Transumância – Wikipédia, a enciclopédia livre

Cavalos em transumância nos Pirenéus.

A transumância é o deslocamento sazonal de rebanhos para locais que oferecem melhores condições durante uma parte do ano. O termo é associado geralmente aos deslocamentos de gado ovino, sendo também aplicado aos deslocamentos de colmeias de um local para outro a seguir à época da floração. Por associação, a transumância pode ainda referir-se às migrações sazonais dos pastores ou de populações inteiras que se dedicam ao pastoreio que acompanham os animais transumantes.

A transumância é habitual em locais montanhosos e a sua prática é muito antiga em toda a Europa rural. Em Alpedrinha, concelho do Fundão, Portugal, há todos os anos a Festa da Transumância dos rebanhos de carneiros, com milhares de visitantes.

Tipos de transumância[editar | editar código-fonte]

Devemos distinguir dois tipos de transumância:

  • A transumância estival ou ascendente, também chamada transumância normal, que é a subida para as pastagens montanhosas de rebanhos originários da planície. Na Europa esse período vai, em geral, do começo de junho a fins de setembro.
  • A transumância invernal, transumância invertida ou descendente, que ocorre quando rebanhos de montanha fogem do rigor do inverno nos climas de altitude e descem às planícies temperadas.

Transumância no Brasil[editar | editar código-fonte]

No Brasil, embora a palavra transumância (ercolae) seja, em geral, restrita apenas a estudos científicos, a prática é muito conhecida, frequentemente associada à expressão invernada, em quase todas as regiões do país. O queijo canastra da serra homónima é um produto resultante da transumância do gado, levado ao alto da serra no período invernal, alimentando-se as vacas com os brotos do nativo capim gordura, de aroma intenso e elevada concentração proteica, dando origem a um produto sazonal de qualidade apreciada.

Transumância em Portugal[editar | editar código-fonte]

Grande Rota da Transumância, na Serra da Estrela

A transumância é uma das mais simbólicas atividades de pastoreio. Devido às neves e aos frios glaciares, sobretudo em aldeias de montanha da Serra da Estrela como o Sabugueiro, Folgosinho e Videmonte, os pastores faziam grandes caminhadas, a partir de outubro, quando caíam as primeiras neves, conduzindo os rebanhos para zonas mais quentes: Alentejo, Idanha-a-Nova, Alijó, Régua, Coimbra, Soure, Cantanhede, para regressarem na primavera, em Março-Abril, quando as neves já estavam derretidas. Nestas caminhadas, homens e animais percorriam caminhos sinuosos - as canadas - que exigiam um grande esforço e destreza[1].

Festividades relacionadas com a transumância[editar | editar código-fonte]

Em várias localidades subsistem ainda as tradições de Transumância:

  • Em Seia realiza-se a subida do gado para a Serra da Estrela em busca de melhores pastos[2]. Os primeiros rebanhos transumantes partem de Seia em direção à Serra, no início do dia; os chibos são engalanados com as peras e cabeçadas coloridas; os rebanhos passam na aldeia dos Vales (Seia) e aí fazem um ligeiro descanso; segue-se uma paragem na Póvoa Velha (Seia) para a fatiga (centeio, queijo, presunto e vinho tinto); passam na Senhora do Espinheiro, onde almoçam e seguem até ao Sabugueiro, onde as concertinas e um rancho folclórico os esperam; finalmente, chegam à câmara de carga, onde dormirão[3].
  • Romaria do rebanho no São João, na Folgosa da Madalena, Santiago, Seia;
  • Romaria das Ovelhas na freguesia de Arcozelo da Serra, Gouveia;
  • No Rosmaninhal (Idanha-a-Nova) realiza-se a transumância dos rebanhos da Serra da Estrela e das varas de porcos vindos do Alentejo;
  • Romaria à volta da capela (século XII) na Senhora da Assedasse, Folgosinho, Gouveia;
  • Romaria de Santo António dos Cabaços, Mangualde;
  • Romaria dos rebanhos no São Geraldo em São Geraldo, Covas, Tábua;
Na aldeia de Videmonte (Guarda), a Capela de Santo Antão era local de romaria das ovelhas e ponto de realização de leilão de ovelhas em honra do Santo Antão

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Fontes[editar | editar código-fonte]

  • Leonel Oliveira, ed. (1997). «Transumância». Nova Enciclopédia Larousse. 22. Lisboa: Círculo de Leitores. pp. 6766–6767. ISBN 972-42-1476-1 
  • «Transumância». www.infopedia.pt. Porto Editora. 18 de junho de 1999. Consultado em 11 de maio de 2011 
  • Soares de Sousa,A.; Oliveira, J.; Vala, H.; Monteiro, A.; Oliveira, A.; Silva, F. (18 de junho de 1999). «Colóquio: Montemuro - A última rota da transumância». www.ipv.pt. Escola Superior Agrária de Viseu; Associação Para a Defesa da Cultura Arouquense. Consultado em 11 de maio de 2011 

Referências

  1. Martinho, Alberto Trindade (2001). O Pastoreio e o Queijo Serra da Estrela - Ontem e Hoje
  2. Gazeta Rural n.º 226, 17 de junho de 2014.
  3. Martinho, Alberto Martinho 2014). O Queijo - Serra da Estrela e a Transumância, Câmara Municipal de Seia.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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