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SMS Fürst Bismarck
 Alemanha
Operador Marinha Imperial Alemã
Fabricante Estaleiro Imperial de Kiel
Homônimo Otto von Bismarck
Batimento de quilha abril de 1896
Lançamento 25 de setembro de 1897
Comissionamento 1º de abril de 1900
Descomissionamento 17 de junho de 1919
Destino Desmontado
Características gerais
Tipo de navio Cruzador blindado
Deslocamento 11 461 t
Maquinário 3 motores de tripla expansão
12 caldeiras
Comprimento 127 m
Boca 20,4 m
Calado 7,8 m
Propulsão 3 hélices
- 13 500 cv (9 930 kW)
Velocidade 18,7 nós (34,6 km/h)
Autonomia 4 560 milhas náuticas a 10 nós
(8 450 km a 19 km/h)
Armamento 4 canhões de 240 mm
12 canhões de 150 mm
10 canhões de 88 mm
6 tubos de torpedo de 450 mm
Blindagem Cinturão: 200 mm
Torres de artilharia: 200 mm
Convés: 30 mm
Tripulação 36 oficiais
585 marinheiros

O SMS Fürst Bismarck foi um navio cruzador blindado operado pela Marinha Imperial Alemã no início do século XX. Nomeado em homenagem ao chanceler Otto von Bismarck, sua construção começou em abril de 1896 no Estaleiro Imperial de Kiel, apesar de grande oposição política na Dieta Imperial, sendo lançado ao mar em setembro do ano seguinte. O projeto da embarcação foi pensado para ser uma melhora em relação à Classe Victoria Louise, com o Fürst Bismarck sendo significantemente maior e mais bem armado que seus predecessores. Sua bateria principal era formada por quatro canhões navais de 240 milímetros montados em duas torres de artilharia duplas.

O cruzador entrou em serviço em 1900 e tinha a intenção de ser usado em serviços coloniais, atuando nessa capacidade na Esquadra da Ásia Oriental até ser tirado da função em 1909, quando retornou para a Alemanha. Durante esse período, participou do Levante dos Boxers e depois se ocupou principalmente de exercícios e treinamentos. O Fürst Bismarck foi reconstruído entre 1910 e 1914, sendo brevemente usado como navio de defesa de costa após o começo da Primeira Guerra Mundial. Foi considerado inadequado para a função e tirado do serviço, atuando como navio de treinamento de engenheiros. Foi descomissionado em 1919, vendido e desmontado até o ano seguinte.

Desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

O SMS Fürst Bismarck foi projetado antes da corrida armamentista naval entre a Alemanha e o Reino Unido. O almirante Friedrich von Hollmann, Secretário de Estado do Escritório Imperial da Marinha Imperial Alemã, acreditava que era impossível competir contra a dominância da Marinha Real Britânica. Por isso, acabou concebendo uma pequena frota de barcos torpedeiros e navios de defesa de costa para que ficassem baseados em águas alemãs. Esses seriam suplementados por vários cruzadores para uso no exterior, incluindo na proteção de embarcações mercantes.[1]

Ele foi o primeiro cruzador blindado da Marinha Imperial, sendo uma versão maior dos cruzadores protegidos da Classe Victoria Louise, possuindo um deslocamento quase duas vezes maior e com um armamento significativamente mais poderoso. O navio foi pensado para uso no exterior, particularmente para auxiliar nas colônias alemãs na Ásia e no Oceano Pacífico. A nova embarcação acabou aprovada pela Dieta Imperial, mesmo com grande oposição política, sendo originalmente encomendada com o nome provisório de Ersatz Leipzig ao custo de 18,945 milhões de marcos.[2]

Projeto[editar | editar código-fonte]

