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Sabrina Fernandes
Sabrina Fernandes
Fernandes durante o Ato Resistência LGBT contra a "cura gay" (2017)
Nome completo Sabrina da Fonseca Borges Fernandes
Conhecido(a) por Sintomas Mórbidos: A encruzilhada da esquerda brasileira
Nascimento 26 de julho de 1988 (35 anos)
Goiânia, GO
Nacionalidade brasileira
Alma mater St. Thomas University
Ocupação socióloga, professora, ativista, youtuber
Página oficial
sabrinafernandes.com.br

Sabrina da Fonseca Borges Fernandes (Goiânia, 26 de julho de 1988) é uma socióloga, economista, professora, militante marxista e ex-youtuber brasileira, conhecida pelo seu canal chamado Tese Onze que contém vídeos acerca de debates, informações e críticas dentro de perspectivas de esquerda por uma linha marxista (especificamente, ecossocialista) e progressista. Sabrina Fernandes é PhD em Sociologia e Mestre em Economia Política pela Universidade Carleton no Canadá, onde escreveu sua tese premiada pela CALACS e pela própria Universidade Carleton com uma medalha do senado.[1][2]

Os temas da tese envolvem a despolitização e a fragmentação da esquerda no Brasil evidenciada pela crise política de 2014 no Brasil, que deram origem ao seu livro Sintomas Mórbidos: A encruzilhada da esquerda brasileira.[3] Em dezembro de 2020, publicou o livro Se Quiser Mudar o Mundo - um guia político para quem se importa, livro introdutório aos principais conceitos de política, sem abrir mão de sua complexidade.[4] Ela também preparou uma nova edição, com introdução e notas, do Manifesto Comunista de Karl Marx e Friedrich Engels no Brasil.

Além de estudar e viver o contexto da esquerda brasileira e internacionalista, é especialista em teoria marxista, pedagogia crítica, estudos feministas e sociologia ambiental. No Brasil, foi pesquisadora colaboradora plena na Universidade de Brasília, onde foi professora voluntária e substituta.[5]

Realizou cursos presenciais introdutórios ao ecossocialismo em algumas cidades desde 2018. Seu canal no YouTube foi criado em 2017 e inicialmente abordava os elementos presentes em sua pesquisa, porém com o aumento da popularidade foi rebatizado em referência às Teses sobre Feuerbach de Karl Marx e ampliou seu conteúdo, alcaçando mais de 435.000 assinantes em diferentes plataformas online e de produção de mídia, incluindo podcasts e clube do livro.[6][7][8][9]

Nos últimos anos, ela tem direcionado seu trabalho ativista, de pesquisa e publicação para promover sínteses políticas na fragmentada esquerda brasileira, com foco no ecossocialismo.[10] Escreveu e editou para a revista nova-iorquina Jacobin[11] e suas versões brasileira (como editora consultora-chefe) e latino-americana.[12] Em 2023 se tornou pesquisadora de pós-doutorado do CALAS na Universidade de Guadalajara. Anteriormente, foi pesquisadora visitante do Instituto Latino-Americano da Freie Universität Berlin, pesquisadora sênior no Departamento de Ciência Política da Universidade de Viena e do International Research Group on Authoritarianism and Counter-Strategies (IRGAC) da Rosa Luxemburg Stiftung.[13][14] Co-autorou artigos com Michael Lowy e outros expoentes contemporâneos do ecossocialismo, abordando assuntos como teoria da dependência e imperialismo ecológico, extrativismo e soberania no Sul Global, decrescimento e descarbonização da economia.[15][16][17][18]

