Taça D. Carlos I – Wikipédia, a enciclopédia livre

Taça D. Carlos I
Data 2 de março de 1894
Local Campo Alegre, Porto
Árbitro Eduardo Ferreira Pinto Basto Junior
Público 3000

A Taça D. Carlos I, também chamada Cup d'El-Rei, foi um torneio amigável realizado apenas uma vez entre o Foot-Ball Club do Porto, o então Futebol Clube do Porto, e o Club Lisbonense em 1894, tendo sido o primeiro encontro entre Lisboa e Porto. Porém, há fontes que dizem que o jogo foi realizado por uma equipa de Lisboa, formada por jogadores do Club Lisbonense, do Carcavelos Club e do Braço de Prata, e uma equipa do Porto formada por jogadores do Oporto Cricket Club.[1]

A partida foi programada pelo então presidente do FC Porto, António Nicolau d'Almeida, e por Guilherme Pinto Basto, tendo este último conseguido a presença do Rei, e cuja intenção era que a partida fosse disputada em 2 de novembro de 1893. No entanto, o presidente da equipa adversária alegou pouco tempo hábil para uma adequada preparação, de modo que o confronto aconteceu quatro meses depois.

A prova, que revelou-se um evento muito especial na época devido à participação e patrocínio do rei D. Carlos I, foi realizada no dia 2 de março no Campo Alegre, no Porto, tendo o Club Lisbonense marcado o único golo da partida que lhe garantiu o troféu no seu palmarés. Para além do rei, a rainha e os príncipes também estiveram presentes. O jogo ganhou destaque fora de Portugal e até foi relatado na famosa revista inglesa Illustrated Sporting & Dramatic News.

Convite[editar | editar código-fonte]

Fotografia do convite do FC Porto.

A 25 de outubro de 1893, António Nicolau d'Almeida, o então presidente do FC Porto, convida o Club Lisbonense para uma partida de futebol, prevista para o dia 2 de novembro do mesmo ano. É o Diário Ilustrado, um jornal lisboeta, quem noticia o convite, estampado na página 3 da edição de 29 de outubro de 1893, e até a resposta do presidente da equipa adversária, Guilherme Pinto Basto. O mesmo aceita entretanto o convite, mas não no dia previsto, pois segundo ele, não seria possível "reunir, escolher o grupo e dispor a partida em tão curto espaço de tempo". 2 de março de 1894 foi o dia escolhido.[2]

Pré-jogo[editar | editar código-fonte]

O presidente Pinto Basto consegue ainda convencer o rei D. Carlos I a patrocinar o jogo. A taça, oferecida pelo rei, de prata maciça executada pelo joalheiro da casa real,[2] denominou-se "Taça D. Carlos I", ou ainda "Cup d'El-Rei", e tinha uma inscrição que dizia "Football Championship das Cidades de Portugal", assentada na ideia da competição ser realizada anualmente por equipas de todos os cantos do país.[3] O envolvimento do rei provocou tal impacto que até foi relatada na famosa revista inglesa Illustrated Sporting & Dramatic News.[4] O rei ainda exigiu que a partida fosse incluída no programa oficial das festas comemorativas do Centenário Henriquino, organizadas no Porto, à memória do Infante.[2]

A equipa de Lisboa seguiu então para a cidade do norte de comboio, viagem essa que durou catorze horas.[2]

Partida[editar | editar código-fonte]

Três horas após o desembarque, em Campanhã, realizou-se o tal match, marcado para as três da tarde. Porém, a partida apenas começou um quarto de hora depois. D. Carlos, sua esposa, a rainha D. Amélia, e os príncipes só chegaram quase no fim da partida, o que levou a prolongar a partida por mais dez minutos, a pedido da rainha.[2] A partida foi jogada na cidade do Porto, no Campo Alegre, também denominada por Campo dos Ingleses, propriedade do Oporto Cricket and Lawn-Tennis Club. O Club Lisbonense acabou o primeiro encontro entre Lisboa e Porto na frente, vencendo a equipa portuense por 1–0. Desconhece-se o marcador da partida. Segundo o Diário Ilustrado, os postes das balizas não se encontravam à distância legal um do outro e a trave não estava à devida altura.[2]

Detalhes[editar | editar código-fonte]

2 de março de 1894 Club Lisbonense 1–0 FC Porto Campo Alegre, Porto

Ficha do jogo Árbitro: Eduardo Ferreira Pinto Basto Junior
G Guilherme Pinto Basto Capitão
D M. Keating
D R. Locke
M C.D. Rankin
M Clyde de Barley
M Arthur Paiva Raposo
A F. Palmers
A Carlos Villar
A J. Pittuck
A Affonso Villar
A J. Thompson
G MacGeock
D F. Guimarães
D A. Nugent
M A. Dagge
M MacMilan
M Albert Kendall
A F. Hugh Ponsonby Capitão
A Adolfo Ramos
A MacKechnie
A R. Ray
A Alfred Kendall
Presentes[1]
Requisitos
  • Pelo menos seis jogadores de cada equipa tinham que ser portugueses. Os restantes cinco estrangeiros teriam de viver em Portugal há mais de três meses.[2]

Referências

  1. a b «História do Club Internacional de Foot-Ball». CIF. Consultado em 31 de agosto de 2013. Arquivado do original em 21 de outubro de 2013 
  2. a b c d e f g António Simões. «FC Porto de 1893 perdeu Taça de D. Carlos com balizas ilegais...». A Bola. Consultado em 30 de agosto de 2013. Arquivado do original em 3 de novembro de 2013 
  3. Andarilho (1 de março de 2020). «Primeiro troféu português de futebol foi há 126 anos». Andarilho. Consultado em 3 de agosto de 2023 
  4. Tovar, Rui Miguel (2011). Almanaque do FC Porto 1893–2011 1 ed. Lisboa: Caderno. p. 10. ISBN 9789892315430