O Fürst Bismarck tinha 125,7 metros de comprimento da linha de flutuação e 127 metros de comprimento de fora a fora. Sua boca era de 20,4 metros, enquanto o calado ficava em 7,8 metros na proa e 8,46 metros na popa. Tinha um deslocamento projetado de 10 690 toneladas, porém quando totalmente carregado o deslocamento chegava em 11 461 toneladas.[3] O Fürst Bismarck foi descrito como um navio de navegabilidade muito boa e muito responsivo aos comandos do leme. Entretanto, sofria de sérios problemas de rolagem e também de vibração em altas velocidades. Ele foi construído com uma armação de aço transversal e longitudinal; seu casco era de uma única camada de placas de madeira cobertas com um revestimento de metal Muntz que estendia-se por 95 metros acima da linha d'água. As partes mais baixas da embarcação, incluindo a proa e a popa, eram cobertas por placas de bronze. Ele tinha treze compartimentos a prova d'água e um fundo duplo que cobria 59% do comprimento do casco.[4]

O sistema de propulsão consistia em três motores de tripla expansão com quatro cilindros, alimentados por quatro caldeiras Thornycroft e oito caldeiras cilíndricas. As caldeiras Thornycroft tinham cada uma duas caixas de fogo, totalizando oito, enquanto as caldeiras cilíndricas tinham quatro caixas, total de 32. Cada um dos motores girava uma hélice de três lâminas. A hélice central tinha 4,4 metros de diâmetro, enquanto as duas hélices laterais eram um pouco maiores, com 4,8 metros de diâmetro. Os motores produziam 13 500 cavalos-vapor (10 100 quilowatts) de potência e uma velocidade máxima de 18,7 nós (24,6 quilômetros por hora). As máquinas foram exigidas até 13 622 cavalos-vapor (10 158 quilowatts) nos testes marítimos, porém a velocidade continuou em 18,7 nós. A eletricidade era gerada por cinco geradores que produziam 325 quilowatts a 110 volts.[4]

A bateria principal do Fürst Bismarck era formada por quatro canhões de tiro rápido SK L/40 de 240 milímetros[nota 1] montados em duas torres de artilharia Drh. L. C/98, uma na proa e outra na popa.[6] Estas armas podiam abaixar-se até menos quatro graus e elevar-se até trinta graus, tendo um alcance máximo de 16,9 quilômetros.[4] Os canhões disparavam projéteis antiblindagem de 140 quilogramas a uma velocidade de saída de 690 metros por segundo. A carga propelente pesava um pouco mais de 41 quilogramas e ficava guardada em caixas de latão.[6] O navio podia armazenar 312 projéteis, o que equivalia a 78 por canhão.[4]

A bateria secundária consistia em doze canhões de tiro rápido SK L/40 de 150 milímetros montados em casamatas,[7] além de oito canhões SK L/30 de 88 milímetros colocados em uma mistura de casamatas e escudos.[4] As armas de 150 milímetros podiam se elevar até vinte graus e tinham um alcance de 13,7 quilômetros. Esses canhões tinham uma cadência de tiro de quatro a cinco disparos por minuto, armazenando 120 projéteis.[7] As armas de 88 milímetros disparavam um projétil de dez quilogramas e possuíam uma velocidade de saída de 590 metros por segundo, com cada canhão tendo a disposição 250 projéteis.[8] O Fürst Bismarck também possuía seis tubos de torpedo de 450 milímetros e dezesseis torpedos. Um dos tubos ficava em uma montagem móvel na popa, quatro ficavam submersos nas laterais e o último ficava na proa, também submerso.[4]

O Fürst Bismarck era protegido por uma blindagem mais espessa em certas áreas do que projetos posteriores de cruzadores da Marinha Imperial. O cinturão tinha duzentos milímetros de espessura na porção central, diminuindo para cem milímetros nas extremidades da embarcação. Atrás do cinturão também estava escudos de cem milímetros de espessura para protegerem áreas críticas. O convés principal tinha trinta milímetros de espessura, com cinquenta milímetros em certos locais. A torre de comando dianteira era protegida por uma blindagem de duzentos milímetros de espessura nas laterais e quarenta milímetros no teto, enquanto a torre de comando traseira tinha cem milímetros nas laterais e trinta no teto. As torres de artilharia principais possuíam duzentos milímetros nas laterais e quarenta no teto. As torres das armas de 150 milímetros eram protegidas por laterais de cem milímetros e escudos de sessenta milímetros. As armas em casamatas tinham um escudo de dez milímetros de espessura.[4]

