Dagmar da Boêmia – Wikipédia, a enciclopédia livre

Dagmar
Princesa da Boêmia
Dagmar da Boêmia
Placa memorial em homenagem à rainha na Igreja de São Benedito, em Ringsted.
Rainha Consorte da Dinamarca
Reinado 120524 de maio de 1212
Antecessor(a) Gertrudes da Baviera
Sucessor(a) Berengária de Portugal
 
Nascimento 1186
  Meissen, Marquesado de Meissen, Sacro Império Romano-Germânico (atual Saxônia, Alemanha)
Morte 24 de maio de 1212 (26 anos)
  Ribe, Dinamarca
Sepultado em Igreja de São Benedito, Ringsted, Dinamarca
Cônjuge Valdemar II da Dinamarca
Descendência Valdemar, o Jovem
Casa Dinastia premislida (por nascimento)
Casa de Estridsen (por casamento)
Pai Otacar I da Boêmia
Mãe Adelaide de Meissen

Dagmar da Boêmia (nascida Margarida; em tcheco/checo: Markéta Meissen, c. 1186Ribe, 24 de maio de 1212)[1] foi rainha da Dinamarca como a primeira esposa de Valdemar II.

Família[editar | editar código-fonte]

Margarida, conforme seu nome dado ao nascer, era filha de Otacar I, duque e depois rei da Boêmia, e de Adelaide de Meissen.

Os seus avós paternos eram Ladislau II da Boémia e Judite da Turíngia, sua segunda esposa.

Os seus avós maternos eram o marquês Otão II de Meissen e Edviges de Brandemburgo.

Ela teve um irmão, Bratislau, e duas irmãs: Bozislava, esposa do conde Henrique I de Ortemburgo, e Edviges, uma freira na Abadia de Gernorde, na atual Saxônia-Anhalt e no Convento de São João, em Praga, na atual República Checa. Também teve nove meio-irmãos por parte do casamento de seu pai com Constança da Hungria, entre eles: Ana, esposa de Henrique II, o Piedoso; Venceslau I, rei da Boêmia, e a santa Inês de Praga.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Margarida também era conhecida pelo povo como Dragomira, que significa preciosa e pacífica, devido à sua beleza.[2]

O pai de Margarida tornou-se o duque da Boêmia em 1192, porém, foi desposto logo no ano seguinte. Portanto, Otacar e a família deixaram o país, e passaram a residir na corte do irmão de Adelaide, Alberto I de Meissen. Otacar virou um mercenário dos príncipes do Sacro Império Romano-Germânico, para lucrar com a disputa do trono alemão entre o irmão do imperador Henrique, Filipe da Suábia, e o duque da Casa de Guelfo, Otão de Brunsvique.

Em 1199, o duque repudiou Adelaide com base em consanguinidade, e se casou em seguida com Constança da Hungria. Tal passo, junto com outras manobras, ajudou-o a conseguir se tornar o rei da Boêmia graças à Bula Dourada da Sicília emitida por Frederico II do Sacro Império Romano-Germânico. Mesmo assim, sua mãe não renunciou aos seus direitos, e conseguiu retornar para Praga, em 1205, de forma temporária.

Foi nesta época que o seu pai decidiu casá-la com Valdemar II da Dinamarca. Logo, Constança teve um filho, o futuro Venceslau I da Boêmia, naquele mesmo ano. Sendo assim, Adelaide teve de deixar o país em definitivo.

Rainha[editar | editar código-fonte]

Antes de se casar com Margarida, Valdemar esteve noivo de Riquilda, filha do duque da Saxônia. Como o noivado não deu certo, Margarida e Valdemar se casaram em Lübeck, no ano de 1205. A partir de então, o nome dela passou a ser Dagmar, a versão dinamarquesa de seu nome de nascimento [2], que significa dama do dia. [3]

Estátua pela escultora Anne-Marie Carl-Nielsen, feita em 1913, localizada em Riberhus, em Ribe.

