Classe Pará (1866) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Classe Pará
Classe Pará (1866)
Visão geral    Bandeira da marinha que serviu
Nome Classe Pará
Operador(es) Armada Imperial Brasileira
Construtor(es) Arsenal de Marinha da Corte
Data de encomenda 1866
Unidade inicial Pará
Unidade final Santa Catarina
Lançamento 1867 - 1868
Período de construção 1866 - 1868
Em serviço 1867 – 1900
Planejados 6
Construídos 6
Características gerais
Tipo Monitor encouraçado
Deslocamento 500 toneladas
Comprimento 39 metros
Boca 8.54 metros
Calado 1.51 – 1.54
Propulsão Duas máquinas a vapor de ação direta, cada uma com duas caldeiras e movendo uma hélice
Velocidade 8 nós
Armamento 1 canhão Whitworth de 70 libras nos primeiros três monitores, e 1 canhão Whitworth de 120 libras nos últimos 3 monitores, cada um deles numa torre giratória
Tripulação 43 homens

Classe Pará foi uma classe naval de seis monitores blindados com casco de madeira, com nomes de estados brasileiros, construídos no Rio de Janeiro para a Armada Imperial Brasileira durante a Guerra do Paraguai no final da década de 1860. Os três primeiros navios finalizados, Pará, Alagoas e Rio Grande, participaram na Passagem de Humaitá em fevereiro de 1868. Posteriormente, os navios restantes (Piauí, Ceará, e Santa Catarina) juntaram-se aos três primeiros e todos forneceram suporte de fogo para o exército pelo resto da guerra. Os navios foram divididos entre as flotilhas do Alto Uruguai e do Mato Grosso após a guerra. Alagoas foi transferido para o Rio de Janeiro na década de 1890 e participou da Revolta da Armada de 1893-94.

Design e descrição[editar | editar código-fonte]

Os monitores fluviais da classe Pará foram projetados para atender à necessidade da Marinha do Brasil em possuir navios blindados, de pequeno calado e capazes de suportar fogo pesado, durante a Guerra do Paraguai, que viu a Argentina e o Brasil aliarem-se contra o Paraguai. Os dois monitores fluviais construídos no exterior já em serviço deslocavam água suficiente para que não pudessem operar nos rios mais rasos do Paraguai. A configuração do monitor foi a escolhida porque o projeto com torres não apresentava os mesmos problemas de abordagem de navios e fortificações inimigas que os couraçados casamata já em serviço no Brasil apresentavam. A torre de canhão oblonga ficava numa plataforma circular que tinha um pivô central. Era girada por quatro homens através de um sistema de engrenagens; eram necessários 2,25 minutos para uma rotação completa de 360 graus.[1] Um rostro de bronze também foi instalado nesses navios. O casco foi revestido com metal Muntz para reduzir a bioincrustação.[1]

Os navios mediam 39 metros de comprimento, com uma boca de 8,54 metros. Eles tinham um calado de entre 1,51 e 1,54 metros e deslocavam 500 toneladas.[2] Com apenas 0,3 metros de borda livre tiveram que ser rebocados entre o Rio de Janeiro e a sua área de operação.[1] A sua tripulação era composta por 43 oficiais e homens.[2]

Propulsão[editar | editar código-fonte]

Os navios da classe Pará tinham duas máquinas a vapor de ação direta, cada uma dirigindo uma hélice de 1,3 metros. Os seus motores eram movidos por duas caldeiras tubulares a uma pressão de 59 psi. Os motores produziram um total de 180 ihp que deu aos monitores uma velocidade máxima de 8 nós em águas calmas. Os navios carregavam carvão suficiente para um dia.[3]

Armamento[editar | editar código-fonte]

Os três primeiros navios carregavam um canhão Whitworth de 70 libras na sua torre de tiro, mas os últimos três foram equipados com um Whitworth de 120 libras. O canhão de 70 libras tinha uma elevação máxima de 15°, mas a elevação do canhão maior foi reduzida por causa do seu cano mais longo. Ambas as armas tinham um alcance máximo semelhante de 5540 metros.[4] A Whitworth de 70 libras pesava 3892 kg e disparava um projéctil de 140 mm que pesava 36,7 kg. O projéctil de 180 mm do Whitworth de 120 libras pesava 68,5 kg enquanto a própria arma pesava 7556 kg.[5] Uma característica incomum é que a estrutura de ferro, criada no Brasil, foi projetada para girar verticalmente com o cano do canhão; isso foi feito de modo a minimizar o tamanho da porta do canhão através da qual projecteis do inimigo poderiam entrar.[6]

