Judas Tadeu – Wikipédia, a enciclopédia livre

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Judas Tadeu
Judas Tadeu
São Judas Tadeu,
por Georges de La Tour. ca. 1615 - 1620
apóstolo e mártir
Nascimento século I d.C.
Galileia, Palestina
Morte 28 de outubro de 70 (data aproximada)[1]
Pérsia
Veneração por Igreja Católica, Igrejas orientais, Igreja Ortodoxa, Igreja Copta, Comunhão Anglicana, Umbanda, Igreja Luterana, Igreja Assíria do Oriente
Principal templo Basílica de São Pedro (Roma), Mosteiro de São Tadeu (Irã)
Festa litúrgica 28 de Outubro(Igrejas Ocidentais)
19 de Junho(Igrejas Orientais)
Atribuições machado, maça, barco, remo, medalhão
Padroeiro das causas desesperadas ou perdidas, dos hospitais e da Armênia
Portal dos Santos
Procissão de São Judas Tadeu em Lima, Peru

São Judas Tadeu ou São Judas Apóstolo é um santo cristão e um dos doze apóstolos de Jesus. Seus outros nomes são Judas Tadeu, Judas Lebeus e Judas, irmão de Tiago. Ele é também conhecido como São Tadeu (em grego: Θαδδαῖος, transl. Thaddæus ou Thaddaeus em diferentes versões da Bíblia), e como São Matfiy (Фаддей, он же Иуда Иаковлев или Леввей, em russo) na tradição ortodoxa russa (junto com São Judas). Ele é às vezes identificado como sendo Judas, "irmão de Jesus" [a], mas não deve ser confundido com Judas Iscariotes, também outro apóstolo, que traiu Jesus.

A Igreja Apostólica Armênia honra Tadeu juntamente com São Bartolomeu como santo padroeiro e responsável por ter levado o Cristianismo à Arménia. É o santo patrono das causas desesperadas e das causas perdidas na Igreja Católica Romana.

O atributo de São Judas é a maça ou o machado. Ele também é geralmente mostrado nos ícones com uma chama à volta da cabeça, que representa a sua presença durante o Pentecostes, quando ele recebeu o Espírito Santo junto aos Doze apóstolos. Outro atributo comum é ver Judas Tadeu segurando uma imagem de Jesus Cristo, a imagem de Edessa. Em algumas ocorrências, ele pode ser visto segurando um rolo ou um livro (supostamente a Epístola de Judas) ou uma régua de carpinteiro.

Identidade[editar | editar código-fonte]

Possível identificação com Judas, irmão de Jesus[editar | editar código-fonte]

Judas é claramente distinto de Judas Iscariotes, outro discípulo que seria o traidor de Jesus. Judas é uma tradução do nome Ιούδας do original grego do Novo Testamento, o que por sua vez é uma variante de Judá, um nome muito comum entre os judeus da época.

"Judas, irmão de Tiago" ou "Judas de Tiago" (na Vulgata, "Iudam Iacobi et Iudam Scarioth qui fuit proditor")[2] é mencionado apenas duas vezes no Novo Testamento: nas listas apostólicas de Lucas, no Evangelho e nos Atos dos Apóstolos[3]. O Evangelho de João também menciona uma vez - em João 14:22 um discípulo chamado "Judas (não o Iscariotes)", o que geralmente é aceito como sendo Judas Tadeu[4][b], embora alguns estudiosos vejam esta identificação como sendo incerta[5]. A frase "Judas de Tiago" pode igualmente ser entendida como uma relação entre irmãos ou de pai e filho e, por isso, as opiniões se dividem sobre Judas, o apóstolo, ser a mesma pessoa que Judas, irmão de Jesus, que é mencionado em Marcos 6:3 e Mateus 13:55–57 (juntamente com outros irmãos de Jesus, inclusive Tiago, o Justo), considerado pela tradição como sendo o autor da Epístola de Tiago[6].

A única passagem bíblica que faz uma citação clara de intervenção do apóstolo é a quela na qual o texto narra um diálogo de Jesus com os discípulos, orientando-os sobre o futuro e a Sua ressurreição. Então, Tadeu questiona o Messias: “Disse-lhe Judas, não o Iscariotes: Donde procede, Senhor, que estás para manifestar-Te a nós e não ao mundo?” João 14:22

Possível identificação com Tadeu[editar | editar código-fonte]

Nas listas apostólicas de Mateus e Marcos[7], não se fala em Judas, mas em Tadeu (ou, em alguns manuscritos de Mateus 10:3, "Lebeus, de sobrenome Tadeu"). Isto levou muitos cristãos desde os primeiros anos a harmonizar as listas propondo um "Judas Tadeu", conhecido por ambos os nomes. Esta proposta se torna ainda mais plausível pelo fato de que "Thaddeus" parece ter sido um apelido (veja Tadeu). Uma complicação adicional está no fato de que o nome "Judas" foi manchado por Judas Iscariotes. Já se argumentou que por isso não é surpreendente que Marcos e Mateus se refiram a ele por um outro nome[8].

