Zélia Gattai – Wikipédia, a enciclopédia livre

Zélia Gattai
Zélia Gattai
Escritora na VII Feira Pan-Amazônica do livro, em 2003
Nome completo Zélia Gattai Amado de Faria
Nascimento 2 de julho de 1916
São Paulo, SP
Morte 17 de maio de 2008 (91 anos)
Salvador, BA
Nacionalidade brasileira
Cônjuge Jorge Amado (c. 1945; m. 2001)
Ocupação escritora, fotógrafa e memorialista
Magnum opus Anarquistas, graças a Deus (1979)

Zélia Gattai Amado de Faria[1][2] (São Paulo, 2 de julho de 1916Salvador, 17 de maio de 2008) foi uma escritora, fotógrafa e memorialista (como ela mesma preferia denominar-se) brasileira, tendo também sido expoente da militância política nacional durante quase toda a sua longa vida, da qual partilhou cinquenta e seis anos casada com o também escritor Jorge Amado, até a morte deste.[3]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Início de vida[editar | editar código-fonte]

Filha dos imigrantes italianos Ernesto Gattai e Angela Maria Da Col[4][5] é a caçula de cinco irmãos.[6] Nasceu e morou durante toda a infância na Alameda Santos, 8, Consolação, em São Paulo.[7]

Zélia participava, com a família, do movimento político-operário anarquista que tinha lugar entre os imigrantes italianos, espanhóis, portugueses, no início do século XX.[5]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Aos 63 anos de idade, começou a escrever suas memórias. O livro de estreia, Anarquistas, Graças a Deus, ao completar vinte anos da primeira edição, já contava mais de duzentos mil exemplares vendidos no Brasil.[8][9] Sua obra é composta de nove livros de memórias, três livros infantis, uma fotobiografia e um romance. Alguns de seus livros foram traduzidos para o francês, o italiano, o espanhol, o alemão e o russo.[5]

Anarquistas, graças a Deus foi adaptado para minissérie pela Rede Globo[10] e Um Chapéu para Viagem foi adaptado para o teatro.[5]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Relacionamentos[editar | editar código-fonte]

Aldo Veiga[editar | editar código-fonte]

Aos vinte anos, casou-se com Aldo Veiga. Deste casamento, que durou oito anos, teve um filho, Luís Carlos, nascido na cidade de São Paulo, em 12 de agosto de 1942.[5][11]

Jorge Amado[editar | editar código-fonte]

Leitora entusiasta de Jorge Amado, Zélia Gattai o conheceu em 1945,[5] quando trabalharam juntos no movimento pela anistia dos presos políticos. A união do casal deu-se poucos meses depois. A partir de então, Zélia Gattai trabalhou ao lado do marido, passando a limpo, à máquina, seus originais e o auxiliando no processo de revisão.[12]

Em 1946, com a eleição de Jorge Amado para a Câmara Federal, o casal mudou-se para o Rio de Janeiro, onde nasceu o filho João Jorge, em 25 de novembro de 1947.[5] Um ano depois, com o Partido Comunista declarado ilegal, Jorge Amado perdeu o mandato, e a família teve que se exilar.[5]

Viveram em Paris por três anos, período em que Zélia Gattai fez os cursos de civilização francesa, fonética e língua francesa na Sorbonne. De 1950 a 1952, a família viveu em Praga, Checoslováquia, onde, em 19 de agosto de 1951, nasceu a filha Paloma.[5] Foi neste tempo de exílio que Zélia Gattai começou a fazer fotografias, tornando-se responsável pelo registro, em imagens, de cada um dos momentos importantes da vida do escritor baiano.[13]

Em 1963, mudou-se com a família para uma casa no Rio Vermelho, em Salvador, na Bahia, onde tinha um laboratório e se dedicava à fotografia, tendo lançado a fotobiografia de Jorge Amado intitulada Reportagem incompleta.[5]

Prêmios e homenagens[editar | editar código-fonte]

Baiana por merecimento, Zélia Gattai recebeu em 1984 o título de Cidadã Honorária da Cidade de Salvador.[14]

Na França, recebeu o título de Cidadã de Honra da comuna de Mirabeau (1985) e o grau de Comendadora da Ordem das Artes e das Letras, do Governo Francês (1998). Recebeu ainda, no grau de Comendadora, a Ordem do Mérito da Bahia (1994) e o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal a 14 de Julho de 1986.[15]

