Sujeito – Wikipédia, a enciclopédia livre

 Nota: Este artigo é sobre o conceito gramatical. Para o conceito filosófico, veja Sujeito (filosofia).

Em análise sintática, o sujeito é um dos termos essenciais da oração, geralmente responsável por realizar ou sofrer uma ação ou estado. Ele é o termo com qual o verbo concorda.[1] Na língua portuguesa, o sujeito guia a terminação verbal em número e pessoa e é marcado pelo caso reto quando são usados os pronomes pessoais. As regras de regência do sujeito sobre o verbo são denominadas concordância verbal. Na frase, "Nós vamos ao teatro", "vamos" é uma forma do verbo "ir" da primeira pessoa do plural que concorda com o sujeito "nós".[1]

Para os verbos que denotam ação, frequentemente o sujeito da voz ativa é o constituinte da oração que designa o ser que pratica a ação e o da voz passiva é o que sofre suas consequências. Sob outra tradição, o sujeito (psicológico) é o constituinte do qual se diz alguma coisa. Segundo Bechara, "É o termo da oração que indica a pessoa ou a coisa de que afirmamos ou negamos uma ação ou qualidade".[1]

Classificação[editar | editar código-fonte]

O sujeito pode ser classificado em simples, composto, indeterminado, desinencial ou oculto, oracional e inexistente.[2] Neste último caso, temos o que se convencionou chamar de oração sem sujeito.

Sujeito simples[editar | editar código-fonte]

É o sujeito que apresenta apenas um elemento, substantivo ou pronome.[2] Aumentar o número de características a ele atribuídas não o torna composto. Exemplos de sujeito simples (o sujeito está em negrito):

Obs.: o verbo concorda com o sujeito, seja ele anteposto ou posposto.

Maria é uma garota bonita.
A pequena criança parecia feliz com seu novo brinquedo.

Sujeito composto[editar | editar código-fonte]

É aquele que apresenta mais de um núcleo substantivo.[2]

Ana e Rute fizeram compras no sábado.
Mateus e o amigo Bruno saíram para almoçar.

O sujeito também pode vir depois do verbo:

Saíram Bruno e Mateus.
Saiu Bruno e Mateus

Obs.: Note que, no segundo caso, o verbo "saiu" concorda com o sujeito "Bruno", mais próximo a ele. Isso é permitido apenas quando o sujeito composto está posposto ao verbo; chama-se concordância atrativa.

Sujeito desinencial, implícito, subentendido ou oculto[editar | editar código-fonte]

Sujeito desinencial é aquele que não vem expresso na oração, mas pode ser identificado pela desinência do verbo.

Fechei a porta.

Quem fechou a porta? Eu, pois eu fecho, tu fechas, ele fecha

Perguntaste mesmo isso à professora?

Obs.: não confundir vocativo (expressão de chamamento) com sujeito.

Querido aluno, leia sempre! (sujeito oculto: "você" — "você" leia sempre "eu" — "eu" fico feliz com seu sucesso)

Obs.: As classificações do sujeito, em Língua Portuguesa, são apenas três: simples, composto e indeterminado. [carece de fontes?]

Dar o nome de Sujeito desinencial, elíptico ou implícito não equivale a classificar o sujeito, mas somente determinar a forma como o sujeito simples se apresenta dentro da estrutura sintática. No mais, a classificação Sujeito Oculto foi abolida, por questões técnico-formais e linguístico-gramaticais, passando a denominar-se Sujeito Simples Desinencial, uma vez que se pode determiná-lo através dos morfemas lexicais terminativos das formas verbais, situação na qual, para indicar que o sujeito se encontra elíptico usa a forma pronominal reta equivalente à pessoa verbal entre parênteses. Assim, na estrutura sintática: "Choramos todos os dias", para indicar o sujeito simples subentendido na forma verbal, coloca-se entre parênteses da seguinte forma: (Nós)= sujeito simples desinencial. [carece de fontes?]

Sujeito indeterminado[editar | editar código-fonte]

Sujeito indeterminado é a expressão que não identifica o agente.[2] Podemos dizer que o sujeito é indeterminado quando o verbo não se refere a uma pessoa determinada, ou por se desconhecer quem executa a ação ou por não haver interesse no seu conhecimento. Aparecerá a ação, mas não há como dizer quem a pratica ou praticou.

Há quatro maneiras de identificar um sujeito indeterminado:

Verbo na 3ª pessoa do plural[editar | editar código-fonte]

O verbo se encontra na 3ª pessoa do plural,[2] sem referência a qualquer agente já expresso em orações anteriores.

Dizem que eles não vão bem.
Estão chamando o rapaz.
Falam de tudo e de todos.
Falaram por aí.
Disseram que ele morreu.

Verbo transitivo indireto[editar | editar código-fonte]

Com um Verbo Transitivo Indireto, somente na 3ª pessoa do singular, mais a partícula se.[3]

Precisa-se de livros. (Quem precisa, precisa de alguma coisa → verbo transitivo indireto)
Necessita-se de amigos. (Quem necessita, necessita de alguma coisa → verbo transitivo indireto)

A palavra se é um índice de indeterminação do sujeito, pois não se pode dizer quem precisa ou quem necessita.

