Suíones – Wikipédia, a enciclopédia livre

Suécia no século XII, antes da tomada da Finlândia no século XIII
Reino dos suíones (Svearike) ca. 1020

Os Suíones ou Suiões,[1] por vezes citados como Sveas (em sueco: Svear; PRONÚNCIA) [2][3] (em nórdico antigo: Svíar; em norueguês: Svear; em dinamarquês: Sveer; em islandês: Svíar; em inglês antigo: Sweonas; em latim: Suiones, Suehans, Sueones), eram uma tribo germânica, composta por uma amálgama de grupos e clãs com diversos líderes, que viviam na Escandinávia.[4] Habitavam principalmente a área do Vale do Mälaren, nas províncias históricas da Uppland, Västmanland e Södermanland, uma região então designada de Svitjod, a qual equivalia grosso modo à atual região histórica da Svealand (Terra dos Suíones; em sueco: Svealand).[5][6][7][8][9]

O nome[editar | editar código-fonte]

O historiador romano Tácito, na sua obra Germânia em latim do século I, designou com o termo latino Suiones (uma latinização de Svear) um povo germânico do Norte, provavelmente residente na Suécia, e famoso pelos seus navios:[10][11][12]

E o historiador bizantino Jordanes, na sua obra Gética em latim do século VI, refere os povos de uma ilha do mar do Norte chamada Escandza, e menciona no capítulo III um povo chamado sueãs (em latim: suehans; derivado do equivalente gótico sweans para svear), que vivia na Sueônia e tinha excelentes cavalos, e um outro povo chamado suécidos (em latim: suetidi; distorção do nórdico antigo Sviþiud/Svetjud), que vivia na Suédia e era constituído por pessoas de grande estatura:[13][14][15]

A identificação e caracterização deste três povos – Suiones, Suehans, Suetidi – como sendo os mesmos que os consagrados sviar ou svear (lit. suíones) mencionados pelos historiadores escandinavos medievais (Snorri Sturluson, Saxão Gramático, etc...), assim como pelas sagas islandesas (Saga dos Inglingos, Saga de Hervör, etc.), e ainda pelas leis medievais suecas (Lei da Gotalândia Ocidental, Lei da Uplândia, etc...), para além dos historiadores modernos e contemporâneos da Suécia (Dick Harrison, Stig Welinder, Curt Weibull, Thomas Lindkvist, Lars O. Lagerqvist, etc.), é uma questão histórica em aberto. De anotar é também o facto da palavra svea ter dado as palavras atuais svensk (sueco) e Sverige (Suécia; Reino dos Suíones).[16][17]

Com a expansão do poder de seus reis, o Domínio dos Suíones (Svitjod) acabou por dar forma ao Reino dos Suíones (Svearike ou Swerike) - originando mais tarde o atual Reino da Suécia (Sverige).[18][19][20] Um ponto de discussão, com diferentes interpretações, é se o termo svea teria mudado sucessivamente de significado e conotação, tendo a partir de certa altura passado a significar sueco. O historiador dinamarquês Saxão Gramático designa de "suíones de cima" (uppsvear) os habitantes da antiga "terra dos suíones" (Svealand), deixando no ar a pergunta "Quem são os outros suíones?".[carece de fontes?]

História[editar | editar código-fonte]

Territórios originais dos godos e culturas arqueológicas góticas entre os séculos III-IV, e ainda Gotalândia e Gotlândia, na Escandinávia, e o Império Romano

Os suíones habitavam a região de Svealand, no centro-sul da Suécia atual. Inicialmente, estavam confinados à Uplândia, mas foram sucessivamente alargando a sua esfera a Vestmânia, Sudermânia, Gestrícia e Nerícia. A tribo tinha como centros principais Velha Upsália, Helgö, Birka e Sigtuna. Pouco a pouco, a cidade de Upsália tornou-se o centro político e religioso da Suécia durante a Idade Média.[21]

A primeira menção a este povo foi feita pelos historiadores romanos, notadamente na Germânia de Tácito, que cita-os como uma tribo poderosa, cujos reis eram considerados descendentes do deus Frei.[22] No século VI, o historiador bizantino Jordanes refere os sueãs e suécidos na sua obra Gética.[13] Nas sagas islandesas dos séculos IX e X, são citados os svia[23] e no século XI, o historiador alemão Adão de Brema aponta os sueões (Sueones) em sua obra Gesta Hammaburgensis Ecclesiae Pontificum.[carece de fontes?]

Durante a Era Viquingue foram a base dos varegues ou Rus', que dariam à Rússia seu nome. Os reis suíones são considerados os primeiros monarcas da Suécia, e os habitantes de Svealand gozavam de um estatuto de semi-aristocracia dentro do reino, e não tinham que pagar tributo ao rei, exceto ovelhas e suprimentos aos soldados em tempos de guerra, ao contrário dos gotas e gutas, que pagavam impostos.[carece de fontes?]

