Anton Koberger – Wikipédia, a enciclopédia livre

Anton Koberger
Nascimento 1440
Nuremberga
Morte 3 de outubro de 1513 (72–73 anos)
Nuremberga
Cidadania Alemanha
Filho(a)(s) Anton Koberger
Ocupação ourives, editor, livreiro, impressor, pintor
Xilogravura da Bíblia de Koberger (1483).
Fólio da obra A lenda dourada (Legenda aurea ou Legenda sanctorum), impressa por Anton Koberger em 1488. A imagem retrata uma santa mulher sendo ungida, possivelmente Maria.
Página da Crónica de Nuremberga (folha 25, página 49), impressa por Anton Koberger cerca de 1492.

Anton Koberger[1] (c. 1440 – 3 de outubro de 1513) foi um ourives, impressor, editor e livreiro que imprimiu e publicou, entre outros incunábulos notáveis, a obra Crónica de Nuremberga. Destacou-se como impressor e como mercador de livros de outros impressores, tendo estabelecido em 1470 a primeira casa de impressão da cidade de Nuremberga. Foi pioneiro na exploração económica da edição e do comércio livreiro, introduzindo no sector uma actividade empresarial típica do capitalismo. Foi vizinho da família e padrinho de Albrecht Dürer.[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Anton Koberger nasceu em Nuremberga numa família de padeiros, aparecendo em 1464 pela primeira vez na lista de cidadãos de Nuremberga. Em 1470 casou com Ursula Ingram e, após a morte desta, novamente em 1491 com Margarete Holzschuher. Ao todo foi pai de vinte e cinco filhos, dos quais treze sobreviveram até à idade adulta.

Foi padrinho de Albrecht Dürer, cuja família residia na mesma rua onde Koberger tinha a sua oficina e residência. No ano de 1470, um ano antes do nascimento de Dürer, encerrou o seu negócio de ourivesaria para se dedicar à impressão e ao comércio de livros, abrindo a primeira oficina tipográfica da cidade de Nuremberga. Teve grande sucesso nos negócios e em pouco tempo era o principal editor e impressor da Alemanha.[3]

Em poucos anos o negócio de impressão e distribuição de livros de Koberger cresceu a ponto de absorver grande parte dos seus rivais e de se transformar num conglomerado com 24 prensas em operação, editando numerosos trabalhos em simultâneo e empregando, no seu período de maior sucesso, mais de 100 trabalhadores,[4] wntre os quais impressores, tipógrafos, fundidores, iluministas, gravadores e outros artistas.

Procurando constantemente melhorar os seus negócios, enviava agentes e estabelecia acordos com livreiros de toda a Europa Central e Ocidental, incluindo na sua rede comercial cidades como Veneza, o outro grande centro europeu de impressão naquela época, Milão, Paris, Lyon, Viena e Budapeste. Para abastecer de papel o seu negócio obteve duas manufacturas de papel.

O seu negócio editorial pouco sobreviveu à sua morte, cessando em 1526, tendo a família revertido para o ramo da ourivesaria e joalharia.[5]

Edições mais conhecidas[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Crónica de Nuremberga

Entre as muitas edições impressas produzidas por Anton Koberger que a partir dos finais do século XV e inícios do século XVI, destacam-se particularmente três obras, consideradas marcos na arte tipográfica europeia: (1) a edição ilustrada da Bíblia em alto alemão, produzida em 1483, com múltiplas ilustrações notáveis em xilogravura notáveis; (2) a edição em alemão da Legenda aurea de Jacopp dal Vorgine; e (3) a edição de 1492 do Liber Chronicarum, as famosas Crónicas de Nuremberga.

A edição da Bíblia em alemão erudito (ou alto alemão), saída em 1483, utiliza o texto da primeira Bíblia impressa alemão por Günther Zainer na década de 1470. Apesar de erradamente ser comum considerar a versão em alemão vernacular de Martin Luther como a primeira tradução bíblica a língua alemã, aquela edição apenas surgiu no início do século XVI, não sendo por isso a primeira Bíblia em alemão pois a edição de Zainer aparecera quase 50 anos antes, com as edições de Koberger da mesma tradução surgindo pouco tempo depois. A lenda sustenta que Lutero se teria aproximado inicialmente da casa de impressão de Koberger para produzir sua tradução da Bíblia para o alemão, mas o impressor teria recusado o projecto. Os estudiosos têm especulado que a casa de impressão Koberger poderia ter continuado muito para além de 1526 se tivesse aceite ser a editora da obra de Lutero.

