Emirado da Transjordânia – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Se procura o feudo cruzado dos séculos XI e XII, veja Senhorio da Transjordânia.


Emirado da Transjordânia
em árabe: إمارة شرق الأردن
Imārat Sharq al-Urdun

Mandato para a Palestina e memorando da Transjordânia


 

1921 – 1946

Bandeira de Transjordânia

Bandeira em uso de 1928 a 1939
Localização de Transjordânia
Localização de Transjordânia
O Mandato Britânico da Palestina, com a Transjordânia a (lavanda)
Continente Ásia
Região Médio Oriente
Capital Amã
Língua oficial Árabe
Religião Islamismo Sunita
Governo Monarquia
Emir
 • 1921-1946 Abdullah I
Diplomatas Britânicos
 • 1921 Albert Abramson
 • 1921 T. E. Lawrence
 • 1921-1924 St John Philby
 • 1924-1939 Henry Fortnam Cox
 • 1939-1946 Alec Kirkbride
Período histórico Período entreguerras
 • Março de 1921 Conferência do Cairo
 • 11 de Abril de 1921 Coroação
 • 25 de Abril de 1923 Anúncio da independência
 • 20 de Fevereiro de 1928 Tratado Anglo-Transjordano
 • 22 de Março de 1946 Elevado para reino
 • 25 de Maio de 1946 Independência total
Atualmente parte de  Jordânia
 Arábia Saudita
 Iraque

O Emirado da Transjordânia (em árabe: إمارة شرق الأردن; romaniz.:Imārat Sharq al-ʾUrdun) foi um antigo território do Império Otomano incorporado no Mandato Britânico da Palestina em 1921 na forma de uma divisão política autônoma governada por Saíde Abdullah ibne Huceine.[1] A criação do território foi formalizada com a adição, em agosto de 1922, de uma cláusula à carta que regia o Mandato para a Palestina.[2][3] Geograficamente, a Transjordânia era equivalente ao reino da Jordânia durante o período que foi de 1942 a 1965 (fronteiras um pouco diferentes das atuais), e permaneceu - ao menos nominalmente - sob os auspícios da Liga das Nações e da administração britânica até a sua independência, em 1928.[4]

Domínio otomano[editar | editar código-fonte]

Durante o domínio do Império Otomano a Transjordânia não correspondia a qualquer divisão política, cultural ou histórica anterior - embora a maior parte de seu território pertencesse ao vilaiete da Síria, e uma seção estrategicamente importante ao sul, com saída para o mar Vermelho, pertencesse às províncias de Ma'an e Ácaba, no vilaiete do Hejaz.[5] Os habitantes do norte da Jordânia foram associados tradicionalmente com a Síria, enquanto aqueles do sul do território eram mais associados à Arábia e os habitantes do oeste com os distritos administrativos a oeste do rio Jordão.

Com a criação da ferrovia do Hejaz, no entanto, o Império Otomano começou a reformular a disposição interna do território. Historicamente, a região pertenceu a diversos impérios, entre os quais o babilônico, assírio, aquemênida, macedônico (selêucida), ptolomaico, romano, bizantino, sassânida, além do otomano, e incorporou partes dos antigos reinos de Israel e Judá, Hauran, Edom, Judeia nabateia, Moabe, Canaã e o Reino de Jerusalém, dos cruzados.

Mandato britânico[editar | editar código-fonte]

A administração britânica em Jerusalém tinha autoridade apenas sobre a área a oeste do Jordão, enquanto a área a leste do rio era administrada pelo representante britânico em Ma'an, capitão Alec Kirkbride,[6] até a chegada, em novembro de 1920, de Abdullah. O Mandato para a Palestina, embora especificasse ações a serem tomadas apoiando a imigração judaica e o status político destes imigrantes, afirmava que, no território a leste do rio Jordão, a Grã-Bretanha não poderia "adiar ou prorrogar" aqueles artigos do Mandato relacionados a um Lar Nacional Judeu.[7]

