Voo Independent Air 1851 – Wikipédia, a enciclopédia livre

Voo Independent Air 1851
Acidente aéreo
Voo Independent Air 1851
N7321T, a aeronave destruída, fotografada antes do acidente
Sumário
Data 8 de fevereiro de 1989
Causa Colisão com o solo em voo controlado (CFIT), causado por erro do piloto e falha na comunicação.
Local Portugal Pico Alto, Santa Maria, Açores
Origem Itália Aeroporto Il Caravaggio, Orio al Serio/Bergamo
Escala Portugal Aeroporto de Santa Maria (Açores), Açores
Destino República Dominicana Aeroporto Internacional de Punta Cana, Punta Cana
Passageiros 137
Tripulantes 7
Mortos 144
Feridos 0
Sobreviventes 0
Aeronave
Modelo Estados Unidos Boeing 707-331B (arrendado da TWA)
Operador Estados Unidos Independent Air
Prefixo N7321T
Primeiro voo 22 de março de 1968

O Voo Independent Air 1851 foi um voo charter da companhia estadunidense Independent Air, que culminou com um grave acidente aéreo. A aeronave, um Boeing 707 com o registro N7321T, colidiu com o Pico Alto, na ilha de Santa Maria (arquipélago dos Açores), causando a morte dos seus 144 ocupantes, no que é considerado um dos piores desastres aéreos ocorridos em território português.[1]

Aeronave[editar | editar código-fonte]

O Boeing 707 destruído no acidente foi fabricado em março de 1968, tendo recebido o registro N28727. A aeronave foi brevemente operada pela companhia de petróleo Saudi Aramco até ser vendida para a companhia aérea estadunidense TWA em 30 de junho de 1968. Permaneceu ao serviço desta última até 1983 quando foi vendido para a empresa Atlanta Skylarks. No ano seguinte a empresa trocou de proprietários e foi renomeada Independent Air enquanto o Boeing 707 recebeu o novo registro N-7321T.[2]

Acidente[editar | editar código-fonte]

Seis agências de turismo italianas reuniram-se no início de 1989 e elaboraram pacotes turísticos para Punta Cana, na República Dominicana. Após comercializar os pacotes turísticos, as agências fretaram o Boeing 707 N7321T da Independent Air. A empresa aérea programou um voo da cidade de Bergamo, nos arredores de Milão, para Punta Cana, com uma escala para reabastecimento nos Açores.[3][4][5][6]

O voo teve início às 10h04 (UTC) do dia 8 de fevereiro de 1989, quando o Boeing descolou do aeroporto Il Caravaggio com uma tripulação de 7 estadunidenses, transportando 137 turistas italianos.[1]

O voo decorreu normalmente até ao espaço aéreo de Santa Maria, quando o Boeing foi vetorizado para pouso pela torre de controle do aeroporto. Durante a aproximação, a aeronave colidiu com o Pico Alto, a 547 metros de altura. O impacto rompeu os tanques de combustível e parte da fuselagem da aeronave. Poucos segundos depois, uma grande explosão espalhou destroços e pedaços de corpos por uma área de centenas de metros quadrados. Pouco pode ser feito pelas equipes de resgate, de forma que os trabalhos se concentraram na localização e resgate das caixas pretas da aeronave e na recolha dos restos mortais dos passageiros.[1][7][8]

Investigações[editar | editar código-fonte]

A comissão de investigação concluiu que o acidente foi causado por erro humano. A aeronave deveria voar a 3 mil pés durante a aproximação para o pouso no aeroporto de Santa Maria, porém encontrava-se apenas a 2 mil pés. Esse erro foi agravado pelos seguintes fatoresː[9]

Tripulação
  • Inexperiência da tripulação em voos internacionais (principalmente do copiloto);
  • Formação deficiente da tripulação, que não conseguiu evitar o choque com o solo, apesar dos alarmes de colisão com o solo (GPWS) terem soado na cabine durante os minutos finais do voo;
  • Apatia da tripulação em lidar com uma situação adversa;
  • Falhas de comunicação por parte da tripulação com os controladores de voo do aeroporto;
  • Plano de voo incorreto para pouso em Santa Maria, elaborado sem levar em consideração normas e regulamentos de operação das autoridades aeronáuticas portuguesas.
Controle de voo do aeroporto de Santa Maria
  • Transmissão de dados incorretos de altitude (cerca de 240 m de diferença entre a altitude real e a aferida) para a tripulação do Independent Air 1851.

Consequências[editar | editar código-fonte]

Após a queda da aeronave, o governo italiano cancelou todas as licenças de operação de companhias aéreas de voo charter estrangeiras, incluindo a Independent Air. Alguns meses depois as agências de turismo cancelaram contratos com a Independent, que fechou as portas pouco tempo depois.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c AP, Reuters, AFP (9 de fevereiro de 1989). «Tragedia aérea en las Islas Azores: 144 muertos». El Tiempo, Ano 79, edição 27176, página 11. Consultado em 14 de junho de 2014 
  2. «Boeing 707-331B N7231T». JetPhotos.Net Aircraft Census Database. Arquivado do original em 3 de dezembro de 2013 
  3. «BOEING com turistas italianos cai nos Açores e mata 144». Acervo Folha. Folha de S. Paulo. São Paulo, Ano 68, nº 21.862. Primeiro Caderno, Internacional, p. A-8. 9 de fevereiro de 1989. Consultado em 4 de outubro de 2021 
  4. BOEING 707 cai nos Açores e 144 pessoas morrem. Acervo Estadão. O Estado de S. Paulo. São Paulo, ano 110, nº 34.960. Primeiro Caderno, Internacional, p. 8. 9 de fevereiro de 1989 (é necessária uma assinatura para visualizar o artigo completo).
  5. TERRA. Karla (9 de fevereiro de 1989). Queda de avião nos Açores mata 144. Acervo O Globo. O Globo. Rio de Janeiro, ano LXIV, nº 20.168. Primeiro Caderno, O Mundo, p. 19. Consultado em 26 de abril de 2022 (é necessária uma assinatura para visualizar o artigo completo).
  6. «BOEING 707 bate em montanha nos Açores e 144 morrem». Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, ano XCVIII, edição 303. Primeiro Caderno, Internacional, p. 8 / republicado pela Biblioteca Nacional - Hemeroteca Digital Brasileira. 9 de fevereiro de 1989. Consultado em 1 de dezembro de 2021 
  7. MISTÉRIO envolve queda do Boeing. Acervo Estadão. O Estado de S. Paulo. São Paulo, ano 110, nº 34.961. Primeiro Caderno, Internacional, p. 7. 10 de fevereiro de 1989 (é necessária uma assinatura para visualizar o artigo completo).
  8. «PARTIDOS italianos pedem segurança em voo charter». Acervo Folha. Folha de S. Paulo. São Paulo, ano 68, nº 21.863. Primeiro Caderno, Exterior, p. A-8. 10 de fevereiro de 1989. Consultado em 1 de dezembro de 2021 
  9. «Accident descriptiion». Aviation Safety Network. Consultado em 14 de junho de 2014 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]