Miracoli e Peccati di Santa Tieta d'Agreste – Wikipédia, a enciclopédia livre

Miracoli e Peccati di Santa Tieta d'Agreste
 FrançaAlemanha Alemanha Ocidental Espanha Brasil Itália
1982 •  cor •  127 min 
Género drama
Direção Lina Wertmüller
Codireção Jayme Monjardim Matarazzo
Produção Alfredo Bini
Renzo Rosselini
Coprodução Alex Cinematográfica
Roteiro Suso Cecchi d'Amico[1]
Lina Wertmüller
Jorge Amado (supervisão)
Elenco Sophia Loren
Marília Pera
Cláudia Ohana
Yves Montand
Grande Otelo
Ugo Tognazzi
José Ferrer
Fernando Ramos da Silva
Música Caetano Veloso
Luiz Caldas
Gal Costa
Companhia(s) produtora(s) França Gaumont
Itália RAI — Radio e Televizione Italiana
Lançamento 1983 (cancelado)
Idioma português
italiano
francês
inglês

Tieta ou Tieta do Agreste (em italiano Miracoli e Peccati di Santa Tieta D’Agreste) seria um filme ítalo-franco-teuto-hispano-brasileiro[2] de 1982, dirigido pela cineasta italiana Lina Wertmüller[3], que foi assessora de Federico Fellini em Otto e Mezzo (1963) e A Doce Vida (1960)[4] e ficou conhecida no cinema italiano por seus filmes que criticam a situação da classe operária com sátira e crítica social.

A consagrada diretora Lina Wertmüller foi quem primeiro adquiriu os direitos para o cinema de Tieta do Agreste, logo após a sua publicação na Itália, em 1982. Amiga íntima de Jorge Amado, Lina convidou Sophia Loren para estrelar o filme. Tendo Cláudia Ohana no papel da protagonista jovem, algumas cenas chegaram a ser gravadas na Bahia, mas o projeto terminou abandonado. Curiosamente, Cláudia retomaria a personagem (Tieta jovem) alguns anos mais tarde, na telenovela global.

As locações foram realizadas na Itália, em Salvador e Mangue Seco (Bahia), Manaus (Amazonas), Brasília (Distrito Federal), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro) e São Paulo (São Paulo). A obra foi abandonada por motivos financeiros, mais precisamente pela falência do Banco Ambrosiano, que iria financiar o projeto.

Sinopse[editar | editar código-fonte]

A obra cinematográfica seria baseada no livro Tieta do Agreste, escrito por Jorge Amado, um dos maiores escritores brasileiros, ganhador do Prêmio Camões e indicado ao Prêmio Nobel de Literatura[5].

Tieta é uma mulher que segue uma vida bucólica no Nordeste Brasileiro como pastora de cabras. Ela vai para um grande centro urbano, trabalhar em um bordel, quando conhece um homem que a transforma em uma cortesã de alta classe, compra o bordel e atende a ricos empresários e políticos influentes. Tieta acaba ajudando sua família enviando seguidamente dinheiro para seus parentes, que estão envolvidos em uma disputa de condomínios no interior do Brasil.

A cidade está dividida quanto a localização de uma fábrica de produtos químicos, mas a influência de Tieta acaba por achar uma solução para o problema.

Elenco[editar | editar código-fonte]

Produção[editar | editar código-fonte]

Amiga de muitos anos do escritor Jorge Amado, Lina Wertmüller veio várias vezes ao Brasil para concluir o roteiro de sua obra, que teria as atrizes Sophia Loren e Cláudia Ohana nos papéis principais[2]. Várias cenas da obra já haviam sido rodadas no Brasil e na Itália, mas acabaram encerradas com a falência do Banco Ambrosiano (que custearia o trabalho), quando Wertmüller havia recém concluído o roteiro, que foi muito elogiado pelo escritor baiano[7], que acreditava no potencial artístico da diretora. O filme seria produzido por Alfredo Bini, mas com sua desistência acabou assumindo a produção Renzo Rosselini da produtora francesa Gaumont e filho de Roberto Rosselini[8]. A codireção ficou com Jayme Monjardim Matarazzo, hoje famoso pelas telenovelas globais. As filmagens foram suspensas em 13 de setembro de 1982, com a desistência de Sophia Loren, que se mostrara interessada no projeto. Além do filme, era prevista uma série televisiva que seria transmitida na Europa.

