Silva (sobrenome) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Brasão de armas da família Silva.

Silva é um sobrenome originário de Portugal, o sobrenome mais comum do país e um dos mais populares do Brasil, também sendo encontrado em diversas áreas da Galiza Espanhola. É relativamente popular no México e na Venezuela. No Brasil, cerca de 4 milhões de pessoas têm o sobrenome; em Portugal, cerca de 300 mil pessoas; nos Estados Unidos, cerca de 150 mil pessoas têm o sobrenome, graças principalmente à imigração de brasileiros e portugueses.[1] O povo português constitui o grupo que mais povoou o Brasil. Durante mais de três séculos de colonização, somada à imigração portuguesa no Brasil após a independência. Os portugueses deixaram profundas heranças para a Cultura do Brasil e também para a Composição étnica do Brasil.[2][3][4][5][6][7][8][9][10]

O sobrenome Silva tem origem no latim, língua oficial do Império Romano, significando literalmente "Selva"; o sobrenome já era usado no Império Romano antes mesmo de passar à Lusitânia, província romana na Hispânia, que se tornaram os atuais Portugal e Espanha, onde o Sobrenome ganhou certa notoriedade na Europa Latina, além das fronteiras de Roma. Hoje pode ser encontrado em grande número na Espanha, especialmente na Galiza, em toda a América Latina e em ex-colônias de Portugal, como Guiné-Bissau, Timor-Leste e Cabo Verde.[1]

Origem[editar | editar código-fonte]

A sua origem é claramente toponímica, sendo derivado diretamente da palavra latina "Silva", que significa: "Selva, Floresta ou Bosque", mas que derivou do Latim medieval, ou seja do Latim vulgar do nome da Amora-silvestre e tem a sua origem portuguesa derivada da Torre e Honra de Silva, que ficava a meio caminho das freguesias de São Julião (Valença) e Silva (Valença), do Concelho de Valença (Portugal). Silva já era conhecido como nome de família na Roma Antiga, no entanto, desapareceu com a queda do Império Romano do Ocidente no século V, ressurgindo na Península Ibérica dos séculos XI e XII entre os Reis de Leão – um dos Reinos ibéricos surgidos do período da reconquista cristã medieval; compreendia à parte Região do Norte de Portugal e região noroeste da Espanha.[11][12]

Dom Guterre Alderete da Silva foi o primeiro a chamar-se "Silva", no Condado portucalense, embora na época ainda não fosse um sobrenome mas, sim um Título nobiliárquico porque era “Rico-homem”, como eram chamados os nobres mais importantes do Reino de Portugal e era senhor de Alderete situada na freguesia de Cerdal e da Torre da Silva, Quinta (propriedade) da Silva, na freguesia de Silva, na região de Valença do Minho. Do nome deste topônimo "Silva" surgiu mais tarde o sobrenome.[13]

D. Guterre, serviu Dom Henrique de Borgonha, conde de Portucale, e esteve junto de Dom Fernando I, reis de Leão e conde de Castela, na tomada de Coimbra aos mouros, em 1040. Seu filho, Paio Guterres da Silva (que viveu entre 1070-1129), foi um dos homens mais importantes do reinado de Dom Afonso VI, de Leão e Castela, e o responsável por dar continuidade ao nome da família. O sobrenome "Silva" foi entre outros sobrenomes, adotado pelos judeus sefarditas da Península Ibérica (Portugal e Espanha) que adotaram o apelido mais frequente de Portugal em substituição a seus próprios sobrenomes, como consequência dos batismos forçados pela Inquisição em função do édito de Judeus de Portugal de 1496..[14][3][2]

Em Portugal na Idade Média e pelo menos até ao século XVII, o sobrenome "Silva", era um dos mais nobres do Reino de Portugal. Segundo alguns genealogistas, os Silva(s) descenderiam, em parte, do Reino de Leão, um antigo e poderoso reino que existia na Península Ibérica durante a Idade Média e em parte dos Silvios, ascendentes dos gêmeos Rômulo e Remo, os fundadores de Roma. Os Silvios da Roma Antiga eram uma família lendária que estaria ligada aos reis de Alba Longa e seriam descendentes do herói lendário Eneias. Porém, não há como comprovar a ascendência dos Silvios da Roma Antiga, embora alguns autores citem um antigo manuscrito de Freire Monterroio, ficando assim a ascendência dos reis de Leão a mais provável.[15][16][17][13]

Embora existam registos da utilização do sobrenome Silva desde a Antiga Roma, como, por exemplo, o general romano Lucius Flavius Silva, que viveu no século I, célebre por comandar o Exército romano que cercaram a Rebelião judaica na fortaleza de Massada, em Israel, no Século I da Era cristã. Não é possível fazer uma ligação, através de documentos históricos, entre os Silva(s) da Roma antiga e os Silva(s) da Idade média, e essa tese, em grande parte, parece não passar de especulação.

