Tibério (filho de Constante II) – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Para outros imperadores de mesmo nome, veja Tibério (desambiguação).
Tibério
Coimperador bizantino
Tibério (filho de Constante II)
Reverso de um soldo de Constantino IV, descrevendo Tibério (direita) e seu irmão Heráclio (esquerda).
Reinado 659-681 (com Constante II, Constantino IV e Heráclio)
Antecessor(a) Constante II
Sucessor(a) Constantino IV
Nascimento século VII
Morte século VII
Dinastia heracliana
Pai Constante II
Mãe Fausta
Religião Cristianismo

Tibério (em grego medieval: Τιβέριος; romaniz.:Tibérios; em latim: Tiberius) foi um coimperador bizantino de 659 a 681. Era filho de Constante II e Fausta e foi elevado em 659, antes de seu pai partir à Itália. Após a morte de Constante, o irmão de Tibério, Constantino IV, ascendeu como imperador sênior. Constantino tentou remover seus coimperadores Tibério e Heráclio, provocando a revolta militar em 681. Ele debelou a revolta ao prometer aceitar as exigências rebeldes, enviando-os para casa, mas trazendo seus líderes para Constantinopla. Uma vez lá, Constantino executou-os, prendeu Tibério e Heráclio e mutilou-o. Eles então somem do registro histórico.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Soldo de Justiniano II datável de seu primeiro reinado (r. 685–695)

Era o filho mais novo de Constante II (r. 641–668). Sua mãe era Fausta, filha do patrício Valentino.[1] Apesar de seu irmão mais velho, Constantino IV (r. 668–685), ter sido elevado à condição de coimperador em 654,[2] cinco anos depois, antes da partida de Constante à Itália, Tibério e outro irmão mais velho, Heráclio, também foram. Em 663, Constante tentou fazer com que os filhos se juntassem a ele em sua nova residência em Siracusa, na Sicília, o que provocou uma revolta popular em Constantinopla que terminou fazendo com que os meninos ficassem na capital;[3] ela foi encabeçada por Teodoro de Coloneia e André.[4]

Com a morte de Constante II em 668, Constantino IV se tornou imperador sênior. Tentou demover seus irmãos pouco antes do Sexto Concílio Ecumênico (681), causando uma revolta militar no Tema Anatólico.[5] O exército marchou até Crisópolis e enviou delegação através do Helesponto até a capital exigindo que continuassem como coimperadores junto de Constantino.[6] Os militares basearam sua demanda na crença que, como o céu seria governado pela Trindade, o império deveria ser, do mesmo modo, governado por três imperadores.[5] Eles estavam sob liderança de Leão.[4]

Confrontado pela situação, Constantino manteve-se vigilante em relação aos irmãos e enviou um emissário de confiança, o capitão de Coloneia Teodoro, com a delicada tarefa de elogiar os soldados por sua devoção e concordar com suas propostas, tudo com o objetivo de persuadi-los a voltar aos seus acampamentos na Anatólia. Teodoro também convidou os líderes da revolta até Constantinopla para se consultarem com o senado para ver se era possível confirmar seus desejos. Contente com o aparente final feliz, o exército partiu de volta ao interior da Anatólia e os líderes do movimento ficaram na cidade.[7] Sem a ameaça das tropas, Constantino se aproveitou para atacá-los, capturando-os e enforcando-os em Sícas.[8]

Apesar dessa turbulência, Heráclio e Tibério participaram no concílio de 681, como sua abertura em nome dos 3 imperadores indica.[4] Em algum momento entre 16 de setembro e 21 de dezembro de 681, Constantino ordena a mutilação dos irmãos, cortando-lhes o nariz e ordenando que suas imagens não mais fossem estampadas nas moedas e documentos imperiais.[9] Depois, Tibério e o irmão desaparecem do registro histórico.[10] Pensa-se que tais medidas tinham como finalidade assegurar a sucessão de seu filho, o futuro Justiniano II.[11]

Referências

  1. Kazhdan 1991, p. 496.
  2. Kazhdan 1991, p. 500.
  3. Winkelmann 2001, p. 47-48.
  4. a b c Lilie 2013.
  5. a b Moore 1997.
  6. Bury 1889, p. 308.
  7. Bury 1889, p. 309.
  8. Stratos 1980, p. 139.
  9. Grierson 1968, p. 513.
  10. Haldon 2016, p. 43–45.
  11. Hoyland 2012, p. 173-174.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Bury, John Bagnell (1889). A History of the Later Roman Empire from Arcadius to Irene. 2. Londres: MacMillan & Co. ISBN 1-60520-405-6 
  • Grierson, Peter; Bellinger, Alfred Raymond (1968). Catalogue of the Byzantine Coins in the Dumbarton Oaks Collection, Vol. II, Part 2. Washington: Dumbarton Oaks. ISBN 088402024X 
  • Haldon, John (2016). The Empire That Would Not Die. Cambrígia: Harvard University Press. ISBN 9780674088771 
  • Hoyland, Robert (2012). Theophilus of Edessa's Chronicle and the Circulation of Historical Knowledge in Late Antiquity and Early Islam. Liverpool: Liverpool University Press 
  • Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8 
  • Lilie, Ralph-Johannes; Ludwig, Claudia; Zielke, Beate et al. (2013). «#8484/corr. Tiberios». Prosopographie der mittelbyzantinischen Zeit Online. Berlim-Brandenburgische Akademie der Wissenschaften: Nach Vorarbeiten F. Winkelmanns erstellt 
  • Winkelmann, Friedhelm; Ralph-Johannes Lilie; Claudia Ludwig; Thomas Pratsch; Ilse Rochow; Beate Zielke (2001). Prosopographie der mittelbyzantinischen Zeit: I. Abteilung (641–867) - 5. Band: Theophylaktos (#8346) – az-Zubair (#8675), Anonymi (#10001–12149). Berlim e Nova Iorque: Walter de Gruyter. ISBN 978-3-11-016675-0