Vacina BCG – Wikipédia, a enciclopédia livre

Amostra de BCG usada no Japão

A vacina do bacilo Calmette–Guérin (BCG) é uma vacina usada principalmente na prevenção da tuberculose.[1] Em países onde a tuberculose ou a lepra são comuns, é recomendada a administração de uma dose em bebés saudáveis o mais cedo possível após o nascimento.[1] Em países onde a tuberculose não é comum, só são geralmente vacinadas crianças de risco elevado e os casos suspeitos de tuberculose são individualmente testados e tratados.[1] A vacina pode também ser administrada em adultos sem tuberculose e que não tenham sido anteriormente vacinados, mas que sejam frequentemente expostos à doença.[1] A vacina BCG tem também alguma eficácia contra a úlcera de Buruli e outras infeções por micobactérias não tuberculosas.[1] Em alguns casos pode também ser usada como parte do tratamento de cancro da bexiga.[2][3]

O nível de proteção contra a infeção por tuberculose varia significativamente e pode durar até 20 anos.[1] Em crianças, a vacina previne cerca de 20% dos casos de infeção.[4] Entre as que são infetadas, a vacina protege cerca de metade de vir a desenvolver doença.[4] A vacina é administrada por via de injeção intradérmica.[1] As evidências não apoiam a eficácia da administração de doses adicionais.[1]

Os efeitos secundários graves são raros. Em muitos casos observa-se rubor, inchaço e dor ligeira no local da injeção.[1] Após a cicatrização pode-se formar uma pequena úlcera na pele.[1] Os efeitos adversos são mais comuns e potencialmente mais graves em pessoas imunossuprimidas.[1] A administração da vacina não é segura durante a gravidez.[1] A vacina tem por base uma forma atenuada da Mycobacterium bovis, que é comum em bovinos.[1] Embora atenuada, é uma vacina viva.[1]

O bacilo começou a ser desenvolvido em 1906 por Albert León Charles Calmette e Jean Marie Camille Guérin, razão pela qual a fórmula recebeu a designação de BCG (bacilo de Calmette-Guérin).[5] O bacilo foi sendo aperfeiçoado até se obter a atual constituição em 1919.[6] O primeiro uso médico data de 18 de julho de1921.[1] Faz parte da lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial de Saúde, uma lista com os medicamentos mais eficazes e seguros fundamentais num sistema de saúde.[7] Em 2014, tinham sido vacinadas contra a tuberculose cerca de 100 milhões de crianças em todo o mundo.[8]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o World Health Organization (fevereiro de 2018). «BCG vaccines: WHO position paper – February 2018». Weekly Epidemiological Record. 93 (8): 73–96. PMID 29474026. hdl:10665/260307. Resumo divulgativo (PDF) 
  2. Green, James; Fuge, Oliver; Allchorne, Paula; Vasdev, Nikhil (maio de 2015). «Immunotherapy for bladder cancer». Research and Reports in Urology. 7: 65–79. PMC 4427258Acessível livremente. PMID 26000263. doi:10.2147/RRU.S63447 
  3. Houghton, Baerin B.; Chalasani, Venu; Hayne, Dickon; Grimison, Peter; Brown, Christopher S. B.; Patel, Manish I.; Davis, Ian D.; Stockler, Martin R. (maio de 2013). «Intravesical chemotherapy plus bacille Calmette-Guérin in non-muscle invasive bladder cancer: a systematic review with meta-analysis». BJU International. 111 (6): 977–83. PMID 23253618. doi:10.1111/j.1464-410X.2012.11390.x 
  4. a b Roy, A; Eisenhut, M; Harris, RJ; Rodrigues, LC; Sridhar, S; Habermann, S; Snell, L; Mangtani, P; Adetifa, I; Lalvani, A; Abubakar, I (5 de agosto de 2014). «Effect of BCG vaccination against Mycobacterium tuberculosis infection in children: systematic review and meta-analysis.». BMJ. 349: g4643. PMC 4122754Acessível livremente. PMID 25097193. doi:10.1136/bmj.g4643 
  5. «Vacina BCG | Vacina Santa Joana». www.vacinasantajoana.com.br. Consultado em 16 de março de 2017 
  6. Fernandes, Carlos. «Jean Marie Camille Guerin». www.dec.ufcg.edu.br. Consultado em 16 de março de 2017 
  7. World Health Organization (2019). World Health Organization model list of essential medicines: 21st list 2019. Geneva: World Health Organization. hdl:10665/325771. WHO/MVP/EMP/IAU/2019.06. License: CC BY-NC-SA 3.0 IGO 
  8. «BCG Vaccine: WHO position paper» (PDF). Weekly Epidemiological Record. 4 (79): 25–40. 23 de janeiro de 2004. Cópia arquivada (PDF) em 21 de setembro de 2015