Sociedade racializada – Wikipédia, a enciclopédia livre

Uma sociedade racializada é uma sociedade em que a desigualdade socioeconômica, a segregação residencial e as baixas taxas de casamentos entre os indivíduos diferentes são a norma, onde as definições de identidade pessoal e as escolhas de relacionamentos íntimos dos seres humanos revelam distinção racial. Uma sociedade racializada é uma sociedade que sofreu forte racialização, onde a raça percebida é profundamente importante para experiências de vida, oportunidades e relacionamentos interpessoais.Também se pode dizer que uma sociedade racializada é "uma sociedade que aloca recompensas econômicas, políticas, sociais e até psicológicas diferenciadas a grupos de acordo com linhas raciais percebidas; linhas que são socialmente construídas.[1][2]

História[editar | editar código-fonte]

Sociedades racializadas são historicamente um fenômeno de a partir do século XVI, quando os europeus ocidentais desenvolveram meios técnicos e militares para conquistar sociedades na Ásia, África e América Latina para extrair riquezas minerais e outros recursos naturais dessas áreas usando o trabalho nativo. Durante um segundo estágio, milhões de trabalhadores, por escravidão ou por contrato de trabalho, foram transferidos para sociedades de fronteira, como as da América do Norte e do Sul, Caribe, África Oriental e África do Sul. Lá, os europeus impuseram um sistema de castas no qual a raça se tornou um limite funcional para papéis econômicos e sociais (Du Bois, 1945 (Frazier, 1957)).[3]

O conceito de sociedade racializada não se aplica a todas as sociedades multirraciais, o mundo mediterrâneo (por exemplo, no Egito, impérios grego ou romano), africanos, asiáticos ocidentais e europeus eram componentes demográficos significativos dessas sociedades, tornando-as multirraciais, mas não havia uma determinação sistemática ou estrita de controle social e de papéis econômicos pelo que mais tarde seria chamado de "raça" (Snowden, 1970, 1983) No mundo antigo, a escravidão era resultado da conquista, como ocorreu nos reinos muçulmanos e cristãos medievais de modo que a escravidão não era o produto de um sistema econômico racializado como se tornou na era do comércio de escravos no Oceano Índico, no comércio de escravos no Atlântico e colonização europeia.[3]

Estados Unidos[editar | editar código-fonte]

Argumenta-se que a identidade racial/étnica não são categorias separadas ou autônomas e o que é chamado de 'categorias raciais' nos Estados Unidos são na verdade categorias étnicas racializadas.[4] A sociedade dos Estados Unidos é considerada por alguns uma sociedade racializada na qual são dadas as divisões entre os grupos raciais/étnicos. A teoria crítica da raça argumenta que o racismo é normal e está enraizado [sic] no tecido e sistema da sociedade americana.[5][6] Há disparidades raciais em andamento entre as raças nos Estados Unidos em emprego, moradia, religião e instituições.[7] Alguns estudiosos argumentam que existe uma "dinâmica privilegiada/não privilegiada". Isso significa que a prática cultural atribui valor e competência assumida a pessoas que têm certas características ou características. A abordagem psicológica social sustenta que o preconceito socializado no início da vida alimenta os estereótipos raciais.[8][2]

Costuma-se dizer que a interação social é infundida com uma dinâmica privilegiada e não privilegiada, definida pela identidade racial - é uma questão muito complexa. A racialização prejudica tanto os privilegiados quanto os não-privilegiados, mas prejudica mais os não-privilegiados.[2]

Referências

  1. Emerson, Michael O.; Smith, Christian (2000), «Confronting the black-white racial divide», in: Emerson, Michael O.; Smith, Christian, Divided by faith: evangelical religion and the problem of race in America, ISBN 9780195147070, Oxford New York: Oxford University Press, p. 7.  (em inglês)
  2. a b c Clark, David K. «BARRC Sociological Theory». Bethel University. Consultado em 31 de julho de 2012. Arquivado do original em 3 de julho de 2011  (em inglês)
  3. a b Jaan Valsiner (15 de dezembro de 2013). The Oxford Handbook of Culture and Psychology. [S.l.]: Oxford University Press. p. 567. ISBN 978-0-19-936622-4  (em inglês)
  4. Grosfoguel, Ramán (setembro 2004). «Race and ethnicity or racialized ethnicities? Identities within global coloniality». Ethnicities. 4 (3): 315–336. doi:10.1177/1468796804045237  (em inglês)
  5. «What is critical race theory?». Critical Race Studies, UCLA School of Public Affairs (via WordPress). Consultado em 11 de março de 2012  (em inglês)
  6. Ladson-Billings, Gloria (janeiro 1998). «Just what is critical race theory and what's it doing in a nice field like education?». International Journal of Qualitative Studies in Education. 11 (1): 7–24. doi:10.1080/095183998236863  (em inglês)
  7. Shepherd, Gregory J.; St. John, Jeffrey; Striphas, Ted (2006). Communication as ...:perspectives on theory. Thousand Oaks, California: Sage. ISBN 9781412906586  (em inglês)
  8. Sears, David O.; Sidanius, Jim; Bobo, Lawrence D. (2000). Racialized politics: the debate about racism in America. Chicago: University of Chicago Press. ISBN 9780226744070  Contributors are Lawrence Bobo, Gretchen C. Crosby, Michael C. Dawson, Christopher Federico, P.J. Henry, John J. Hetts, Jennifer L. Hochschild, William G. Howell, Michael Hughes, Donald R. Kinder, Rick Kosterman, Tali Mendelberg, Thomas F. Pettigrew, Howard Schuman, David O. Sears, James Sidanius, Pam Singh, Paul M. Sniderman, Marylee C. Taylor, and Steven A. Tuch. (em inglês)