Sante Scaldaferri – Wikipédia, a enciclopédia livre

Sante Scaldaferri
Nascimento 1928
Salvador
Morte 15 de maio de 2016 (88 anos)
Salvador
Nacionalidade brasileiro
Ocupação pintor, ator, cenógrafo
Movimento estético modernista

Sante Scaldaferri (Salvador, 1928 - 15 de maio de 2016[1]) foi um artista plástico, ator e cenógrafo brasileiro[2].

Biografia[editar | editar código-fonte]

Sante nasceu na capital baiana, tendo já na década de 1940 participado de movimentos culturais, como a editoração da revista intitulada "MAPA", embora sua formação artística somente tenha começado na década de 1950, formando-se na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, em 1957.[3] Foi aprendiz de Mário Cravo Júnior.[4] Neste mesmo ano ingressou na Escola de Teatro da UFBA, estudando cenografia com Gianni Ratto.[5]

Ainda nos anos 1950 participa das iniciativas pioneiras de Gláuber Rocha, colaborando com o Cinema Novo como cenógrafo e ator.[3]

Quando a implantação do Museu de Arte Moderna da Bahia, no Solar do Unhão, foi assistente da arquiteta Lina Bo Bardi (de 1958 a 64), lecionando ainda nesta mesma instituição educação artística para crianças.[5]

No magistério e como coordenador de programas sociais o artista teve papel primacial nos anos 1970. Num velho casarão do Pelourinho, muito antes de ali se tornar um centro voltado para o turismo, capitaneou uma iniciativa patrocinada pelo SESI, ministrando cursos para jovens carentes e crianças que tinham algum talento artístico, reunindo jovens talentos e professores dedicados ao ensino também de técnicas artesãs.[5] Esta experiência foi, também, levada para a comunidade de Alagados, no Colégio Simões Filho.[6]

Cargos e homenagens[editar | editar código-fonte]

Scaldaferri atuou como membro do júri do "I Salão do MAM-Bahia de Artes Plásticas" (1994); do "Salão Regional de Itaparica" (1997) e do "VIII Salão do MAM-Bahia de Artes Plásticas" (2001).[7]

Integrou o Conselho Estadual de Cultura da Bahia, além de ter sido membro de um programa de incentivo cultural.[6]

Em Sessão da Câmara dos Deputados de 19 de janeiro de 1994, foi homenageado pelo então deputado Haroldo Lima. Intitulada "Terra de artistas, terra de Sante", a preleção do parlamentar enaltece a figura do artista baiano, um dos mais destacados em sua área, no estado: "Sante é um artista requintado e original em sua técnica. Mas é um artista do povo. Sua arte nos brinda com a beleza forte da simplicidade e da verdade, a começar pelo objeto de seus quadros, o cotidiano da vida, as alegrias, tristezas, orgulho, prepotência, esperança e fé, que caminham junto com a humanidade".[8] Em seu livro Sem Meias Palavras Lima ainda ressalta que "As telas de Sante Scaldaferri apresentam figuras que são, ao mesmo tempo, grotescas e plasticamente belas, e exprimem ainda, com lirismo, a visão rude e jocosa que o povo simples tem sobre as elites dominantes".[8]

Faleceu aos oitenta e oito anos de idade, de falência renal, e foi sepultado no dia seguinte ao óbito no Cemitério do Campo Santo, em Salvador.[9]

Filmografia[editar | editar código-fonte]

Além da cenografia junto a Gláuber,[3] foi Scaldaferri ator nos seguintes filmes:

Participou, ainda:

Sobre[editar | editar código-fonte]

Scaldaferri foi objeto de dois filmes documentários:[2]

  • Sante Scaldaferri – A Dramaturgia dos Sertões, dirigido por Walter Lima e fotografia de Mario Cravo Neto (2000).
  • Sante Scaldaferri: Erudito e Popular, dirigido por Maria Ester Rabello (2001).

Principais mostras de pintura[editar | editar código-fonte]

Teve em 1977 publicado o primeiro catálogo sobre sua obra, intitulado "A Cultura Popular na Arte de Sante Scaldaferri"; ao completar trinta anos na carreira de pintor, em 1988, um outro catálogo foi feito com toda sua obra.[3]

Dentre muitas outras mostras, individuais e coletivas, participou Scaldaferri:[13][14]