Difusão[editar | editar código-fonte]

Apesar da enorme difusão na população lusófona em geral, "Silva" também é o sobrenome de importantes famílias nobres portuguesas (ver: Casa de Silva), que normalmente o usavam juntamente com outro Apelido de familia (sobrenome).

É bastante provável que o conjunto de nome e sobrenome mais comum na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, seja João/José da Silva, podendo comparar-se a John Smith em países de língua inglesa, Juan García nos de língua espanhola, Hans Schmidt nos de língua alemã ou a Giovanni Rossi nos de língua italiana.[18][19]

Em março de 2016, o sobrenome Silva ocupava o 42.° lugar dos nomes mais frequentes de Luxemburgo.[20]

Brasil[editar | editar código-fonte]

A ligação do sobrenome com o Brasil começa muitos séculos mais tarde, com o primeiro conde de São Lourenço, Dom Pedro da Silva, governador-geral da colônia entre 1635 e 1639, no final da União Ibérica.

O sobrenome Silva foi trazido ao Brasil pelos portugueses no início da colonização e ondas migratórias posteriores. Sendo atribuído àqueles que não traziam consigo um nome de família ou aqueles que não sabiam dizer ao certo de que cidade ou região de Portugal procedia a família, ou optavam por não declarar. O registro mais antigo desse sobrenome no Brasil é o do alfaiate Pedro da Silva datado de 1612. Tendo estabelecido família em São Paulo, Pedro participou da administração colonial e das bandeiras de Lázaro da Costa (1615) e Raposo Tavares (1628). Quase na mesma época, famílias de Portugal carregando o sobrenome "Silva", provavelmente "Cristãos-novos", fugindo do Tribunal da inquisição, chegaram ao Rio de Janeiro e logo em seguida a Região Sul do Brasil e ao Região Nordeste do Brasil.

O sobrenome Silva, bastante comum no mundo português, era adotado normalmente por pessoas sem origem familiar definida, no início da colonização do Brasil, a maioria dos portugueses que queriam começar uma nova vida eram na verdade: Cristãos-novos, isto é, Judeus portugueses convertidos ao Catolicismo Romano e que buscavam viver em anonimato nas novas terras, sem vínculos com o passado de perseguições aos Judeus na Europa, então adotavam o sobrenome mais comum de Portugal, aproveitando-se do “relativo anonimato” que o sobrenome lhes proporcionava. Além disso o sobrenome também ganhou popularidade no Brasil entre os descendentes de indígenas e também dos escravos negros que herdavam por motivos alheios o sobrenome de seus senhores sem qualquer tipo de ligação de parentesco com a família portuguesa como forma de identificação de sua posse, assim podia ser identificado seu senhor ou sinhá e a que família servia. Até a abolição da escravidão em 1888, os escravos negros não possuíam sobrenomes no Brasil.[21][22]

Ao desembarcar dos Navios negreiros vindos da África, os negros eram batizados por padres católicos e ganhavam um nome em português, quando recebiam um sobrenome geralmente era o mesmo de seu dono, isso era uma forma de "identificar a quem pertencia determinado escravo(a)". Na época muitos proprietários de terras e senhores de escravos tinham "Silva" no sobrenome.[23]

Um estudo realizado com amostragem de 30.400 pessoas no Brasil mostra que 9,9% dos brasileiros tenham "Silva" no seu sobrenome, seguido por 6,1% com sobrenome "Santos", 5,8% com sobrenome "Oliveira" e 4,9% com sobrenome "Sousa" (ou "Souza").

Torre do Castelo de Barcience com em relevo o brasão da casa de Silva

Espanha[editar | editar código-fonte]

Dois ramos importantes dos Silvas são também encontrados em Espanha com origens em:

Casa de Silva
Casa de Alba

Do seu casamento com Doña Ana de Mendoza de la Creda y de Silva Cifuentes ((1540-1592), uma das mulheres mais belas de Espanha), nasceram dez filhos. Um deles, D. Rodrigo de Silva y Mendoza (1562-1596) II Duque de Pastrana, casado com D. Ana de Portugal y Borja (1570-1629), descendente do rei Fernando I de Portugal, deu origem à linhagem De Silva Portugal ; enquanto outro filho, D. Diego de Silva y Mendoza (1564-1630), I Marquês de Alenquer e III Duque de Francavilla, deu origem à linhagem De Silva Alenquer. Linhagem que do casamento entre seu filho Don Rodrigo de Silva Mendoza y Sarmiento (1600-1664) e Dona Isabel Fernández de Ixar [(1603-1642) V Duquesa de Ixar, deu a linhagem De Silva Fernández de Ixar.

