Sexologia feminista – Wikipédia, a enciclopédia livre

A quebra do tabu por trás da menstruação é uma reivindicação da sexologia feminista

A sexologia feminista é uma vertente da sexologia voltada para saúde e respeito com a mulher e a normalização de alguns tabus perante a sociedade.

A ascensão da sexologia feminista veio junto com a ascensão do feminismo, este tipo de sexologia melhorou e muito a qualidade de vida e a saúde das mulheres, tendo em vista que deu mais liberdade para conversar sobre questões consideradas polêmicas como a masturbação, a menstruação e o direito da mulher ao orgasmo.[1][2]

Menstruação[editar | editar código-fonte]

A menstruação sempre foi considerada tabu, em culturas antigas a menstruação era um sinal de impureza e de sujeira, mesmo sendo algo natural e o único sangue que sai do corpo que não é proveniente de violência ou trauma.

O direito de poder falar abertamente sobre a menstruação é uma reivindicação das sexologia feminista tendo em vista que menstruação é questão de saúde, a coloração do sangue menstrual pode falar muito sobre a saúde da mulher e não falar sobre este período pelo simples fato de ser um tabu pode ocasionar doenças que poderiam ser evitadas com a comunicação sobre a menstruação.

Existem apelidos como "aqueles dias" ou ditados populares como "não pode cozinhar se não desanda" que podem ser considerados por feministas como machistas.[3][4][5]

A pobreza menstrual[editar | editar código-fonte]

Com os tabus por trás deste período delicado, começaram a se espalhar histórias tristes de mulheres com falta de renda e que recorrem a métodos não saudáveis para improvisar tampões nos seus períodos, a pobreza menstrual (o nome dado ao fenômeno de mulheres sem dinheiro para comprar absorventes e tampões convencionais) é um problema socioeconômico que poderia ser tratado com ações públicas.[6][7][8]

Improvisação[editar | editar código-fonte]

Existem mulheres que, por falta de dinheiro para comprar absorventes, utilizam de métodos não saudáveis e inseguros para proteção pessoal em seus dias de ciclo, entre os métodos estão, a utilização de miolo de pão na vagina para conter a menstruação, utilização de jornal na área genital, várias camadas de papel higiênico para tentar parar o fluxo menstrual.[8]

Presença escolar[editar | editar código-fonte]

Segundo a ONU, uma a cada dez meninas falta a escola quando estão menstruadas, isto se deve a falta de segurança que estas meninas tem de ir as escolas utilizando absorventes improvisados e assim com medo de gerar um constrangimento maior em caso de vazamento destes tampões improvisados.[6]

Problemas de saúde[editar | editar código-fonte]

Ao improvisar um tampão, as meninas e mulheres correm diversos riscos, além de colocar em sua região genital materiais que não deveriam ser deixados lá por muito tempo, causando a proliferação de bactérias e assim a candidíase, alguns métodos utilizados pelas mulheres na pobreza menstrual, como utilizar miolo de pão ou jornal podem trazer problemas mais graves como fungos na região da vagina.[7]

Solução[editar | editar código-fonte]

A solução principal seria a distribuição gratuita de absorventes no sistema publico de saúde, o que já acontece na Escócia.[9]

No Brasil, a deputada federal Tabata Amaral (PDT) propôs em 2020 um projeto para distribuição gratuita de absorventes em unidades de saúde publicas (o que já é feito com camisinhas), o projeto proposto por Tabata ainda está em andamento, porém com maiores informações sobre a pobreza menstrual, é possível que ele seja aprovado.[10]

Direito ao orgasmo[editar | editar código-fonte]

Esta é outra pauta na qual a sexologia feminista tem várias reivindicações, durante anos as mulheres foram tratadas como objetos sexuais para dar prazer aos seus companheiros, atos não muito agradáveis como o sexo anal e sexo oral de forma agressiva pertenceram da rotina das mulheres. Felizmente atualmente as mulheres estão mais livres para negar a vontade de seus companheiros, e cada dia mais estão ganhando lugar de fala quando o assunto é sexo.

