Walter Gropius – Wikipédia, a enciclopédia livre

Walter Gropius
Walter Gropius
Walter Gropius em 1920
Nascimento 18 de maio de 1883
Berlim
Morte 5 de julho de 1969 (86 anos)
Boston
Nacionalidade Alemão
Prêmios Medalha de Ouro da AIA (1959)
Prêmio Goethe (1961)

Walter Gropius (Berlim, 18 de maio de 1883Boston, 5 de julho de 1969) foi um arquiteto alemão.[1]

É considerado um dos principais nomes da arquitetura do século XX, tendo sido fundador da Bauhaus, escola que foi um marco no design, arquitetura e arte moderna e diretor do curso de arquitetura da Universidade de Harvard. Gropius iniciou sua carreira na Alemanha, seu país natal, mas com a ascensão do nazismo, na década de 1930, emigrou para os Estados Unidos e lá desenvolveu a maior parte de sua obra.[2]

Formação e primeiros projetos[editar | editar código-fonte]

Originário de tradicional família de Braunschweig, Gropius nasceu em Berlim, em 18 de maio de 1883. Quando veio ao mundo, seu tio-avô, Martin Gropius, já havia construído um dos mais belos e célebres prédios da capital alemã, o espaço de exposições que hoje é conhecido pelo nome de Martin Gropius Bau.[2]

Estudou em Munique e em sua cidade natal antes de participar do estúdio de Peter Behrens (arquitecto prenunciador do modernismo), em 1907, (onde, além de Gropius, trabalhavam, por volta de 1910, Le Corbusier e Ludwig Mies van der Rohe) onde completou sua formação. Em 1910 estabeleceu escritório próprio.

Influenciado pelo antigo mestre Behrens, seu primeiro grande projecto — para a Fábrica Fagus, em 1911 — já prenuncia parte dos elementos que vão caracterizar sua futura obra: estrutura independente, fechamentos em vidro, volumetria pura.

Em 1915 casou com Alma Mahler-Werfel, viúva de Gustav Mahler. Em 1916 Alma deu à luz uma menina, Manon, que morreu aos 18 anos e a quem Alban Berg dedicou o Concerto para Violino (1935), sua peça mais conhecida. O casamento de Alma e Gropius terminou em 1920.

Bauhaus[editar | editar código-fonte]

O prédio da Bauhaus, em Dessau, projetado por Walter Gropius

Após a Primeira Guerra Mundial, em 1919, Gropius sucedeu Henry van de Velde — dispensado em 1915, dada a sua nacionalidade belga – na direção da Escola de Artes Aplicadas de Weimar. É esta escola que Gropius vai transformar na Bauhaus.

Segundo a visão dominante das artes, no início do século XX, as artes aplicadas e as atividades artesanais eram consideradas de nível inferior, enquanto que as belas artes eram consideradas atividades de nível superior.[1] Não se considerava que as duas atividades pudessem estar plenamente relacionadas e as tentativas anteriormente feitas no sentido de integrá-las (como o art noveau e o movimento Arts & Crafts) haviam falhado.[2] Gropius unificou as duas visões e, com o apoio de colegas arquitetos e de um grupo de artistas de vanguarda, fundou Das Staatliche Bauhaus (em alemão: casa estatal de construção), com uma proposta e um método de ensino revolucionários. A Bauhaus procurou enfrentar o problema artes aplicadas x belas artes e desse conflito surgiu o moderno design.[1]

Integrada por uma escola de arquitetura, uma escola de arte, uma escola de design, uma escola de artesanato, uma escola de teatro, etc., a Bauhaus terá no seu quadro de professores Paul Klee, Johannes Itten, Josef Albers, Herbert Bayer, László Moholy-Nagy e Wassily Kandinsky, entre outros. Os alunos aprenderão a utilizar materiais modernos e inovadores e a refletir sobre a produção e o design, no contexto da industrialização. A escola terá um impacto decisivo sobre a estética moderna e funcionalista e, mais tarde, sobre o estilo internacional.[3]