Alguns estudiosos bíblicos rejeitam esta teoria, porém, defendendo que Judas e Tadeu não são a mesma pessoa[9]. Outros então propuseram teorias alternativas para explicar a discrepância: uma substituição de um pelo outro ainda durante o ministério de Jesus por conta de uma suposta apostasia ou morte[9]; a possibilidade que "doze" seria um número simbólico ou uma estimativa[10] ou simplesmente que os nomes não foram preservados de forma exata pela igreja antiga[11].

Tadeu, o apóstolo, é ainda geralmente entendido como sendo distinto de Tadeu de Edessa, um dos Setenta Discípulos.[carece de fontes?]

Tradição[editar | editar código-fonte]

Mosteiro de São Tadeu no Irã

A tradição conta que São Judas pregou o Evangelho na Judeia, Samaria, Idumeia, Síria, Mesopotâmia e Líbia antiga.[1] Acredita-se também que ele visitou Beirute e Edessa, embora o emissário desta última missão seja também identificado por outras fontes como sendo Tadeu de Edessa, um dos Setenta. Sua morte teria ocorrido junto com a de Simão, o Zelote na Pérsia, onde teriam sido martirizados por um multidão insuflada por sacerdotes de Zoroastro.

A tradição reporta ainda que São Judas teria nascido de uma família judaica em Paneas, uma cidade na Galileia que, quando foi posteriormente reconstruída pelo Império Romano, foi renomeada para Cesareia de Filipe. É quase certo que ele falava tanto o grego quanto o aramaico, assim como os seus contemporâneos naquela região, e que era um fazendeiro de profissão. Ainda de acordo com a tradição, São Judas era filho de Cleofas e sua esposa, Maria, uma irmã da Virgem Maria. Esta mesma tradição afirma que seu pai fora assassinado por sua devoção aberta e irrestrita ao Cristo ressuscitado.

Embora São Gregório, o Iluminador seja creditado como sendo o "Apóstolo dos Armênios", quando ele batizou o rei Tirídates III em 301 d.C., convertendo os armênios, os apóstolos Judas e Bartolomeu são tradicionalmente acreditados como tendo pela primeira vez levado o cristianismo para a Armênia e são, por isso, venerados como santos padroeiros pela Igreja Apostólica Armênia. Ligada a esta tradição estão os mosteiros de São Tadeu (hoje no norte do Irã) e o de São Bartolomeu (hoje no sudeste da Turquia), ambos tendo sido construídos no que então era parte da província romana da Armênia.

De acordo com a tradição, Judas Tadeu provavelmente teria sido martirizado a golpes de lanças, machados e porretes no dia 28 de outubro de 70.[1] Suas relíquias se encontram supostamente na Basílica de São Pedro, em Roma, para onde teriam sido trasladadas e são veneradas até hoje.

Notas[editar | editar código-fonte]

[a] ^ Veja Marcos 6:3 e Mateus 13:55
[b] ^ A situação é muito similar com Tiago: os católicos tendem a identificar Tiago, irmão de Jesus com o apóstolo Tiago, filho de Alfeu, mas os protestantes e os ortodoxos não.

Referências

  1. a b c Figueiredo, Pe. Antônio Pereira (2013). Bíblia Sagrada (edição luxo). [S.l.]: DCL. ISBN 978-85-368-1571-8 
  2. Lucas 6:16 Arquivado em 9 de março de 2014, no Wayback Machine. em latim
  3. Lucas 6:16 e Atos 1:13
  4. Veja Commentary on John 14:22, Expositor's Bible Commentary CDROM, Zondervan, 1978 (em inglês)
  5. Raymond E. Brown. The Gospel According to Saint John (em inglês). 2. [S.l.: s.n.] 641 páginas 
  6. Neyrey, Jerome H. (1993). Anchor Bible Reference Library. 2 Peter, Jude (em inglês). [S.l.]: Doubleday. pp. 44–45 
  7. Mateus 10:3 e Marcos 3:18
  8. Por exemplo em Harpan, Otto (1962). The Apostle (em inglês). Sands: 12apostlesofthecatholicchurch.com. Consultado em 24 de dezembro de 2010. Arquivado do original em 26 de janeiro de 2005 
  9. a b Meier, John P. A Marginal Jew (em inglês). 3. [S.l.: s.n.] pp. 130–133, 200 - "A imaginação cristã foi rápida em harmonizar e produzir um 'Judas Tadeu', algo que não tem base na realidade". Veja também Pesch, Rudolf (1980). «Simon-Petrus. Geschichte und geschichtliche Bedeutung der ersten Juengers Jesu Christ». Hiersmann. Paepste und Papsttum (em alemão) (15). 36 páginas 
  10. E. P. Sanders (1985). Jesus and Judaism (em inglês). [S.l.]: Fortress Press. 102 páginas. ISBN 0-334-02091-3 
  11. Joseph Fitzmyer (1981–1985). The Anchor Bible. The Gospel according to Luke: Introduction, translation, and notes (em inglês). 2. Garden City, NY: Doubleday. pp. 619–620. ISBN 0385005156 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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