Porem os dados sobre o assunto ainda são assustadores, segundo o portal extra, 23% dos homens não souberam apontar onde e como "encontrar" o clitóris da mulher (principal órgão que induz ao orgasmo feminino)[11] e isto é preocupante, tendo em vista que a masturbação feminina também é tabu, assim existem mulheres que não são mais virgens e que nunca "gozaram", o mesmo estudo relata que 22% das mulheres entrevistadas nunca se masturbaram.[12]

E mesmo que os homens conheçam onde fica o clitóris, muitos deles não sabem como "manuseá-lo", o clitóris é uma estrutura extremamente delicada e seu manuseio de maneira muito agressiva pode causar dor e desconforto. Então outra reivindicação da sexologia feminista é a liberdade da mulher falar para o homem como funciona o seu próprio corpo, a filosofia por trás é simples, a mulher conhece seu corpo bem melhor que qualquer homem, então ela tendo liberdade para explicar suas necessidades na cama, podem favorecer o casal, até por que caso feito "de maneira errada" a mulher pode acabar se machucando ou não sentindo prazer.[13][14]

Masturbação feminina[editar | editar código-fonte]

Para se conhecer e ajudar seu parceiro sexual a conhecê-la também, é importante e saudável que a mulher pratique o auto-amor, porem esta questão continua sendo um tabu, o fato da mulher querer sentir prazer sozinha e assim aprender sobre seu corpo. Mas como citado anteriormente 22% das mulheres entrevistadas pelo portal extra, nunca se masturbaram, e isto se deve ao tabu por trás da masturbação feminina. Ainda é muito comum pesquisas sobre como se masturbar feitas por mulheres que desconhecem seu próprio corpo, e o direito de falar e agir sobre o assunto também é um desejo da sexologia feminista, tendo em vista que a masturbação masculina é amplamente falada sem tabus, então a masturbação feminina também é igualmente importante para a saúde da mulher.[15][16][17]

Referências

  1. Serapião, Jorge José (2009). «FEMINISMO, SEXOLOGIA E GINECOLOGIA – ORIGENS E PERSPECTIVAS». Revista Brasileira de Sexualidade Humana (2). ISSN 2675-1194. doi:10.35919/rbsh.v20i2.329. Consultado em 12 de maio de 2021 
  2. «Feminismo, Identidades de Gênero e Sexologia» 
  3. «O estigma da menstruação é um tipo de misoginia». helloclue.com (em inglês). Consultado em 12 de maio de 2021 
  4. «Por que você fala "naqueles dias"? Fale "menstruação"!». Herself. 19 de maio de 2020. Consultado em 12 de maio de 2021 
  5. «Menstruação ainda é tabu entre brasileiras, aponta pesquisa - Emais». Estadão. Consultado em 12 de maio de 2021 
  6. a b Hypeness, Redação (7 de abril de 2021). «O que é pobreza menstrual e como ela afeta mulheres em situação vulnerável». Hypeness (em inglês). Consultado em 12 de maio de 2021 
  7. a b «O que é pobreza menstrual e como ela pode se agravar durante a pandemia de Covid-19». O Globo. 28 de maio de 2020. Consultado em 12 de maio de 2021 
  8. a b «Pobreza menstrual: mulheres precisam de atendimento de emergência após improviso com miolo de pão». G1. Consultado em 12 de maio de 2021 
  9. «Escócia se torna primeiro país do mundo a oferecer absorventes e tampões de graça». BBC News Brasil. Consultado em 12 de maio de 2021 
  10. «Projeto que prevê absorvente de graça une bancada feminina». Exame. 11 de março de 2020. Consultado em 12 de maio de 2021 
  11. «Estudo mostra que homens sabem pouco sobre sexualidade feminina». Extra Online. Consultado em 12 de maio de 2021 
  12. «Você sabe onde fica o clitóris? Faça um teste rápido». www.agazeta.com.br. Consultado em 12 de maio de 2021 
  13. «Ele só quer o seu prazer: como estimular cada parte do clitóris». www.uol.com.br. Consultado em 12 de maio de 2021 
  14. «Como se livrar deles de 8 pensamentos sabotadores do prazer sexual feminino». www.uol.com.br. Consultado em 12 de maio de 2021 
  15. «Por que a masturbação feminina continua um tabu». BBC News Brasil. 30 de novembro de 2015. Consultado em 12 de maio de 2021 
  16. Struzani, Roberta; roberta-struzani. «Masturbação feminina: benefícios e como fazer». Personare. Consultado em 12 de maio de 2021 
  17. «Redescobrindo a masturbação feminina na quarentena». Trip. Consultado em 12 de maio de 2021