Frequentemente participa com entrevistas e artigos em uma variedade de meios de comunicação com grande público.[19]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascida em Goiânia, começou a estudar a língua inglesa aos 13 anos e a lecionar aos 16. Ao atingir a maioridade, em 2006 conseguiu uma bolsa na Universidade St. Thomas, em Fredericton no Canadá onde graduou-se com honras em Economia. Com o incentivo de seus professores, Fernandes prosseguiu seus estudos e pesquisas na Universidade Carleton em Ottawa tendo concluído um mestrado em economia política investigando a proliferação da indústria dos cursinhos pré-vestibulares em Goiânia a partir de uma perspectiva teórica marxista e freiriana, e um doutorado em sociologia que lhe rendeu premiações com sua tese acerca da despolitização brasileira e da fragmentação da esquerda.[6] Voltou a morar no Brasil em 2015 (tendo terminado a mudança em 2017) por motivos pessoais e pelo ativismo, devido ao momento político pelo qual o país passava.[20] É irmã do criminólogo Samuel Silva Borges, que é colaborador em projetos como o Tese Onze e o Fundamentes. Compõe o comitê de direção da Global Ecosocialist Network e é conselheira sênior de pesquisa do Instituto Alameda.

Visões políticas e ativismo[editar | editar código-fonte]

Fernandes começou seu ativismo no Canadá atuando no movimento estudantil e em coletivos feministas, além de ser filiada ao Novo Partido Democrático. Entre as bandeiras que levanta, estão o ecossocialismo, o marxismo, o feminismo e o veganismo. No Brasil, a ativista foi filiada ao Partido Socialismo e Liberdade, sem pretensões de se candidatar, de 2016 até Fevereiro de 2022.[21]

YouTube[editar | editar código-fonte]

Sabrina Fernandes
Carreira no YouTube
Servidor(es) YouTube
Período de atividade 2017—2023
Inscritos + 436 mil
Visualizações + 14,9 milhões



100 000 inscritos2018[22]
Dados de 12 de maio de 2023
Décima primeira tese, manuscrito original de Karl Marx

Em junho de 2017 gravou o primeiro vídeo do canal que começou com o nome "À Esquerda" com a intenção de discutir as definições e a atuação do campo progressista em um espaço onde predominavam os youtubers de direita.[21] Depois de seis meses de existência o canal foi renomeado para "Tese Onze" em referência às Teses sobre Feuerbach de Karl Marx, sendo que a décima primeira diz: "Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo".[23]

Fernandes diz que tem a "responsabilidade de romper padrões" sendo uma mulher que fala sobre política no meio digital e defende a necessidade de pensar em táticas de comunicação “que não fiquem simplesmente nos formatos já maçantes da esquerda, que não atrai grande parte da população”.[24][25] Com mais de 435 mil inscritos, Fernandes dá pequenas aulas sobre marxismo, feminismo, ecologia, comenta a política brasileira e internacional e rebate argumentos da direita desde teorias conspiratórias como a do marxismo cultural até o termo pejorativo "socialista de IPhone".[6][26] Também promove a autocrítica de esquerda, incluindo por exemplo a identificação das falhas cometidas pelos governos do Partido dos Trabalhadores como a conciliação de classes.[21]

Encerrou as atividades do canal em 20 de julho de 2023.[27]

Publicações[editar | editar código-fonte]

Livros Autorais[editar | editar código-fonte]

Livros Editados[editar | editar código-fonte]

