Filisteus – Wikipédia, a enciclopédia livre

Estados Filisteus ca. 830 a.C.
Pentápolis filisteia (em vermelho)

Os filisteus (do hebr. פְּלְשְׁתִּים; romaniz.: plishtim) foram um povo que ocupou a costa sudoeste de Canaã, com seu território nomeado como Filístia em contextos posteriores. Teoriza-se que eles se originaram entre os "povos do mar".[1] A arqueologia moderna também sugeriu os primeiros laços culturais com o mundo micênico na Grécia. Apesar de eles terem adotado a língua e a cultura local cananeia antes de deixar quaisquer textos escritos (e posteriormente adotarem a língua Aramaica), uma origem indo-europeia tem sido sugerida para um grande número de palavras filisteias conhecidas que sobreviveram como estrangeirismos em hebraico. Segundo o investigador Antônio Carlos Pavão, os filisteus derrotaram os israelitas porque sabiam fazer o aço, enquanto os israelitas ainda estavam na era do bronze.[2] No entanto, é mais possível que influência dos estrangeirismos no hebraico pode ser atribuída à forte influência cultural e comercial grega posterior. Os Povos do Mar tem origem ainda incerta, podendo ser inclusive um ramo invasor Hitita. Por outro lado a Civilização Minoica, era matriarcal como apontam estudos de Heide Gottner-Abendroth e tinham tendências comerciais, mas não expansionistas e bélicas, além de não conhecerem e nem utilizarem armas de ferro ou aço, desaparecendo mesmo séculos antes da colonização dos filisteus. Já a Civilização Micênica, apesar de expansionistas, não há relato histórico comprovado de terem migrado para a região de Canaã, também não usavam armas de metal, não consumiam carne de porco, sua arte cerâmica e de estátuas não era sofisticada, o que coloca sérias dúvidas sobre a teoria de que os Povos do Mar eram gregos, reduzindo esta teoria a uma interpretação religiosa e controversa. Outro aspecto claramente histórico a desfavor da tese da origem grega para os filisteus é que não há nenhum registro documentado de historiadores gregos ou de outras culturas da época que indiquem movimento expansionista naquele sentido na época dos filisteus. Segundo o arqueologista Aren Maeir, há fortes questionamentos sobre pesquisas com DNA na região, considerando "...adverte contra o excesso de simplificação da história dos filisteus, considerando os vilões bíblicos “um grupo ‘heterogêneo’ ou ‘transcultural’, composto de povos de várias origens.[3][carece de fonte melhor]

Sua origem ainda hoje é motivo de controvérsias. Há polêmica até mesmo sobre o fato de que se tratava de um único povo ou de uma confederação de povos que migraram do Mar Egeu para o leste do Mar Mediterrâneo no século XIII a.C.[4]

Segundo a Bíblia, os filisteus teriam se originado de Casluim, o qual teria sido um dos filhos de Mizraim, patriarca dos egípcios, e neto de Cam. No entanto, a teoria mais aceita cientificamente baseia-se na hipótese de que se tratava de um grupo indo-europeu que conviveu durante séculos com os povos semitas da região conhecida como Filistia[carece de fontes?]. Em 2016, descobriu-se um grande cemitério filisteu, contendo mais de 150 mortos enterrados em túmulos ovais, indicando uma origem do mar Egeu, que ainda não foi confirmada por testes genéticos.[5][6][7]

A primeira notícia que se tem sobre os filisteus surge de relatos egípcios sobre os "Povos do Mar", isto é, levas de migrantes que vieram por mar para o atual Egito. As crônicas egípcias registram que, entre estes povos, encontravam-se os filisteus (peleset), mas havia ainda outros.

Esses "povos do mar", após várias batalhas marítimas, foram derrotados pelos egípcios sob o comando de Ramessés III. Por fim, foram obrigados a buscar terras mais a leste na região costeira onde era Canaã. Lá, fundaram cinco cidades: Asdode, Ascalão, Ecrom, Gaza e, a maior delas, Gate.

Durante o período em que viveram nesta região, conhecida como a pentápole filisteia, quase sempre estiveram em guerra com seus inimigos hebreus; dos quais, aliás, são oriundas a maioria das informações sobre aquele povo.

Pesquisas atuais revelam o elevado grau de sofisticação na produção de artefatos de metal e de outros materiais deste povo. Graças a seu avançado estágio de trabalho em metalurgia, quase sempre quando os Filisteus iam a guerra contra os Hebreus, seus exércitos eram vitoriosos.

Esse povo, sendo de origem indo-europeia, possuía uma cultura e costumes bem diversos dos demais povos da região. Os hebreus, em particular, os achavam "bárbaros incivilizados". O costume filisteu de comer porcos e de não realizar a circuncisão, por exemplo, em muito deve ter contribuído para as opiniões negativas. Ambos os povos foram eclipsados em período posterior pelo expansionismo guerreiro do Império Neobabilônico.

Embora o assentamento dos filisteus na costa tenha seguido uma expansão através do sul de Canaã, as guerras com os israelitas e outros povos acabaram confinando-os na pentápole.[8] No entanto, eles continuaram a ser uma ameaça política (incursões militares, especialmente no momento da colheita) e cultural para esse estado.

A federação filisteia perdeu temporariamente sua autonomia no século X a.C. sob hegemonia egípcia[9] e definitivamente após a conquista pelo Império Neoassírio em 722 a.C..[8] Nabucodonosor II devastou o território filisteu em 604 a.C. e, como o resto do Oriente Médio, caiu nas mãos do império de Alexandre, o Grande no século IV a.C.. Naquele tempo, parece que os filisteus já haviam perdido grande parte de sua identidade cultural.[9] No entanto, o termo Peleset e, mais tarde, as versões grega (Παλαιστινή, Palaistinḗ) e latina (Palæstina) continuaram a ser usadas como um termo geográfico, referindo-se a uma área cada vez mais extensa.

Referências

  1. «Quem eram os filisteus?». 2015 
  2. «Ciência já decidiu guerras, mas é "caminho para libertar o homem"». Consultado em 20 de setembro de 2016 
  3. «Origem dos filisteus pode ser finalmente revelada por DNA antigo». National Geographic. 15 de julho de 2019. Consultado em 11 de outubro de 2023 
  4. «Filisteus» (em inglês) 
  5. «Philistine Cemetery Unearthed at Ashkelon». BiblicalArchaeology.org 
  6. Britannica.com:"Already, the find in Ashkelon seems to point toward an Aegean origin, since the oval-shaped graves resemble those found in the Aegean cultural sphere. Genetic testing of the human remains will provide further information."
  7. Bohstrom, Philippe (10 de julho de 2016). «Archaeologists find first-ever Philistine cemetery in Israel». Cemetery in ancient Ashkelon, dating back 2700-3000 years, proves the Philistines came from the Aegean, and that in contrast to the conventional wisdom, they were a peaceful folk. Haaretz.com 
  8. a b Machinist, Biblical Traditions: The Philistines and Israelite History, pág. 53 y ss.
  9. a b Tischler, All the things in the Bible, I, pág. 482
  • H. R. Hall, The Ancient History of the Near East, London, Methurn & Co. Ltd, 1936

Ligações externas

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