A casa editora de Koberger também imprimiu uma edição em língua alemã da obra Legenda aurea (Lenda dourada, da autoria de Jacopp dal Vorgine, no ano de 1488. A obra foi publicada com ilustrações em xilogravura de santos e temas religiosos.[6]

Contudo, a edição mais famosa da casa de Anton Kolberger é a obra Liber Chronicarum, mais conhecida por Crónica de Nuremberga, saída a público no ano de 1492. A obra é provavelmente a edição mais amplamente ilustrado da época dos incunábulos, o período que decorreu por volta de 1450-1500. Foram produzidas várias edições em latim e alemão, sendo o trabalho tão popular que se acredita ter tido uma das maiores tiragens do período dos incunabula. Aproveitando a popularidade, várias edições piratas apareceram quase imediatamente após a edição de Kolberger.[7]

Notas

  1. Também referido em documentos coevos como Anton Koburger, Anton Coberger e Anton Coburger.
  2. Kalenderblatt Deutschlandradio Kultur vom 3. Oktober 2013. Abgerufen am 3. Oktober 2013.
  3. Giulia Bartrum, Albrecht Dürer and his Legacy, British Museum Press, 2002, pp 94-96, ISBN 0-7141-2633-0
  4. Walter Gebhardt, "Nürnberg macht Druck! Von der Medienhochburg zum Printzentrum." in Marion Voigt (ed): Lust auf Bücher. Nürnberg für Leser. Nürnberg. (2005) pp 11-43.
  5.  Herbermann, Charles, ed. (1913). «Anthony Koberger». Enciclopédia Católica (em inglês). Nova Iorque: Robert Appleton Company 
  6. Leaf from Legenda aurea sanctorum by Jacobus de Voragine.
  7. University of Rochester Library Bulletin: The Nuremberg Chronicle.

Referências[editar | editar código-fonte]

  • Severin Corsten: Anton Koberger. In: Lexikon des gesamten Buchwesens (LGB). Hrsg. von Severin Corsten. 2., völlig neu bearbeitete und erweiterte Auflage. Bd. IV. Hiersemann, Stuttgart 1989. S. 256. ISBN 3-7772-9501-9
  • Fritz Funke: Buchkunde. Ein Überblick über die Geschichte des Buch- und Schriftwesens. Verlag Dokumentation: München 1969
  • Walter Gebhardt: Nürnberg macht Druck! Von der Medienhochburg zum Printzentrum. In: Marion Voigt (Hg.): Lust auf Bücher. Nürnberg für Leser. Nürnberg. 2005; S. 11–43
  • F. Geldner: Die deutschen Inkunabeldrucker. Ein Handbuch der deutschen Buchdrucker des XV. Jahrhunderts nach Druckorten. Teil 1. Das deutsche Sprachgebiet. Hiersemann, Stuttgart 1968. ISBN 3-7772-6825-9
  • Oskar von Hase (Bearbeiter): Verlagsverzeichnis der Koberger. 1885
  • Oskar von Hase (Hrsg.): Brieffbuch der Koberger zw Nurmbergk. Breitkopf, Leipzig 1881
  • Oscar von Hase: Die Koberger. Eine Darstellung des buchhändlerischen Geschäftsbetriebes in der Zeit des Überganges vom Mittelalter zur Neuzeit. Van Heusden, Amsterdam; Breitkopf und Härtel, Wiesbaden 1967; 3. Auflage, Neudruck der 2. neugearbeiteten Auflage 1885
  • Oskar Hase: Die Koberger. Buchhändler-Familie zu Nürnberg. Breitkopf & Härtel, Leipzig 1869. Digitalisat
  • Georg Wolfgang Karl Lochner (1882). "Koberger, Anton (Drucker)". In Allgemeine Deutsche Biographie (ADB) (em alemão). 16. Leipzig: Duncker & Humblot. pp. 366–368.
  • Hans Lülfing, ed. (1980). «Koberger, Anton». Neue Deutsche Biographie (NDB) (em alemão). 12. 1980. Berlim: Duncker & Humblot . pp. 245 et seq..
  • Ingrid Münch: Anton Koberger. Em: Biographisch-Bibliographisches Kirchenlexikon (BBKL).
  • Hans-Otto Keunecke: Anton Koberger. Familie und Verwandtschaft. geschäftlicher Erfolg und soziale Stellung. Mit einem Exkurs: Das Kobergerwappen. In: Mitteilungen des Vereins für Geschichte der Stadt Nürnberg 100 (2013), S. 99-148.
  • Albert Schramm: Der Bilderschmuck der Frühdrucke. Band 17: Die Drucker in Nürnberg. Teil 1: Anton Koberger. Hiersemann, Leipzig 1934
  • E. Voulliéme: Die deutschen Drucker des fünfzehnten Jahrhunderts. 2. Auflage. Verlag der Reichdruckerei, Berlin 1922.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]