Armadura[editar | editar código-fonte]

O casco dos navios da classe Pará era feito de três camadas de madeira que se alternavam na orientação. Tinham uma espessura de 457 mm e eram cobertas com uma camada de madeira de peroba-comum de 102 mm. Os navios tinham um cinturão de linha de água completo de ferro forjado, com uma altura de 0,91 metros; ele tinha uma espessura máxima de 102 milímetros a meio da embarcação, diminuindo para 76 mm e 51 mm nas extremidades do navio. O convés curvo foi blindado com ferro forjado de 12,7 mm.[1]

A torre do canhão tinha a forma de um retângulo com cantos arredondados. Foi construído de forma muito semelhante ao casco, mas a frente da torre era protegida por uma armadura de 152 mm, os lados em 102 milímetros e a parte traseira em 76 milímetros. O seu teto e as partes expostas da plataforma sobre a qual repousava eram protegidos por 12,7 milímetros de armadura. A casa do piloto blindada foi posicionada à frente da torre.[1]

Construção[editar | editar código-fonte]

Navio Construtor Batimento de quilha Lançamento Conclusão Destino
Pará Arsenal de Marinha da Corte, Rio de Janeiro 8 de dezembro de 1866 21 de maio de 1867 15 de junho de 1867 Descartado em 1884 em Ladário[7]
Rio Grande 17 de agosto de 1867 3 de setembro de 1867 Sucateado em fevereiro de 1907[7]
Alagoas 29 de outubro de 1867 novembro de 1867 Sucateado 1900[7]
Piauí 8 de janeiro de 1868 janeiro de 1868 Sucateado em 1893[7]
Ceará 22 de março de 1868 abril de 1868 Sucateado em 1884[7]
Santa Catarina 5 de maio de 1868 junho de 1868 Afundou 1882[7]

Serviço[editar | editar código-fonte]

Uma pintura da Passagem mostrando um monitor da classe Pará amarrado a um dos maiores couraçados

Terminados os três primeiros navios, Pará, Alagoas e Rio Grande participaram na Passagem de Humaitá em 19 de fevereiro de 1868. Para o combate, os três monitores foram amarrados aos couraçados maiores, para o caso de algum motor dos encouraçados ficar inoperacional pelos canhões paraguaios. O encouraçado Barroso liderou com Rio Grande, seguido pelo encouraçado Bahia com Alagoas e o encouraçado Tamandaré com Pará. Tanto Alagoas, que havia sido atingido com cerca de 200 tiros, quanto o Pará, tiveram que ser encalhados após passar pela fortaleza para evitar que afundassem. Alagoas esteve em reparos em São José do Cerrito até meados de março, embora o Pará tenha entrado para uma esquadra para capturar a cidade de Laureles em 27 de fevereiro. O Rio Grande continuou rio acima com os outros navios não danificados e eles bombardearam Assunção em 24 de fevereiro, com pouco efeito. Em 23 de março, Rio Grande e Barroso afundaram o navio paraguaio Igurey e os dois navios foram abordados por soldados paraguaios na noite de 9 de julho, embora tenham conseguido repelir os invasores.[8][9] A 29 de abril, o Ceará, o Piauí e o Santa Catarina romperam as defesas paraguaias em Guaraio, expulsando os paraguaios de lá.[10]

Durante o resto da guerra, os monitores bombardearam posições paraguaias e baterias de artilharia em apoio ao exército, com destaque para Angostura, Timbó e ao longo dos rios Tebicuary e Manduvirá. Depois da guerra, os navios foram divididos entre as flotilhas recém-formadas do Alto Uruguai e do Mato Grosso. Alagoas foi transferido para o Rio de Janeiro na década de 1890 e participou na Revolta da Armada de 1893-94. Os navios foram descartados nas últimas duas décadas do século XIX, embora o Rio Grande tenha sido atracado para reconstrução em 1899. No entanto, o trabalho nunca foi concluído e ele acabou por ser descartado em 1907.[7][11]

Notas[editar | editar código-fonte]

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Pará-class monitor».

Referências

  1. a b c d e Gratz 1999, pp. 153.
  2. a b Gratz 1999, pp. 154.
  3. Gratz 1999, pp. 154-56.
  4. Gratz 1999, pp. 153-54.
  5. Holley 1865, pp. 34.
  6. Gratz 1999, pp. 155.
  7. a b c d e f g Gratz 1999, pp. 157.
  8. Gratz 1999, pp. 149-50, 157.
  9. Preston 1999, pp. 149-150, 157.
  10. Donato 1996, p. 300.
  11. Preston 1999, p. 157.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]