No Jornal do Brasil, em julho de 1982, Zózimo Barroso do Amaral falou sobre o filme: "Ambientado na Bahia, filmado em Roma, interpretado por italianos, dirigido pela diretora suíça Lina Wertmüller, e falado em português, Tieta prometia transformar-se no mais novo caso de filme do crioulo doido[9]". Ugo Tognazzi iria em setembro a Salvador para as filmagens finais da obra, porém uma série de dificuldades atravancaram o andamento do projeto.

A vontade da diretora de rodar esta obra acabou sepultada com a versão cinematográfica de Cacá Diegues, de 1996, que contou com Sônia Braga no papel antes destinado a Sophia Loren[10]. O projeto acabou abandonado com as cenas rodadas na Itália com Cláudia Ohana, que mais tarde iria interpretar o mesmo papel na telenovela homônima[11]. Marília Pêra, que interpretaria a personagem Perpétua, acabou assumindo o mesmo papel no filme brasileiro dirigido por Diegues. Yves Montand, ator e cantor francês, amigo de Jorge Amado, iria participar em um papel coadjuvante em Tieta[12].

Em entrevista, Cláudia Ohana disse que as filmagens ocorriam muito bem, até que Sophia Loren foi condenada por sonegação tributária e evasão de divisas, juntamente com seu marido, o produtor cinematográfico Carlo Ponti, acabando por se refugiarem na Suíça (naturalizando-se lá)[13], fugindo da Itália.

Com o fim desta produção, Ohana estrelou o filme Erêndira (1983) do diretor de cinema luso-moçambicano radicado no Brasil Ruy Guerra (que na época era seu marido), baseado no Prêmio Nobel de Literatura Gabriel García Márquez, juntamente com Michael Lonsdale e Irene Papas[14]. A obra foi indicada a Palma de Ouro no Festival de Cannes e ajudou a abrir a carreira da atriz internacionalmente. Também em 1983, Bruno Barreto dirigiu uma produção internacional de Gabriela, com Marcello Mastroianni e Sônia Braga.

Referências

  1. «Exibição dos Registros». CTAC. 13 de novembro de 1981. Consultado em 21 de agosto de 2014 
  2. a b «Filmografia - Tieta do Agreste». Cinemateca Brasileira. Consultado em 21 de julho de 2014 
  3. «Jorge Amado». Tiro de Letra. Consultado em 21 de julho de 2014 
  4. «A cineasta que quase filmou Sophia Loren como Tieta». Carta Maior. 17 de março de 2006. Consultado em 21 de julho de 2014 
  5. «O Prêmio Nobel - Antonio Olinto». Academia Brasileira de Letras. 14 de outubro de 2008. Consultado em 23 de julho de 2014 
  6. «Vissi d'arte - Marília Pera e Flávio de Souza». Google Books. 1 de janeiro de 1999. Consultado em 31 de julho de 2014 
  7. «Sophia Loren estrela novo filme de Lina Wertmüller». O Estado de S. Paulo. 6 de agosto de 2003. Consultado em 21 de julho de 2014 
  8. «Renzo Rossellini - IMDb». IMDB. Consultado em 23 de julho de 2014 
  9. «Estrela de Hollywood vai atuar ao lado de Christopher Walken em nova produção». Jornal Coletivo. 8 de julho de 2011. Consultado em 31 de julho de 2014. Arquivado do original em 8 de agosto de 2014 
  10. «Sophia Loren to star Wertmuller's Tieta». The New York Times. 22 de junho de 1982. Consultado em 20 de julho de 2014 
  11. «Cláudia Ohana: "Quero que gostem de mim, sou carente"». Último Segundo - IG. 30 de março de 2012. Consultado em 23 de julho de 2014 
  12. «Napoleão - Simplicidade de Jorge Amado encantou intelectuais franceses». Portal de Notícias - Agenda Senado. 7 de agosto de 2001. Consultado em 31 de julho de 2014 
  13. «Cláudia Ohana». IstoÉ Gente - Terra. Consultado em 24 de julho de 2014 
  14. «Livros melhores que filmes». Educar para Crescer. 28 de abril de 2014. Consultado em 23 de julho de 2014. Arquivado do original em 17 de julho de 2014 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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