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João Varela Gomes
Nome completo João Maria Paulo Varela Gomes
Dados pessoais
Nascimento 25 de maio de 1925
Lisboa
Morte 26 de fevereiro de 2018 (92 anos)
Lisboa
Vida militar
País PortugalPortugal
Força Exército
Hierarquia Coronel
Comandos Regimento de Infantaria N.º 3
Batalhas Revolta de Beja

João Maria Paulo Varela Gomes (Lisboa, 25 de Maio de 1924 — Lisboa, 26 de Fevereiro de 2018), foi um militar português e um revolucionário português contra o Estado Novo.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Depois de se ter envolvido activamente na candidatura de Humberto Delgado (1958), João Varela Gomes esteve ligado à Conspiração da Sé (1959). Em 1961, juntou-se a outros prestigiados democratas na apresentação de uma candidatura à Assembleia Nacional. Pela forma hábil como fez o pedido aos seus superiores da hierarquia militar, Varela Gomes foi autorizado a integrar as listas. Nos comícios da campanha eleitoral realizados no distrito de Lisboa, ficou célebre o empolgante discurso de Varela Gomes no Teatro da Trindade: com a coragem e a frontalidade que sempre o caracterizaram, Varela Gomes incentivou os presentes à revolta contra o regime, criando um clima de grande emoção na sala.

O ano de 1961 tinha sido o de todas as calamidades para a ditadura e de muita esperança para a democracia. Em janeiro o capitão Henrique Galvão sequestrara o navio Santa Maria. O Governo estava isolado; caíram Goa, Damão e Diu; foram lançados panfletos sobre Lisboa, de um avião desviado por Palma Inácio; Daomé ocupou o Forte de S. João Baptista de Ajudá, fortaleza que representava uma nossa presença histórica. Havia, pois, razões para crer no fim da ditadura Salazarista.Por razões conjunturais, o Quartel de Beja estava na rota da conquista da Liberdade, do fim do Estado Novo.

Na noite de passagem de ano de 1961 para 1962, João Varela Gomes avança para Beja para, juntamente com outros companheiros, tomar de assalto o quartel. O assalto que Varela Gomes e Manuel Serra dirigiram tinha na preparação Humberto Delgado, que entrou em Portugal, clandestinamente, para o comandar e que esteve em Beja mas afastado da acção.

Por volta das 2h15m da madrugada o grupo comandado por Varela Gomes entrou no Quartel de Beja, contando com a conivência de três oficiais no interior do quartel, que lhes abriram as portas, anulou primeiro os sentinelas e trancou todos os militares nas casernas após o que se dirigiu ao quarto onde se encontrava o Segundo Comandante Henrique Calapez da Silva Martins. Assim que Henrique Calapez Martins abriu a porta do quarto foi alvejado no tórax, um disparo acidental, na versão dos revoltosos. Ferido, Henrique Calapez ripostou quase em simultâneo, usando uma pistola ‘savage’, atingindo Varela Gomes no baço. Segue-se uma troca de tiros entre os revoltosos e o Major Henrique Calapez em que Henrique Calapez, sozinho, conseguiu dominar a revolta e colocar os golpistas em fuga.[1]

Varela Gomes resistiu a várias cirurgias, sob prisão. A PIDE prendeu o capitão Eugénio de Oliveira e os outros implicados, civis e militares, enquanto era vexada pela fuga bem sucedida do general Humberto Delgado.[2]

Foram muitos os que acreditaram que a Revolução poderia ter começado aí. Mais tarde, em 1987, por ocasião da presidência aberta ‘alentejo verde’, Mário Soares, à chegada a Beja, diria: «se não fosse um tal de major Calapez, o 25 de Abril teria sido 15 anos antes».

João Varela Gomes casou com Maria Eugénia Varela Gomes (1925 - 2016), que também se destacou pelos seus esforços contra o governo ditatorial português.[3]

Referências

Fontes[editar | editar código-fonte]