A sua linhagem está hoje fundida com a Casa de Alba, como podemos ver no brasão dos Alba (no canto superior direito). A mãe do atual 19.º Duque de Alba (Carlos Fitz-James Stuart) era María del Rosario Cayetana .. Fitz-James Stuart y de Silva Falcó y Gurtubay.[26]

Itália[editar | editar código-fonte]

A seguinte divisão da Casa De Silva Fernández de Híjar Portugal em três linhagens (duas espanholas e uma italiana),[27] deveu-se a três filhos nascidos dos dois casamentos de Don Andres Avelino de Silva Fernández de Híjar Portugal y Fernández de Córdoba (1806-1885), XIV Conde-Duque de Aliaga e Conde de Palma del Rio. Do primeiro casamento com Doña Josefina de Ferrari y Bonet (1819-1876) (filha de Don Jeronimo de Ferrari de Parma, “Kapellmeister” do rei Fernando VII de Borbone) nasceu Doña Josefa Maria del Carmen de Silva Fernández de Híjar Portugal (1837-1906); que, com sua filha -doña María Dolores (1861-1923)- e com o filho de Doña María Dolores, Don Vittorio Umberto de Silva Fernández de Híjar Portugal (1881/1954) [filho ilegítimo de quem Doña Maria Dolores de Silva Fernández de Híjar Portugal teve com Don Carlos Maria Fitz James Stuart y Portocarrero Palafox (1849-1901)XVI duque de Alba] por descendência matrilinear deu origem à linhagem italiana ainda existente.[28]

Áustria[editar | editar código-fonte]

João Gomes da Silva (* 1671; † 1738), 4.º conde de Tarouca embaixador do Rei de Portugal em Viena, casou-se com Joana de Menezes. Seu filho Manuel Teles da Silva, Duque de Sylva-Tarouca e Turnhout, Conselheiro Privado e Presidente do Supremo Conselho Holandês-Italiano, casado com Amalie Duquesa de Holstein-Beck, foi o progenitor da família na Áustria. A família possuía terras na Boêmia na Morávia e no Piemonte, O palácio Sylva-Tarouca em Viena, hoje museu Albertina, e o Castelo de Gosau em Salzkammergut. Em 1907, a família recebeu a cadeira hereditária na Herrenhaus, a câmara alta do parlamento austríaco.[29]

Brasão de armas[editar | editar código-fonte]

Os Silvas vão buscar as suas armas de brasão à casa dos reis de Leão e são compostas por um fundo de prata onde sobressai um leão de púrpura ou vermelho que se encontra armado e lampassado de vermelho ou azul. Por timbre, tem o referido leão do escudo.

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. «...considerada la persona e estado e linage de vos, Juan de Silva, del mi Consejo, que fasta aquí érades mi mi alférez maior del mi pendón real, y los muchos y buenos e leales servicios que aquellos donde vos venides fecieron a los reyes de gloriosa memoria mis progenitores y vos habedes fecho y facedes a mí de cada día (...) tengo por bien y es mi merced que agora e de aquí adelante para en toda vuestra vida seades conde de la vuestra villa de Cifuentes e do vos por la presente el título y nombre e dignidad de conde y vos envisto en él y quiero e es mi merced y voluntad de que aquí adelante vos podades llamar y nombrar don Juan de Silva, conde de Cifuentes, e que los que de vos decendieren y obieren y heredaren la dicha villa aiades e seades nombrados e llamados por el icho nombre y que aiades y gocedes y vos sean guardadas todas las honras y gracias y franquezas e esenciones e preheminencias y prerogativas e immunidades e todas las otras cosas y cada una dellas que son y deben ser guardadas e de que deben aver e gozar los otros condes de mis regnos».[24]

