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Ministério para a Segurança do Estado

Ministerium für Staatssicherheit
Selo da Stasi
Bandeira da Stasi
Organização
Natureza jurídica Ministério
Atribuições Polícia secreta e serviço de inteligência
Dependência Governo da República Democrática Alemã
Número de funcionários 91 015 funcionários fixos, 174 000 empregados informais (1989)[1][2]
Localização
Jurisdição territorial Alemanha Oriental República Democrática Alemã
Sede Berlim Oriental
Histórico
Criação 08 de fevereiro de 1950
Extinção 16 de maio de 1990[3]

A Stasi (forma curta de Ministerium für Staatssicherheit, "Ministério para a Segurança do Estado") era a principal organização de polícia secreta e inteligência da República Democrática Alemã (RDA).

Criada em 8 de fevereiro de 1950,[4] centrava suas operações na capital, Berlim Oriental, onde mantinha um extenso complexo em Lichtenberg e outros menores dispersos pela cidade. A Stasi é reconhecida como um dos serviços de inteligência mais efetivos do mundo.[5][6][7][8][9][10] Seu principal objetivo era espionar a população da Alemanha Oriental, majoritariamente via uma enorme rede de espionagem de civis-informantes. A repressão política era uma das prioridades, combatendo a oposição através de tortura psicológica de dissidentes (num método chamado Zersetzung, que é traduzido como "decomposição"). No total, mais de 250 000 alemães foram presos por razões políticas pela Stasi durante os quarenta anos de sua existência.[11]

A antiga sede da Stasi em Berlim é hoje o Stasimuseum, um museu onde os visitantes podem inteirar-se das atividades. A partir de 1990, vários funcionários da Stasi foram levados a julgamento por crimes cometidos contra a população. Após a reunificação da Alemanha, qualquer cidadão pode acessar seus dados coletados pela agência durante sua existência.

História[editar | editar código-fonte]

Fundada em 8 de fevereiro de 1950, seguiu o modelo organizativo do departamento de segurança do Estado da União Soviética. O primeiro responsável pela Stasi foi Wilhelm Zaisser,[12] assistido por Erich Mielke. Foi substituído em 1953 por Ernst Wollweber, que renunciou em 1957 após diversos desencontros com Walter Ulbricht e Erich Honecker, dirigentes da RDA. Foi substituído pelo seu segundo, Mielke.

Nesse mesmo ano, Markus Wolf foi nomeado diretor da Hauptverwaltung Aufklärung (HVA, Administração Central de Reconhecimento, a sua seção de inteligência exterior), atingindo um importante sucesso na infiltração de espiões em círculos políticos, governamentais e de empresários da República Federal da Alemanha (RFA), chegando a provocar a queda de Willy Brandt, o chanceler da RFA. Em 1986, Wolf retirou-se e foi substituído por Werner Grossmann.

Naquele tempo, a colaboração entre a Stasi e a KGB foi muito estreita, com funcionários de enlace soviéticos em território alemão e à inversa. A Stasi chegou a ter bases de operações em Moscovo e Leningrado.

Em 1989, pouco tempo antes da dissolução da RDA, foi mudado o nome da Stasi pelo de Oficina para a Segurança Nacional, com Rudi Mittig à cabeça.

Organização[editar | editar código-fonte]

Antigo quartel-general da Stasi.

Foi dissolvida em 1989 após a queda do Muro de Berlim.

Até meados da década de 1980, uma rede de informadores civis (inoffizielle Mitarbeiter) cresceu nas duas margens da fronteira interior alemã. Estima-se que, no momento da extinção da RDA em 1989, a Stasi contava com cerca de 90 mil funcionários a tempo completo e por volta de 175 mil informadores.[13]

O Ministério para a Segurança do Estado incluiu os seguintes departamentos:

