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Roberto Romano
Roberto Romano
Roberto Romano (foto:Fábio Pozzebon/ABr)
Nome completo Roberto Romano da Silva
Nascimento 13 de abril de 1946
Jaguapitã
Morte 22 de julho de 2021 (75 anos)
São Paulo
Nacionalidade brasileiro
Ocupação Professor
Página oficial
www.unicamp.br/ifch/romano/

Roberto Romano da Silva (Jaguapitã, 13 de abril de 1946[1]São Paulo, 22 de julho de 2021) foi um acadêmico brasileiro e professor títular de Ética e Filosofia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (IFCH-UNICAMP). Obteve doutorado na École des hautes études en sciences sociales (EHESS), da França.[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Quando jovem, mudou-se com família para Marília (São Paulo), onde cursou o ginásio e o ensino médio. Nessa época, entrou em contato professor Ubaldo Pupi e ingressou na Juventude Estudantil Católica, quando tinha entre 16 e 17 anos. Pouco tempo depois, eclodiu o Golpe Militar de 1964. Nos dias seguintes ao golpe, o professor Ubaldo foi preso e perdeu o emprego.

Pouco antes de completar 20 anos de idade, ingressou no Convento dos Dominicanos em Juiz de Fora (Minas Gerais), onde permaneceu até 1967. Depois ingressou no Instituto de Filosofia e Teologia de São Paulo.

Em 1969, fez vestibular para o curso de filosofia na Universidade de São Paulo (USP), mas, não pode iniciar pois durante o noviciado, não podia sair do convento, em dezembro de 1969, após o final do noviciado, foi preso, por agentes da Ditadura militar brasileira, e encaminhado, inicialmente, para o Centro de Informações da Marinha (Cenimar), depois foi levado levado para a sede do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), em São Paulo, onde encontrou, em uma cela, o dominicano Ivo Lesbaupin com o rosto totalmente esfacelado, devido às torturas sofridas. Nesse período, também se encontrou com Frei Beto, outro dominicano, que tinha sido preso no Rio Grande do Sul e levado para São Paulo. Ficou cerca de dois meses no Dops, onde foi torturado, o sofrimento da situação o levou a tentar suicídio. Em decorrência da tentativa, foi internado no Hospital Militar, onde recebeu a visita de Dom Paulo Evaristo Arns, que o demoveu de novas tentativas de suicídio.

Depois, foi transferido para o Presídio Tiradentes. No final de 1970, depois de ouvido pela Auditoria Militar, foi libertado, mas era obrigado a comparecer, semanalmente, para assinar um livro. Desse modo, pode iniciar o curso de filosofia na USP. Depois, foi absolvido por falta de provas.

Posteriormente, deixou a vida religiosa, após 12 anos como dominicano, e casou-se com a socióloga, Maria Sylvia de Carvalho Franco, autora do clássico Homens livres na ordem escravocrata (IEB, 1969) e egressa da turma de Florestan Fernandes. Tinha dois enteados - Luíza Moreira, que é professora nos Estados Unidos, e Roberto Moreira, cineasta e professor na USP.[3][4]

Roberto Romano morreu, aos 75 anos, em 22 de julho de 2021, de falência de múltiplos órgãos decorrente de complicações da COVID-19. Estava internado no Instituto do Coração (Incor) desde 11 de junho.[5]

Vida acadêmica[editar | editar código-fonte]

Publicações[editar | editar código-fonte]

  • Moral e Ciência - A Monstruosidade do Século XVIII. São Paulo: Senac, 2019.
  • O Caldeirão de Medéia. São Paulo: Perspectiva, 2001.
  • "Uma questão de costumes", in LERNER, Júlio (org.) Cidadania – Verso e Reverso. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 1997/1998.
  • Lux in Tenebris - Meditações sobre Filosofia e Cultura. São Paulo: Cortez Editora, 1987.
  • Silêncio e Ruído. A Sátira de Denis Diderot. Campinas: Unicamp, 2009.
  • Silence et Bruit. La satire et Denis Diderot. Bauru: Editora do Autor, 1999.
  • Conservadorismo Romantico - Origem do Totalitarismo. Coleção: Primeiros Vôos. São Paulo: Brasiliense, 1981; Unesp, 1997.
  • Brasil: Igreja contra Estado. Crítica ao populismo católico. São Paulo: Kairós, 1979
  • O desafio do Islã e outros desafios. São Paulo: Perspectiva, 2004.
  • Os nomes do ódio. São Paulo: Perspectiva, 2009).
  • Ponta de lança. Lazuli/Companhia Editora Nacional, 2006.
  • "O Pensamento Conservador", in Revista de Sociologia e Política, nº3, 1994

Referências

  1. «011-Relatório-ALN» (PDF). Comissão Nacional da Verdade (CNV). Consultado em 22 de julho de 2021 
  2. Machado, Ricardo (23 de novembro de 2020). «No instante em que se anuncia uma nova ditadura, ainda pior do que a de 1964, Frei Carlos Josaphat faz muita falta». Instituto Humanitas Unisinos (IHU). Consultado em 22 de julho de 2021 
  3. Perfil - Roberto Romano, uma vida atravessada pela história, acesso em 19/02/2021.
  4. Revista Caros Amigos - entrevista com Roberto Romano. Acesso em 19/02/2021.
  5. Porto, Douglas (22 de julho de 2021). «Filósofo Roberto Romano morre por complicações da covid-19». Universo Online. Consultado em 22 de julho de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]