Juízo Final – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Detalhe d'O Juízo Final, por Michelângelo.

Juízo Final, Julgamento Final, o Dia do Juízo Final, ou Dia do Senhor na Bíblia, é o julgamento final e eterno feito por Deus sobre todas as nações. Este momento terá lugar depois da ressurreição dos mortos e da Segunda vinda de Cristo ou Parúsia (Apocalipse 20:12-15). Esta crença inspirou numerosas representações artísticas.

Introdução[editar | editar código-fonte]

A crença de um julgamento do homem, tendo Deus como juiz e levando em conta os atos praticados em vida por este, é comum em quase todas as religiões do Mundo.

Na maior parte das crenças, acredita-se que tal julgamento será feito no final dos tempos, após o fim da raça humana, em um outro plano espiritual. Porém são muitos os que creem que ainda vivos poderão estar sendo julgados, como os cristãos que esperam a vinda do Messias por uma segunda vez, crendo que poderão receber a recompensa prometida ainda em vida.

Interpretações cristãs[editar | editar código-fonte]

No Cristianismo o Juízo Final será o julgamento por Deus de todos os seres humanos que passaram pela terra e não aceitaram a Jesus Cristo "O Filho de Deus", como o seu Salvador. Esse evento seria precedido pela ressurreição dos mortos e pela segunda vinda de Cristo.

O Juízo Final, D' Beato Fra Angelico (Galeria Nacional, Roma)

Descrição Bíblica[editar | editar código-fonte]

Segundo a Bíblia, aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois disso o Juízo final, que confirma a sentença recebida por cada pessoa no seu juízo particular.

"E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo," (Hebreus 9:27).

Depois que os céus passarem, os elementos se desfizerem, e a Terra e as obras que nela há se queimarem, Deus ressuscitará a humanidade e a reunirá, diante do Seu trono, para julgar os mortos segundo as suas obras no mundo (II Pedro 3:10-13).

"E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida: e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras" (Apocalipse 20:12).

E de acordo com (Mateus 10:26):

"Portanto, não os temais; porque nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto que não haja de saber-se." Segundo o evangelista, tudo o que se fizer às escondidas em vida será revelado. Nesta fase, ocorrerá também a segunda vinda de Jesus à Terra já "destruída", para também julgar a humanidade ao lado de Deus Pai.

E aqueles cujos nomes não estiverem no Livro da Vida receberão o castigo eterno, sendo lançados em um "lago de fogo e enxofre":

"E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna." (Mateus 25:46)

"E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo." (Apocalipse 20:15), como se fosse uma espécie de segunda morte:

"Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicários, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte." (Apocalipse 21:8).

Os justos, porém, depois do Juízo Final, viverão eternamente em uma nova terra, em novos céus:

"Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça." (II Pedro 3:13), que, segundo as escrituras, se constitui no Reino de Deus realizado na sua plenitude e perfeição. Neste reino eterno, Deus será tudo em todos, durante a vida eterna:

"E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos." (I Coríntios 15:28).

Afresco, O Juízo Final D' Michelangelo Buonarroti (Capela Sistina, Palácio Apostólico, Cidade do Vaticano)

Interpretação Cristã Ortodoxa[editar | editar código-fonte]

A Escola Amilenista sugere que a Bíblia não faz distinção cronológica entre a Se­gunda Vinda de Cristo, o Arrebatamento da Igreja e a participação do crente no Novo Céu e na Nova Terra; que haverá apenas uma ressurreição geral dos crentes e dos in­crédulos, a qual ocorrerá durante a Segun­da Vinda; que o Juízo Final será para todos os povos; que a Tribulação é algo que ex­perimentamos na presente era; que o milê­nio referido em Apocalipse 20 não se trata de um milênio literal, pois o Reino de Deus, inaugurado visivelmente com a Primeira Vinda de Cristo à Terra, continua espiritu­almente presente, embora invisível, e será consumado com a Segunda Vinda visível de Cristo, o Rei da Glória; que entramos neste Reino pela fé, conforme João 3; e que a Bíblia não faz distinção entre a Igreja no Antigo Testamento (Israel) e a Igreja do Novo Testamento ("o novo Israel", consti­tuída de circuncisos e incircuncisos). Compartilham desta visão as Igrejas Católica Romana, Ortodoxas Orientais e Protestantes históricos.