História[editar | editar código-fonte]

O Fürst Bismarck pouco antes de seu lançamento em setembro de 1897

O contrato para a construção do Fürst Bismarck foi entregue para o Estaleiro Imperial de Kiel, com o batimento de sua quilha ocorrendo em abril de 1896. Seu casco finalizado foi lançado no dia 25 de setembro de 1897, quando foi batizado em homenagem ao ex-chanceler Otto von Bismarck. O ironclad SMS Sachsen colidiu acidentalmente com o Fürst Bismarck em 2 de março de 1900 enquanto este ainda estava passando por seu processo de equipagem, com sua popa ficando levemente danificada. O acidente adiou seus testes marítimos até 19 de março. Os exercícios iniciais revelaram a necessidade de alterações no navio, porém o começo do Levante dos Boxers na China no final de 1899 impediu que os trabalhos fossem realizados, pois a Esquadra da Ásia Oriental alemã necessitava de reforços. Dessa forma, o cruzador partiu de Kiel em 30 de junho, parando para reabastecer em Gibraltar e em Porto Said e Porto Tewfik, estes dois últimos nas duas extremidades do Canal de Suez no Egito. O navio passou pelo Mar Vermelho e 41 membros de sua tripulação sofreram de intermação devido ao forte calor. O Fürst Bismarck parou na ilha britânica de Perim na extremidade sul do Mar Vermelho e em seguida cruzou o Oceano Índico até Colombo no Ceilão, então prosseguindo para Singapura.[9]

Levante dos Boxers[editar | editar código-fonte]

O Fürst Bismarck por Fritz Stoltenberg em 1900

O navio recebeu ordens em 4 de agosto enquanto ainda estava em Singapura para escoltar as embarcações de transporte de tropas SMS Frankfurt e SMS Wittekind até Tsingtau na Baía de Kiauchau. Os três chagaram em 13 de agosto e o vice-almirante Felix von Bendemann, o comandante da Esquadra da Ásia Oriental, transferiu sua bandeira para o Fürst Bismarck quatro dias depois. Na época, a esquadra era formada pelos cruzadores protegidos SMS Hertha, SMS Hansa, SMS Kaiserin Augusta e SMS Irene, e os cruzadores desprotegidos SMS Gefion e SMS Seeadler, este último tendo chegado na região alguns dias antes do Fürst Bismarck. A Divisão Destacada, que consistia nos quatro couraçados da Classe Brandenburg, no aviso SMS Hela e transportadores adicionais, chegou em Hong Kong não muito depois. A esquadra foi reforçada ainda mais no mês seguinte com a chegada dos cruzadores desprotegidos SMS Geier, SMS Schwalbe e SMS Bussard, as canhoneiras SMS Luchs e SMS Tiger, os barcos torpedeiros SMS S90, SMS S91 e SMS S92, e o navio hospital SMS Gera. As forças alemães contribuíram com 24 navios de guerra e dezessete mil soldados para a Aliança das Oito Nações, que no total tinha reunido 250 embarcações e sessenta mil soldados a fim de enfrentar os Boxers. O general marechal de campo alemão Alfred von Waldersee foi colocado no comando das forças multinacionais depois de um acordo com a Rússia.[10][nota 2]

