Teixeira de Melo – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Se procura o político português Eurico Silva Teixeira de Melo, veja Eurico de Melo.
Teixeira de Melo Academia Brasileira de Letras
Nascimento 28 de agosto de 1833
Campos dos Goytacazes
Morte 10 de abril de 1907 (73 anos)
Rio de Janeiro
Nacionalidade brasileiro
Cidadania Brasil
Ocupação médico, jornalista, historiador, poeta
Empregador(a) Biblioteca Nacional do Brasil
Escola/tradição romantismo/realismo

José Alexandre Teixeira de Melo (Campos dos Goytacazes, 28 de agosto de 1833Rio de Janeiro, 10 de abril de 1907) foi um médico, jornalista e escritor brasileiro.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filho homônimo de José Alexandre Teixeira de Melo e de Eugênia Maria da Conceição Torres, fez o curso de "humanidades" no Seminário São José. Ingressou na Faculdade, ocasião em que participou de grupos literários e escreveu "Sombras e Sonho" (publicado em 1858). Formou-se em medicina em 1859, mudando-se então para a cidade natal onde clinicou e começou a escrever para jornais, assinando os artigos com o pseudônimo de Anôdino.

Em 1875 volta ao Rio de Janeiro, transferindo-se para a então capital do Império. No ano seguinte foi nomeado para chefiar a Seção de Manuscritos, da Biblioteca Nacional, depois para a Seção de Impressos e, em 1895, tornando-se-lhe o Diretor, cargo que ocupou até sua aposentadoria, em 1900.

Além dos jornais, publicou nos "Anais da Biblioteca Nacional", na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (do qual era membro) e na Gazeta Literária.

Homenagens[editar | editar código-fonte]

É nome de rua no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Recife.

Historiografia[editar | editar código-fonte]

Considerado um pesquisador meticuloso, parte de sua produção literária foi voltada para este tema. Suas pesquisas nos documentos sob sua guarda serviram de apoio e prova para os embates territoriais enfrentados pelo Brasil junto a seus vizinhos, nas defesas dos interesses pátrios feitas por Joaquim Nabuco e o Barão de Rio Branco.

Dentre esta produção técnica destacam-se "Efemérides Nacionais" e "Limites do Brasil com a Confederação Argentina".

Poesia[editar | editar código-fonte]

Pertencia ao romantismo. Como poeta, Teixeira de Melo pertenceu à geração romântica de Casimiro de Abreu, Luís Delfino e Luís Guimarães. No prefácio às suas Poesias (1914), Sílvio Romero o qualifica como "um lirista de primeira ordem no Brasil", que se distingue por "certa singularidade, certa elevação graciosa e delicada das frases", além da completa correção da língua e da forma métrica, características que o tornam um precursor do Parnasianismo.

Crítica[editar | editar código-fonte]

José Veríssimo, no seu "História da Literatura Brasileira", considera Teixeira de Melo dentre os "Poetas Menores" do romantismo[1] (domínio público):

"Afora estes, poetaram, por esse tempo, com ou sem livros publicados, Francisco Otaviano de Almeida Rosa (1825-1889), José Bonifácio de Andrada e Silva (1827-1886), Aureliano José Lessa (1828-1861), Bernardo Joaquim da Silva Guimarães (1827-1884), José Alexandre Teixeira de Melo (1833-1907), José Joaquim Cândido de Macedo Júnior (1842-1860) e outros de menor merecimento e reputação."

O crítico prossegue, tratando especificamente do autor (id., ib.):

"Sem lhes ter a fama, valem acaso mais para a história da nossa literatura Teixeira de Melo, Aureliano Lessa e principalmente Bernardo Guimarães. Teixeira de Melo, cujas Sombras e sonhos precederam as Primaveras de Casimiro de Abreu, e que era um quase conterrâneo do poeta da alma triste, era também, como ele, de seu natural melancólico. A sua tristeza nativa e o seu estro sofreram a influência de Gonçalves Dias, mas por sua vez o seu lirismo não deixou de influir no de Casimiro de Abreu, em que se encontram imagens e expressões de poemas das Sombras e sonhos, e que epigrafou com versos destes poemas as suas Primaveras. Mas Teixeira de Melo, com desenganados queixumes métricos da vida, cedo abandonou a poesia e burocraticamente, fazendo bibliografia e erudição, viveu septuagenário. Como poeta, além de ser um legítimo e estimável representante da poética da sua geração, foi um dos mais corretos versificadores dela, devendo-lhe a arte do verso aqui as melhorias de um alexandrino mais perfeito do que antes dele se fizera e de nas estrofes de quatro versos rimá-los sempre alternadamente, o que antes só excepcionalmente se fazia."

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Publicou, pelos "Anais da Biblioteca Nacional" muitas biografias e estudos, como as de Cláudio Manoel da Costa, Laurindo Rabelo e José de Alencar. Seus livros foram:

  • Sombras e Sonhos, poesia (1858);
  • Miosótis, poesia (1877);
  • Efemérides Nacionais, 3 vols. (1881);
  • Campos dos Goitacases, memórias (1886);
  • Limites do Brasil com a Confederação Argentina, relatório (1882);
  • Poesias, com prefácio de Sílvio Romero (1914).

Academia Brasileira de Letras[editar | editar código-fonte]

Foi o fundador da cadeira 6 da Academia, que tem por patrono Casimiro de Abreu, a quem nomeou homenageando o poeta, de quem fora amigo.

Seu sucessor, como regista Afrânio Peixoto, não procedeu ao elogio do precedente: “No discurso de posse, Artur Jaceguai deixou de fazer o elogio do antecessor, Teixeira de Melo, alegando "não haver conhecido o homem nem a sua obra"”. Isso seria motivado por ciúme, segundo Goulart de Andrade, por o historiador não haver citado o nome de Jaceguai ao narrar o episódio da Batalha de Humaitá, na Guerra do Paraguai.

Referências

  1. José Veríssimo. «História da Literatura Brasileira». Portal São Francisco. Consultado em 4 de março de 2010. Arquivado do original em 7 de junho de 2009 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


Precedido por
Casimiro de Abreu
(patrono)
ABL - fundador da cadeira 6
1897 — 1907
Sucedido por
Artur Jaceguai

Precedido por
Raul Pompeia
Diretor da Biblioteca Nacional do Brasil
1895 — 1900
Sucedido por
Peregrino da Silva