Interpretações Cristãs Heterodoxas[editar | editar código-fonte]

A Escola Pós-Milenista ensina que a Se­gunda Vinda ocorrerá após o Milênio, o qual não será literal, e a era presente se mistura­rá com o Milênio de acordo com o progres­so do Evangelho no mundo. Esta escola acompanha a mesma linha de interpretação da amilenista, no que concerne à Ressur­reição, ao Juízo Final, à Grande Tribulação e à posição sobre Israel e a Igreja.

A Escola Pré-Milenista divide-se em dois grupos distintos: os pré-milenistas his­tóricos e os pré-milenistas dispensa­cionalistas. Os históricos creem que a Se­gunda Vinda de Cristo para reinar nesta Terra e o Arrebatamento da Igreja aconte­cerão simultaneamente; que haverá a res­surreição dos salvos no início do Milênio, chamada a Primeira Ressurreição, e a res­surreição dos incrédulos ocorrerá no final do Milênio; que o Milênio é tanto presente como futuro - no presente, Cristo reina nos Céus e, no futuro, reinará na Terra, muito embora não considerem o período da Gran­de Tribulação e façam certa distinção entre Israel e a Igreja, enquanto "Israel espiritual".

Julgamento final, de Jean Cousin, obra originária do Mosteiro de Vincennes, atualmente no Museu do Louvre

Os pré-milenistas dispensacionalistas ensinam que a Segunda Vinda acontecerá em duas fases distintas: na primeira, Cristo se encontrará com a Igreja nos ares e leva­rá os salvos para participar das Bodas do Cordeiro nas regiões celestiais; na segun­da, após sete anos de Tribulação na Terra sem a presença da Igreja, Cristo regressará com ela para reinar neste mundo por mil anos. Eles fazem distinção entre a ressur­reição para a Igreja, na ocasião do Arreba­tamento; a ressurreição para aqueles que virão a crer durante a Grande Tribulação de sete anos (ressurreição esta que ocorre­rá na segunda fase da Segunda Vinda de Jesus, no final da Grande Tribulação); e a ressurreição dos incrédulos no final do Mi­lênio. Distinguem também o julgamento dos crentes após o Arrebatamento (Tribu­nal de Cristo), o julgamento dos judeus e gentios convertidos no final da Grande Tri­bulação (Julgamento das Nações) e o jul­gamento dos incrédulos no final do Milê­nio (Juízo Final ou Juízo do Grande Trono Branco).

Para os dispensacionalistas, o período de sete anos da Grande Tribulação será li­teral, mas a Igreja será arrebatada antes dessa tribulação. O Milênio será inaugura­do e estabelecido com a Segunda Vinda de Jesus (na segunda fase), após a Grande Tribulação, e durará literalmente mil anos. Para estes, há distinção entre Israel e a Igreja.

Interpretação cristã esotérica[editar | editar código-fonte]

Embora o Juízo Final seja pregado por grande parte das igrejas cristãs, essa ideia do Juízo Final é rejeitada por outras correntes cristãs de pensamento, como o Cristianismo esotérico, que assegura que todos os seres da onda de evolução humana serão "salvos", num futuro distante, até que tenham adquirido um grau superior de consciência e altruísmo por meio dos sucessivos renascimentos.

Interpretação do islamismo[editar | editar código-fonte]

Na escatologia islâmica, o Dia do Juízo Final é o fim da terra e do universo que conhecemos. Precedendo o dia do julgamento existirão os grandes sinais do Dia do Juízo. O primeiro sinal é a aproximação do Sol originado do oeste para um dia acompanhado pelo aumento da Besta da Terra. A vinda de Imam Mádi e que significa "divinamente guiado"), que precede a Segunda Vinda de Isa (Jesus), desencadeia a redenção do Islã e com a derrota dos seus inimigos. A natureza exata do Mádi difere entre xiitas e sunitas, mas ambos concordam que Isa (Jesus) e do Imam Al-Mádi vão trabalhar em conjunto para lutar contra o mal no mundo, para cimentar a justiça na Terra, e vai unir os muçulmanos e cristãos na verdade do Islão e abolir o imposto Jizia. O Mádi vem de Meca e as regras a partir de Damasco, na Síria. Isa irá derrotar Dajjal (literalmente: enganador; falso messias ou o anticristo), e então deve viver na Terra há muitos anos. De acordo com algumas tradições, Isa vai casar e ter uma família, e depois morre.