Bendemann decidiu implementar um bloqueio no Rio Yangtzé, empregando na tarefa o Fürst Bismarck, Gefion, Irene e a canhoneira SMS Iltis, além dos navios da Divisão Destacada, com o couraçado SMS Wörth cobrindo o desembarque de tropas em Taku. As equipes de desembarque avançaram até Xangai por terra a fim de proteger os europeus na cidade. Bendemann também enviou o Seeadler e o Schwalbe pelo Yangtzé para proteger cidadãos alemães, austro-húngaros e belgas, o Bussard para Amoy, e o Luchs e S91 para Cantão. O vice-almirante colocou sua capitânia em Xangai e o Hertha chegou em 25 de setembro transportando Alfons Mumm von Schwarzenstein, o novo embaixador alemão para a China, que encontrou-se com Bendemann antes de prosseguir para Pequim. As forças da Aliança nesse momento tinham tomado Beicang na foz do Rio Peiho, porém o porto congelava frequentemente durante o inverno, assim mais portos eram necessários para apoiar adequadamente as forças em terra. Bendemann levou a maior parte de sua frota para atacar Shanhaiguan e Qinhuangdao, já que estes tinham conexões ferroviárias com Taku e Pequim. O vice-almirante emitiu um ultimato de rendição para os defensores chineses das cidades, que foi aceito e permitiu que a Aliança as tomasse sem luta. O Fürst Bismarck foi para Taku em 5 de outubro, juntando-se ao Hertha, Hela e os couraçados SMS Brandenburg e SMS Kurfürst Friedrich Wilhelm. As forças navais da Aliança concentraram-se na foz do Yangtzé a partir do fim de outubro. Reino Unido e Alemanha suspeitavam que o outro estava tentando garantir uma ocupação permanente da área, porém essas suspeitas mostraram-se falsas. O Fürst Bismarck foi para Nagasaki no Japão em novembro para passar por manutenções, com Bendemann transferindo sua bandeira temporariamente para o Kaiserin Augusta.[12]

Os combates tinham se reduzido em fevereiro de 1901 a ponto de que os navios da Esquadra da Ásia Oriental podiam retornar para suas rotinas normais de treinamento individual e divisional. O Seeadler foi destacado em maio para Yap nas Ilhas Carolinas, enquanto o Hansa transportou o contra-almirante Hermann Kirchhoff em junho para Sydney e Melbourne na Austrália. A Divisão Destacada, o Irene e o Gefion voltaram para a Alemanha no mesmo mês. A Esquadra da Ásia Oriental retomou seus procedimentos de tempos de paz em julho. O Fürst Bismarck visitou portos japoneses acompanhado do Geier, S91 e S92, com ele e o S91 visitando Porto Artur na Manchúria em setembro antes de voltarem para o Japão em outubro. Seguiu-se outro período no estaleiro de Nagasaki, que incluíram reparos na proa. Nessa época o governo chinês já tinha assinado o Protocolo Boxer e encerrado o levante. A experiência de projetar poderio militar a uma distância tão grande provou-se valiosa para o exército e marinha da Alemanha, também deixando particularmente clara a importância de logística. Dessa forma, foi criado em 1902 um departamento de transporte marítimo dentro do Escritório Imperial da Marinha.[13]

Rotina de treinamentos[editar | editar código-fonte]

O Fürst Bismarck em local desconhecido

Os reparos do Fürst Bismarck foram finalizados em 15 de janeiro de 1902 e ele encontrou-se com o Hertha e o Bussard no mês seguinte em Singapura. Bendemann voltou para o navio, porém foi logo substituído no comando da esquadra em 15 de fevereiro pelo vice-almirante Richard Geissler. O cruzador rápido SMS Thetis juntou-se a esquadra no final do mês; seguiram-se mais mudanças na composição da frota, com o Kaiserin Augusta, S91 e S92 retornando para a Alemanha até março. O Schwalbe, Geier e Luchs foram para Ningpo na China em abril com o objetivo de protegerem europeus de tumultos na cidade, enquanto isso o Fürst Bismarck e o resto da esquadra viajaram por portos da Ásia Oriental, desde o Japão até as Índias Orientais Holandesas. As embarcações durante esse período realizaram vários exercícios de treinamento e alternaram visitas a Tsingtau e Nagasaki para manutenções periódicas. O Schwalbe voltou para a Alemanha em setembro e seu lugar foi assumido pelo Geier. O imperador Guilherme II da Alemanha presenteou o Fürst Bismarck em dezembro com o Prêmio de Tiro por excelência em artilharia na Esquadra da Ásia Oriental.[14]

