Subsistit in – Wikipédia, a enciclopédia livre

Subsistit in é uma célebre expressão latina usada no 8º parágrafo da Lumen Gentium, que é um documento muito importante do Concílio Vaticano II (1962-1965) e que trata sobre a Igreja:

Esta expressão latina e o seu significado são muito importantes porque afectam a própria definição de Igreja, a relação basilar entre a Igreja Católica e a Igreja de Cristo e a relação entre a Igreja Católica e as outras denominações cristãs.

Confusão teológica[editar | editar código-fonte]

O real significado desta expressão foi, durante muitos anos, debatida e reflectida por muitos teólogos. Alguns, nomeadamente os católicos tradicionalistas, acusam o Concílio de quebrar a Tradição católica, que ensina que a Igreja de Cristo é (em latim: est) a Igreja Católica (como foi explicitado, como por exemplo, na encíclica Mystici Corporis Christi do Papa Pio XII). Alguns acham até que esta expressão "implica afirmar, contra o dogma da fé, que pode haver salvação para as almas fora da Igreja Católica".[3]

Esta confusão teológica foi-se instalando nos meios católicos, apesar de o Papa Paulo VI ter afirmado, já em 1964, que os ensinamentos do Concílio Vaticano II iria estar sempre em conformidade com a Tradição católica e que o Concílio nunca iria formular novas doutrinas.[4] Isto significa que o Concílio concordaria inteiramente com os ensinamentos de Pio XII sobre a Igreja. Aliás, o decreto conciliar Orientalium Ecclesiarum referiu que a "santa Igreja católica" é o "Corpo místico de Cristo" (ou seja, a Igreja de Cristo).[5]

Na prática desde a publicação do texto muitas dúvidas, incertezas e até mesmo heresias continuaram a surgir dada a imprecisão (ou dissonância) do texto do Concilio Vaticano II em relação a doutrina tradicional. Por isso, em 6 de agosto de 2000, a Congregação da doutrina da fé chefiada então pelo Cardeal Ratzinger publicou a Declaração Dominus Iesus.[6]

Resposta oficial do Vaticano (2007)[editar | editar código-fonte]

Após muitos anos de confusão, em 2007, a Congregação para a Doutrina da Fé emitiu e publicou um documento oficial (ratificado pelo Papa Bento XVI), com o nome de "Respostas a questões relativas a alguns aspectos da doutrina sobre a Igreja". Este documento define, com autoridade, a correcta interpretação da expressão subsistit in, através do método dialógico de perguntas e respostas [7]:

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. CONCÍLIO VATICANO II (1964). «Lumen Gentium» (n. 8). Santa Sé. Consultado em 4 de novembro de 2010 
    Nota: de maneira inexplicável, na versão em português da Lumen Gentium publicada na web do Vaticano não usa a expressão subsiste na (tradução de subsistit in), obtando por utilizar o verbo ser: "a única Igreja de Cristo [...] é na Igreja católica [...] que se encontra". Porém, na língua oficial do Vaticano, que é o latim, conserva-se subsistit in. Nas outras línguas se traduz de acordo ao latim. No espanhol (subsiste en), inglês (subsists in), italiano (sussiste nella), alemão (verwirklicht in der katholischen Kirche), francês (c’est dans l’Église catholique qu’elle subsiste).
  2. IGREJA CATÓLICA (2000). Compêndio do Catecismo da Igreja Católica. Coimbra: Gráfica de Coimbra. pp. N. 162. ISBN 972-603-349-7 
  3. «Erros concernentes a Santa Igreja e a Santíssima Virgem». Fraternidade Sacerdotal São Pio X. Consultado em 17 de Junho de 2009. Arquivado do original em 26 de janeiro de 2009 
  4. PAPA PAULO VI (1964). «Discurso de Paulo VI na clausura da 3ª Sessão do Concílio Vaticano II». Santa Sé. Consultado em 17 de Junho de 2009 
  5. CONCÍLIO VATICANO II (1964). «Orientalium Ecclesiarum» (n. 2). Santa Sé. Consultado em 17 de Junho de 2009 
  6. Joseph Card. Ratzinger (2000). «DECLARAÇÃO "DOMINUS IESUS" SOBRE A UNICIDADE E A UNIVERSALIDADE SALVÍFICA DE JESUS CRISTO E DA IGREJA». Santa Sé. Consultado em 1 de janeiro de 2012 
  7. a b CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ (2007). «Respostas a questões relativas a alguns aspectos da doutrina sobre a Igreja». Santa Sé. Consultado em 17 de Junho de 2009 

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