  • Administração Central de Reconhecimento (HVA): destinada ao trabalho no exterior, nomeadamente na Alemanha Ocidental e noutros países da NATO.
  • Administração Central de Coordenação: coordenava o trabalho com os organismos de inteligência soviéticos.
  • Departamento Central para Comunicações Seguras e Proteção Pessoal: proporcionava segurança pessoal para os dirigentes da RDA e mantinha e operava um sistema interno de comunicações seguras para o governo.
  • Administração para a Segurança da Indústria Pesada e Investigação: proporcionava segurança para a indústria.
  • Administração Central para a Segurança Econômica: protegia contra a sabotagem e a espionagem.
  • Administração Central para a luta contra pessoas suspeitas: encarregada da vigilância de estrangeiros suspeitosos, principalmente procedentes da Alemanha Ocidental
  • Divisão de Análise do Lixo: analisava lixo e materiais suspeitosos.
  • Administração 12: Vigilância das comunicações
  • Administração 2000: Vigilância da lealdade dos membros do Exército Nacional Popular

Ademais, a Stasi contava com um serviço penitenciário próprio para os seus presos, e com uma pequena força armada denominada Regimento de Guardas Feliks Dzerjinski, tropas de elite que davam proteção aos membros do Ministério.

Legado[editar | editar código-fonte]

Em 1995, o governo alemão contratou uma equipa para reconstruir os documentos destruídos durante o processo de Reunificação da Alemanha. O resultado foi a recuperação de aproximadamente 33 milhões de páginas. Em 1992, o governo alemão tinha dado ordem de publicação dos arquivos secretos da Stasi, incluindo ficheiros com dados pessoais.

O antigo cárcere da Stasi em Berlim foi transformada num museu das práticas daquela polícia secreta. Porém, existe uma Sociedade de apoio aos direitos civis e a dignidade do homem que exerce ativismo em favor dos ex-empregados da Stasi (Insiderkomitee) e exige o encerramento desse museu.[14]

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Referências

  1. Eternal Return: Berlin Journal, 1989–2009 - jstor
  2. Murphy, Cullen (17 de janeiro de 2012). God's Jury: The Inquisition and the Making of the Modern World. [S.l.]: Houghton Mifflin Harcourt. ISBN 978-0-618-09156-0. Consultado em 3 de janeiro de 2014 
  3. «Beschluss 6/6/90 des Ministerrates "über weitere Aufgaben und Maßnahmen, die sich aus der Auflösung des ehemaligen Ministeriums für Staatssicherheit / Amtes für Nationale Sicherheit ergeben"». Stasi Records Agency (BStU) (em alemão). Consultado em 10 de Setembro de 2016 
  4. «1950: Fundação da Stasi, a polícia secreta alemã-oriental». Deutsche Welle. Consultado em 10 de Setembro de 2016 
  5. Chambers, Madeline (4 de novembro de 2009). «No remorse from Stasi as Berlin marks fall of Wall». Reuters (em inglês) 
  6. The Daily Telegraph (14 de Novembro de 2012). «Angela Merkel 'turned down' job from Stasi» (em ingles) 
  7. Connolly, Kate (1 de Novembro de 2009). «'Puzzlers' reassemble shredded Stasi files, bit by bit». The Los Angeles Times (em inglês) 
  8. Calio, Jim (18 de Novembro de 2009). «The Stasi Prison Ghosts». The Huffington Post (em inglês) 
  9. Rosenberg, Steve (25 de Maio de 2007). «Computers to solve Stasi puzzle». BBC (em inglês) 
  10. Der Spiegel (11 de Março de 2008). «New Study Finds More Stasi Spooks» (em inglês) 
  11. East Germany's inescapable Hohenschönhausen prison, Deutsche Welle, 9 de outubro de 2014.
  12. The East German leadership, por Peter Grieder, pp. 53-85.
  13. «Stasi - Oito histórias inacreditáveis». Super interessante. Consultado em 10 de Setembro de 2016 
  14. «Antiguo campo especial soviético y cárcel preventiva del Ministerio para la Seguridad del Estado de la RDA» (PDF). Flyer en español, formato PDF. Consultado em 26 de outubro de 2009. Arquivado do original (PDF) em 27 de novembro de 2009 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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Ver também[editar | editar código-fonte]