Trabalhos científicos[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Sabrina Fernandes vence o Prêmio Tese Destaque 2018». ACELAC. 9 de maio de 2018. Consultado em 12 de abril de 2019 
  2. «Congratulations to Dr. Sabrina Fernandes, who will be awarded a Senate Medal for Outstanding Academic Achievement at her convocation». Department of Sociology and Anthropology (em inglês). Consultado em 7 de maio de 2023 
  3. Fachin, Patricia (27 de junho de 2017). «Melancolia, fragmentação e a crise da práxis. Desafios da esquerda brasileira. Entrevista especial com Sabrina Fernandes». Instituto Humanitas Unisinos – IHU. Consultado em 12 de abril de 2019 
  4. Cassese, Patricia (5 de dezembro de 2020). «Sabrina Fernandes lança seu segundo livro, 'Se Quiser Mudar o Mundo'». O Tempo. Consultado em 9 de dezembro de 2021 
  5. «Sobre – Sabrina Fernandes» (em inglês). Consultado em 8 de maio de 2019 
  6. a b c Gabriel, Ruan S. (21 de fevereiro de 2019). «Conheça Sabrina Fernandes, a anti-Olavo». Época. Consultado em 12 de abril de 2019 
  7. «Entreteses». Tese Onze. Consultado em 7 de maio de 2023 
  8. «Fogo no Parquim». Spotify. Consultado em 7 de maio de 2023 
  9. «Site Fundamentes». https://fundamentes.com.br. Consultado em 7 de maio de 2023. Cópia arquivada em |arquivourl= requer |arquivodata= (ajuda) 🔗 
  10. «Publicações – Sabrina Fernandes». Consultado em 7 de maio de 2023 
  11. «Sabrina Fernandes». Jacobin. Consultado em 12 de abril de 2019 
  12. Fernandes, Sabrina; Dobke, Estudio Dos Rios +. «Sabrina Fernandes, Author at Jacobin Brasil». Jacobin Brasil. Consultado em 7 de maio de 2023 
  13. «Sabrina Fernandes». CALAS (em inglês). 25 de janeiro de 2023. Consultado em 7 de maio de 2023 
  14. «Sabrina Fernandes». IRGAC (em inglês). Consultado em 7 de maio de 2023 
  15. Löwy, Michael; Akbulut, Bengi; Fern, Sabrina; es; Global, Giorgos KallisTopics: Capitalism Ecology Economic Theory Marxist Ecology Political Economy Places: (1 de abril de 2022). «Monthly Review | For an Ecosocialist Degrowth». Monthly Review (em inglês). Consultado em 7 de maio de 2023 
  16. Fernandes, Sabrina; Dobke, Estudio Dos Rios + (7 de novembro de 2022). «Rumo ao século 22». Jacobin Brasil. Consultado em 7 de maio de 2023 
  17. Gallegos, S. Fernandes, E. Gudynas, M. Löwy y R. Ramírez (11 de janeiro de 2022). «Extractivismo y soberanía en América Latina». Jacobin Revista (em espanhol). Consultado em 7 de maio de 2023 
  18. «Una visión ecosocialista para la descarbonización en América Latina». Instituto Tricontinental de Investigación Social (em inglês). Consultado em 7 de maio de 2023 
  19. «Imprensa e Entrevistas – Sabrina Fernandes». Consultado em 7 de maio de 2023 
  20. Peixoto, Heitor. «Os podcasts que você precisa ouvir para saber de política». UOL. Consultado em 12 de abril de 2019 
  21. a b c Diniz, Augusto. «"Ideia da conciliação de classes foi um tiro no pé do PT"». Jornal Opção - R7. Consultado em 12 de abril de 2019 
  22. Fernandes, Sabrina (12 de dezembro de 2018). «Sabrina Fernandes no Twitter: "Hoje, com 1 ano e meio de idade,..."». Tweet da conta oficial de Sabrina Fernandes comemorando a marca de 100 mil inscritos. Twitter. Consultado em 6 de agosto de 2020 
  23. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã: teses sobre Feuerbach. Centauro, 2005.
  24. Arrais, Daniela. «Mulheres no Poder». Claudia. Consultado em 12 de abril de 2019 
  25. Chavez, Thais. «Observatório da Democracia nasce para dar munição para a oposição». CartaCapital. Consultado em 12 de abril de 2019 
  26. Basilio, Ana Luiza. «"Se houvesse o marxismo cultural, uma pessoa como Bolsonaro não teria sido eleita"». CartaCapital. Consultado em 12 de abril de 2019 
  27. @safbf (19 de julho de 2023). «20 de julho, meio-dia, no @teseonze» (Tweet) – via Twitter 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]