O cruzador ancorou na foz do Yangtzé junto com o Hansa e o Thetis no início de 1903, permanecendo lá até meados de março, quando foram para Tsingtau. Ficou no local até abril, quando a esquadra conduziu exercícios de treinamentos até o mês seguinte, durante os quais o cruzador venceu novamente o Prêmio de Tiro. O Fürst Bismarck visitou o Japão na companhia do Bussard, onde Geissler e sua equipe receberam uma visita do imperador Meiji. As duas embarcações então visitaram em agosto a Frota do Pacífico russa em Vladivostok. O contra-almirante Curt von Prittwitz und Gaffron substituiu Geissler no comando da esquadra em 15 de novembro, depois do qual o Fürst Bismarck foi novamente para Nagasaki em dezembro a fim de passar por outra manutenção.[15]

O ano de 1904 começou com a mesma rotina de exercícios e visitas a portos estrangeiros. As tensões entre a Rússia e o Japão estavam crescendo consideravelmente nessa época sobre seus interesses conflitantes sobre a Coreia, com o Almirantado Imperial Alemão instruindo Prittwitz und Gaffron em 7 de janeiro que seus navios deveriam manter estrita neutralidade em relação aos dois países. O Hansa evacuou cidadãos alemães e austro-húngaros de Porto Artur e Dalniy entre 20 e 23 de janeiro. O Japão cortou relações diplomáticas com a Rússia em 5 de fevereiro e realizou um ataque noturno surpresa contra a frota russa em Porto Artur na noite do dia 8 para o dia 9 sem uma declaração de guerra formal. O Hansa retornou para a cidade em 12 de fevereiro para evacuar os últimos civis, enquanto o Thetis foi enviado para Chemulpo com o mesmo objetivo entre os dias 21 e 22. Vários navios russos danificados procuraram refúgio em Tsingtau depois da Batalha do Mar Amarelo em 10 de agosto, incluindo o couraçado Tsesarevich e o cruzador protegido Novik, permanecendo internados no local até o fim da Guerra Russo-Japonesa. O Fürst Bismarck e o resto da Esquadra da Ásia Oriental ocuparam-se pelo restante do conflito em garantir o internamento das embarcações e a destruição de minas russas que poderiam ameaçar o comércio alemão.[16]

A esquadra continuou com sua rotina de exercícios apesar da guerra, com o Fürst Bismarck vencendo o Prêmio de Tiro novamente. Ele, o Hertha e o Seedler estiveram presentes em Xangai para a abertura de um clube alemão na cidade. Tumultos na China no começo de 1905 forçaram os navios a ficarem em portos locais até meados março. Prittwitz und Gaffron convocou as embarcações de volta para Tsingtau quando a Segunda Esquadra Russa do Pacífico aproximou-se da área; a força russa foi aniquilada pelos japoneses na Batalha de Tsushima e os navios alemães em seguida retornaram para seus treinamentos. O Seedler e o Thetis foram enviados mais tarde no mesmo ano para a colônia da África Oriental Alemã com o objetivo de combater uma revolta contra o domínio alemão. Uma doca flutuante foi completada em Tsingtau em agosto, o que permitiu que a Esquadra da Ásia Oriental concertasse seus próprios navios; o Fürst Bismarck passou por reparos lá em outubro. O contra-almirante Alfred Breusing substituiu Prittwitz und Gaffron em 11 de novembro, com as embarcações iniciando em dezembro uma viagem pelo sul da Ásia Oriental, porém o cruzeiro precisou ser interrompido por tumultos em Xangai que necessitaram da presença do Fürst Bismarck. O cruzador enviou um grupo de desembarque para terra junto com homens das canhoneiras Tiger, SMS Jaguar e SMS Vaterland. Os homens patrulharam o centro da cidade e protegeram o consulado alemão, porém não se envolveram com os tumultos.[17]

Últimas operações[editar | editar código-fonte]

O Fürst Bismarck em Manila nas Filipinas.