No texto Sinais de Qiyamah, Maomé Ali ibne Zobair Ali declara que, após a chegada do Mádi, o terreno será em caverna, névoa ou fumaça cobrirá os céus durante quarenta dias (ayah). Uma noite de três noites, seguirão o nevoeiro. Depois da noite de três noites, o sol vai subir, a oeste. O Dabbat al-ard (a Besta da Terra) deve emergir. A besta irá falar com as pessoas e marcará os rostos de pessoas. Uma brisa do sul deve causar a todos os fiéis a morte. O Alcorão vai ser levantado a partir do coração do povo."

Durante o julgamento, cada pessoa receberá o seu próprio "livro de ações", com todos os atos e todas as palavras que disse. Se for dado pela direita, essa pessoa vai para o Jannah (paraíso). Se ele recebê-lo pela sua esquerda, ele vai para o Jahannam (Inferno). Mesmo pequenas e triviais ações são incluídas na conta. Mas ações durante a infância não são julgadas. Quando chegar a hora, alguns vão negar que o Juízo Final está a decorrer e será avisado de que o Acórdão antecede o perigo, segundo o Alcorão. Se uma pessoa nega uma ação que tenha cometido, ou se recusar a reconhecê-lo, as suas partes do corpo, testemunharão contra ela.

O Alcorão afirma que alguns pecados podem condenar alguém para o inferno. Estes pecados incluem mentir, desonestidade, corrupção, ignorando Deus ou revelações de Deus, negando a ressurreição, recusando-se a alimentar os pobres, agir com opulência e ostentação, e oprime ou economicamente exploram outros.[1] No entanto, se alguém tem a verdadeira crença islâmica no coração acabará por ser admitida no paraíso após justo castigo.

Ao longo do julgamento, no entanto, o princípio subjacente é a de uma completa e perfeita justiça administrada por Deus. As contas de julgamento também estão repletas com a ênfase que Deus é misericordioso a perdoar, e que o perdão e a misericórdia serão concedidos naquele dia, na medida em que é merecido.

Isto é similar a teologia protestante que afirma que a salvação é pela graça de Deus, e não por atos. O Islão, no entanto, enfatiza que a graça não está em conflito com perfeita justiça.

Interpretação do espiritismo[editar | editar código-fonte]

Para o Espiritismo, o "Juízo Final" é uma alegoria das religiões tradicionais que é equiparado ao que se chama, em Espiritismo, de Processo de Regeneração da Humanidade.[2]

Ou seja, a rigor, não há nenhum juízo final (derradeiro e definitivo). Há, outrossim, períodos de turbações necessárias no mundo que visam o aperfeiçoamento das condições naturais do próprio mundo e, por outro lado, ao aprimoramento intelectual e moral das pessoas que nele habitam.

Todas estas turbações, segundo o Espiritismo, não são acontecimentos que poderiam derrogar, em nenhum momento, as leis naturais que emanam de Deus: pelo contrário, viriam exatamente lhes dar cumprimento. As comoções periódicas, nos dizeres de Allan Kardec, estão presentes em quase todas as épocas da humanidade e podem ser relatadas pela história.

Mas, para o Espiritismo, os últimos séculos trazem consigo mudanças rápidas e de grande dimensão, como podemos facilmente notar no atual mundo à nossa volta, comparado historicamente a outras épocas. Dessa forma, as comoções e acontecimentos que afligem a humanidade nos tempos atuais tendem a ser de grande dimensão e intensidade, especialmente por conta do egoísmo e materialismo que os indivíduos fazem imperar no mundo, e que, estes mesmos egoísmo e materialismo, fazem os próprios meios de autodestruição (que também é constante renovação) da humanidade presente.[3]

Assim, para o Espiritismo, "Juízo Final" pode ser entendido como Renovação, Regeneração e Mudança – nunca como aniquilamento da espécie humana ou condenação eterna – mas, sempre, como grande oportunidade de Deus aos seus seres de reavaliação de valores, condutas e sentimentos, com o intuito de lhes fazer progredir.

