Boom das commodities na década de 2000 – Wikipédia, a enciclopédia livre

O boom das commodities, ou superciclo das commodities, foi um período de forte alta dos preços de grande quantidade de matérias primas (alimentos, petróleo, metais, energia) que ocorreu no início do século XXI, aproximadamente entre 2000 e 2014.[1] O boom ocorreu em grande parte devido à crescente demanda das economias emergentes, principalmente da China,[1] bem como devido a dúvidas quanto à disponibilidade de matérias primas em longo prazo. O ciclo beneficiou principalmente a América do Sul e a África, regiões exportadoras de matérias primas, e prejudicou principalmente os países mais desenvolvidos, como a China os da Europa Central e da Ásia Central.[2]

O boom dos anos 2000 é comparável ao superciclo das commodities que acompanharam a expansão econômica do pós-Segunda Guerra Mundial e a Segunda Revolução Industrial na segunda metade do século XIX e começo do XX.[1] O boom foi sucedido por um forte choque na segunda metade de 2014.

Detalhes[editar | editar código-fonte]

O boom das commodities foi um ciclo inusitadamente grande de aumento dos preços das matérias primas no mercado mundial. Em termos gerais e segundo os estudos dos economistas Raúl Prebisch, (argentino), e Hans Singer (anglo-alemão), a tendência histórica foi uma diminuição dos preços das commodities em relação ao preço das manufaturas, causando um fenômeno conhecido como conhecido como deterioração dos termos de troca. Porém, entre 2000 e 2014, os preços das matérias primas mostraram uma tendência crescente, que os permitiu recuperar várias décadas de deterioração relativa em relação às manufaturas.[3]

No Brasil[editar | editar código-fonte]

O boom das commodities no mercado mundial foi favorável à economia do Brasil, país produtor e exportador de matérias-primas. Ele foi responsável por parte do grande crescimento econômico durante o governo Lula.[4][5] Durante esse período, o país viu maior desenvolvimento e queda na desigualdade econômica, caracterizando o surgimento da chamada nova classe média.

A queda dos preços causada pela desaceleração chinesa foi uma das causas da redução do crescimento econômico e da crise econômica de 2014 no país.[5][6]

Consequências[editar | editar código-fonte]

Em meados da década de 2010, a quebra do mercado de ações chinês e a desaceleração de sua economia, à medida em que passava da manufatura para a indústria de serviços.[7] Governos da guinada à esquerda na Amérca Latina começaram a experimentar um declínio político, já que a renda caiu devido ao fim do boom das commodities.[8][9][10] Com a queda no preço do petróleo, a Rússia também viu sua economia vacilar como resultado de má gestão.[11]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c Nelson D. Schwartz and Julie Creswell (23 de outubro de 2015). «A Global Chill in Commodity Demand Hits America's Heartland In China and other emerging markets, growth is waning and demand for the raw materials that drive the global economy has dried up.». The New York Times. Consultado em 24 de outubro de 2015 
  2. de la Torre, Augusto; Filippini, Federico; Ize, Alain (12 de abril de 2016). «The Commodity Cycle in Latin America : Mirages and Dilemmas» (em inglês). Banco Mundial. p. 33 
  3. Ramírez, Walter; Polo, Martín; Sabatini, Andrea (2008). «El boom de los commodities: transitorio o permanente?» (PDF). Buenos Aires: IAEF. Ejecutivos de Finanzas (213): 6-10. Consultado em 26 de setembro de 2018. Cópia arquivada (PDF) em 26 de setembro de 2018 
  4. «Laura Carvalho: 'As contas dos economistas devem ser orientadas por escolhas democráticas'». Época. 22 de setembro de 2018. Consultado em 2 de junho de 2020 
  5. a b Barbosa, Igor Palma. «A alta das commodities agrícolas e o estabelecimento do milagrinho na economia brasileira do governo Lula». Universidade Federal do Paraná. Revista Conjuntura Global. 9 (2): 145–146. ISSN 2317-6563. OCLC 982004155. doi:10.5380/cg.v9i2.75712. Consultado em 3 de outubro de 2021 
  6. Garcia, Giselle (15 de maio de 2016). «Entenda a crise econômica». Agência Brasil. Consultado em 6 de fevereiro de 2018 
  7. Vanderklippe, Nathan (17 de agosto de 2015), «China's new economic reality», The Globe and Mail, consultado em 7 de janeiro de 2016 
  8. Lopes, Dawisson Belém; de Faria, Carlos Aurélio Pimenta (2016). «When Foreign Policy Meets Social Demands in Latin America». Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Contexto Internacional (Literature review). 38 (1): 11–53. doi:10.1590/S0102-8529.2016380100001. The fate of Latin America's left turn has been closely associated with the commodities boom (or supercycle) of the 2000s, largely due to rising demand from emerging markets, notably China. 
  9. Reid, Michael (2015). «Obama and Latin America: A Promising Day in the Neighborhood». Foreign Affairs. 94 (5): 45–53. As China industrialized in the first decade of the century, its demand for raw materials rose, pushing up the prices of South American minerals, fuels, and oilseeds. From 2000 to 2013, Chinese trade with Latin America rocketed from $12 billion to over $275 billion. ... Its loans have helped sustain leftist governments pursuing otherwise unsustainable policies in Argentina, Ecuador, and Venezuela, whose leaders welcomed Chinese aid as an alternative to the strict conditions imposed by the International Monetary Fund or the financial markets. ... The Chinese-fueled commodity boom, which ended only recently, lifted Latin America to new heights. The region -and especially South America- enjoyed faster economic growth, a steep fall in poverty, a decline in extreme income inequality, and a swelling of the middle class. 
  10. «The Left on the Run in Latin America». The New York Times. 23 de maio de 2016. Consultado em 5 de setembro de 2016 
  11. «Oil and trouble». The Economist (em inglês). 4 de outubro de 2014 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Ícone de esboço Este artigo sobre economia é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.