Tempo da Septuagésima – Wikipédia, a enciclopédia livre

Tempo da Septuagésima (em latim: Septuagesimus) é um tempo litúrgico cristão de preparação remota para a Páscoa. Informalmente chamado tempo de Carnaval, sucede ao tempo litúrgico de Natal e precede a Quaresma. Nesse tempo, a liturgia apresenta a criação, elevação e queda do homem[1]. Este tempo começa com o domingo da Septuagésima (o nono domingo antes da Páscoa, e o terceiro antes de quarta-feira de Cinzas), abrange os domingos da Sexagésima e da Quinquagésima e vai até a quarta-feira de Cinzas - primeiro dia da Quaresma[2][3][4].

O Tempo da Septuagésima surge a partir da Quaresma, quando eram quarenta dias de rigoroso jejum, em preparação à Páscoa, não contados os domingos. Dado que em algumas igrejas do Oriente não se jejuava também nos sábados da Quaresma, para supri-los incluíam na Quaresma o domingo da Quinquagésima. Outras igrejas já não jejuavam também nas quintas-feiras, além dos domingos e sábados; então, para supri-los, acrescentou-se a Sexagésima. Ocorreu também que algumas igrejas também não contavam a Semana Santa como parte da Quaresma e, por conseguinte, inseriu-se o Domingo da Septuagésima[1].

O uso oriental influenciou alguns mosteiros do Ocidente, passando em seguida a vigorar em algumas províncias eclesiásticas. Na segunda metade do século V, Roma começou a praticar o jejum nas quartas e sextas-feiras da semana da quinquagésima. Depois, o Papa Hormisda, no século VI, estendeu o jejum a todos os dias da referida semana. A seguir, após alguns anos, introduziu-se a sexagésima, como breve período de jejum atenuado[1].

A celebração do tempo septuagesimal foi adotada em Roma, nos fins do século VI, dado que o sacramentário gelasiano é o primeiro documento que menciona os domingos da septuagésima, sexagésima e quinquagésima[5].

A prática de celebrar-se o Tempo da Septuagésima foi suprimida do rito romano da Igreja Católica, a partir da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II[6][7], que o integrou ao Tempo Comum que se segue à Epifania. Essa prática está mantida na celebração da Missa com o Missal Romano de 1962. O rito bizantino também prevê os domingos pré-quaresmais[8].

O Tempo da Septuagésima está ainda presente nos calendários litúrgicos luterano[9] e anglicano[10].e Igreja Católica Brasileira.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c Missal Romano cotidiano (em latim e português). São Paulo: Paulinas. 1959. 1272 páginas 
  2. Aldazábal, José. «Quinquagésima». Dicionário Elementar de Liturgia. Consultado em 14 de fevereiro de 2013. Arquivado do original em 30 de maio de 2013 
  3. VIEIRA, Antônio (1656). «Sermão de Dia de Ramos». Consultado em 28 de fevereiro de 2013 
  4. Paolo VI (14 de fevereiro de 1965). «Santa Messa nella Domenica di Settuagesima» (em italiano). Consultado em 28 de fevereiro de 2013 
  5. Rower, Basílio (1947). Dicionário litúrgico. Rio de Janeiro: Vozes. p. 212. 236 páginas 
  6. Pio XII (20 de novembro de 1947). «Mediator Dei». Consultado em 28 de fevereiro de 2013 
  7. Concílio Ecumênico Vaticano II (4 de dezembro de 1963). «Sacrosanctum Concilium (Constituição conciliar sobre a sagrada liturgia)». Consultado em 28 de fevereiro de 2013 
  8. NIN, Manuel (27 de fevereiro de 2011). «Le domeniche prequaresimali nella tradizione bizantina» (em italiano). L’Osservatore Romano. Consultado em 28 de fevereiro de 2013 
  9. «Church Year: Sundays and Seasons» (em inglês). The Lutheran Church—Missouri Synod. Consultado em 28 de fevereiro de 2013 
  10. «Septuagesima - Sexagesima - Quinquagesima» (em inglês). Lectionary Central. Consultado em 28 de fevereiro de 2013