Nono de Panópolis – Wikipédia, a enciclopédia livre

Nono de Panópolis (em grego: Νόννος; romaniz.:Nónnos, significando 'puro' ou 'santo'; em latim: Nonnus) foi um poeta épico grego, conhecido por ter composto a Metábole (Metabole), uma paráfrase do Evangelho de João, e a Dionisíaca (em grego, Διονυσιακά, transl. Dionysiaká), um poema épico sobre o deus Dionísio, onde ele introduz o verso acentuado.

Vida[editar | editar código-fonte]

Quase não existem evidências sobre a vida de Nono. Sabe-se que ele era nativo de Panópolis, no Alto Egito, pela forma como seu nome aparece nos manuscritos.[1] Estudiosos geralmente identificam o período do final do século IV e o início do V como sendo a época em que viveu. Entre as evidências está o fato de que ele deve ter conhecido um poema de Claudiano pela familiaridade que demonstra (após 394 - 397), mas antes de da referência a ele em Agátias Escolástico como sendo um autor "recente" (antes de 530-580).[2]

Obras[editar | editar código-fonte]

Há quatro obras conhecidas de Nono.[3]

Dionisíaca[editar | editar código-fonte]

Dioniso contra os indianos (mosaico, século IV)

Nono é também é conhecido por seu enorme poema (48 livros), Dionisíaca ou "Dionísica", o mais longo poema grego da antiguidade (apenas 7 000 linhas menor do que a Ilíada e a Odisseia combinados) e que chegou aos nossos tempos com 20 426 linhas. O poema foi composto no dialeto homérico em hexâmetros dactílicos. O assunto principal da obra é a vida de Dionísio, suas expedições à Índia e seu triunfante retorno ao ocidente. Acredita-se que o poema tenha sido escrito no início do século V. É nessa obra que é introduzida a métrica medieval (ou verso acentuado), uma forma de metrificação onde o pé é contado em função das sílabas tônicas e átonas, diferente da métrica antiga, que se baseava na contagem de sílabas curtas e longas. A métrica medieval é padrão para os dias de hoje.

Metabole kata Ioannou[editar | editar código-fonte]

Uma paráfrase poética do Evangelho de João, a Metábole ("Metabole") também é atribuída a ele. O tema é indício de que Nono teria se convertido ao Cristianismo em seus anos finais.

Outras obras[editar | editar código-fonte]

Pelo menos duas outras obras de Nono se perderam. Quatro linhas de Bassarica (também sobre Dionísio) foram preservadas num comentário feito por Estevão de Bizâncio e, de acordo com um epigrama na Antologia Palatina (9.198), Nono foi também o autor de uma obra intitulada Batalha de Gigantes.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Também no epigrama 9.198 da Antologia Palatina
  2. Fornaro (2006). Brill's New Pauly. Nonnus (em inglês). 9. Leida: Canick & Schneider. pp. 812–815 . Agátias menciona Nono em História 4.23.5
  3. Vian, F. (1976). Nonnos de Panopolis: Les Dionaques (em francês). Paris: [s.n.] pp. xvi–xviii 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Editio Princeps (1569)
  • Hermann August Theodor Köchly (Séries de Teubner, com uma introdução crítica e um índice completo de nomes, 1858)

Sobre os poemas,

  • J. G. Hermann, Orphica (1805), p. 690
  • Arthur Ludwich, Beiträge zur Kritik des Nonnus (1873), crítica, gramática e métrica.
  • C. Lehrs, Quaestiones epicae (1837), pp. 255–302, crítica sobre questões métricas.
  • Otto Maria Carpeaux, História da Literatura Ocidental (1959).

Sobre as fontes,

  • R. Kohler, Über die Dionysiaka des Nonnus (1853), uma breve análise do poema, com uma comparação entre os mitos iniciais e os posteriores.
  • I. Negrisoli, Studio critico ... Nonnus Panopolita, com uma breve biografia (1903).

A paráfrase de São João (editio princeps, c. 1505) foi editada por F. Passow (1834) e A. Scheindler (1881), com índice completo.

  • Konstantinos Spanoudakis (2007). «Icarius Jesus Christ? Dionysiac Passion and Biblical Narrative in Nonnus». Icarius Episode (Dion. 47, 1-264). Wiener Studien (em inglês) (120): 35-92