Timoja – Wikipédia, a enciclopédia livre

Timoja
Nascimento Goa
Morte Vijayanagara
Ocupação corsário
Causa da morte veneno

Timoja (também conhecido como Timoji ou Timayya) foi um corsário hindu ao serviço do Império Vijayanagara (então denominado Reino de Bisnaga) e dos portugueses na primeira década do século XVI. Reclamando ter nascido em Goa e ter fugido a cidade após esta ser conquistada por Hidalcão, o sultão de Bijapur em 1496.

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Desde o século XIV que o Decão tinha sido dividido em duas entidades antagonistas: de um lado o sultanato de Bahmani e no outro os rajás hindus mobilizados em torno do Império Vijayanagara. As guerras contínuas exigiam frequentes abastecimentos de cavalos, importados através das rotas marítimas da Pérsia e Arábia. Este comércio estava sujeito a frequentes assaltos por numerosos bandos de piratas emboscados nas costas ocidentais da Índia. Timoji actuava como corsário (assaltando os comerciantes de cavalos, que entregava ao rajá de Honavar) e como pirata, atacando as frotas de mercadores de Kerala (Cochim) que negociavam pimenta com Guzerate. Timoja actuava ao largo da Ilha de Angediva tendo dois mil mercenários às suas ordens e pelo menos catorze navios.

Relações com os portugueses[editar | editar código-fonte]

Timoja encontrou-se com a frota de Vasco da Gama ao largo de Anjediva em 1498, mas o almirante português, suspeitando que fosse um espião, recusou os seus avanços. Em 1505 Timoja atraiu o Vice-Rei Francisco de Almeida a um estuário e, após tê-lo feito esperar três dias, surgiu na sua frente ricamente vestido oferecendo os seus serviços e homenagem. Em 1507 Timoji avisou o Vice-Rei da preparação do cerco de Cananor por forças de Calecute e abasteceu a fortaleza durante o cerco. No fim de 1507, quando uma frota mameluca sob comando de Mirocém (nome em português de Amir Huceine Alcurdi) se juntou às forças de Calecute, tornou-se o principal informador de Francisco de Almeida. Pouco depois da Batalha de Diu, Timoji encontrou o imperador de Vijayanagara, Krishnadevaraya oferecendo-lhe um rico tributo. Este solicitou aos portugueses a conquista de Goa, o principal porto no comércio de cavalos. A cidade havia sido conquistada a Vijayanagar pelos sultões bamanis em 1469, e passara para Bijapur. No final de 1509, o que restava da frota mameluca derrotada na batalha de Diu aí se abrigara.

Após o conquista de Goa, Timoji foi encarregado do comando das tropas indianas fieis aos portugueses. Contudo, depressa foi afastado desta missão pela sua recusa em seguir ordens. O comando das tropas indianas foi entregue a um pretendente do trono de Honavar e Timoji retornou à pirataria. Foi feito prisioneiro quando realizava uma incursão e morreu de envenenamento por ópio pouco depois de ser transportado para a capital de Vijayanagar.

Referências[editar | editar código-fonte]

  • Geneviéve Bouchon, "Inde découverte, Inde retrouvée (1498-1630) Études d'histoire indo-portugaise" ISBN 972-8462-07-7
  • Bailey, Diffie, "Foundations of the Portuguese Empire, 1415–1580",p.250-251, University of Minnesota Press, 1977, ISBN 0816607826 [1]
  • Bhagamandala Seetharama Shastry, Charles J. Borges, "Goa-Kanara Portuguese relations, 1498-1763" p. 34-36
  • Charles Ralph, "The Portuguese Seaborne Empire 1415–1825", p.47, Hutchinson 1969, ISBN 0091310717 [2]