De acordo com os Anais da Abadia de Ryd (Annales Ryenses), em 1206, a rainha Dagmar implorou ao marido para soltar um inimigo seu, o bispo Valdemar da Dinamarca,[2] um filho ilegítimo de Canuto IV, após ele jurar nunca mais interferir nos assuntos do pais.

Em 1209, Dagmar deu a luz à Valdemar, o Jovem, quem governou juntamente com seu pai, mas morreu antes de assumir o trono por si só.

Dagmar, contudo, morreu jovem, em 24 de maio de 1212 enquanto dava a luz ao seu segundo filho, que não sobreviveu.

Dagmar foi enterrada na Igreja de São Benedito, em Ringsted, localizada na ilha da Zelândia, ao seu lado de seu marido, e do outro está enterrada Berengária.

Reputação[editar | editar código-fonte]

Apesar de poucas informações relacionadas à vida da rainha, ela é apresentada como a rainha cristã ideal em canções, mitos e lendas do povo: meiga, paciente, e amada por todos, o que contrastava com sua sucessora, a rainha Berengária de Portugal, considerada arrogante[2], que possuía cabelos e olhos escuros, diferente da rainha Dagmar com seus traços nórdicos e cabelos louros típicos no país.

Antigas canções populares também diziam que Dagmar implorou, no seu leito de morte, para o marido se casar com Kirsten, a filha do conde Karl von Rise, e não com a "bela flor" Berengária. Ela teria previsto, então, uma luta pelo trono dinamarquês entre os filhos da nobre portuguesa.

Cruz de Dagmar[editar | editar código-fonte]

Quando a tumba da rainha foi aberta em 1683, foi encontrada uma cruz peitoral em seus seios. Ela ficou conhecida como Cruz de Dagmar (Dagmarkorset). Porém, é possível que a cruz tenha pertencido à cunhada da rainha, Riquilda, rainha da Suécia, que morreu em 1220, e foi enterrada na mesma Igreja. [3]

A cruz, exemplo da arte bizantina, é dourada e esmaltada, e de um lado há um crucifixo, e no outro lado retratos de Jesus Cristo no centro, São Basílio de Cesareia, São João Crisóstomo, Virgem Maria, e São João, o Apóstolo.

No ano de 1863, o rei Frederico VII da Dinamarca deu uma réplica da cruz para a princesa Alexandra, sua filha, como presente de casamento na ocasião de sua união com Eduardo, Príncipe de Gales, futuro Eduardo VII do Reino Unido. Ela usou a cruz na sua coroação como rainha, em 1902.[3]

Nos dias atuais, a cruz é "usada por garotas dinamarquesas na sua crisma na Igreja Luterana, e também dado à crianças como presente de batismo". Na Igreja da Suécia, igualmente luterana, "a cruz é entregue ao novo bispo,[4] ao ser instalado na posição, pelo arcebispo de Uppsala, em conjunto com a mitra e o báculo." [5]

Descendência[editar | editar código-fonte]

  • Valdemar, o Jovem (1209 – 28 de novembro de 1231), foi casado com Leonor de Portugal, sobrinha da madrasta de Valdemar, Berengária. Leonor morreu no parto, e o filho deles não sobreviveu. Ele não se casou novamente, e com isso não deixou descendência.


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Referências

  1. «Foundation for Medieval Genealogy». fmg.ac 
  2. a b c d «Guide Service Danmark». guideservicedanmark.dk 
  3. a b c «Danmark Historien». danmarkhistorien.dk 
  4. Hämmerli; Mayer, Maria; Jean-François. Orthodox Identities in Western Europe: Migration, Settlement and Innovation. [S.l.]: Routledge. p. 223 
  5. Chisholm, Hugh (1922). Encyclopedia Britannica: A Dictionary of Arts, Sciences, Literature and General Information. [S.l.]: University Press. p. 502