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Tupiniquins
Jovens tupiniquins dançam, festejando a demarcação de suas terras, em 2007 (Valter Campanato/ABr)
População total

2 630 (Funasa, 2010)[1]

Regiões com população significativa
Aracruz, no Espírito Santo, no Brasil
Línguas
português
Religiões

Os tupiniquins, também chamados tupinaquis, topinaquis e tupinanquins,[2] são um grupo indígena brasileiro que pertencem à nação tupi.[3] Eles habitavam, por volta do século XVI, duas regiões do litoral do Brasil: o sul do atual estado da Bahia e o litoral do atual estado de São Paulo entre Cananéia e Bertioga, além da zona de campos no topo da serra ao lado desta última região.[4] Foram o grupo indígena com o qual se deparou a esquadra portuguesa de Pedro Álvares Cabral, em 23 de abril de 1500.[5] Atualmente, habitam terras indígenas no município de Aracruz, no norte do estado do Espírito Santo, no Brasil.

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Segundo Antenor Nascentes, o termo "tupiniquim" da expressão tupin-i-ki, significando "tupi ao lado, vizinho lateral" (in: Dicionário Etimológico Brasileiro[6][carece de fonte melhor]). Silveira Bueno dá sua raiz na expressão tupinã-ki, ou "tribo colateral, o galho dos tupi" (in: Dicionário Etimológico-Prosódico da Língua Portuguesa[6][carece de fonte melhor]). Eduardo de Almeida Navarro sugere a etimologia "os que invocam Tupi", pela junção de Tupi (nome de um personagem mítico ancestral das tribos tupis) e ekyîa ou ikyîa (invocar).[7]

História[editar | editar código-fonte]

Os tupiniquins tiveram importante participação na colonização portuguesa da região de Santos e Bertioga no século XVI e na fundação da cidade de São Paulo, em 1554, pelo padre jesuíta Manuel da Nóbrega. Eram aliados dos colonizadores portugueses.[8] O pesquisador Carlos Augusto da Rocha Freire consignou que os tupiniquins ocupassem, no século XVI, terras situadas entre o atual município baiano de Camamu e o Rio São Mateus (ou Rio Cricarê), no atual estado do Espírito Santo. Foram catequizados por jesuítas em "Aldeia Nova", sofrendo com pragas endógenas (como a varíola) e exógenas (como as formigas, que lhes destruíram as plantações). Serafim Leite consignara, em História da Companhia de Jesus no Brasil, que o Acampamento dos Reis Magos era, quase todo, composto por tupiniquins.[6]

Em 1610, o padre João Martins obteve, para os nativos, uma sesmaria, mensurada somente em 1760. O principal centro desse território era a vila de Nova Almeida, que, na data de sua demarcação, contava com 3 000 habitantes. Auguste de Saint-Hilaire registra, no início do século XIX, sua existência.[6] Em meados do século XIX, o pintor François-Auguste Biard anotou sua presença em famílias dispersas, junto a imigrantes italianos.[6]

No século XX, o Serviço de Proteção aos Índios instalou, no Espírito Santo meridional, uma de suas zonas de atuação, sendo encontrados, em 1924, alguns tupiniquins.[6]

Situação atual[editar | editar código-fonte]

Sua população, em 1997, estava por volta de 1386 indivíduos. Em 2010, por volta de 2360. No passado, falavam a língua tupi litorânea, da família Tupi-Guarani, mas atualmente usam apenas o português.[6] Foram tolhidos de suas terras, o que resultou no acampamento em protesto, junto a índios guaranis do Espírito Santo, defronte ao Ministério da Justiça, reivindicando a efetivação da reserva indígena.[9]

Em 28 de agosto de 2007, o governo demarcou as terras reivindicadas pelos tupiniquins, que ficaram acampados em área usada para a plantação de eucaliptos da empresa Aracruz Celulose.[10]

Em média, o material genético dos tupiniquins do Espírito Santo é composto por 51% de DNA de origem nativa americana, 26% de origem europeia e 23% de origem africana. O primeiro grande pulso de miscigenação teve início no século XVIII, condizendo com o ciclo da mineração, a segunda aconteceu a partir de 1808, com a Transferência da corte portuguesa para o Brasil e a intensificação do tráfico de escravos. O terceiro e último pulso começou em fins do século XIX, com a Abolição da escravatura no Brasil e a crescente imigração e chegada de imigrantes europeus.[11]

Notas e referências

  1. Povos indígenas no Brasil. Disponível em http://pib.socioambiental.org/pt/povo/tupiniquim/1096. Acesso em 23 de janeiro de 2015.
  2. Povos indígenas no Brasil. Disponível em http://pib.socioambiental.org/pt/povo/tupiniquim/1095. Acesso em 23 de janeiro de 2015.
  3. SILVA, Valdemir de Almeida. Etnologia indígena: revitalização da identidade cultural e linguística Tupinikim do Espírito Santo. 2016. 145 f., il. Dissertação (Mestrado em Linguística)—Universidade de Brasília, Brasília, 2016.
  4. BUENO, E. Capitães do Brasil: a saga dos primeiros colonizadores. Rio de Janeiro. Objetiva. 1999. p. p. 60.
  5. BUENO, E. A viagem do descobrimento: a verdadeira história da expedição de Cabral. Rio de Janeiro. Objetiva. 1998. p. 91.
  6. a b c d e f g Enciclopédia de povos indígenas, acessada em 27 de janeiro de 2008
  7. NAVARRO, E. A. Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. p. 484.
  8. BUENO, E. A coroa, a cruz e a espada. Rio de Janeiro. Objetiva. 2006. p. 186.
  9. Notícial, Agência Brasil, consultada em 27 de janeiro de 2008.
  10. Notícia, Agéncia Brasil, consultada em 27 de janeiro de 2008.
  11. «Os últimos Tupiniquim | Revista Pesquisa Fapesp». revistapesquisa.fapesp.br. Consultado em 31 de janeiro de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]