Estes privilégios foram obtidos pelos suíones depois que eles derrotaram os gotas, durante a Era de Vendel, segundo descrições apontadas em sagas e lendas, como no antigo Beovulfo inglês, que menciona as famosas batalhas de gelo e Bråvalla, muito citadas na Feitos dos Danos de Saxão Gramático. Este privilégio foi abolido após a batalha de Sparrsätra, ocorrida em meados de século XIII, refletindo a oposição entre os gotas ou góticos de um lado, e os suiones ou suecos, do outro.[carece de fontes?]

Referências históricas[editar | editar código-fonte]

  • O historiador romano Tácito, na sua obra Germânia no século I, refere os suíones (Suiones), um povo guerreiro, como bons marinheiros.[11][24][25]
  • O historiador bizantino Jordanes, no século VI, escreve na sua obra Gética que havia 28 tribos, algures na Escandinávia, entre os quais os sueãs (suehans) e os suécidos (suetidi), com localizações diferentes.[25]
  • O historiador alemão Adão de Brema, no século XI, na sua obra Gesta Hammaburgensis Ecclesiae Pontificum, refere os Sueones, e diz que estes não eram cristãos.[26]

Os Suíones, os Gautas e a Suécia[editar | editar código-fonte]

O significado dos termos Svear e Götar variou através dos tempos e das fontes referenciais. Tanto podiam designar vagamente comunidades étnicas e linguísticas, como clãs de líderes dominantes, como ainda todos os habitantes daquilo que mais tarde recebeu o nome de Suécia. Igualmente, está rodeado de incertezas o relacionamento destes grupos com os termos usados por viajantes e cronistas estrangeiros. O cenário desta épocas era protagonizado por uma série de pequenos centros de poder, onde aristocratas, magnatas e assembleias em ascensão geriam as populações locais, gozando de autonomias e dependências variadas, e estando à mercê de poderios e alianças militares variáveis e instáveis.[27][28][29][30]

Não se sabe como foi o processo de unificação entre os suíones e os gautas, uma vez que não há documentos contemporâneos e as fontes históricas existentes são tardias e estrangeiras. Antigamente pensava-se que o processo tinha sido violento, caracterizado por hostilidades entre suíones e gautas. Hoje em dia, contudo, os historiadores inclinam-se para uma integração fundamentalmente pacífica, com um ou outro conflito armado, mas principalmente através de relações comerciais, casamentos e influência do cristianismo.[31]

Quando e como teve lugar a fundação do estado sueco e quem foi seu primeiro rei, são duas perguntas sem resposta definitiva, embora haja opiniões e conjecturas mais ou menos fundamentadas.[32][33]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Houaiss 2018.
  2. Svebilius 1918.
  3. Soares 2017, p. 418.
  4. Enciclopédia Nacional Sueca (a).
  5. Melin 2006, p. 27.
  6. Wahlberg 2003, p. 305-6.
  7. Birro 2017, p. 19.
  8. «Svear» (em norueguês). Store norske leksikon (Grande Enciclopédia Norueguesa). Consultado em 15 de abril de 2020 
  9. Fredrik & Henrik Lindström (2005). «De äkta folkungarna». Populär historia. ISSN 1102-0822. Consultado em 15 de abril de 2020 
  10. Kraft 2015, p. 200.
  11. a b Tácito 98, p. XLIV.
  12. Enciclopédia Nacional Sueca.
  13. a b Wessén 1969, p. 15; 30.
  14. Jordanes 1997, III.16-24; IV.25; V.30-36; XVII.94-96; XXIV.121.
  15. Duczko 2004, p. 34.
  16. Harrison 2009, p. 33-36.
  17. Sverdrup 1918.
  18. Lindström 2006, p. 29.
  19. Enciclopédia Nacional Sueca (b).
  20. ILMP 2016.
  21. Melin 2006, p. 26-29.
  22. Johansson 1995.
  23. Bägerfeldt 2011.
  24. Welinder 2009, p. 443.
  25. a b Lindkvist 2006, p. 29.
  26. Welinder 2009, p. 445.
  27. Lindkvist 2006, p. 32-35.
  28. Welinder 2009, p. 442-445.
  29. Lihammer 2012, p. 118.
  30. Pires 2012.
  31. Fahlbeck 1884.
  32. Melin 2006, p. 38.
  33. Larsson 1999, p. 49-57.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Kraft, John (2015). «Svearna». Svearnas land. Bosättning och samhällsorganisation i Mälardalen under yngre järnåldern (em sueco). Västerås: P. O. Flodbergs förlag. ISBN 9789198276305 
  • Larsson, Hans Albin (1999). «Medeltiden». Boken om Sveriges historia (em sueco). Estocolmo: Forum. 344 páginas. ISBN 9789137114842 
  • Larsson, Mats G. (2002). «Den lilla ön vid världens utkant». Götarnas riken (Os reinos dos gautas) (em sueco). Estocolmo: Atlantis. ISBN 91-7486-641-9 
  • Lihammer, Anna (2012). «Aristokraternas gods». Vikingatidens härskare (em sueco). Lunda: Historiska media. 271 páginas. ISBN 978-91-87031-12-0. Platsen har ofta förknippats med sagornas "sveakungar". "Sveriges äldsta kungar handlar det knappast om, något Sverige fanns inte på den tiden då monumenten i Gamla Uppsala restes.