Referências

  1. a b «"Silva" Surname Origin, Meaning & Last Name History» (em inglês). Consultado em 21 de fevereiro de 2024 
  2. a b «Silva – Sobre Nomes». sobrenomes.genera.com.br. Consultado em 11 de agosto de 2021 
  3. a b J., Parra, Flavia C. Amado, Roberto C. Lambertucci, José R. Rocha, Jorge Antunes, Carlos M. Pena, Sérgio D. Color and genomic ancestry in Brazilians. [S.l.]: The National Academy of Sciences. OCLC 678736820 
  4. Saiba quais são os 3 sobrenomes mais comuns em 64 diferentes países. Arquivado em 26 de junho de 2015, no Wayback Machine..
  5. © 2005 SOCIEDADE PORTUGUESA DE INFORMAÇÃO ECONÓMICA S.A. - SPIE.
  6. Os 100 Apelidos mais frequentes da População Portuguesa Arquivado em 28 de fevereiro de 2013, no Wayback Machine..
  7. O ProJovem é Silva, Santos... Arquivado em 17 de outubro de 2013, no Wayback Machine..
  8. Descubra como surgiram os Silva, os Araújo, os Fernandes, os Batista, os Carneiro... Arquivado em 22 de outubro de 2013, no Wayback Machine..
  9. (Brazil), Centro de Documentação e Disseminação de Informações (2000). Brasil, 500 anos de povoamento. [S.l.]: IBGE, Centro de Documentação e Disseminação de Informações. OCLC 54446670 
  10. «Apellidos clasificaciones». Mapa De Sobrenomes. Consultado em 24 de fevereiro de 2023 
  11. Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa
  12. Dicionário de Latim Gaffiot
  13. a b Felgueiras Gayo Nobiliário de Famílias de Portugal, Volume IX, Braga 1990, Silvas
  14. «Descubra o significado de 20 sobrenomes judeus». Dicionário de Nomes Próprios. Consultado em 2 de julho de 2021 
  15. “de” Baêna, Miguel Sanches (1872). Indice Heraldico:ou descrição completa das armas de todas as famílias que em Portugal tiveram e registraram cartas de brasão de armas organizado com referencia ao arquivo genealógico . Lisboa: Typografia Universal de Tomás Quintino Antunes 
  16. Sanches de Baena, Augusto Romano; Sanches de Baena, Farinha Almeida (1872). Archivo heraldico-genealogico contendo noticias historicoheraldicas, Volumes 1-2. Lisboa: Typographia universal de T. Q. Antunes. Consultado em 23 de maio de 2018 
  17. admin. «Silva – Sobre Nomes». Consultado em 8 de março de 2022 
  18. author., Campacci, Claudio, 1968-. Os sobrenomes mais comuns do Brasil. [S.l.: s.n.] OCLC 878223176 
  19. «claro!». Consultado em 7 de dezembro de 2021 
  20. «Silva no top 50 dos apelidos mais comuns no Luxemburgo» 
  21. Até a abolição da escravidão em 1888, os escravos também não tinham sobrenomes.
  22. Muitos escravos após a “Lei Áurea” também adotaram o sobrenome Silva para começar as suas vidas como libertos.
  23. De todo modo, o Silva tornou-se o sobrenome mais comum no Brasil. Não há dados precisos, mas conforme estimativas por amostragem, cerca de 10% da população brasileira usa Silva com nome de família. Entre eles, quatro presidentes da República: Artur da Silva Bernardes (1876-1955), Jânio da Silva Quadros (1917-92), Artur da Costa e Silva (1899-1969) e Luiz Inácio Lula da Silva. Isso sem contar com famosos, como o piloto de automobilismo Ayrton Senna da Silva (1960-94), o cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o “Lampião” (1898-1938), a escrava e cortesã mineira Chica da Silva (1732-96) e o apresentador Fausto Silva, entre tantos outros.
  24. Ávila Seoane, Nicolás (2006). Revista de Historia Moderna, ed. El señorío de los Silva de Cifuentes en los consejos de Atienza y Medinaceli (1431-1779) (PDF) (em espanhol). [S.l.: s.n.] pp. 395–435. ISSN 0212-5862 
  25. Dio, Kelley Helmstutler Di; Coppel, Rosario (2016). Sculpture Collections in Early Modern Spain (em inglês). Londres: Routledge. p. 123 
  26. «La Duquesa de Alba: Su vida y sus amores» (em espahol). Revista Diez Minutos. 2011. Consultado em 22 de outubro de 2011 
  27. Arquivo histórico De Silva Fernández de Portugal Híjar de Turim, anos 1801-1951.
  28. Arquivo Municipal de Milão. Estatuto completo da família 11/09/1869
  29. Isabel Cluny, O Conde de Tarouca e a Diplomacia na Época Moderna, Lisboa: Livros Horizonte, 2006, p. 9

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • BOUZA ZERRANO, José. Da Descendência de Don Francisco Prieto Gayoso'. Edição do Autor, 1ª Edição, Lisboa, 1980.
  • COROMINES, Joan. Onomasticon Cataloniæ (vol. I-VIII). Barcelona: 1994.
  • SOUSA, Manuel de. As origens dos apelidos das famílias portuguesas. Sporpress, 2001.
  • TÁVORA, D. Luis de Lancastre e. Dicionário das Famílias Portuguesas. Quetzal Editores, 2ª Edição, Lisboa, pág. 324.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]