Individuais
  • Galeria da Escola de Belas Artes - Salvador - 1957
  • Galeria Domus - Salvador - 1958
  • Museu de Arte Moderna - Salvador - 1961
  • Galeria Goeldi - Rio de Janeiro - 1965
  • Galeria Atrium - São Paulo - 1966; 1967
  • Galeria Voltaico - Rio de Janeiro - 1969
  • Palácio Buriti - Brasília - 1978
  • Galeria Genaro de Carvalho - Salvador - 1981
  • Museu de Arte da Universidade Federal - Fortaleza - 1982
  • Galeria do Centro Cultural Cândido Mendes - Rio de Janeiro - 1983
  • Brasil Inter Art Galerie - Paris, França. 1989
  • Civica Galeria D'Arte Città di Portofino - Portofino, Itália. 1989
  • Gaymu Inter Art Galerie - Paris, França. 1992
  • Ethinic Modern Art - Genebra, Suíça. 1992
Coletivas
  • "I Salão Pan-Americano de Arte Moderna", Instituto de Belas Artes - Porto Alegre - 1958
  • "VIII Salão Nacional de Arte Moderna", Ministério da Educação e Cultura - Rio de Janeiro - 1959
  • "Prêmio Probel de Pintura", Museu de Arte Moderna - São Paulo - 1960
  • "Coletiva de Inauguração", Galeria Goeldi - Rio de Janeiro - 1964
  • "Grandes da Bahia", Galeria Irlandini - Rio de Janeiro - 1969
  • "Artistas da Bahia", Galeria Guignard - Belo Horizonte - 1972
  • "Artistas Plásticos da Bahia", Dakar, Senegal - 1980
  • "5ª Exposição de Arte Brasil-Japão", Brasil e Japão (itinerante) - 1981
  • "Five Contemporary Bahian Artist", Kouros Gallery - New York - 1983
  • "Encontro Inter Caribe d'Artes Plastic" - Caiena - 1985
  • "Exposicion Afro-Bahia", Galeria 2000 - São José, Costa Rica - 1985
  • "Afro-Bahia", Galeria Biel - Tunis - 1988
  • "The 4th International Contemporary Art Fair", London Olimpia - Londres - 1989
  • "II Bienal Internacional de Pintura", Moseo de Arte Moderno - Cuenca, Equador - 1989
  • "Pintura Contemporânea do Brasil", Casa Rômulo Gallegos - Caracas - 1990
  • "Artefiera 91, Mostra Mercato D'Arte Contemporânea" - Bologna - 1991
  • "Petit Formats", Gaymu Inter Art Galerie - Paris - 1991
  • "Europ'Art Salon International des Galeries Art Actuel" - Genebra - 1992
  • "China Art Expo 94" - Quangzhou - 1994
  • "Além da Tapobrana - A Figura Humana nas Artes Plásticas dos Países de Língua Portuguesa", Associação de Belas Artes - Lisboa - 1994
  • "BA&BA - Artistas da Bahia e de Buenos Aires" - Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador- BA e Museu Benito Quinquela Martin, Buenos Aires - 2005

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Sante publicou os seguintes livros:[2]

  • Os Primórdios da Arte Moderna na Bahia, Fundação Casa de Jorge Amado, Salvador, 1997
  • Sante Scaldaferri: Desenhos, Fundação Casa de Jorge Amado, Salvador, 2003.

Referências

  1. «Artista plástico Sante Scaldaferri morre, aos 88 anos, em Salvador». G1. 16 de maio de 2016 
  2. a b c «:: Escola de Belas Artes - UFBA :: UFBA lamenta falecimento do artista plástico Sante Scaldaferri ::». Consultado em 10 de janeiro de 2019. Cópia arquivada em 10 de janeiro de 2019 
  3. a b c d «Sante». Expoart. Consultado em 11 de janeiro de 2019. Cópia arquivada em 31 de dezembro de 2012 
  4. «Scaldaferri, Sante (1928)». Catálogo das Artes. Consultado em 5 de abril de 2019. Cópia arquivada em 5 de setembro de 2019 
  5. a b c Antonella Rita Roscilli. «Homenagem a Sante Scaldaferri na Biblioteca Pública de Barris». Sarapegbe (ano III, número 8, janeiro-maio 2014). Consultado em 5 de setembro de 2019. Cópia arquivada em 5 de setembro de 2019 
  6. a b «Sala Walter da Silveira exibe filmes sobre Sante Scaldaferri». A Tarde. 6 de maio de 2014. Consultado em 5 de setembro de 2019. Cópia arquivada em 5 de setembro de 2019 
  7. «Artista plástico Sante Scaldaferri morre em Salvador». A Tarde. 16 de maio de 2016. Consultado em 6 de setembro de 2019. Cópia arquivada em 5 de setembro de 2019 
  8. a b Haroldo Lima (2001). Sem Meias Palavras. São Paulo: Alfa Omega Ltda. 149 páginas. ISBN 8529500245 
  9. «Artista plástico Sante Scaldaferri é sepultado no cemitério Campo Santo». G1. 16 de maio de 2016. Consultado em 5 de setembro de 2019 
  10. a b «O Cinema Foi à Feira (2017)». Canal Brasil. Consultado em 5 de setembro de 2019. Cópia arquivada em 6 de setembro de 2019 
  11. «50 anos de O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro». Cinemateca Brasileira. 19 de junho de 2019. Consultado em 5 de setembro de 2019. Cópia arquivada em 6 de setembro de 2019 
  12. «Filmografia: Tenda dos Milagres». Cinemateca Brasileira. Consultado em 5 de setembro de 2019. Cópia arquivada em 6 de setembro de 2019 
  13. «Sante Scaldaferri». Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. Consultado em 5 de setembro de 2019. Cópia arquivada em 5 de setembro de 2019 
  14. Institucional. «Sante Scaldaferri». Escritório de Arte. Consultado em 5 de setembro de 2019 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]