Mateus 13 – Wikipédia, a enciclopédia livre

"O Inimigo Semeia", uma referência à Parábola do Joio e do Trigo.
Entre 1886 e 1894. Por James Tissot, atualmente no Brooklyn Museum, em Nova Iorque.

Mateus 13 é o décimo-terceiro capítulo do Evangelho de Mateus no Novo Testamento da Bíblia. Os versículos 1 a 53 deste capítulo formam o terceiro dos cinco discursos de Mateus, chamado de Discurso das Parábolas ou Discurso Parabólico, por causa das parábolas contadas por Jesus a respeito do Reino de Deus.[1]

Parábolas[editar | editar código-fonte]

Mateus 13 consiste basicamente de sete parábolas e seis delas se iniciam com a frase "O reino dos céus é semelhante..." (a exceção é a Parábola do Semeador).

O Semeador[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Parábola do Semeador

Além de Mateus 13:1–9, esta parábola está também em Marcos 4 (Marcos 4:3–9) e Lucas 8 (Lucas 8:4–8). Conta Mateus que um semeador lança suas sementes numa estrada, em terreno pedregoso e entre espinhos e elas se perdem; mas quando a semente cai em terra boa, ela brota, rendendo trinta, depois sessenta e finalmente cem vezes mais. No trecho seguinte (Mateus 13:10–17), Jesus explica por que fala na forma de parábolas explicando que o conhecimento dos "mistérios dos céus" é restrito aos discípulos, que conseguem compreender o que veem e ouvem. Ele faz menção a uma profecia de Isaías:

"O Semeador", uma referência à Parábola do Semeador.
1899. Por Ballantine & Gardiner, atualmente na Igreja de St Serf, Perth and Kinross, Escócia.

Em seguida, o próprio Jesus explica a parábola aos discípulos, o que também ocorre em Marcos 4:14–20.

«Quando alguém ouve a palavra do reino e não a entende, vem o maligno e tira o que tem sido semeado no seu coração: este é o que foi semeado à beira do caminho. O que foi semeado nos lugares pedregosos, é quem ouve a palavra e logo a recebe com alegria; mas não tem em si raiz, antes é de pouca duração; e sobrevindo tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza. O que foi semeado entre os espinhos, é quem ouve a palavra, mas os cuidados do mundo e a sedução das riquezas abafam a palavra, e ela fica infrutífera. O que foi semeado na boa terra, é quem ouve a palavra e a entende, e verdadeiramente dá fruto, produzindo a cento, a sessenta e a trinta por um.» (Mateus 13:19–23)

O Joio e o Trigo[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Parábola do Joio e do Trigo

Esta parábola é exclusiva de Mateus (Mateus 13:24–30) e conta a história de um homem que semeou seu campo com trigo. Enquanto dormia, um inimigo veio e semeou joio no local e fugiu. Na hora da colheita, os empregados reclamaram do joio e perguntaram se ele havia usado boas sementes. Ao saberem que foi o inimigo quem fez isso, quiseram arrancar o joio, mas o homem proibiu por temer arrancar o trigo juntamente com o joio. Segundo ele, na hora da ceifa, «Ajuntai primeiro o joio e atai-o em feixes para o queimar, mas recolhei o trigo no meu celeiro.» (Mateus 13:30).

O próprio Jesus explica a parábola no trecho seguinte:

«O que semeia a boa semente, é o Filho do Homem; o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino; o joio são os filhos do maligno; o inimigo que o semeou, é o Diabo; a ceifa é o fim do mundo e os ceifeiros são anjos. Pois assim como o joio é ajuntado e queimado no fogo, assim será no fim do mundo. O Filho do Homem enviará os seus anjos, e eles ajuntarão do seu reino tudo o que serve de pedra de tropeço e os que praticam a iniquidade, e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá o choro e o ranger de dentes. Então os justos brilharão como o sol no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça.» (Mateus 13:37–43)

O Grão de Mostarda[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Parábola do Grão de Mostarda

Esta é uma das menores Parábolas de Jesus. Ele aparece em Mateus 13:31–32, Marcos 4 (Marcos 4:30–32) e Lucas 13 (Lucas 13:18–19). Jesus conta que o Reino de Deus é como um grão de mostarda, a menor de todas as sementes, mas que, depois de ter crescido, "se faz árvore" a ponto de as aves pousarem em seus ramos.

O Fermento[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Parábola do Fermento

Também uma das mais curtas de todas as parábolas de Jesus, com apenas dois versículos (Mateus 13:33–35), e aparece também em Lucas 13 (Lucas 13:20–21), com diferenças menores. Em ambos, ocorre logo depois da Parábola do Grão de Mostarda, que trata do mesmo tema: o Reino de Deus crescendo a partir de um início humilde.

Logo depois, Jesus afirma estar novamente realizando uma profecia, uma referência aos Salmos:

"A Pérola", uma referência à Parábola da Pérola.
Por Domenico Fetti, atualmente na Gemäldegalerie do Kunsthistorisches Museum, em Viena.

O Tesouro Escondido e a Pérola[editar | editar código-fonte]

As duas parábolas, exclusivas de Mateus, contem apenas três versículos: «O reino dos céus é semelhante a um tesouro que, oculto no campo, foi achado e escondido por um homem, o qual, movido de gozo, foi vender tudo o que possuía e comprou aquele campo. Outrossim, o reino dos céus é semelhante ao homem, negociante, que busca boas pérolas; E, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a.» (Mateus 13:44–46).

Estas parábolas são geralmente interpretadas como ilustrando o grande valor do Reino dos Céus. John Nolland comenta que a sorte demonstrada na "descoberta" reflete um "privilégio especial",[2] e uma fonte de alegria, mas também reflete um desafio,[2] como o homem da parábola, que abre mão de tudo o que tem a para reivindicar o maior tesouro que ele já encontrara.

A Rede[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Parábola da Rede
Papiro 103, um dos Papiros de Oxirrinco com trechos de Mateus 13.

A "Parábola da Rede" (Mateus 13:47–52), assim como a Parábola do Joio e do Trigo no início do capítulo, refere-se ao Juízo Final.[3] Esta é a sétima e a última parábola em Mateus 13, que começou com a Parábola do Semeador.[4] Novamente Jesus fala da separação entre os bons e os maus, neste caso usando a metáfora de uma rede que captura todo tipo de peixes, que serão depois separados pelos anjos.

Rejeição de Jesus[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Rejeição de Jesus em sua cidade

Segue-se então um relato de como Jesus, chegando em Nazaré (segundo Marcos), e é rejeitado. Além de Mateus 13:54–58, este episódio ocorre também em Marcos 6 (Marcos 6:1–6) e Lucas 4 (Lucas 4:16–30).

Manuscritos[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]


Precedido por:
Mateus 12
Capítulos do Novo Testamento
Evangelho de Mateus
Sucedido por:
Mateus 14

Referências

  1. Preaching Matthew's Gospel by Richard A. Jensen 1998 ISBN 978-0-7880-1221-1 pages 25 & 158
  2. a b John Nolland, The Gospel of Matthew: A commentary on the Greek text, Eerdmans, 2005, ISBN 0802823890, pp. 563–565.
  3. R. T. France, The Gospel According to Matthew: An introduction and commentary, Eerdmans, 1985, ISBN 0802800637, p. 230. (em inglês)
  4. "Parables" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]