Gropius defendia a formação de um gestalter (palavra que vem de gestalt, que pode ser traduzida como vulto, forma, desenho ou projeto, mas guarda mais relações com a palavra inglesa design), um profissional total responsável pelo projeto em todas as escalas humanas (do manual ao urbano). O principal determinante deste projeto deve ser a função que este produto virá a ter. Negando as características nacional-históricas na arquitetura e nas artes, a Bauhaus lança as bases do modernismo, tendo em Gropius um de seus fundadores.[3]

Da mesma maneira que o planejamento urbano passa a ser a ‘’resultante da convergência entre várias disciplinas”, a arquitetura também começa a ser pensada desta forma — o que fica explícito quando Walter Gropius ressalta três características da Bauhaus:[4]

  • O paralelismo entre o ensino teórico e prático, uma vez que no curso trienal o aluno estuda simultaneamente sob a orientação de dois professores: um professor artesão e outro de desenho.
  • O contínuo contato com a realidade do trabalho e a presença de professores criativos.

A convivência na Bauhaus com personalidades como Kandinsky, Paul Klee, Mies Van der Rohe e outros, será de vital importância no trabalho de Gropius.[4]

Gropius dirigiu a Bauhaus até 1928. Nos primeiros tempos, seus conceitos foram influenciados pela ideia da "obra de arte total" propagada pelo compositor Richard Wagner no século anterior, e pela superação dos estilos históricos na arte através da transformação da vida numa experiência estética, difundida pelo filósofo Friedrich Nietzsche. Em sua segunda fase, a Bauhaus logo sucumbiu aos interesses da indústria.

A fábrica Fagus, projeto de Gropius e Adolf Meyer

Acusada de "bolchevismo" e "judaísmo" pelo governo conservador de Weimar, a escola mudou-se para a liberal Dessau em 1925, onde Gropius projetou sua famosa sede funcionalista. Em vez da "catedral do futuro", lema inicial da Bauhaus, a escola passou a defender a integração da arte com a técnica.[4]

Abandonado pelos sindicatos e trabalhadores e perseguido pelos conservadores, Gropius encontrou refúgio, e financiamento, nos industriais. A forma passou então a seguir a função. A política, no entanto, não deixou de marcar tanto o início quanto o fim da escola, fechada pelos nazistas em 1933, que consideravam o modernismo "coisa de comunista", obrigando Gropius a deixar o país.[3]

Estados Unidos[editar | editar código-fonte]

A partir de 1937 Walter Gropius passa a lecionar na Universidade de Harvard e no ano seguinte torna-se diretor do departamento de arquitetura da universidade.

Nos Estados Unidos começa a trabalhar com arranha-céus, criando uma tipologia arquitetônica que será exaustivamente copiada nas décadas seguintes. Em alguns projetos associa-se a Marcel Breuer, ex-aluno da primeira geração da Bauhaus. Com este, projeta um bairro operário em New Kessington, próximo a Pittsburgh.

Morreu em Boston em 1969. Está sepultado no Südwestfriedhof der Berliner Synode, Stahnsdorf, Brandemburgo na Alemanha.[5]

Honras[editar | editar código-fonte]

Principais projetos[editar | editar código-fonte]

Impington Village College, projeto de Walter Gropius e Maxwell Fry

Referências

  1. a b c Bauhaus, The Tate Collection, (em inglês) Página visitada em 05 de julho de 2012.
  2. a b c «Walter Gropius - Biografia». UOL - Educação. Consultado em 5 de julho de 2012 
  3. a b c American Colossus: the Grain Elevator 1843-1943 Arquivado junho 23, 2013 no WebCite , Colossus Books, 2009. american-colossus.com Página visitada em 05 de julho de 2012
  4. a b c Gropius House by Walter Gropius Página visitada em 05 de julho de 2012.
  5. Walter Gropius (em inglês) no Find a Grave

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Walter Gropius
  • DROSTE, Magdalena. Bauhaus-Archiv. Koln: Taschen, 2006 (tr. Casa das Línguas, Lda) ISBN 978-3-8228-5203-3
  • LUPFER, Gilbert e SIGEL; Paul "Walter Gropius : 1883-1969 : promotor de uma nova forma. Köln, Taschen, 2006 (trad. port.2006 publicada pelo jornal Público, 2006 ISBN 978-3-8228-3738-2