O cruzador começou uma viagem pela Índias Orientais em janeiro de 1906, depois do qual foi para Hong Kong no final do mês seguinte. Ele permaneceu lá por quase um mês até partir de 23 de março a fim de encontrar-se com o resto da esquadra, que então já podia deixar Xangai. O Fürst Bismarck e o Hansa, os únicos grandes navios designados para a esquadra na época, visitaram portos japoneses em maio. O navio foi em 28 de maio para Taku, de onde Breusing e sua equipe viajaram por terra até Pequim, sendo os primeiros oficiais alemães a visitarem o imperador Guangxu e a imperatriz viúva Cixi depois do Levante dos Boxers. O Hansa iniciou em 4 de julho uma viagem de volta para a Alemanha, com o cruzador rápido SMS Niobe chegando em 9 de agosto com o objetivo de entrar na esquadra. O cruzador rápido SMS Leipzig chegou em 19 de novembro para fortalecer mais a frota. O Fürst Bismarck e o Tiger foram para outra viagem pela Indonésia e Japão no começo de 1907. O contra-almirante Carl von Coerper chegou em 13 de maio para substituir Breusing; ele começou seu período no posto viajando pelo Yangtzé a bordo do Tiger a fim de familiarizar-se com os interesses alemães na área. Ele retornou para o Fürst Bismarck e visitou o Japão acompanhado do Niobe. O cruzador venceu seu quarto Prêmio de Tiro durante as manobras da esquadra naquele ano.[18]

O cruzador rápido SMS Arcona juntou-se a esquadra em 23 de outubro, trazendo a força da unidade de volta para quatro cruzadores. O Fürst Bismarck viajou para o Sião em janeiro de 1908, onde recebeu a visita do rei Chulalongkorn. O resto do ano transcorreu pacificamente e o navio recebeu ordens no início de 1909 para que retornasse para Alemanha a fim de passar por reparos. Ele já estava fora a nove anos e a escala dos trabalhos necessários era muito maior do que poderia ser feito na doca flutuante de Tsingtau, além de ser muito caro realizar as obras em outro lugar da Ásia. O Fürst Bismarck iniciou sua viagem de volta em 8 de abril e encontrou-se no dia 29 de abril em Colombo com o cruzador blindado SMS Scharnhorst, a nova capitânia da Esquadra da Ásia Oriental. Chegou em Kiel em 13 de junho e foi descomissionada no dia 26.[19]

Final de carreira[editar | editar código-fonte]

O Fürst Bismarck no Canal Imperador Guilherme em 13 de junho de 1909.

O Fürst Bismarck foi levado em 1910 para o Estaleiro Imperial de Kiel a fim de passar por um grande processo de modernização. Parte do trabalho incluía convertê-lo em um navio alvo para treinamentos de torpedo a fim de substituir o antigo ironclad SMS Württemberg. Seus mastros pesados foram substituídos com mastros mais leves seus dois canhões de 150 milímetros mais a popa foram removidos. Os trabalhos demoraram quatro anos para serem concluídos e só foram finalizados após o início da Primeira Guerra Mundial em julho de 1914. O cruzador foi recomissionado em 28 de novembro sob o comando do capitão de mar Ferdinand Bertram, antigo chefe da escola de artilharia. O Fürst Bismarck completou seus testes marítimos, porém não foi colocado em uma unidade de linha de frente na guerra devido seu baixo valor em combate. Em vez disso foi designado para o I Inspetorado Marinho em Kiel para uso como navio de treinamento. Foi desarmado entre 4 e 6 de setembro de 1916 e a partir de 1917 também foi empregado para treinar comandantes de submarinos Tipo U-151 e zepelins da marinha. A embarcação foi descomissionada em 31 de dezembro de 1918 ao final da guerra, porém permaneceu no inventário da frota até meados de 1919. Ele serviu de escritório flutuante até 27 de maio, depois sendo removido do registro naval em 17 de junho. O cruzador então foi transferido de volta para Kiel e vendido para uma companhia de Dortmund, sendo desmontado entre 1919 e 1920 em Rendsburg.[4][20]

