Werwolf – Wikipédia, a enciclopédia livre

Símbolo dos Werwolf[1]

Werwolf (pronunciado [ˈveːɐ̯vɔlf], alemão para "lobisomem") foi um plano nazista que começou a ser desenvolvido em 1944.[2]  Ele tinha como objetivo criar uma força de resistência que iria operar atrás das linhas inimigas, conforme os Aliados avançavam através do território da Alemanha nazista. No entanto, a propaganda dos Werwolf superou, de longe, suas realizações reais no campo de batalha.

Nomenclatura[editar | editar código-fonte]

O nome foi escolhido em referência ao título da novela de Hermann Löns, Der Wehrwolf, publicada pela primeira vez em 1910.[3] Situado na região de Celle (Baixa Saxônia) durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-48), o romance conta a história de um camponês chamado Dano Wulf. Depois que sua família é morta por soldados saqueadores, Wulf organiza uma milícia com seus vizinhos que perseguem os soldados sem dó e os executam quando os capturam. O grupo referia a si mesmo como Wehrwölfe. Löns escreveu que o título era uma referência dupla para o fato de que os camponeses organizassem uma luta de defesa (sich wehren, consulte "Bundeswehr" - Defesa Federal) e para o sobrenome do protagonista, Wulf, mas ele também tinha óbvias conotações com a palavra Werwölfe em que Wulf refere-se a homens que gostam de matar.[4] Apesar de Löns não ter sido nazista (ele morreu em 1914), sua obra era popular entre a extrema-direita alemã. O jornal local de Celle começou a publicar Der Wehrwolf em janeiro de 1945.[5]

Operações[editar | editar código-fonte]

No final do verão/início do outono de 1944, Heinrich Himmler iniciou a Unternehmen Werwolf (Operação Werwolf), ao ordenar que o SS Obergruppenführer Hans-Adolf Prützmann começasse a organizar uma tropa de elite de forças voluntárias para operar secretamente atrás das linhas inimigas. Como foi concebida originalmente, estas unidades Werwolf eram destinadas a serem formações militares legítimas e uniformizadas, treinadas para entrar em operações clandestinas atrás das linhas do inimigo, da mesma forma como os comandos das Forças Especiais dos Aliados.[6] Prützmann foi nomeado Generalinspekteur für Spezialabwehr (Inspector-Geral das Defesa Especiais) e tinha a tarefa de definir a sede em Berlim, além de organizar e instruir a sua força. Prützmann estudou as táticas de guerrilha usadas pelos partisans soviéticos nos territórios ocupados da Ucrânia e a ideia era ensinar essas táticas para os membros da Operação Werwolf.[7]

Propaganda[editar | editar código-fonte]

Os rumores de uma organização de guerrilha nazista secreta começaram a emergir logo após a invasão dos Aliados na Normandia. A revistaTIMEpublicou um artigo especulando que os alemães iriam tentar prolongar a guerra indefinidamente por baixo, depois de sua derrota.[8] Em 27 de janeiro de 1945, uma edição da Collier's Weekly destacou um artigo detalhado pelo Major Edwin Lessner, afirmando que a elite da SS e Juventude de Hitler estava sendo treinada para atacar as forças Aliadas, conforme uma citação de 1944 de Joseph Goebbels: "O inimigo (invasores alemães do território) serão tomados por trás por membros fanáticos da população, que incessantemente irão preocupar os inimigos, atrasar suas forças militares e que não irão permitir descanso ou exploração de qualquer possibilidade de sucesso."[9]

A propaganda Werwolf na estação "Rádio Werwolf" transmitida da cidade de Nauen, perto de Berlim, teve início em 1 de abril de 1945. As transmissões começavam com o som de um lobo uivando e uma música com a letra, "Meus dentes de lobisomem mordem o inimigo / E, em seguida, ele acabou e, em seguida, ele se foi / Hoo, hoo hoo."[10] A transmissão inicial, afirmava que o Partido Nazista pedia que cada alemão "defendesse sua terra e morresse lutando contra os exércitos Aliados, que estão se preparando para escravizar os alemães.[11] Cada bolchevique, cada inglês e cada americano em nosso solo deve ser alvo do nosso movimento ... Qualquer alemão, de qualquer profissão ou classe social, que colocar-se a serviço e colaborar com o inimigo vai sentir o efeito da nossa mão vingativa ... Um único lema se mantém para nós: 'Vencer ou morrer.' "[12]

Jornais britânicos e estadunidenses relataram amplamente o texto das transmissões da "Rádio Werwolf", alimentando rumores entre as forças de ocupação.[13] A American Forces Network lembrou os soldados estadunidenses que

"Cada civil alemão amigável é um soldado com ódio disfarçado. Armado com a convicção interior de que os alemães são ainda superiores ... [eles creem] que um dia ele vão destruí-lo. Seu ódio, sua raiva ... estão profundamente enterradas em seu sangue. Um sorriso é a sua arma para desarmar você ... No coração, o corpo e o espírito de todos os alemães é Hitler."

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Rundschau; Deutsches Schneiderfachblatt für das Gesamte Schneidergewerbe
  2. Mark Mazower, Hitler's Empire: How the Nazis Ruled Europe, at 546 (The Penguin Press 2008)
  3. Beevor, Antony (2002). The Fall of Berlin 1945. [S.l.]: Penguin. p. 173. ISBN 0-14-200280-1 
  4. Watt, Roderick H. (outubro de 1992). «Wehrwolf or Werwolf? Literature, Legend, or Lexical Error into Nazi Propaganda?». The Modern Language Review, Vol. 87, No. 4. The Modern Language Review. 87 (4): 879–895. JSTOR 3731426. doi:10.2307/3731426 
  5. Neumann, Klaus (2000). Shifting Memories: The Nazi Past in the New Germany. [S.l.]: University of Michigan Press. p. 50. ISBN 0-472-08710-X 
  6. Klemperer, Victor; Roderick H. Watt (1997). An Annotated Edition of Victor Klemperer's LTI, Notizbuch eines Philologen. [S.l.]: E. Mellen Press. p. 305. ISBN 0-7734-8681-X 
  7. (Biddiscombe 1998, p. 464)
  8. «Foreign News: War Without End?». Consultado em 26 de novembro de 2010. Cópia arquivada em 26 de novembro de 2010 
  9. Major Erwin Lessner, "Hitler's Final V Weapon: The Nazis are carefully building a program for a guerrilla blitzkrieg," Collier's Weekly, January 27, 1945, p. 14.
  10. "Hoo, Hoo, Hoo,' Lily the Werewolf Sings on Radio," The Washington Post, Apr 6, 1945; p. 1.
  11. "NAZI UNDERGROUND IN ACTION, FOE SAYS: German Radio Asserts It Is Fighting in Occupied Areas, Issues 'Do or Die Order,'" The New York Times, Apr 2, 1945; p. 7.
  12. "Werwolf and Colonel Biu Tin: lessons in the psychological aspects of war."
  13. "Werewolves' Nuisance Value May Be Great," The Washington Post, Apr 10, 1945; p. 2.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]