A prefeitura de Taperoá, no estado da Bahia, homenageou Zélia Gattai dando o nome da escritora à sua Fundação de Cultura e Turismo, em 2001.[5]

Em 2001 foi eleita para a Academia Brasileira de Letras, para a cadeira 23, anteriormente ocupada por Jorge Amado, que teve Machado de Assis como primeiro ocupante e José de Alencar como patrono. No mesmo ano, foi eleita para a Academia de Letras da Bahia e para a Academia Ilheense de Letras. Em 2002, tomou posse nas três. É mãe de Luís Carlos, Paloma e João Jorge. É amiga de personalidades e gente simples. No lançamento do livro 'Jorge Amado: um baiano romântico e sensual, em 2002, em uma livraria de Salvador, estavam pessoas como Antônio Carlos Magalhães, Sossó, Calasans Neto, Auta Rosa, Bruna Lima, Antonio Imbassahy e James Amado, entre outros.[5]

Ao lançar seu primeiro livro, Anarquistas graças a Deus, Zélia Gattai recebeu o Prêmio Paulista de Revelação Literária de 1979. No ano seguinte, recebeu o Prêmio da Associação de Imprensa, o Prêmio McKeen e o Troféu Dante Alighieri. A Secretaria de Educação do Estado da Bahia concedeu-lhe a Medalha Castro Alves, em 1987. Em 1988, recebeu o Troféu Avon, como destaque da área cultural e o Prêmio Destaque do Ano de 1988, pelo livro Jardim de inverno. O livro de memórias Chão de meninos recebeu o Prêmio Alejandro José Cabassa, da União Brasileira de Escritores, em 1994.[5]

Obras[editar | editar código-fonte]

Lista de publicações por data:[16]

Referências

  1. «Zélia Gattai». UFBA em Movimento. Consultado em 31 de outubro de 2022 
  2. «Zélia Gattai». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 31 de outubro de 2022 
  3. «Zélia Gattai demorou a sair da sombra de Jorge Amado, mas o fez com graça em 1979». Extra Online. Consultado em 11 de setembro de 2022 
  4. «Zélia Gattai - Grupo Companhia das Letras». www.companhiadasletras.com.br. Consultado em 11 de setembro de 2022 
  5. a b c d e f g h i j k l m «Zélia Gattai | Fundação Casa de Jorge Amado». Consultado em 11 de setembro de 2022 
  6. «Assim era a São Paulo nos anos 1920, por Zélia Gattai». Blog do Milton Parron. 7 de dezembro de 2020. Consultado em 11 de setembro de 2022 
  7. «"Anarquistas, Graças a Deus" relembra memórias políticas de Zélia Gattai». www1.folha.uol.com.br. 2 de novembro de 2010. Consultado em 11 de setembro de 2022 
  8. «Escritora Zélia Gattai melhora e é transferida da UTI em Salvador». www1.folha.uol.com.br. 3 de novembro de 2006. Consultado em 11 de setembro de 2022 
  9. «Escritora Zélia Gattai é internada em Salvador». www1.folha.uol.com.br. 30 de outubro de 2006. Consultado em 11 de setembro de 2022 
  10. Xavier, Nilson. «Anarquistas, Graças a Deus». Teledramaturgia. Consultado em 11 de setembro de 2022 
  11. «Zélia Gattai». educacao.uol.com.br. Consultado em 11 de setembro de 2022 
  12. Mendes, Henrique (1 de julho de 2016). «Centenário marca legado literário e afetivo de Zélia Gattai: 'memorialista'». Bahia. Consultado em 11 de setembro de 2022 
  13. «Quatorze anos sem Zélia Gattai». Leiagora. Consultado em 11 de setembro de 2022 
  14. «A vida e a obra de Zélia Gattai». revistaepoca.globo.com. 11 de novembro de 2004. Consultado em 11 de setembro de 2022 
  15. «Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Zélia Gattai Amado". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 17 de fevereiro de 2015 
  16. Patronato ENAS Brasil. «Zélia Gattai e seus 90 anos». Consultado em 31 de agosto de 2010 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Precedida por
Jorge Amado
ABL - sexta acadêmica da cadeira 23
2001 — 2008
Sucedida por
Luiz Paulo Horta
Ícone de esboço Este artigo sobre um(a) escritor(a) é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.