Referências[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. Na nomenclatura da Marinha Imperial Alemã, "SK" significa Schnelladekanone (canhão de tiro rápido), enquanto L/40 indica o comprimento do canhão. Neste caso, L/40 é uma arma de calibre 40, significando que o comprimento do tubo do canhão era quarenta vezes maior que o diâmetro interno.[5]
  2. As forças dos Estados Unidos não podiam legalmente ficar sob comando estrangeiro, enquanto as forças da França recusaram por motivos políticos. Mesmo assim, Waldersee manteve boas relações com os comandantes norte-americanos e franceses e todas as forças colaboraram eficientemente no decorrer da campanha.[11]

Citações

  1. Padfield 1974, p. 37
  2. Gardiner & Gray 1985, p. 142
  3. Gröner 1990, p. 48
  4. a b c d e f g h Gröner 1990, p. 49
  5. Grießmer 1999, p. 177
  6. a b DiGiulian, Tony (22 de novembro de 2008). «Germany 24 cm/40 (9.4") SK L/40». NavWeaps. Consultado em 22 de janeiro de 2019 
  7. a b DiGiulian, Tony (20 de outubro de 2008). «Germany 15 cm/40 (5.9") SK L/40». NavWeaps. Consultado em 22 de janeiro de 2019 
  8. DiGiulian, Tony (22 de março de 2007). «Germany 8.8 cm/30 (3.46") SK L/30, 8.8 cm/30 (3.46") Tbts KL/30, 8.8 cm/30 (3.46") Ubts L/30, 8.8 cm/30 (3.46") Ubts + Tbts Flak L/30». NavWeaps. Consultado em 22 de janeiro de 2019 
  9. Hildebrand, Röhr & Steinmetz 1993, pp. 164–166
  10. Hildebrand, Röhr & Steinmetz 1993, p. 166
  11. Hildebrand, Röhr & Steinmetz 1993, p. 167
  12. Hildebrand, Röhr & Steinmetz 1993, pp. 167–168
  13. Hildebrand, Röhr & Steinmetz 1993, pp. 168–169
  14. Hildebrand, Röhr & Steinmetz 1993, p. 169
  15. Hildebrand, Röhr & Steinmetz 1993, pp. 169–170
  16. Hildebrand, Röhr & Steinmetz 1993, pp. 170–171
  17. Hildebrand, Röhr & Steinmetz 1993, pp. 171–172
  18. Hildebrand, Röhr & Steinmetz 1993, p. 172
  19. Hildebrand, Röhr & Steinmetz 1993, pp. 172–173
  20. Hildebrand, Röhr & Steinmetz 1993, p. 173

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Gardiner, Robert, eds. (1979). Conway's All the World's Fighting Ships, 1906–1921. Annapolis: Naval Institute Press. ISBN 978-0-87021-907-8 
  • Gardiner, Robert; Gray, Randal, eds. (1985). Conway's All the World's Fighting Ships: 1906–1921. Annapolis: Naval Institute Press. ISBN 978-0-87021-907-8 
  • Grießmer, Axel (1999). Die Linienschiffe der Kaiserlichen Marine. Bonn: Bernard & Graefe Verlag. ISBN 978-3-7637-5985-9 
  • Gröner, Erich (1990). Jung, Dieter; Maass, Martin, ed. German Warships: 1815–1945. Annapolis: Naval Institute Press. ISBN 978-0-87021-790-6 
  • Hildebrand, Hans H.; Röhr, Albert; Steinmetz, Hans-Otto (1993). Die Deutschen Kriegsschiffe. 3. Ratingen: Mundus Verlag. ISBN 3-7822-0211-2 
  • Padfield, Peter (1974). The Great Naval Race. Edimburgo: West Newington House. ISBN 978-1-84341-013-3 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]