Em agosto de 1922 o governo britânico apresentou um memorando à Liga das Nações afirmando que a Transjordânia seria excluída de todas as provisões relacionadas à colonização judaica; o memorando foi aprovado pela Liga no dia 12 do mesmo mês, e a partir de então o Reino Unido administrou a parte a oeste do Jordão como Palestina, e a parte a leste do rio como Transjordânia.[2] Tecnicamente ambos faziam parte do mesmo mandato, porém a maior parte dos documentos oficiais referia-se a eles como dois mandatos separados. Em maio de 1923 a Transjordânia recebeu algum grau de independência com a ascensão de Abdullah ao trono e Harry St. John Philby como seu principal representante.[8]

A Transjordânia permaneceu sob controle britânico até a conclusão do primeiro tratado anglo-jordaniano, em 1928, quando tornou-se independente nominalmente - embora a Grã-Bretanha ainda mantivesse ampla presença militar, tivesse o controle dos assuntos exteriores e mantivesse o controle financeiro sobre o reino. Isto provocou insatisfação entre os jordanianos, que realizaram uma conferência nacional em 25 de julho do mesmo ano, a primeira de seu gênero, para examinar os artigos do tratado e adotar um plano de ação política visando atingir suas exigências por um Estado totalmente soberano e independente.[4]

Independência[editar | editar código-fonte]

O emir haxemita Abdullah, filho mais velho do aliado árabe histórico dos britânicos, o xerife Huceine de Meca, subiu ao trono da Transjordânia. A Grã-Bretanha reconheceu oficialmente a Transjordânia como um Estado em 15 de maio de 1923, e gradualmente abriu mão de seu controle, limitando sua administração a assuntos relacionados à economia, às forças armadas e à política externa. A medida teve um forte impacto no sionismo revisionista, que procurava estabelecer um Estado judeu em ambas as margens do Jordão, e acabou por separar efetivamente a Transjordânia da Palestina, reduzindo assim consideravelmente a área na qual um futuro Estado judaico na região poderia ser estabelecido.[9] Em março de 1946, sob o Tratado de Londres, a Transjordânia se tornou um reino, e em 25 de maio do mesmo ano o seu parlamento proclamou o emir um rei, mudando oficialmente o nome do país de Emirado da Transjordânia para Reino Haxemita da Transjordânia. Após capturar a região da 'Margem Ocidental' da Cisjordânia durante a guerra de 1948-49 contra Israel, Abdullah assumiu o título de Rei da Jordânia, e mudou oficialmente o nome do país para Reino Haxemita da Jordânia em abril de 1949. No ano seguinte anexou totalmente a Cisjordânia.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Wasserstein, Bernard. 2004, pp. 105-106
  2. a b 12 de agosto de 1922 Arquivado em 23 de maio de 2008, no Wayback Machine. - A Grã-Bretanha recebe o Mandato da Liga das Nações para administrar a Palestina.
  3. Ilan Pappe (2004). A History of Modern Palestine: One Land, Two Peoples. [S.l.]: Cambridge University Press. p. 84. ISBN 0521556325 
  4. a b Avi Shlaim, Lion of Jordan (2007) p 17.
  5. Avi Shlaim (2007) p 16.
  6. Shlaim, Avi (2007) p 11
  7. 10th August 1922 Arquivado em 21 de dezembro de 2008, no Wayback Machine.:- Order of Palestine created by the Government of His Britannic Majesty, whereas the Principal Allied Powers have also agreed that the Mandatory should be responsible for putting into effect the declaration originally made on November 2, 1917, (Balfour Declaration). Where article 86 of the Palestine Order In Council 1922 Shall Not Apply To Such Parts Of The Territory Comprised In Palestine To The East Of The Jordan And The Dead Sea As Shall Be Defined By Order Of The High Commissioner. Subject To The Provisions Of Article 25 Of The Mandate, The High Commissioner May Make Such Provision For The Administration Of Any Territories So Defined As Aforesaid As With The Approval Of The Secretary Of State May be prescribed. The Palestine Order of Council 1922 duly received Royal assent and Given at Our Court at Saint James's this Fourteenth day of August, 1922, in the Thirteenth Year of Our Reign.
  8. Shlaim, Avi. (2007) p 14.
  9. Wasserstein, 2004; The Making of Transjordan

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Wasserstein, Bernard (2004). Israel and Palestine: Why They Fight and Can They Stop?. Profile Books. ISBN 1861975341

Ligações externas[editar | editar código-fonte]