Interpretação da Ordem do Graal na Terra[editar | editar código-fonte]

Para a Ordem do Graal na Terra o juízo final consiste num período de tempo durante o qual ao ser humano será dada a hipótese de se conhecer a si próprio, a refletir e a reparar o que fez de mal.[4] Segundo Abdruschin somente aqueles que se esforçarem de verdade para serem cada vez melhores e mais corretos segundo a Palavra da Verdade é que poderão passar o juízo final e terão hipótese ainda de ascender ao paraíso espiritual.[5] Segundo a autora Roselis Von Sass iniciou-se o período do juízo na noite de 25 para 26 de janeiro de 1938 com uma famosa espécie de "aurora boreal" que foi vista na Europa toda, pouco antes do início da segunda guerra mundial.[6] Quando o Juízo Final tiver terminado só deverão estar na Terra os seres humanos que se esforçam de verdade para o caminho correto apontado já por Jesus (e muito mal interpretado já naquele tempo) e recentemente por Abdruschin nas suas obras literárias "Os Dez Mandamentos e o Pai Nosso"[7] e "Na Luz da Verdade"[8] onde esclarece todos os erros de interpretação reinantes até agora, e que levaram ao descalabro da humanidade, assim como explica em maior detalhe tudo quanto o ser humano necessita de saber para poder ainda ascender a tempo para a pátria verdadeira: o paraíso espiritual.

Segundo a autora Roselis von Sass o terceiro segredo de Fátima revelava na verdade entre outras coisas o seguinte "Uma terceira guerra irromperá; tão horrível será que apenas poucos sobreviventes haverá na Terra... Tremendas catástrofes virão sobre a humanidade...".[9] Uma vez terminada a terceira guerra e as tremendas catástrofes, estará o Juízo Final concluído e restarão poucos seres humanos, altura em que se iniciará o Reino dos Mil Anos onde os seres humanos aprenderão como se comportar nesta criação posterior.[10]

Referências

  1. Enciclopédia do Islão e o mundo muçulmano - tradução literal para o português (MacMillan Reference Books, 2003) ISBN 978-0-02-865603-8, p.565.
  2. KARDEC, Allan. O Livro Dos Espíritos. Parte Terceira, Capítulo 6 - Lei de Destruição.
  3. KARDEC, Allan. O Livro Dos Espíritos. Parte Terceira, Capítulo 8, Lei do Progresso- quesitos 779 a 785.
  4. O Livro do Juízo Final Roselis von Sass (Editora Ordem do Graal na Terra, 1999) ISBN 978-85-7279-049-9, p.16.
  5. 'Na Luz da Verdade Abdruschin (Editora Ordem do Graal na Terra, 2011) Volume 1: ISBN 978-85-7279-026-0, p.221.
  6. O Livro do Juízo Final Sass, Roselis von (Editora Ordem do Graal na Terra, 1999) ISBN 978-85-7279-049-9, p.40.
  7. 'Os Dez Mandamentos e o Pai Nosso Abdruschin (Editora Ordem do Graal na Terra, 2011) ISBN 978-85-7279-058-1.
  8. 'Na Luz da Verdade Abdruschin (Editora Ordem do Graal na Terra, 2011) Volume 1: ISBN 978-85-7279-026-0; Volume 2: ISBN 978-85-7279-027-7; Volume 3: ISBN 978-85-7279-028-4
  9. O Livro do Juízo Final Roselis von Sass (Editora Ordem do Graal na Terra, 1999) ISBN 978-85-7279-049-9, p.41.
  10. 'Na Luz da Verdade Abdruschin (Editora Ordem do Graal na Terra, 2011) Volume 1: ISBN 978-85-7279-026-0, p.210, p.211, p.212, p.213, p.214.

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Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]