2. «AHMED SEKOU TOURE, GUINEAN PRESIDENT, 62, DIES». The New York Times. 27 de março de 1984 
  3. Pace, Eric (28 de março de 1984). «Ahmed Sekou Toure, a Radical Hero». The New York Times 
  4. «IN POST-COUP GUINEA, A JAIL IS THROWN OPEN». The New York Times. 12 de Abril de 1984 
  5. «COLONEL IS NAMED GUINEAN PRESIDENT». The New York Times. 6 de Abril de 1984 
  6. «COUP ATTEMPT FOILED IN GUINEA; ARMY SEARCHES FOR REBEL LEADER». The New York Times. 6 de Julho de 1985 
  7. «LEADER OF GUINEA UPRISING TO BE SHOT, PRESIDENT SAYS». The New York Times. 8 de Julho de 1985 
  8. Lewin 2009, pp. 27.
  9. Thomas O'Toole, Janice E. Baker (2005). «Toure, Al Jajj Abdoulaya». Historical dictionary of Guinea. [S.l.]: Scarecrow Press. p. 195. ISBN 0-8108-4634-9 
  10. "Guinea's long-time military leader Conte dies", AFP, 23 de dezembro de 2008.
  11. "Guinea's dictator, Lansana Conte, dies", Associated Press (International Herald Tribune), 23 de dezembro de 2008.
  12. "Military-led group announces coup in Guinea", Associated Press, 23 de dezembro de 2008.
  13. "Death of Guinea dictator prompts 'coup'", AFP (Sydney Morning Herald), 23 de dezembro de 2008.