Cuidado! Caso você encontre frases com Verbo Transitivo Direto:

Compram-se carros. (Quem compra, compra alguma coisa → verbo transitivo direto)
Vende-se casa. (Quem vende, vende alguma coisa → verbo transitivo direto)

Não se caracteriza sujeito indeterminado, pois nos casos de VTD, a partícula "se" exerce a função de partícula apassivadora e a frase se encontra na voz passiva sintética. Transpondo as frases para a voz passiva analítica, teremos:

Carros são comprados. (sujeito: "Carros");
Casa é vendida. (sujeito: "Casa").

Verbo Intransitivo[editar | editar código-fonte]

Com um Verbo Intransitivo,[3] somente na terceira pessoa do singular, mais a palavra se, índice de indeterminação do sujeito.

Vive-se feliz, aqui.
Aqui se dorme muito bem.
Brinca-se no carnaval de salão.

Verbo de ligação[editar | editar código-fonte]

Com um Verbo de ligação,[3] na terceira pessoa do singular, mais a palavra "se" que se torna índice de indeterminação do sujeito.

Nem sempre se é justo nesta profissão.
Observação:
É possível indeterminar o sujeito com verbos transitivos diretos. Para isso, o verbo deve estar acompanhado de um objeto direto preposicionado.

Orações sem sujeito, sujeito inexistente[editar | editar código-fonte]

Há verbos que não têm sujeito, ou este é nulo. A língua desconhece a existência de sujeito de tais verbos. Línguas como o francês e o inglês não aceitam sujeito nulo. Uma oração é sem sujeito quando o verbo está na terceira pessoa do singular, sobretudo os seguintes:

Obs.: Note que o verbo de ação sempre pressupõe que exista um agente, pois denota mudança, e uma mudança sempre é causada por um agente. Entretanto, do ponto de vista gramatical, nos casos que seguem, não há um termo que funcione como sujeito em relação ao verbo.

Fenômenos meteorológicos[editar | editar código-fonte]

Com os verbos que indicam fenômenos da natureza (meteorológicos), tais como: anoitecer, trovejar, nevar, escurecer, chover, relampejar, ventar.[2][3]

Trovejou muito.
Neva no sul do país.
Anoitece tarde no verão.
Chove muito no Amazonas.
Ventou bastante ontem em Vila Velha.

Verbo com sentido de existir[editar | editar código-fonte]

Com o verbo haver, significando existir ou acontecer.[2][3]

Ainda amigos.
Haverá aulas amanhã.
bons livros na livraria.
gente ali.
homens no mar.
Houve um grave incidente no meu apartamento.

Verbos que indicam tempo[editar | editar código-fonte]

Com os verbos ser, fazer, haver, estar, ir e passar indicando tempo.[2][3]

Está quente esta noite.
Faz dez anos que não o vejo.
Faz calor terrível no verão.
Está na hora do recreio.
Faz dez anos as comemorações do bicampeonato brasileiro.
Era em Londres.
É tarde.
Era uma vez.
Foi em janeiro.
passa de um ano.
passa das cinco horas.

Obs.: existem advérbios que exercem claramente a função sintática de sujeito, a qual é própria de substantivos.

Amanhã é feriado nacional. (O dia de amanhã...)
Aqui já é Vitória. (Este lugar...)
Hoje é dia de festa. (O dia de hoje...)
Agora já é noite avançada. (Esta hora...)

Obs.: Oração sem sujeito também pode ser chamada de OSS.

Sujeito oracional[editar | editar código-fonte]

Ocorre quando o sujeito é uma oração subordinada substantiva subjetiva.

  • 1º caso: verbo de ligação + predicativo + QUE (é preciso..., é bom..., é melhor..., é conveniente..., está comprovado,..., parece certo..., fica evidente...)
  • 2º caso: verbo na voz passiva sintética ou analítica + QUE / SE (sabe-se..., comenta-se..., dir-se-ia..., foi anunciado..., foi dito...)
  • 3º caso: verbo unipessoal + QUE / SE (convir, parecer, constar, acontecer, cumprir, importar, urgir, ocorrer, suceder...)

Exemplos[editar | editar código-fonte]

O pássaro voa.
Os pássaros voam.
O menino brinca.
Os meninos brincam.
Pedro saiu cedo.
Os jovens saíram.

Didaticamente, fazemos uma pergunta para o verbo: Quem é que? ou Que é que? ― e teremos a resposta; esta resposta será o sujeito. O sujeito simples tem um núcleo.

O menino brinca.

Quem é que brinca? O menino. Logo, o menino é o sujeito da frase.

O livro é bom.

O que é que é bom? O livro. Logo, o livro é o sujeito da frase.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c «Dicionário Terminológico para consulta em linha». Ministério da Educação e Ciência de Portugal. Consultado em 11 de março de 2014. Arquivado do original em 16 de novembro de 2011 
  2. a b c d e f g h Celso Pedro Luft (2002). Moderna gramática brasileira. [S.l.]: Globo Livros. p. 46-49. ISBN 9788525036216 
  3. a b c d e f Gloria Gali. «Compreendendo o sujeito indeterminado e o oculto». Língua Portuguesa em Uso (LPeU). Consultado em 12 de março de 2014 
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